A internet das coisas em linguagem clara
Por Vagner Soares | 07/08/2016 | TecnologiaEm meados da década de 60 durante a Guerra Fria, foi criada nos Estados Unidos, uma rede de computadores denominada ARPANET. Esta rede experimental tinha fins militares e foi financiada pelo governo Americano com a finalidade de interligar alguns centros de pesquisas e universidades.
A finalidade inicial era compartilhar capacidade de processamento de computadores de médio e grande porte que existiam naqueles centros e também fazer com que as informações militares ficassem descentralizadas conectadas por uma rede e esta rede possuísse vários nós interligados, de forma que um ponto pudesse acessar outro sem a necessidade de um terceiro ponto.
Com o tempo, mais e mais redes foram nascendo e se interligando a esta rede inicial até chegar a grande teia mundial que temos hoje, a internet.
Desde a concepção da internet, diversos recursos, aplicações e dispositivos foram criados para facilitar a vida do usuário, podemos citar: o comércio eletrônico, o Ead, o e-mail, plataformas de busca, músicas e vídeos online e principalmente as diversas redes sociais. Este último recurso que é determinante para classificar a segunda fase da internet que vivemos, a internet das pessoas (perfis).
A liberdade e neutralidade que existe na internet fez que os perfis nas redes sociais crescessem exponencialmente nos últimos anos a tal ponto de influenciar tendências comportamentais, econômicas e políticas, chegando a gerarem revoltas e conflitos organizados pelas redes sociais. A Primavera Árabe que foi uma série de manifestações que iniciaram em dezembro de 2010, houve conflitos no Egito, Tunísia, Síria, Egito e em outros diversos pontos do Oriente Médio e da África.
As pessoas ou perfis fizeram trocas de ideias e organizaram pela internet os protestos contra seus governos. Sabedores do poder de integração das redes sociais, outros governos ditatoriais começaram a controlar e bloquear o acesso à estas comunidades em seus Países. Fato este que posteriormente levou a ONU (Organização das Nações Unidas) a declarar que “o acesso à internet é um direito humano e que desconectar a população da web viola esta política “.
Estas características que dominam a internet de hoje é chamada de rede de pessoas e comunidades. Então, a internet no seu princípio era uma rede de computadores, hoje é uma rede de pessoas e comunidades. E observamos o crescimento de uma tendência tecnológica mundial: a internet das coisas.
A IoT (do inglês Internet of Things) ou internet das coisas, é quando a web conecta diversos objetos do dia a dia que passam a interagir entre si e com as pessoas. Facilitando suas vidas e tornando atividades diárias e rotineiras muito mais fáceis, agradáveis e com tempo reduzido.
Com recursos da domótica já é possível controlar vários dispositivos da sua casa a distância através de um tablet ou smartphone. Mas com a internet das coisas os dispositivos não serão a princípio controlados por você, mas eles reagirão a sua presença, ausência, aproximação etc.
Em um futuro vindouro, muitos eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos etc. Estarão conectados à web, se comunicando buscando informações sobre você, sobre o clima, sobre o trânsito e interagindo para adaptar e otimizar sua vida diante destas variações.
Por exemplo, uma geladeira inteligente que pode verificar se determinado produto acabou ou está acabando e com isso avisar da falta, consultar preços em supermercados mais próximos, buscar e sugerir cardápios com os produtos disponíveis.
Guarda roupas que buscarão informações climáticas de onde está e do destino, sugerindo trajes adequados para vestir ou por nas malas.
As janelas se abrem ou se fecham, o ar condicionado ou aquecedor ligam ao receber aviso de seu veículo de que está próximo.
Veículos que se comunicam entre si, mantendo distâncias seguras, avisando sobre acidentes, que buscam informações sobre o trânsito, local para abastecimento mais próximo, necessidade de revisões, rotas alternativas e ao chegar no estacionamento, se comunicam com sensores instalados nas vagas que o guiam ao local preciso disponível para estacionar.
Pulseiras que monitoram pessoas com problemas de saúde, acompanhando batimento cardíaco, temperatura e respiração, caso ocorra mal súbito, esta pulseira envia esses dados ao seu médico e ainda pede socorro a uma ambulância informando o local exato onde se encontra.
A internet das coisas caminha a passos largos em sua maturidade, mas ainda é necessário melhorias tecnológicas no que diz respeito a infraestrutura. Os sistemas de comunicações móveis e a internet atual não suportam tantas conexões de todos estes dispositivos a nível global. Pois cada dispositivo que requer conexão na internet precisa de uma identificação única para que possa estar na web naquele momento.
Esta identificação é chamada endereço IP (internet protocol) ou protocolo de internet, que é um conjunto de regras que identifica um host (dispositivo que usa um IP) para que possa navegar na web. A versão de IP utilizada atualmente é a versão 4 ou ipv4.Nessa versão só pode fornecer cerca de 4 bilhões de identificações (IP) de forma única no mundo. Na realidade a capacidade do ipv4 já esgotou este 4 bilhões e ainda existe a previsão de dezenas de bilhões nos próximos anos.
Para suprir esta demanda global de IP e viabilizar a internet das coisas, está sendo implementado na internet o protocolo de internet versão 6 ou ipv6.Esta nova versão tem a capacidade de fornecer cerca de 340 undecilhões de IPs. O que deve ser suficiente para viabilidade técnica da IoT e suprir ainda toda demanda mundial a um longo prazo.