A Ldb E A Educação Do Campo
Por Djárcia Santana | 03/12/2006 | EducaçãoAs adversidades não são identificadas com o propósito de se permanecer na inércia. Ao se analisar quais os passos a serem dados objetivando uma educação do campo, parecem-nos que a ação deveria começar por uma pedagogia da escuta, escutar os maiores interessados: educandos, funcionários, professores e comunidade. Considerando, pois, que estes são sujeitos e não objetos do processo.
Neste sentido, estamos pensando numa política de descentralização em que o maior campo decisório seria na própria escola. Uma política capaz de vincular as práticas de educação a um projeto popular de desenvolvimento. Em busca desse que fazer, deve-se ter um cuidado especial com a formação de professores. Contudo, o foco nos professores se justificaria não porque estes são culpados por todos os males na educação, mas pelo potencial que se encontra nesses profissionais, nem só como articuladores, mas instigadores e também provocadores, necessários ao rompimento de velhas práticas.
Há que se pensar uma imagem de identidades para o educador do campo conduzidas pela promoção de espaços de formação e valorização profissionais. Por isso, se os professores não podem ser trabalhadores rurais, que sejam pessoas sensíveis às causas locais. Dizemos isso porque é sabido que em alguns municípios é muito comum que as escolas do campo se destinem os não desejados no meio urbano.
No que concerne ao tipo de formação almejada deve-se ter em conta primeiro aquela que atualmente habilita e que deveria qualificar, ou seja, a educação superior. Para esta é necessário evidenciar a carência de espaço em seus currículos a prática pedagógica contextualizada. Segundo, a continuada que na prática tem sido pontual, a custa dos horários de folgas dos professores e coordenados por consultorias que nada ouvem, apenas apresentam seus moldes prontos.
5. CONCLUSÃO
Muitas são as demandas de mudanças, mudanças que muitas vezes dependem de uma reestruturação do sistema educacional como um todo, adaptações não são ideais, contudo, como diria Paulo Freire (2000, p.79), elas podem servir de tática na luta política. Daí considerarmos como avanço o reconhecimento da necessidade de uma política específica para educação do campo registrada na Lei de Diretrizes e Bases que vem corroborar com a menção de metas visando o meio rural no Plano Estadual de Educação, com a diferenciação valor aluno urbano/rural estipulada pelo FUNDEF e com a publicação das Diretrizes Operacionais Para Educação Básica nas Escolas do Campo. Também é um avanço a aproximação da academia, ainda que tímida, refletida na quantidade de estudos e na interiorização de campi universitários.
Quanto as amarras, parece-nos que todas se inserem naquilo que podemos chamar de choques de culturas, entre aqueles que vêem a história como possibilidade e os que a têm como determinação. Entre o global e o local, entre municípios, estados e federação. Frente a estes choques há pelo menos dois perigos: o da generalização de políticas macro destinadas ao micro e o da radicalidade dos localismos, onde o imobilismo nada mais é que a descrença ou a resistência a ambos.
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