A irreversível leveza do não existir

Por Nivea Santana | 25/11/2010 | Crônicas

Quando escrevo me liberto das amarras da realidade, das duras, rígidas, cruéis e frias paredes que encerram isso que convencionamos chamar de mundo real.
Afinal o que é real e o que é fantasia, sonho, ilusão, alucinação? Nós construímos o real ao nosso redor e não o contrário. Fomos nós que delimitamos as barreiras do que é realidade e assim sendo, deveríamos poder mudá-las, rompê-las, ampliadas. Mas, pasmem, ficamos presos em nossa própria teia.
Tente qualquer um alterar um milímetro que seja tais demarcações e se verá em meio a uma verdadeira enxurrada de censuras e as mais diversas repreensões por parte de seus pares, que, coitados, presos a sua ordenada, monótona e limitada cela da "racionalidade", ao invés de apreciarem a beleza do ser diferente, procuram a todo custo "enquadrá-lo", e quando não conseguem, por não suportarem conviver com a presença constante de sua pobreza de imaginação, encerram-lhe numa prisão tão fria e isolada quanto a sua, para assim, quem sabe, tentarem conter-lhe ao menos, o ímpeto de querer gozar de uma liberdade, tão "exagerada" que chega ser obscena afronta aos padrões da sociedade organizada, também chamada de civilização.