''A Literatura é forma de humanização do sujeito'': Quando os leitores se contam aos milhares
Por Joelia Maiara Araújo Abreu | 10/12/2015 | Literatura
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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
CENTRO DE FILOSOFIA, LETRAS E EDUCAÇÃO - CENFLE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS/PORTUGUÊS
JOÉLIA MAIARA ARAÚJO ABREU
RESENHA DO CAPÍTULO 4 – “A LITERATURA É FORMA DE HUMANIZAÇÃO DO SUJEITO” – QUANDO OS LEITORES SE CONTAM AOS MILHARES – LIVRO CULTURA LETRADA: LITERATURA E LEITURA
SOBRAL - CE
2015
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JOÉLIA MAIARA ARAÚJO ABREU
Resenha realizada como requisito parcial para conclusão da disciplina Estágio Supervisionado IV do curso de graduação e letras/Português.
Professor: José Raimundo Figueredo Lins Júnior
SOBRAL - CE
2015
“A LITERATURA É FORMA DE HUMANIZAÇÃO DO SUJEITO” – QUANDO OS LEITORES SE CONTAM AOS MILHARES
Joélia Maiara Araújo Abreu (UVA)
Márcia Abreu. Cultura letrada: literatura e leitura. Coleção Paradidáticos. São Paulo: Editora UNESP, 2006.
Desde tempos remotos convive-se com a realidade de que o conhecimento, principalmente no tocante ao literário, sempre esteve resguardado a poucos privilegiados. Pessoas essas que muitas vezes eram comparadas a deuses por deterem tamanha inspiração para conduzir as palavras de maneira especial.
Tal maneira de conceber a arte criada com palavras a manteve ao acesso de poucos privilegiados por muito tempo. Fato que vem mudando gradativa e, em contrapartida, lentamente com o passar dos anos e com a evolução tecnológica que vem encurtando caminhos e, pelo menos em tese, facilitando acessos.
Mesmo com todo esse aparato tecnológico que aproxima o cidadão do acesso ao conhecimento e, consequentemente à cultura clássica e popular, testemunhamos um duelo travado na sociedade brasileira no que concerne ao acesso, valorização, compreensão e, por conseguinte, admiração daquilo que classificamos como Literatura Clássica.
A professora, escritora e agente literária Márcia Abreu em sua obra Cultura Letrada: Literatura e Leitura (2006) traça um panorama paralelo entre a imagem e função atual da literatura na sociedade e a forma tradicional de conceituar essa manifestação, apreciar e produzir essa manifestação artística.
A autora aborda de maneira enfática e com bastante propriedade como a escola atua na formação de uma consciência leitora e o caráter subjetivo e social da classificação de um texto como literário.
No capítulo 4, sobre o qual se debruça essa apreciação, Márcia Abreu apresenta diferentes concepções aferidas ao conceito do que pode ser considerado um texto literário e da função da literatura na formação social do indivíduo.
Nesse trecho do livro a escritora chama a atenção para a avaliação de literatura como algo restrito à forma erudita de organização vocabular. Os adeptos desse conceito, segundo a autora consideram que a literatura.
... é um meio de aprimoramento das pessoas. [...], a literatura nos transforma em pessoas melhores, pois ao ler ficamos sabendo como é estar na pele de gente que leva uma vida muito diferente da nossa, passando por situações inusitadas.[...] A definição de Literatura como conjunto de textos capazes de nos tornar pessoas melhores, em geral, associa-se a uma crítica à cultura de massa,[...] (p. 81)
Abreu ainda explica que essa maneira de conceituar aponta a “Grande Literatura” como responsável por um desenvolvimento moral e intelectual adequado.
Nessa concepção a autora sutilmente aponta que a literatura, nesse caso, é tida como responsável por uma visão acrítica do que se lê e até mesmo do mundo a sua volta.
Em sequência, o texto faz referência a uma camada culta da sociedade que vem criando hábitos de leitura que fogem à regularidade e mostram pessoas naturalmente cultas que valorizam leituras consideradas por muitos de pouco valor literário e, por outro lado, a intimidade de indivíduos de pouca escolaridade a uma avaliação experiente do caráter estilístico e social de variadas obras literárias.
Esse fenômeno é colocado pela escritora como a comprovação de que a definição do que pode ou não ser considerado literário é algo que ainda está longe do concreto.
Nesse trecho do livro nos vemos diante de uma reflexão a respeito de uma visão da literatura livre de pré-conceitos e nos remete ao que sabiamente ressaltou Rubem Alves sobre a educação do olhar.
A obra de Paulo Coelho foi sabiamente utilizada como exemplo pela autora, pois se sabe que este autor provoca polêmica sobre o valor literário de suas obras. Essa estratégia leva o leitor a fazer uma viagem interna sobre o desenvolvimento da criticidade paralela ao prazer pela leitura. Sobre a maneira erudita de classificar o que pode ser apreciado como literatura a autora coloca
Uma definição como forma de humanização não se sustenta diante do fato de que há gente muito boa que nunca leu um livro e gente péssima que vive de livre na mão. Menos grave mas também importante é o fato de que a transformação e humanização dos sujeitos podem ocorrer e frequentemente ocorrem – quando se lê um Best seller.(p. 83)
De maneira dinâmica e original a autora, metaforicamente, aponta a imagem de best sellers mundialmente conhecidos e sua força ..., levando o leitor a despertar para a visão crítica do que é considerado cultura de massa.
Esse capítulo apresenta uma reflexão sobre real juízo de valor a ser dedicado à importância do incentivo da apreciação de diferentes leituras e produções literárias representativas de todos os tempos a visão crítica da carga cultural presentes em quaisquer obras de literatura.
No capítulo 4, como em toda a obra, a autora suscita questionamentos que apontam para a apreciação subjetiva dos diversos gêneros textuais que permeiam a vida social e a função que exercem na sociedade e no desenvolvimento intelectual voltado para a crítica literária. A leitura do livro, especificamente desse capítulo, é de grande valia para a desconstrução e reconstrução da maneira como professores e alunos veem ou transmitem a função do variado e encantador mundo da literatura.