A LOUCA SABEDORIA DE DEUS ? Geraldo Barboza de Carvalho
Por Geraldo Barboza de Carvalho | 16/10/2009 | CrescimentoA LOUCA SABEDORIA DE DEUS – Geraldo Barboza de Carvalho
O Pai e Deus Mãe são apaixonados pelo Unigênito e Primogênito de toda criação, e pelos filhos e irmãos adotivos gerados nele, com ele e por ele de toda eternidade e na história no ventre de Maria, a mãe humana do Primogênito e de seus irmãos adotivos. O Pai e Deus Mãe, de toda eternidade e cada dia, hora, minuto e instante, dizem ao Primogênito e às suas filhas e filhos adotivos: "Tu és minha filha, meu filho, eu hoje te gerei. Em Cristo, Deus Mãe e o Pai nos escolheram antes da criação do mundo (ab eterno) para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor. Predestinou-nos por
Cristo para sermos seus filhos adotivos". Por isto, o mesmo amor de paixão que Jesus dedica a seu Abba, Pai querido, ele o dedica às irmãs e irmãos adotivos. É que "tanto o Santificador quanto os santificados descendem de um só Pai: por isto, Jesus não se envergonha de chamar-nos irmãos". Seu grande amor o impele a doar-se pelos irmãos antes que tirar-lhes a vida. "Como amasse os seus que estavam no mundo, amou-os até o extremo do amor", entregando a vida por nós na cruz de tormento e humilhação, em nome do louco amor do Pai e Deus Mãe por suas filhas e filhos adotivos. O amor gratuito de Jesus por nós, em Nome da Família Divina, traduz a parcialidade do amor do Pai e de Deus Mãe pelos filhos pecadores. Amor parcial, dado sem mérito algum de quem o recebe. Seu nome é misericórdia, amor que perdoa gratuitamente, sem dar explicações. Amor restaurador, salvífico, que, como a luz, se difunde por si, de graça iluminando tudo em volta. Ora, o que não tem razão de ser, não tem explicação lógica é exatamente a insensatez, a loucura, segundo os padrões racionais humanos. A razão é a capacidade de estabelecer elos causais, ligar coisas separadas: Se unimos gametos de sexos opostos, um novo ser vivo nascerá; o grão semeado logo nascerá. A razão torna as coisas previsíveis, controláveis, organizadas: sim é sim, não é não. Mas ela também limita, raciona, retém o que interessa e larga o que não se enquadra nos seus padrões. Por isto, a razão também oprime e deprime: embora pretenda, é incapaz de justificar todas as coisas. É que "há muito mais coisas sob o céu e sobre a terra que pensa nossa vã filosofia" (Coélet e Shakespeare). A Ciência e a Filosofia, senhoras da razão, buscam explicar racionalmente o universo. A ciência busca as causas próximas e condições explicativas dos fenômenos da terra e do espaço. O limite da ciência são a observação e experimentação. As leis científicas buscam explicar racionalmente as relações causais entre fenômenos observáveis e experimentáveis. O que está além da observação e experimentação não lhe interessa. Não interessam à ciência questões do tipo: de onde viemos, para onde vamos, o que nos espera no fim? É que a resposta a elas foge ao controle da observação e experimentação. Isto é assunto para a filosofia,
cujo objeto material é o mesmo da ciência - os fenômenos naturais - mas cujo objeto formal é a busca das causas primeiras da possibilidade do universo ter sentido. Pelo senso comum e a experiência sabemos que tudo que existe na terra origina-se de seres anteriores. Plantas, animais, seres humanos nascem de dois seres de sexos opostos, que, por sua vez gerarão novos seres segundo a sua espécie. Surge a pergunta natural: e quem causou as primeiras plantas, os primeiros animais, o primeiro casal humano? Impossível achar a resposta na cadeia interminável de causas e efeitos das coisas do mundo: os filhos vêm dos pais; os pais dos filhos têm pais, avós, bisavós, taravós, em cadeia sem fim de causa e efeito. O mesmo raciocínio vale para animais e plantas: a explicação da sua existência não se acha no universo das coisas experimentáveis. Por isto, a razão exige que haja uma causa primeira não causada de todos os seres, que são causas segundas de novos seres conforme a espécie, que serão causas causadas de novos seres, numa infindável cadeia de causas e efeitos não auto-explicáveis. Desde Aristóteles, a razão filosófica prova que o universo é cosmos ordenado: tem começo, meio, fim, não um caos ininteligível. Tudo que se move no céu e na terra é movido por outro ser, que é movido por seres anteriores, numa cadeia in findável de motores movidos. Podemos sempre retroceder em busca do primeiro motor que move todas as coisas e não é movido, mas esbarramos na impossibilidade lógica de encontrá-lo no universo, pois nele tudo se move. Ora, se não há uma causa primeira que move todas as coisas mas não é movida, o universo é um caos absoluto. Ora, como não achamos entre as coisas do universo, a lógica exige que esteja fora do universo. Num piscar de olhos, a razão nos aponta a existência de uma realidade fora do alcance da observação e experimentação: Não estamos sós! Excelente! Porém, as leis científicas e a filosofia
esbarram nos limites metodológicos da razão: elas explicam o universo por abstração, mutilando, elidindo realidades que não cabem nos conceitos. Ora, o que fica fora das abstrações, que não cabe na racionalidade dos conceitos científicos e filosóficos não é pouca coisa. Trata-se do universo das coisas irracionais, da loucura, segundo a razão científica e filosófica. As coisas mais importantes estão sob a égide da loucura, da irracionalidade "e não foram ditas por pessoas de bom senso, mas por admiráveis loucos. As pessoas racionais vêm as coisas tais quais são e se desesperam: Meu Deus, por que? Eu, porém, sonho com coisas nunca vistas e pergunto: Por que não elas"? As coisas não-sensíveis do mundo irracional são captadas por quem tem sensibilidade pras coisas axiológicas e numinosas, que a sensação e a razão não alcançam. Essas coisas, os enquadrados pela razão não vêm, porque são cegos para o essencial, para o universo das coisas ideais (valores) e teologais. Menino Maluquinho de Saint-Ex, o Peque Príncipe, com sabedoria disse à Raposa: "O essencial é invisível aos olhos. A gente só o vê bem com o coração". O coração, inteligência emocional é a instância do sentimento, que capta realidades que os sentidos e a razão não captam. O mundo dos valores e realidades teologais só é captado pela percepção afetiva e pela fé. A razão científica e filosófica não entende a linguagem irracional, que é trivial para os poetas, místicos e profetas, os maluquinhos beleza que são o jardim florido da terra em transe da insensatez e danação da razão arrogante, sem juízo, louca. Loucos de verdade são os que governam pela lei da ganância e cinismo, falta de ética, cidadania e respeito. Bons do juízo são os inconformados, indignados, os incômodos iconoclastas de uma ordem sociopolítica ancilosada. Só loucos ousam quebrar padrões, transgredir regras, andar na contramão do cômodo bom senso e covarde omissão. Os sensatos refugiam-se no passado, vivem de saudade, não vêm a esperança em evolução no mundo. Feito lagartixas, só dizem sim a quem os oprime, para não criarem caso. Mas, os profetas, loucos, poetas são criadores de caso, ousam mexer em coisas que parecem imutáveis. Com teimosia, sem complexo ou culpa, incomodam a cômoda, omissa razão e vêem coisas onde os sensatos não vêem. Guiados pela luz dos seus sonhos, conhecem o caminho que trilham, que a maioria cega, sem loucura, sem sonhos não vê. Jesus é o mais maravilhoso maluco beleza que a terra já viu. Um dia, preocupados porque ele não aparecer mais em casa, Maria e parentes saíram a procurá-lo. Encontraram-no no meio da multidão. Sem poderem se aproximar pra lhe falar, desabafaram: "Ele enlouqueceu! Não tem mais tempo para se alimentar (coisa de gente normal). Alguém da multidão chegou perto dele e disse-lhe: tua mãe e teus irmãos estão aí e querem ver-te. Ele disse: Meus irmãos e minha mãe? Lançando os olhos sobre a multidão, disse: Eis aqui minha mãe, minhas irmãs, meus irmãos. Aqueles que fazem a vontade do meu Pai são minha mãe, minha irmã, meu irmão". Quem ouvia Jesus falar nestes termos só podia tirar uma conclusão: ele pirou de vez! Nunca se viu um filho negar de público a mãe, ícone da cultura judaica. Outra vez, os discípulos o deixaram junto ao Poço de Jacó e foram comprar alimento. Quando voltaram admiraram-se de vê-lo conversando com uma samaritana. Impensável para judeus, que não se davam com os samaritanos. Dirigindo-se a ele, lhe disseram: "Mestre, come! Respondeu-lhes: fazer o que Pai quer é minha comida: não perder um só dos que me deu". Entre os perdidos estava a samaritana. Atitude e resposta de louco, de quem funciona na faixa acima e além da razão medíocre e arrogante. Todo o universo numinoso, onírico e imaginário diz respeito à loucura e foge ao alcance da razão científica e filosófica. Santos, gênios e profetas orbitam no firmamento da loucura, do ponto de vista da estreita razão. Por isto são banidos da sociedade organizada racionalmente, que desrespeita e discrimina, maltrata e limita os diferentes. O Paulo Apóstolo traduz com brilho a louca sabedoria dos diferentes: "Pregamos entre os santos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, predeterminada por ele antes do tempo existir, para nossa glória, não a sabedoria dos grandes do mundo, desqualificados aos olhos da sabedoria de Deus, que autoridade alguma do mundo conhece, pois se a tivessem conhecido não teria crucificado Jesus Cristo É como está escrito: coisas que os olhos não viram e ouvidos não ouviram, o coração humano não imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles
que o amam. Todavia, Deus no-las revelou por seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, até as profundezas de Deus. Não recebemos o espírito covarde do mundo, mas o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que nos concedeu, e que pregamos em linguagem que nos foi ensinada pelo Espírito Santo, não pela sabedoria do mundo, que as considera loucura". Loucos são os utópicos, poetas, profetas, santos e místicos, que dizem e fazem coisas que só eles percebem e para as quais o mundo é cego e surdo. Os poetas, santos e profetas vêm coisas que pessoas normais não vêm, porque estão além do mundo racional. Por isso os chamam de loucos. O louco lúcido Paulo de Tarso diz ainda sobre a sabedoria a louca de Deus. "Cristo não enviou-me para batizar, mas anunciar o evangelho sem a sabedoria das palavras, pra não anular a força da cruz de Cristo. A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas é a força de Deus para os que se salvam. Pois está escrito: confundirei a inteligência dos inteligentes, destruirei a sabedoria dos sábios. Onde está o escriba, sábio, disputador do mundo? Não reduziu Deus à loucura a sabedoria do mundo? Já que, pela sabedoria de Deus o mundo foi incapaz de reconhecer Deus na sua sabedoria, este quis salvar os que crêem pela loucura da pregação. Os judeus pedem sinais, os gregos, sabedoria. Mas, nós pregamos Cristo crucificado, escândalo pros judeus, loucura para os pagãos (gregos da Grécia, não judeus de fala grega na diáspora). Mas, pra quem é chamado, seja judeu ou gregos, Cristo é poder, sabedoria de Deus. O que é loucura de Deus é mais sábio que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que os homens. O que pro mundo é loucura, Deus o escolheu para envergonhar os sábios, o que é fraqueza pro mundo, ele o escolheu pra envergonhar o que é forte. O que no mundo não tem nome ou prestígio, o que nada é, Deus escolheu para mostrar a nulidade dos que se acham alguma coisa". Crer em Jesus Cristo é aderir a esta loucura lúcida. Ele deu primeiro o exemplo. "Quando ainda éramos fracos, então, no tempo devido, Jesus morreu pelos ímpios. Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez anime-se a morrer. Pois bem, a prova que Deus nos ama é que Jesus morreu por nós quando inda éramos pecadores. Quem quiser ser discípulo meu, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me". Quem de bom senso aceitaria sem discutir este desafio? Só os loucos seguem Jesus sem acharem que perderam o juízo e sem sentir saudade do que ficou para trás. Só louco hipoteca a vida na Palavra do homem mais decente que pisou na terra, Jesus, o louco emblemático. Louca lógica que foge aos padrões da lógica do verdadeiro e falso e da lógica jurídica de talião do dente por dente, olho por olho. Javé advertia seu povo sobre a necessidade de mudar a mentalidade, pautar-se pela ilógica lógica do direito e da justiça, a ética do Reino. "Convertei-vos e vivereis. Meus pensamentos não são os vossos, os vossos caminhos não são os meus. Quanto os céus estão acima da terra, tanto os meus caminhos estão acima dos vossos e meus pensamentos acima dos vossos". Crer é aderir aos valores e seguir a lógica do Deus de Abraão, Isaac e Jacó, o Deus de Jesus Cristo: "Se a vossa justiça não for maior que a dos homens, não entrareis no Reino". A justiça dos homens é a impiedosa lei: dente por dente, olho por olho. A justiça do Reino é a dos valores éticos, constelados pelo dístico axiológico 'direito e justiça': crer é praticar o direito e a justiça, "dar de comer a quem tem fome, soltar as cadeias injustas". Eis a senha para vida eterna. Quem foge deste padrão ético está condenado à morte eterna. Mas quem optou pela loucura da fé em Jesus Cristo sabe que praticar os valores éticos não é entrar numa fria, mas pisar no solo firme da plena realização: a deificação, por participação na natureza divina de Jesus. Este nível de realidade não está a alcance da ciência nem da filosofia. Por isto, os incréus cientistas e filósofos chamam de loucos os que aderem a sabedoria da cruz. "Mas sabemos onde pisamos, em quem pusemos nossa fé e esperança". A loucura da fé, a partir do primeiro louco da história da salvação, o paradigma de todo aquele que crê, pai Abraão, já dura 3859 anos. A saga da fé iniciada por Abraão, a qual desaguou em Jesus Cristo, o autor e realizador da fé do Patriarca e da nossa, iniciou na Caldéia em 1850 aC. Todos que crêem em Jesus, explicita ou implicitamente, fazem parte da saga de Abraão. "Todo aquele que crê em Jesus Cristo é herdeiro da bênção, da fé de Abraão". Jesus é o Fruto Benedito do ventre de Maria, é o Santo de Deus. Crer nele e apoderar-se da bênção máxima. Toda bênção flui da bênção única da fé em Jesus.
A lógica do amor de Deus vai, portanto, na contramão da lógica humana: para subir é preciso descer; pra crescer preciso diminuir; pra ganhar é preciso perder; para viver é preciso morrer; onde se espera castigo, há perdão; acolhida onde se espera exclusão. É o paradoxo, o non-sense da louca lógica da fé em Jesus Cristo. A fé uma revolução antropológica que a razão científica e filosófica não entende. Mas a paradoxal lógica do amor misericordioso do Pai revelado em e por Jesus é a salvação da humanidade, já que a lógica humana levou-nos ao impasse. Ciência e filosofia são o supra-sumo do saber racional, e a tecnologia tem potencial para fazer do mundo um paraíso. Mas, foi apoderada por pessoas aéticas e usada como barganha bélica. A produção mundial de grãos é controlada por algumas multinacionais (Cargil, Monsanto, etc.) que tratam os alimentos como commodities a serem negociadas em bolsas de mercadoria, não como recurso para matar a fome de gente. A lógica de mercado se sobrepõe aos estômagos vazios. A exinanição na África e Ásia não comove os senhores do mundo, agentes de Satanás, o autor da morte, cujo deus é o sórdido lucro. Ética não é parte dos projetos deles, mas a ganância mais irracional, predadora, cínica. Direito e justiça são tratados com desdém. Se os países periféricos se organizam pra melhorarem as condições de vida, o G-7 (7 países + ricos) impõe barreiras comerciais aos produtos competitivos daqueles países, pagam subsídios aos produtores agrícolas pra compensar a produção mais onerosa dos mesmos produtos. Aí, a lógica mais refinada dos países civilizados vira insensatez, pela falta de insensibilidade aos valores éticos. Egoísmo cego! Aí, na fogueira das vaidades e nulidades, surge Jesus com a sabedoria da cruz, "escândalo para os judeus e loucura para os pagãos". Ao poder-dominação e à exploração do ser humano, Jesus opõe o poder-serviço: "Os reis do mundo dominam como senhores e os que exercem autoridade chamam-se de benfeitores. Que não seja assim entre vós: quem é o maior torne-se como o último; quem governa seja como o servo. Chamais-me mestre e senhor e eu o sou. Mas, estou entre vós como quem serve". É loucura o grande fazer-se pequeno, o senhor fazer-se servo, rico se fazer pobre. Sem levar sua condição divina em conta, Jesus assume a fragilidade humana, abdica do direito de ser servido, faz-se servo de todos. Ao coração duro, opõe o coração misericordioso; à ganância, a partilha. É uma revolução sócio-econômica inaudita: Deus apaixonou-se pelo absolutamente diferente de si, fez o amor divino transbordar para fora da Família Divina imanente, a troco de nada, dando cheque mate na lógica. Jesus viveu e morreu apaixonado pelo ser humano, deu a vida por nós voluntária e livremente. "O Pai ama-me porque dou a minha vida. Ninguém me tira a vida, mas dou-a por própria vontade. Tenho poder de dá-la e de recebê-la de novo". O amor apaixonado de Jesus por Abba, Pai querido e deste pelo Filho, beira as raias da loucura. Como "o coração tem razões que a razão ignora", o apaixonado amor de Jesus pelo Pai contagia os que aderem a ele pela fé e eles se tornam missionários da misericórdia. Impressiona a misericórdia, a tolerância e parcialidade de Jesus pelos excluídos do mundo. É de pasmar como não se envergonha de nossas falhas, nem nos condena apesar dos pecados, mas cuida dia e noite da nossa santificação. "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis paz pra vossos corações. Lavei vossos pés, dei-vos o exemplo pra que, como eu fiz, também o façais vós. Sede santos, pois Javé vosso Deus é santo. Sede misericordiosos, perfeitos como vosso Pai celeste é santo e misericordioso. Ele faz chover sobre justo e ímpios, levantar o sol sobre ingratos e maus". Por ter nas veias nosso sangue e DNA, por seu corpo ser feito da mesma carne que a nossa, Jesus tem sensibilidade, coração de carne, que bate ao ritmo do nosso, emociona-se como nós, tem necessidades básicas como nós – comer, dormir –, provando que a encarnação foi para valer. "Pois, convinha que aquele por quem e para quem todas as coisas existem, querendo levar muitos filhos à glória, levasse à perfeição, por meio do sofrimento, o autor da salvação deles. Pois, tanto o Santificador quantos os santificados descendem de um só (Pai); razão por que ele não se envergonha de chamá-los irmãos. Já que os filhos têm em comum sangue e carne, Jesus também participou da mesma condição pra destruir pela morte o senhor da morte, o diabo, e libertar quem passou a vida toda em estado de servidão, com medo da morte. Pois, veio ocupar-se da descendência de Abraão, não de anjos. Convinha, pois, que se fosse semelhante aos irmãos em tudo, para ser, em relação a Deus, o sumo sacerdote compassivo, para expiar os pecados do povo. Pois, tendo ele mesmo sofrido pela tentação, é capaz de socorrer os que são tentados. Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter dado a vida por nós (como vítima expiatória), quando ainda éramos pecadores. Se quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus pela morte de Jesus, agora muito mais, uma vez reconciliados, somos salvos por sua vida. Deus, rico em misericórdia, impelido pelo grande amor com que nos ama, quando estávamos mortos por causa dos nossos pecados, juntamente com Jesus vivificou-nos, pela fé. Por graça fostes salvos. Isto não é mérito vosso, é dom de Deus". Só quem ama de paixão pode entregar a vida de graça a alguém. Jesus fez isto por nós, no seu louco amor. Seu amor apaixona-nos e nos move a segui-lo. Somos infinitamente gratos ao Deus da vida, por ter-nos amado e se tornado Deus-Conosco, Pai, Mãe, Irmão nosso, em, com, por Cristo. Somos-lhe infinitamente gratos por ter-nos ensinado a sabedoria da cruz, a lúcida loucura da fé, que a lógica científica, filosófica e mundana não alcança. Mas os que crêem sabemos onde pisamos, não estamos sendo enganados, pois nosso Deus tem credibilidade e merece ser crido. Com Violeta Parra e Mercedes Sosa, no poema musicado "Gracias a la Vida", podemos andar em paz neste mundo de aflição e cantar felizes:
Gracias a la vida que me ha dado tanto. Y en las multitudines El ombre que yo amo Gracias a la vida que me ha dado tanto. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Gracias a la vida que me ha dado tanto. Gracias a la vida que me ha dado tanto. |
Graças à vida que me deu tanto Deu-me dois luzeiros que, quando os abro, Perfeitamente distingo o preto do branco E no alto céu sua abóbada estrelada E nas multidões o homem que eu amo Graças à vida que me deu tanto Deu-me o ouvido que, em toda sua amplidão Grava, noite e dia, grilos e canários; Martelos, turbinas, latidos e torós E a voz tão terna do meu bem amado Graças à vida que me deu tanto Deu-me o som e o abecedário Com ele as palavras que penso e declaro Mãe, amigo, irmão, e luz iluminando O roteiro da alma de quem estou amando Graças à vida que me deu tanto Deu-me a marcha dos meus pés cansados Com eles andei por cidades e pântanos Praias e desertos, montanhas e planícies E tua casa, tua rua, teu terraço Graças à vida que me deu tanto Deu-me o coração que agita seu compasso Quando vejo o fruto do cérebro humano Quando vejo o bem tão longe do mal Quando vejo o fundo de teus olhos claros Graças à vida que me deu tanto Deu-me o riso e me deu o pranto Assim eu distingo boa sorte do quebranto Os dois materiais que formam meu canto E o canto de vocês, que é o mesmo canto E o canto de todos, que é o meu próprio canto Graças à vida! |
Assim é o amor: generoso, gerando vida gratuitamente sem dar razões por que assim o faz. Para confusão dos racionalistas, o amor se dá sem justificativas e sem medir os riscos. Suas razões de ordem tal que desconcertam a razão que funciona ao rés das coisas do mundo. Faço minhas as lúcidas e sábias palavras de Rubem Alves em 'As Razões do Amor'. "Os místicos e apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Angelus Silesius, místico medieval, disse que ele é como a rosa: "A rosa não tem "porquês". Ela floresce porque floresce." Drummond repetiu a mesma coisa no poema 'As Sem-Razões do Amor'. É possível que, mesmo sem nunca os ter lido, se tenha inspirado nestes versos, pois as coisas do amor circulam com o vento."Amo-te porque te amo", sem razões. "Não precisas ser amante, nem sempre sabes sê-lo". Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim, flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra. "Amor é estado de graça e com amor não se paga." Nada mais falso que o ditado popular que afirma que "amor com amor se paga". Nada te devo. Nada deves-me. Como a rosa que floresce porque floresce. O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais: eu te amo porque me amas. "Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e regulamentos vários. Amor não se troca. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo". Drummond tinha de estar apaixonado ao escrever estes versos. Só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões. Mas eu, talvez por não estar apaixonado (o que é uma pena), suspeito que o coração tenha regulamentos, dicionários e Pascal me apoiaria, pois foi ele que disse que "o coração tem razões que a razão desconhece". Não é que faltem razões ao coração, mas suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos. Destas razões escritas em língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento e perguntava-se: 'Como decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? A verdade essencial é o desconhecido que habita-me e a cada amanhecer me dá um soco'. Um soco que o desconhecido me dá: será isto o amor? Ao apaixonado a decifração desta língua está proibida, pois se entendê-la, o amor se irá. Como na história de Barba Azul: se a porta proibida for aberta, a felicidade estará perdida. Foi assim que o paraíso se perdeu: quando o amor – frágil bolha de sabão – não contente com sua felicidade inconsciente, deixou-se morder pelo desejo de saber. O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões. Kierkegaard comentava o absurdo de se pedir explicações para o seu amo aos amantes. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que simplesmente se lhes peça falar sobre o seu amor – sem explicar. E eles falarão por dias, sem parar.
Mas – eu já disse – não estou apaixonado. Olho para o amor com olhos de suspeita, curiosos. Quero decifrar sua língua desconhecida. Procuro as cem razões do amor, ao contrário do Drummond. Vou a Santo Agostinho, em busca de sua sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: "Que é que eu amo quando amo o meu Deus?" Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: "Que é que eu amo quando te amo?" Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse, "o que amamos é sempre um símbolo". Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra. Variações sobre a impossível pergunta: "Te amo, sim, mas não é bem a ti que amo. Amo outra coisa misteriosa, que não conheço, mas que me parece ver aflorar no teu rosto. Amo-te porque no teu corpo outro objeto se revela. Teu corpo é encantada lagoa onde reflexos nadam como peixes fugidios. Como Narciso, fico diante dele. No fundo de tua luz marinha nadam meus olhos, à procura. Por isto te amo, pelos peixes encantados" (Cecília Meireles). Mas os peixes são escorregadios. Fogem. Escapam. Escondem-se. Zombam de mim. Deslizam entre meus dedos. Abraço-te para abraçar o que me foge. Ao te possuir alegro-me na ilusão de possuí-lo. Tu és o lugar onde me encontro com esta outra coisa que, por pura graça, sem razões, desceu sobre ti, como o Vento sobre a Virgem Bendita. Mas, por ser graça, sem razões, da mesma forma como desceu poderá de novo partir. Se isto acontecer deixarei de te amar. E minha busca recomeçará de novo". Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo (ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa. "O amor começa por uma metáfora. Ou melhor: ele começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética" (Milan Kundera). Temos agora a chave para compreender as razões do amor: o amor nasce, vive e morre pelo poder – delicado – da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada..."
O amor é isto, sempre metafórico, compreendido por comparações. Gratuito como a água que jorra de uma nascente. Ninguém pediu que ela jorrasse, nem precisa bebê-la. Ela simplesmente jorra, formando um regato, um riacho, um rio, que gera vida por onde passa. Sem justificativas e explicações plausíveis, sem exigências racionais. De graça. Generoso. "Não é porque sois um grande povo que vos escolhi. Ao contrário, sois o menor dos povo. Mas, meu amor vos escolheu". Mais que metafórico, o amor é simbólico. O amor que conhecemos é o amor humano. Mas, por sermos semelhante a Deus, nosso amor é sacramento, símbolo do amor de Deus, conforme o entendeu o hagiógrafo do Cântico dos Cânticos:"Eu dormia, mas meu coração velava; ouvi meu amado que batia: abre, minha irmã, minha amada, pomba minha sem defeito. Tenho a cabeça orvalhada, meus cabelos gotejam sereno. Meu amado põe a mão pela fenda da porta: minha alma, ouvindo-o, se esvai, estremecem-me as entranhas. Ponho-me de pé para abrir ao meu amado. Minhas mãos gotejam mirra, meus dedos são mirra escorrendo na maçaneta da fechadura. Já vim ao meu jardim, irmã minha, noiva minha, colhi minha mirra e meu bálsamo, comi meu favo de mel, bebi meu vinho e meu leite. Como és bela, minha amada, como és bela! Teu cabelo, um rebanho de cabras, ondulando pelas colinas de Galaad. Que beleza tuas faces entre os brincos, teu pescoço com colares. Ele é a torre de Davi, construída com defesas. São pombas teus olhos escondidos sob o véu. Teus dentes são um rebanho tosquiado, subindo após o banho, cada ovelha com seus gêmeos, nenhuma delas sem cria. Teus lábios são fita vermelha, tua fala, melodiosa; metades de romã são teus seios mergulhados sob o véu. Teus seios são dois filhotes, filhos gêmeos de gazela, pastando entre açucenas. Antes que as sombras debandem-se e sopre a brisa, vou ao monte da mirra, à colina do incenso roubar essências silvestres para perfumar teu gracioso corpo. Roubaste meu coração, minha irmã, noiva minha, roubaste meu coração com um só dos teus olhares, uma volta dos teus colares. Que belos, teus amores, irmã minha, noiva minha; teus amores são melhores do que o vinho, mais fino do que os outros aromas é o odor dos teus perfumes. Teus lábios são favo escorrendo, noiva minha, tens leite e mel sob a língua, e o perfume de tuas roupas é como a fragrância do Líbano. Desperta, vento norte, aproxima-te, vento sul, soprai no meu jardim para espalhar os perfumes da minha amada. Entre o meu amado em seu jardim e coma de seus frutos saborosos. Que me beije com beijos de sua boca! Teus amores são melhores que o vinho, é suave o odor de teus perfumes e teu nome é como óleo escorrendo, e as donzelas se enamoram de ti. Arrasta-me contigo, corramos! Mais que o vinho, celebremos teus amores. Guarda-me como o sinete sobre teu coração, como o sinete sobre teu braço. Porque o amor é forte como a morte, e inflexível como o abismo é o ciúme: suas chamas são chamas labaredas divinas. Águas torrenciais não puderam extinguir o amor, nem rios poderão afogá-lo. Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua casa para comprar o amor, com total desprezo o tratariam".Deus é amor, o amor é o melhor da criação em nós. A exemplo do Criador e Salvador nossa vocação e missão é amar.Drummond traduz lindamente esta verdade no poema Amar: "Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?" amar, esquecer, amar, malamar, amar, desamar, amar? sempre, até de olhos vidrados, amar? que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também e amar? amar o que o mar traz à praia e sepulta, o que, na brisa marinha, é sal, precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, o peito inerte, a rua vista em sonho, uma ave de rapina. Este é nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas e nulas, ilimitada doação a uma completa ingratidão e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, o beijo tácito, a sede infinita".
Existe algo mais maravilhoso que o amor? Tão maravilhoso que Deus identifica-se com ele: Deus é amor. Quem ama está em Deus e Deus nele. O amor não obedece a calendários, não tem prazo marcado, está no ar 24 h ao dia, presente no lugar errado e certo, fora de hora e na hora. Sem coerência. Sua lógica estonteia qualquer cientista. Suas razões escapam aos padrões da estreita razão. Metodologia, parâmetro científico algum o alcança. Como uma flor que abre no sereno da madrugada ele é prestimoso, dadivoso. Caudaloso como um majestoso rio. Um gozo. Ele é humilde como criança no colo e forte como a paixão. Fogoso como os amantes que se beijam, frágil como criança de peito, entregue nos braços da mãe amor. Ele é aventureiro e conquistador, submisso e carente também. Fogo e água, calor e brisa. É o amor. Seu mundo é o da loucura, que só as crianças, os gênios, santos e poetas entendem. Como diz o genial Oscar Wilde em "Loucos e Santos": "Escolho meus amigos não pela pele ou outros arquétipos, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Não me interessam os bons de espírito ou os de maus hábitos. Fico com aqueles que me fazem louco e santo. Deles não quero respostas, mas meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias, e agüentem o que há de pior em mim. Para ser assim, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada, pela cara exposta. Não quero só ombro e colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis ou choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não acabe. Não quero amigos adultos chatos. Quero-os metade infância, metade velhice. Criança para que não eu esqueça o valor do vento no rosto. E velho para que eu nunca tenha pressa. Tenho amigos para saber quem sou. Pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a 'normalidade' é uma ilusão imbecil, estéril". Taí um louco nada bobo! Poetas sabem o que dizem. Os excêntricos, não obstante serem mal vistos e mal interpretados, são a fina-flor da humanidade. Mas são maltratados pela massa medíocre dos sensatos, omissos, estéreis, medrosas, mortas nas calças e saias. São rejeitados porque o brilho da sua luz incomoda a ordem estabelecida das trevas da ignorância e da insensatez. Por terem imaginação criativa, são tratados por loucos. Ora, a criatividade é filha da loucura. Gente de juízo certo nada cria, mas os maluquinhos que a terra ganhou de presente. O mais maluquinho de todos é o Menino Jesus. Ele deixou a felicidade eterna, desceu do trono de glória no céu, fez-se homem, assumiu nossa fragilidade no ventre de Maria, para nos livrar da lepra do mal em todas as suas formas, deu-nos acesso á vida divina, mediante a fé. Por causa do Menino Jesus, ser humano algum é mais forasteiro, órfão na terra, mas cidadão do céu, membro da Família de Deus, com assento garantido na casa do Pai e Deus Mãe com Jesus, na lucidez louca da comunhão plena do amor teândrico. Paulo Apóstolo escreveu a mais bela página da literatura universal sobre o amor humano-divino: O Hino ao Amor, homenagem à lúcida loucura do amor de Deus e de quem adere a ela pela fé. "Felizes os pobres de espírito, porque o Reino dos Céus é deles".
HINO AO AMOR "Ainda que eu fale línguas, a dos homens e a dos anjos, se me falta o amor, sou como um metal que ressoa, um símbolo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios, e de toda ciência, ainda que eu tenha toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se me falta o amor, eu nada sou. Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos, e entregue o meu corpo às chamas, se me falta o amor, isto nada me adiantaria. O amor é paciente, serviçal, não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho, nada faz de inconveniente, não procura o próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se regozija com a injustiça, mas encontra a sua alegria na verdade. Ele tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará. As profecias desaparecerão. As línguas cessarão. A ciência também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada a nossa profecia. Mas quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. Quando eu era criança falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, fiz desaparecer as coisas de criança. Agora, vemos em espelho e de modo confuso; mas então veremos face a face. Agora, meu conhecimento é limitado; então conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor, mas o maior é o amor". Paulo de Tarso |