A Juventude Vendida
Por WAGNER PAULON | 11/07/2008 | FamíliaDr.Wagner Paulon
1972 - 2008
Parte dos adolescentes acabam por se converterem em adultos razoavelmente felizes e eficientes. Mas há grande número de adolescentes que não o fazem; eles se sentem profundamente desgostosos com a sociedade vigente, ou consigo mesmos, ou com ambos. No palavreado popular dos anos 60 e de sua "contracultura" jovem, são jovens que se tornaram "vendidos". Todavia, as fontes de sua alienação podem variar amplamente. Em alguns casos, a alienação resulta da privação econômica ou da discriminação étnica.
Podemos esperar que crianças tenham afinidade com uma sociedade que nunca lhes deu qualquer coisa senão as migalhas de sua mesa ou o desprezo de seus membros privilegiados? Tal alienação persistirá se a sociedade permanecer imutável. Em outros casos, a alienação da juventude não provém de uma privação de direitos pessoais, mas da desilusão com uma sociedade que se vê como a perseguir objetivos de progresso tecnológico e riqueza econômica sem considerar os custos humanos ou ambientais. Esse tipo de alienação caracterizou muitos jovens de classe média e alta do fim dos anos 60 e começo dos 70.
Eles também analisavam a organização hierárquica da sociedade contemporânea como impessoal, altamente especializada, orientada para o status (grandes empresas, governo, educação, as classes militares) como inimiga dos valores que eles ciosamente defendiam. Sobretudo entre a juventude norte-americana, a guerra do Vietnã, altamente destrutiva e perturbadora, foi, para muitos, o clímax da amargura e da desilusão. Desses jovens alienados de classe média desse período foram recrutados, em grande parte, os atuais membros de grupos radicais de países como a Alemanha, a Itália, o Japão e os Estados Unidos.
Em outras circunstâncias, a alienação de uma pessoa se enraíza principalmente numa perturbação do relacionamento entre pais e filhos ou noutras experiências evolutivas adversas; experiências que provavelmente podem produzir distúrbios psicológicos e um sentimento de alienação em quase todo o tipo de sociedade.
Os adolescentes podem reagir ao próprio arrebatamento (arroubo) de diferentes maneiras - algumas positivas, outras negativas. Alguns encontram outras formas de vida, mais pessoalmente significativas, seja na ação social (como, por exemplo, trabalhar com as crianças, com os pobres, com os deficientes ou com os velhos), na busca de objetivos pessoais (como alguns jovens artistas, poetas e artesãos) ou numa comunidade de pessoas que pensam como eles (como no caso de algumas comunidades rurais ou urbanas ou de cultos religiosos). Parte espressiva se torna dissidentes sociais, como os "hippies" do fim dos anos 60 e começo dos 70, dependentes de drogas, delinqüentes ou revolucionários políticos, cujo objetivo niilista (Em termos gerais niilismo significa o ponto de vista que considera que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou utilidade na existência) (O niilista declara guerra ao que se é conhecido como "mentiras convencionais da sociedade civilizada", assim como o repúdio a tudo que a razão não pode explicar. Para o niilista não existem "cerimônias". Se uma pessoa odiada o dirige a palavra, o niilista permanece frio e calado, sem sentir obrigação em manter aparências e alimentar mais uma "mentira social". É também pelo niilista repudiada toda a ignorância e ingenuidade), pode ser simplesmente a destruição de uma sociedade que eles desprezam. E alguns podem desenvolver sérios problemas psicológicos.