A LÍNGUAGEM COTIDIANA E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUÇÃO TEXTUAL DOS ALUNOS

Por Ana Joelma Farais Guimarães | 14/02/2017 | Adm

ANA JOELMA FARIAS GUIMARÃES, aluna da Universidade Nilton Lins, 6º período de letras, do ano de 2011.


JEFERSON GIL DA ROCHA SILVA, prof. MSc. e Orientador da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso,  TCC.

                                                                 

 

  1. A Linguagem como Instrumento de Comunicação Oral 

 

Uma das primeiras definições de linguagem é de que ela é um    instrumento de comunicação fundamental e informativa, que expressa o pensamento, que permite a comunicação entre as pessoas, utiliza-se de elementos como gestos, sinais, sons, símbolos e principalmente de palavras para representar conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos.

O homem é o único ser vivo capaz de comunicar-se através da faculdade humana que chamamos de linguagem oral.  Com ela  e com os signos linguísticos, o homem designa os objetos do mundo exterior, suas qualidades, ações e relações, assim como, tudo que pode ser relacionado ao pensamento.

Segundo Saussure, o signo linguístico¹ é uma entidade composta de dois elementos interdependentes: - O significante que é o testemunho que os sentidos dão ao som material e que constitui o componente material; E o Significado que é o componente intelectual, a ideia. Resumindo, tanto o significante quanto o significado são imagens mentais, não reais, e as palavras pronunciadas são apenas manifestações do signo linguístico,  mas não o próprio signo, pois este só tem existência na mente. 

A linguagem oral está a serviço da comunicação entre os membros de  uma comunidade, e vem frequentemente adaptando-se ao sistema lingüístico pois a língua é aberta, dinâmica e flexível. 

 

¹·Segundo Charles Morris, baseado na teoria de Peirce, os signos linguísticos podem ser estudados  em três níveis, Sintaxe (que estuda os signo em suas relações com outros signos), Semântica (que estuda os signos em suas relações com o referente) e Pragmática ( que estuda os signos em suas relações com os interpretes ou usuários).

O ser humano necessita da comunicação para a convivência em sociedade  pois a linguagem é essencial  para a inclusão do indivíduo na mesma, constituindo o homem como sujeito, viabilizando a relação entre as pessoas, permitindo o retorno sobre si, como a individualidade distinta e a comunicação entre os homens.

Através da linguagem o homem pode transmitir informações, partilhar conhecimentos, adquiridos no decorrer da vida, permitindo que ele componha um número interminável de palavras, que relacionadas e combinadas, tomam a estrutura de uma   frases, possibilitando assim a comunicação via oral.

Quando a linguagem oral é citada, há de se fazer referência, que ela está organizada em gêneros onde incluímos entrevistas, debates, seminários e depoimentos, sendo utilizados de maneira  natural e cotidiana, ou seja, a linguagem verbal, que é o sistema de comunicação mais perfeito e flexível que existe, onde um indivíduo estabelece contato com o outro, com a finalidade de transmitir-lhe a informação.

Na década de 80 a língua falada era considerada incompleta  e imprecisa. Informação esta, que nos dias de hoje não faz sentido algum pois a linguagem e o pensamento evoluíram simultaneamente o que permitiu ao homem acelerar o desenvolvimento cultural e estabelecer a superioridade humana sobre o restante dos animais.

Jean Piaget, psicólogo suíço, relacionava o pensamento à linguagem e realizava experiências com crianças antes que elas desenvolvessem a linguagem, para demonstrar que linguagem e pensamento são atividades estreitamente ligadas, e que uma está a serviço da outra. Ou seja, o ato de falar é natural como respirar, para respirarmos precisamos dos pulmões e nem nos damos conta disso, é como o falar e o pensamento, antes de falarmos pensamos, mas é tão natural que nem percebemos que estamos utilizando o pensamento para nos comunicarmos.

Pode-se observar que a linguagem humana possui algumas características fundamentais, ou seja, ela é verbal e produzida através  da emissão de sons articulados; permite a troca de mensagens ou diálogos; substitui por meio de signos linguísticos, elementos da realidade, sentimentos próprios, acontecimentos da vida real, pode ser transmitida sem nenhum tipo de limitação temporal ou espacial, ocorre geralmente na presença  física do emissor e do receptor, que participam da mesma situação compartilhada, interagindo entre si.

 Outro método de comunicação oral, que faz parte da vida cotidiana é denominada de conversação. Linguistas dizem que  a verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas nem pela anunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal realizada através da enunciação ou enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua, isto é a conversação, ato este que também faz parte da vida cotidiana de todos os seres humanos.

A conversação é uma das primeiras formas de linguagem que estamos expostos, é também a única que nunca abandonaremos, pois apesar de toda tecnologia, como as conversas via e-mail, msn, e outros, a conversação ainda é o meio pelo qual o indivíduo se expressa no meio social, se relaciona com outras  pessoas e procura conseguir seus propósitos.

Utiliza-se a fala como instrumento de comunicação oral, desde os primeiros anos de vida, e dela vem todas as formas de expressar o pensando sendo utilizado pela humanidade desde os primórdios tempos para a interação entre as pessoas, pois a comunicação oral, só se realiza plenamente se houver o diálogo, ou seja. a conversação que é a interação plena entre os seres humanos.


  1. O Falar e sua diversidade

                       

O próprio da  língua é evoluir, sendo um processo natural das línguas vivas,  decorrentes da constante renovação da vida social, esse movimento denomina-se variação linguística. Atualmente treze línguas são faladas por mais da metade do mundo, sendo que ocorre uma distribuição linguística em dois níveis: Um internacional e comum que facilita o intercâmbio entre a humanidade e outro mais individualizado que é a nossa língua materna que facilita nossa vida cotidiana.

Desde o Renascimento que existe uma aspiração pela universalidade da língua, o que causou apenas temas de discussões frequentes entre estudiosos da língua e suas variações. Comenius, humanista theco tentou essa universalização para que facilitasse a comunicação entre os seres humanos, ele utilizaria o latim como língua universal, mas esse seu feito coincidiu com o declínio do latim na comunicação Ocidental.

Segundo os estudos etimológicos², a partir do séculos XIX e XX, ocorreu o surgimento de diversas línguas artificiais, como o volapük e o esperanto, este último de maior êxito entre os idiomas artificiais, baseado no latim e criado pelo judeu polonês Lazar Ludwik Zamenhof, com o passar dos anos surgiu também o ido, derivação linguística  criada pelo francês Louis de Beaufront, que era também uma derivação do esperanto.

 

²·Os estudos da etimologia envolvem conhecimentos de muitas línguas e etapas de línguas. O português, por exemplo, tem palavras de origem latina, grega árabe, tupi, ioruba, entre outras. Além disso, o português medieval não é o mesmo que o do Renascimento ou do Romantismo. O principal problema está em determinar qual método é considerado mais adequado para encontrar as unidades básicas que compõem o sistema da língua Portuguesa.

 Os séculos passaram e as diversidades de línguas continuaram surgindo, mas os linguistas tentaram incansavelmente universalizar a língua, foram mais de quinhentas tentativas,  de todas essas tentativas, apenas o esperanto foi a língua que obteve mais êxito, sendo falada por mais de 750.000 pessoas.

Assim como existiu e existe as variações liguísticas no mundo, no Brasil não deixa de ser diferente, pois nossa língua também vive em constante evolução e adaptação, a exemplo disso temos a nossa língua portuguesa que é resultado da transformação do latim falado na faixa ocidental da península ibérica.

Dentro de nossa língua mãe, existem também as variações, pois elas ocorrem de acordo com espaço geográfico que são as variações diatópicas e  outras que ocorrem em função  sociocultural,  que são as variações diastráticas, ocorre também as variações diafásicas que são decorrentes da situação ou de outros condicionamentos contextuais. No Brasil ocorreu também a necessidade da comunicação com os indígenas, os catequistas adotaram uma língua geral, ou a língua franca, para poder ter êxito em sua comunicação com as tribos indígenas, essa língua era baseada no tupi, e foi amplamente difundida entre os colonizadores.

Com achegada dos africanos no Brasil ocorreu também o interesse, por parte deles, em conhecer e falar o português para integrarem-se a sociedade,  mas o processo de aceleração do aportuguesamento estabeleceu-se com a vinda da família real para o Brasil. Toda essa diversidade de culturas e línguas deu ao Brasil modalidades diferentes de línguas, mas que podem identificar-se numa língua só, a língua portuguesa, e toda essa diversidade não põe em risco sua unidade.

O que ocorre é que apesar de toda essa diversidade linguística existente no Brasil, temos uma só língua base, a Língua Portuguesa,  é nela  que nos baseamos para falar e  expressar o pensamento e conviver em nossa sociedade. O sujeito sente-se inteiramente livre para comunicar-se, pois tem várias modalidades de língua a sua disposição, sendo assim escolhe a que melhor lhe convém ao momento do discurso, tornado-se  um poliglota em sua própria língua.

Toda essa liberdade de comunicação não impede que o sujeito conheça a norma culta, pois com esse conhecimento, de certa forma, sentir-se-á mais seguro para utilizar a língua segundo os padrões estabelecidos pelos bons escritores do nosso idioma. Há certas situações que exigem do falante uma adaptação específica da língua, e a mesma oferece grandes variedades de registros, de acordo com o grau de formalidade da situação ou do discurso. Quanto maior for o conhecimento que um indivíduo tenha da língua, maior será sua adaptação ao meio social.

A linguística porém, ocupa-se dos fenômenos da expressão verbal e sua ligação com imaginário, ou seja, aquilo que a palavra nos reporta, sendo assim, quando falamos pensamos em algo e isso nos trás uma imagem, que nos liga ao mundo real, ocorrendo que, muitas vezes, essa imaginação nos leva a falar erroneamente algumas palavras, mas para os linguistas qualquer expressão,  mesmo que deturpada, é válida quando pode ser compreendida, o que diverge parcialmente da teoria gramatical.

Se tomarmos o falante como ponto de partida, podemos observar que as variedades linguísticas ocorrem de acordo com a necessidade ou a situação de comunicação em que ele se encontra, ocorrendo dessa forma as variáveis próprias do falante, como sua origem geográfica, ou classe social, que utilizadas no dia a dia pode-se entender como um dialeto, sendo que, dentre todos os fatores que determinam ou influenciam a fala de um indivíduo estão: idade, sexo, raça, profissão, posição social, grau de escolaridade, local em que mora. Contudo a única intenção de quem utiliza a linguagem falada é comunicar-se e fazer-se entender.

 

 3. A Linguagem utilizada no cotidiano do adolescente

 

Nos dias de hoje os adolescente ganharam espaço, situação esta que era muito diferente na década de 50, onde os mais jovens eram convidados a se retirar da sala  quando os pais recebiam visita, e eles não podiam participar das conversas. Na atualidade crianças de 8 a 12 anos não admitem mais serem chamadas assim, e denominam-se pré- adolescentes; rejeitam produtos infantis, são bem informadas e consumistas; não enxergam mais os pais como heróis, dão grande importância à turma ou tribo; ditam moda e buscam sempre o novo.

Como consequência disso, a idade escolar também evoluiu,  está cada vez mais jovem, ou seja, os adolescentes estão entrando no ensino fundamental precocemente,  toda essa juventude influencia muito nas sua vida escolar assim como na sua linguagem utilizada no cotidiano, que  incluíram as expressões de gírias e o internetez, para determinar sua época. Se fizermos um levantamento do uso da  linguagem dos adolescentes, vamos nos deparar com linguajar de neologismos, que eles estão introduzindo no cotidiano escolar, expressões estas como: catar – namorar, da hora – coisa boa, irada – coisa boa, boiola – rapaz afeminado, mané – pessoa boba, mano – colega, nóia – drogado, registrando – olhando, sangue bom – pessoa boa, treta – mal feito, viajar na maionese – falar algo que não faz sentido, e muitas outras infinidades de palavras novas que vão se tornando cotidianas e adicionamos na nossa comunicação cotidiana sem percebermos.

Alguns registros mostram que essa linguagem recorrem independentemente da região geográfica,  que são associadas a pessoa da periferia,  que  muitas vezes são descriminadas, pois associam o uso dessa linguagem ao uso de drogas, ao baixo desempenho escolar e à desocupação profissional.

Em contrapartida, a proliferação dessa linguagem se dá devido a utilização das redes sociais, pois a internet contribui muito para que ocorra o neologismo, as gírias e as abreviações de algumas palavras. A pressa em escrever textos, responder as mensagens ou qualquer outra forma comunicação via mídia social, faz com que utilizem essa maneira rápida de comunicação.

Outro exemplo disso é a utilização de símbolos na comunicação,  os adolescentes receberem cartas eletrônicas (o e-mail), msn, torpedos, e para marcar sua diferença, incluem um linguajar específico e muitas vezes incompreensível para os leitores, eis aqui alguns exemplos disso: J sorriso, :-* beijo, :D gargalhada, L  triste, ;-) piscar, :P mostrando a língua, :-> sorriso maldoso, :-)= fumante, [ ] abraço, B-) usando óculos. Entre essa novidades está também as abreviações, estas sim, que corriqueiramente, encontram-se instaladas em suas produções textuais, o que os prejudica pois, a linguagem que deve ser utilizada para suas atividades escolares deve ser a da norma culta. Como exemplos de abreviações utilizadas pelos jovens temos: bjs – beijos, vc – você, adc – adiciona, rsrs – riso, kkk – gargalhada, p/ - para, pq – porque, ñ – não, c/ - com, mto – muito, kra – cara, kza – casa, kbç – cabeça,qdo – quando,  e etc.

 Todo esse linguajar  comumente, utilizados em diários virtuais, escritos por adolescentes vem desse mundo tecnológico³,  assim,  vão incluindo  em sua rotina diária e proliferando para suas tribos  em seus blogs, tornando-se muitas vazes uma língua que só eles entendem,  utilizada  como sua língua mãe, passando como se a norma culta da linguagem e da escrita,  as que se deve utilizar na escola, fosse uma linguagem ultrapassada, e só os professores e os mais velhos utilizam.

As mídias sociais estão mudando o caráter da Língua Portuguesa, está surgindo uma nova língua falada nas redes sociais,  essa nova linguagem migra para as produções textuais dos alunos em sala de aula, o que os prejudica, pois passam a maior parte, do tempo ocioso, na comunicação via internet, e quando retornam para a vida real, não conseguem “desconectar-se”, e utilizam a mesma linguagem do meio virtual para o cotidiano escolar.

 

³·No livro comunicação e computadores George A. Miller, dita que o diálogo entre o homem e o computador cria uma situação bem diferente das relações anteriores entre homem e a máquina e em tudo que equivale à comunicação dele com outras pessoas. A interação homem computador é de recrutar informações, de parceria inédita de trabalho, onde o homem busca soluções a uma velocidade muito superior à capacidade humana, o computador é uma poderosa ferramenta humana e um fantástico meio de comunicação, um robô doméstico.

 Alguns estudiosos, alertam que a internet, altera o funcionamento do cérebro, transformando, principalmente, os jovens em leitores mais raros e com menor capacidade de pensamento crítico, está se tornando raridade ver um jovem com livro nas mãos, quando necessitam de leitura, para trabalhos escolares, recorrem logo a internet, lá encontram tudo resumido, da maneira que eles gostam, fácil e rápido. 

 

  1. A Influência da Linguagem cotidiana nas Produções Textuais dos Adolescente

           

            Embora o ensino da língua falada esteja previsto nos parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) há mais de uma década, essa prática está longe de ser prioridade. Ela é confundida com atividades de leitura em voz alta e conversas informais que não preparam o aluno para os contextos de comunicação, pois a língua oral está organizada em três gêneros (entrevistas, debates, seminários) e o empenho do professor é mais voltado para o gênero escrito, assim como não há um texto escrito sem propósito comunicativo, tampouco existe uma só maneira de falar. 

            Alunos que não têm uma boa linguagem oral não sabem ler com entendimento logo, suas produções textuais são deficientes, o que reflete no resultado escolar, pois a língua portuguesa é a base de todas as disciplinas, ler e compreender é essencial para a elaboração de um texto escrito ou até mesmo de uma resposta de uma prova de história, por exemplo, sendo que todas repostas subjetivas são textos redigidos pelos alunos, tendo este um bom vocabulário, consequentemente sua resposta será proveitosa.

 A maioria dos alunos do 9º do ensino fundamental trazem como herança muitos vícios de linguagem, abreviações, o internetez e gírias,  nunca corrigidos, falam sem concordância, trocam o e pelo i, como em vez de escreverem de escrevem di, não utilizam a conjugação verbal corretamente, trocam as terminações do verbo am pelo ão, como em vez de escrever partiram, escrevem partirão, entre outras infinidades de neologismos  que eles estão incluindo no seu cotidiano escolar.

 A linguagem é uma forma de ação e interação culminando no despertar do gosto do aluno pela leitura, e assim, causando no mesmo o hábito pela escrita e linguagem corretas. Alunos gostam de ouvir histórias contadas ou lidas pelo professor, atividades como esta aproximam o educando do educador e o ajudam a se apropriar da estrutura da narrativa e a perceber o valor estilístico dos textos. Obrigar o aluno a copiar textos didáticos, questionários ou tornar a leitura e a escrita apenas objeto de avaliação é eliminar no aluno o desejo de ser leitor ou escritor.

  A base da escrita correta está na fala e na leitura corretas, o exercício de leitura diária e a atenção dada ao que se fala, deveria ser cotidiana para se tornar natural, do contrário adquire-se um vocabulário parco. “Ampliar o repertório verbal dos aprendizes, garante a eles, o acesso a múltiplas formas de falar e de escrever, desde as mais espontâneas, até o cânone literário’’.( BAGNO 2009, p.86). 

Uma das alternativas é levar os jovens a falar sobre textos com colegas de classe, debater sobre leitura, observar um ao outro no momento em que leem em voz alta; discutir sobre erros de leitura ajuda com que pensem antes de falar e tornar a leitura prazerosa, ajuda na compreensão dos textos, afastá-lo um pouco do mundo virtual e aproximá-lo da vida real, em um  contato direto com o livro. Quando se observa alguém que lê, detectar-se suas deficiências na língua falada, culminando na reflexão sobre a leitura que é utilizada no cotidiano.

A leitura contínua em um espaço adequado ajuda muito, um momento específico para isso também, um segredo para formar leitores é misturar os momentos de leitura íntima, silenciosa e pessoal com outros de troca sobre como cada aluno se relaciona com o que leu.

Tornando a leitura contínua atividade permanente, nas séries do 9º ano do ensino fundamental, é um suporte para questões gramaticais na hora da escrita, ao ter contato quase que diário com textos o aluno familiariza-se com as expressões corretas o que se tornará um hábito refletindo no seu falar. O que falta para uma boa produção textual é uma linguagem oral correta.

Umas das alternativas é levar o aluno a pensar antes de falar, para pronunciar as palavras corretamente, dando a ele a oportunidade do contato com os mais variados tipos de leitura, incutindo nele o gosto pela leitura, para que através desse contato sua linguagem melhore consideravelmente, culminando em uma produção textual dentro dos padrões gramaticais aceitáveis. Uma boa produção textual resulta de uma perfeita união entre o pensamento e a linguagem.  ”Escrever bem não é uma tarefa fácil e prazerosa,  é antes de tudo aprender a pensar. É organizar pensamentos”.( SENA, 2004,P.10).

Muitos teóricos produziram obras que abordam sobre a influência da linguagem cotidiana nas produções textuais, onde  percebe-se que a problemática ocorre com freqüência e que sempre é abordada por vários linguistas, doutores em letras, mestres e até mesmo psicólogos. Obtêm-se também,  essas constatações  em sala de aula através de entrevistas com os alunos, questionários respondidos por eles, conversas informais, correção de suas produções textuais e na observação de conversas de grupos de aluno.

            A presente pesquisa procura levar para meio discente e até mesmo para os acadêmicos dos cursos de Licenciaturas uma reflexão e um novo olhar para as produções textuais dos alunos das séries do 9º ano do ensino fundamental, fase esta que coincide com a fase da adolescência, onde eles estão mais voltados para o que é imediato, onde querem tudo pronto, não gostam de pensar, são agitados e cheios de energia, e o que menos querem é estar trancados em uma sala de aula com tanta coisa lá fora esperando por eles.

            Cabe ao professor observar isso, e procurar incutir no aluno que sua passagem pela vida de estudante precisa ser bem aproveitada e que o momento é oportuno para isso, além de tudo o educador de Língua Portuguesa precisa despertar no aluno o gosto pela boa linguagem falada e escrita,  isso só ocorre com o gosto pela leitura, e leitura se faz não só com o correr dos olhos pelo texto escrito, mas com atenção, compreensão e entendimento. A leitura tem que ser encarada dessa forma para se tornará um hábito prazeroso e consequentemente refletindo nas suas produções textuais.  “Ampliar o repertório verbal dos aprendizes, garante a eles, o acesso a múltiplas formas de falar e de escrever, desde as manifestações mais espontâneas, até o cânone literário’’.( BAGNO 2009, p.86).  

 

Referências Bibliográficas

 

CASTILHO, Átila d. A Língua falada no ensino de Português. São Paulo: Contexto 1998.

LUFT, Celso Pedro. Ensino e Aprendizado da Língua materna. São Paulo: Editora Globo, 2007.

KATO, M. No Mundo da escrita: Uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática. 1986.

MARCUSCHI, L. A. Contextualização e explicitude na fala e na escrita. 1995.

MORAIS, A. G. O Aprendizado da ortografia. Belo Horizonte: Ceale/ Autêntica, 1999.

PRETI, Dino. Estudos de Língua Oral e Escrita. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

 SENA, Odelino. A engenharia do Texto. Manaus: Edula, 2004.

SILVA, Luiz Antônio da. A língua que falamos. São Paulo: Editora Globo, 2006.

TEMÁTICA, Barsa. Língua e literatura. Rio de Janeiro: Editora Barsa Planeta, 2005.