A interferência do transtorno de déficit de atenção /hiperatividade no processo de ensino-aprendizagem.

Por Maria Nidia Lopes Telles | 12/02/2012 | Educação

Introdução

 

A educação escolar é fundamental para o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. Desenvolver esse processo é a grande saída que o professor pedagogo tem para demonstrar suas habilidades e saber superar as deficiências de cada aluno hiperativo.

As crianças hiperativas atraem a atenção da escola e principalmente dos colegas de classe devido ao seu comportamento, esse aluno passa a ser a atração dos colegas de classe, durante as aulas essa criança não pára no mesmo lugar, exigindo do professor uma atenção única.

Partindo da informação de que a capacidade de focar a atenção e controlar a motricidade em ambientes com muitos estímulos, como uma sala de aula, reduz significativamente a presença do TDAH, cabe ao professor pesquisar e conhecer as características desse transtorno. Buscando assim uma melhor adequação dos recursos pedagógicos em sala de aula, diminuindo assim as tensões entre os atores desse processo.

É muito importante se ter em mente que certo grau de desatenção e hiperatividade ocorre normalmente nas pessoas. Devidamente diagnosticada e encaminhada para um tratamento, o professor deve dispor de um atendimento especial e diferenciado ao aluno hiperativo, bem como avaliar seus pontos fortes e as dificuldades para que se faça um atendimento diferenciado aos seus déficits. Conforme esclarece (Brioso e Sarrià 1995, p. 164),

O conhecimento, por parte do professor [...] é condição necessária para que proporcione a resposta adequada às necessidades

Da criança [...] devemos ter em mente suas dificuldades de concentração durante tempo prolongado, bem como para selecionar a informação relevante em cada problema, de forma a estruturar e realizar uma tarefa.

                                                                                              

Embora as diversas formas de problemas decorrentes do distúrbio do comportamento, a hiperatividade é considerada por seu grau de complexidade um dos fatores que mais interferem no processo ensino-aprendizagem da criança. Cabe aos professores estarem preparados para atenderem essas crianças hiperativas, uma vez que são assistentes diretos do comportamento delas. Pois a criança hiperativa, não consegue ficar sentada, a todo o momento se levanta, tem incapacidade de prestar atenção, o que torna difícil explicar qualquer coisa a ele e deixando toda a turma sem concentração, fazendo assim a atenção do professor voltada somente para ele, tornando-se uma dificuldade para o professor devido ao excesso de alunos sob sua responsabilidade.  

Por meio deste artigo os professores poderão conhecer e se conscientizar que os alunos portadores dos distúrbios de aprendizagem necessitam de cuidados especiais.

A relevância para e educação é o de demonstrar os fatores atuando     possa haver colaboração entre família, professor e psicopedagogo e especialistas para que possam oferecer uma educação a que venham suprir as necessidades. Fazendo assim uma melhor adequação dos recursos pedagógicos em sala de aula, diminuindo assim as tensões entre os atores desse processo.

Justifica-se também que os professores devem pesquisar e conhecer as características desse transtorno, relacionando com as dificuldades de seus educando, para assim se conscientizar-se sobre a necessidade de diagnostico e tratamento para que possam melhorar a educação de seus alunos.

A Psicopedagogia é uma nova área de atuação profissional, que tem como objeto de trabalho o processo de aprendizagem e suas dificuldades, englobando vários campos de conhecimento, interagindo-os e sintetizando-os. Segundo Bossa (2002), o psicopedagogo é o profissional as que, reunindo conhecimento de varias áreas, volta-se para os processos de desenvolvimento e de aprendizagem atuando numa linha preventiva e terapêutica.

Assim como a Psicopedagogia, os estudos sobre aprendizagem, infância e desenvolvimento humano avançaram muito nas ultimas décadas, da mesma forma, o fracasso escolar, as dificuldades e transtorno de aprendizagem também se tornaram alvo de estudos e pesquisas mais recentes. Em uma cultura que, cada vez, mas, valoriza a escolarização, enfatizando que lugar de crianças e adolescentes é na escola, seja por teorias, seja pela legislação, o não aprender comove e angustia, gerando tensões emocionais em adultos que convivem com a criança que apresenta dificuldades.

Pelos estudos de vários autores (RHDE E BENCZIK, 1999; LIMA E ALBUQUERQUE, 2003; ROTTA,2007; SENA, NETO, 2007), as crianças portadoras de TDA/H apresenta dificuldades de aprendizagem em diversos conceitos, mas é principalmente na linguagem que os sintomas se manifestam. As dificuldades mais comuns são na fala, na leitura e na escrita. Apesar dos avanços nos estudos do TDA/H, as relações entre esse transtorno e as dificuldades de aprendizagem ainda não estão bem esclarecidas.

Como Identificar e Trabalhar Crianças Com TDA/H na Escola

Para fins de identificação de uma criança com características do transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade na escola é necessária cautela. Segundo afirma Rohde (2003, p.18), “Deve-se fazer uma avaliação para indicar se um determinado comportamento da criança pode ser comparado com o de um grupo de crianças da mesma faixa etária e sexo. È o chamado enfoque normativo”.

A criança TDA/H em fase de alfabetização precisa de método próprio, o colegio deve elaborar técnica auxiliando a criança com TODA/H a aprender do seu jeito.Segundo esclarece Karam (2006, p.08), para Antoniuk “ A escola durante a alfabetização pode gerar ansiedade na criança com TODA/H. Por isso, é importante ensinar primeiramente as letras e os sons de cada uma, ao invés do método global utilizado atualmente”. A professora deve saber identificar o problema para não rotular o aluno de mal-educado ou bagunceiro e para prender a atenção da criança deve trabalhar com atividades mais dinâmicas e interessantes, fazendo uso de recursos materiais, como por exemplo: computador musica, vídeos, filmes etc.; e principalmente, usar atividades de ensino que estimulem respostas ativas como: falar, mover-se, trabalhar no quadro. Muito importante também é incentivar outra tarefa enquanto o aluno espera; atividades estimulantes com argila, papeis ou ate tomar água.

Sanseverino (2005) informa que a criança hiperativa precisa de cuidados diferenciados em sala de aula e para isso o professor deve observar algumas regras, tais como: a criança deve sentar-se na primeira carteira, mais próxima possível do professor; longe da janela e na frente dos colegas, tirar da sala objetos que possam distrair o aluno e intervalo entre as atividades. Não criticar a criança excessivamente, pois há tarefas que não será capaz de realizar e criticas só fragilizara sua auto-estima. Encorajá-la com frases como: “se você não entender, peça para que eu explique novamente”. Dar menos ortografia e problemas.Proporcionar oportunidades para movimentação em sala de aula, concomitantemente, o professor não deve aceitar seu comportamento sem limites. Fazer provas sem controle de tempo ou permitir o termino da mesma em outro horário, caso seja necessário avaliações diferenciadas deverão ser planejadas, como por exemplo, fazer mais uso de cobranças verbais. Aos poucos, a criança com TODA/H tem de perceber que não pode irritar os colegas, falar em hora errada, levantar-se toda hora. As tarefas de casa também merecem atenção especial alerta Rohde (2003, p.206) de acordo com o que sugere Rief (1993)

Umas das dificuldades enfrentadas pelo aluno com TDA/H e sua família é a realização do dever de casa. Ao passar uma lição de casa, os professores devem lembrar que o tempo que um estudante com TDA/H [...] leva para fazer essa tarefa pode ser de três a quatro vezes maiores que seus colegas. É necessário fazer adequações para que a quantidade de trabalho não exceda o limite da possibilidade.

E principalmente, colocar criança que a lição de casa tem objetivo de reforçar e praticar o que foi explicado em sala de aula, nunca usar como castigo ou como conseqüência de mau comportamento na escola.

Decorrente do despreparo dos educadores para lidar com crianças hiperativas, as conseqüências são as mais difusas e traumáticas para o educando. Nesse sentido, Barros (2002), através de sua práxis procura minimizar os impactos negativos que protagonizam os déficits de competências sociais por meio de jogos infantis, partindo da observação da incapacidade de manter por muito tempo a atenção em tarefas escolares.

Com o novo projeto pedagógico referente ao Ensino Fundamental de nove anos destaca-se importância do aprender através do brincar, coisa que há tempos não se valorizava, segundo descrev Elkind (2004, p.52), Hirsch-Pasek (1991) denomina as pré-escolas não centradas e orientadas no brincar de pré-escola acadêmica. Segundo ele

Os efeitos de corromper o modo de brincar das criam mais evidentes quando elas ingressam na escola. É ai que a falta de habilidades pessoais, sociais e oriundas do brincar torna-se mais visível. Falta de respeito pelos professores, intimidações, trapaças e incapacidade de concentração por longo períodos são hoje lugar-comum. Esse novo ambiente social é, [...] em parte, atribuível à ausência de experiência lúdica no mundo real.

Para que a criança aprenda a se controlar mais rapidamente, é necessário que seja estimulada também em casa, estabelecendo uma rotina reforçando assim, a obrigação de controlar seu comportamento diante das pessoas. O comportamento hiperativo da criança leva muitas vezes os pais a reagirem bruscamente, esquecendo que são modelos, ou melhor, espelhos para seu filho. Como vai exigir de seu filho se você não pensa antes de agir? O TDA/H é acompanhado de sintomas como desafio e oposição, o que faz com que a criança demore a se adaptar a uma nova maneira de relacionamento com seus pais.

Para ajudar a criança desenvolver seu autocontrole, se faz necessário um cartaz ou quadro escrito claramente as regras mínimas de funcionamento, bem como as instruções de cada dia, mas lembre-se que seu filho esta lutando para superar essa deficiência no sistema nervoso e não deve se sentir envergonhado quando falhar. Os pais de crianças com TDA/H podem sentir-se cansados, abatidos, preocupados e ate certa frustração devido a tamanha atenção que dispensa ao filho. Apesar de tudo, é importante que os pais sejam conscientes de suas necessidades. Buscar apoio é fundamental para os pais quanto para os pais quanto para criança. Converse com os professores de seu filho e juntos procurem auxilio medico especializado.

A Hiperatividade é um problema que tem solução, ajuda especializada e a compreensão da família torna a vida da criança muito mais feliz. Para amenizar os conflitos da criança em casa, Levy (2001, p.2) descreve alguns itens de como lidar com o hiperativo

Estabelecer limites; repetir a mesma instrução varias vezes sem perder a paciência; Elogiar o que a criança faz certo; Não encher o quarto de bichos de pelúcias nem de quadros nas paredes; limitar o numero de brinquedos disponíveis para distração; prefira copos e pratos de plásticos e evite encher a sala de bibelôs, vasos de vidros, pois quase todo hiperativo tem problemas de coordenação motora. (LEVY, 2001, p.2)

                                                                                       

Conforme relata Orquiza (2006) inconscientemente a criança que apresenta características de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade busca conflito para estimular seu próprio córtex pré-frontal, é um modo de tentar ligar seu cérebro. Os pais de crianças com TDA/H comumente relatam que seus filhos são peritos em deixá-los bravos, outros ainda, que seus filhos parecem sentir-se motivados fazendo seus animais de estimação ficarem bravos, fazendo brincadeiras irritantes ou provocando-os.

Em A HIPERATIVIDADE (2006), encontra-se a descrição de alguns cuidados complementares para diminuir os problemas comportamentais dos hiperativos como:

  • Estimule seu filho a participar de projetos que ajude a ele a se concentrar como: colar fotos em álbum de família, álbum de figurinhas e contribua para que ele termine. Concluindo o projeto terá sensação de competência e melhora na sua auto-estima.
  • Permitir que a criança, quando quiser, estude com musica, em pé ou andando; não cobrar o método de estudo e sim o resultado.
  • Atribua tarefas rápidas e simples a seu filho, assim ele conseguira realizá-las; ao final agradece e elogie sua contribuição.
  • Estabeleça uma rotina em sua casa, diminua conflitos e estímulos diários, defina horários para alimentação, dormir, tarefas escolares, diversões etc.
  • Algumas frutas e legumes que contem salicilatos, como: amêndoa, maça, banana, cereja, uva, limão, melão, laranja, pepino, pimentão, pimenta, ervilha, tomate etc. Evite que seu filho ingira esses alimentos em grandes quantidades, pois contribui para hiperatividade.
  • Procure terapia para toda a família, afinal todos precisam adaptar-se a nova rotina e respeitar o limite de cada um. É um processo que exige muita paciência dos pais e o equilíbrio e a harmonia familiar depende de todos, sem exaustão.

 

A Hiperatividade e a Escola        

A importância de se diagnosticar corretamente se a criança realmente tem o Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade, é importante para que ela possa recebe um atendimento e uma atenção adequada o mais rapidamente possível.

Acreditamos que é possível apresentar uma proposta de educação proficiente, efetiva para o portador de TDA/H.

Basta relembrar que quando a criança apresenta um quadro de TDA/H sem diagnostico adequado e sem o tratamento correto, as suas relações com a escola, a família e os amigos tendem a ficar cada vez piores, pois ela e criticada por todo, não consegue se sair bem na escola e os colegas tendem a se afastar.

Segundo PIRONATTO (2008) a distração, a dificuldade de parar e prestar atenção, desconcentração, esses inconveniente todos ocorrem com a criança hiperativa não porque ela queira, mas porque não consegue ser diferente.

Partindo desse pressuposto, acreditamos que é possível sim capacitar uma criança para resolver atividades cotidianas com resultados razoáveis, e acreditamos também que desse mesmo modo é possível alfabetizar bem a criança que chega aos primeiros anos da escola já com histórico de TDA/H.

Porem, isso só é possível com uma educação coerente, que leve em conta os valores de uma criança que percebe o mundo de uma forma pouco diferente. È importante tratar a criança hiperativa com o Maximo de naturalidade possível.

Um histórico de TDA/H não significa que uma criança não pode ser alfabetizada, não pode aprender, não pode realizar tarefas com êxito, sendo também privada dos elogios e do incentivo a que toda criança tem direito ao mostrar o seu progresso de interagir requer atenção, concentração. O educador pode, com bastante persistência, tomar o aluno com características de TDA/H consciente da importância do exercício dessas habilidades, e pode instruir a criança no sentido de:

  • Aprenderem a ouvir os outros.
  • Prestar atenção.
  • Olhar para a pessoa.
  • Não falar enquanto os outros estiverem falando.
  • Prestar atenção sobre o que se esta falando.
  • Pensar sobre o que se esta falando.
  • Revezar a fala – dialogo.

Existem outras habilidades comunicativas básicas que podem ser ensinadas, como:

  • Identificar-se / dizer o nome/apresentar-se.
  • Perguntar o nome com que esta falando.
  • Dizer algo sobre si mesma.
  • Investir na auto-estima.
  • Observar os sentimentos e nomeá-los.

Os comportamentos desejados devem ser enfatizados. Para isso é necessário que o educador, ou os pais:

  • Reconheçam os comportamentos calmos e adequados.
  • Usar linguagem positiva: desça/venha/feche.
  • Dizer o que deseja
  • Oferecer ajuda/compartilhar/aprender a agradar/elogiar/desculpar-se.
  • Suportar frustrações
  • Verificar se a criança compreender a ordem.
  • Repetir as instruções para si mesmo.
  • Repetir tarefas de forma diferente.
  • Realizar tarefas cumprindo etapas.
  • Frear comportamentos agressivos e torná-los verbal, em lúdico.
  • Desenvolver a criatividade.
  • Ser capaz de aguardar a vez
  • Socialização.
  • Sugerir uma atividade que seja motivadora.
  • Decidir com quem quer realizar
  • Pode pensar sobre quando perder ganha ou quando a resposta for “não” agressividade.
  • A agressividade não é característica da criança TDA/H, é um afeto que toda pessoa tem.
  • Ter consciência sobre seu comportamento.
  • Pensar sobre como os outros se sentem e reagem a sua agressividade.
  • Pensar como poderia agir de forma menos agressiva.
  • Discriminar agressividade como impulso destrutivo da agressividade como impulso criativo.
  • O educador deve falar de suas limitações para lidar com a agressividade.
  • Recompensas e punições. (Chamar a atenção e recompensar)

TDA/H: DOÊNÇA OU RÓTULO

Em 1918, após uma epidemia de encefalite nos Estados Unidos, chegou-se a conclusão de que o comportamento atípico, basicamente intenção, representado pelas crianças sobreviventes, seria secundário a lesões anatômicas no cérebro, provocados pela doença. A partir daí, observa-se na literatura a tentativa de exploração deste dado, assumindo-se que as crianças com comportamentos semelhantes deveriam ter também uma lesão cerebral. (SCHECHTER apud SUCUPIRA, 1982, p.30).

Tentaram associar aos traumas no parto, meningite, para que se pudesse justificar uma alteração orgânica.Como muitas dessas crianças não apresentavam nenhum histórico de problemas neurológicos anteriores, STRAUSS (1982) sugere o conceito de uma lesão cerebral mínima como base desses distúrbios de comportamento.

Para haver uma definição, foi a partir da década de 50 que se estruturou o conceito de uma “síndrome hipercinética”, isto é, a hiperatividade junto com a inatençao, impulsividade e outros sintomas passam a constituir, no interior da medicina, uma entidade clinica passível de um tratamento medicamentoso. Difunde-se o uso de drogas no tratamento da TDA/H, com base apenas na construção empírica de que algumas crianças melhoravam com o uso de calmantes e outras apresentavam, paradoxalmente, melhoras com drogas estimulantes.

Apesar de inúmeros estudos sobre a hiperatividade e de todo avanço tecnológico da medicina, não se conseguiu detectar nenhuma alteração orgânica, seja no eletro encefalograma, nos raios-x de crânios, na ultrassonografia, ou mesmo na tomografia computadorizada. Esse fato levou á mudança do conceito de lesão para disfunção, ou seja, não é mais uma alteração anatômica, mas sem alterações mínimas na função cerebral, com repercussões especificam sobre o comportamento da criança. Nota-se que a Disfunção Cerebral Mínima é o conceito que tem mais aceitação perante a sociedade.

A partir dessas informações, começaram a surgir publicações que contradizem afirmações já aceitas. Houve vários questionamentos sobre o uso de drogas no tratamento dessas crianças.

Segundo SUCUPIRA (1985) crianças com hiperatividade é aquela que apresenta um comportamento inadequado, como inquietações, dificuldades de concentração, não para sentada por muito tempo no mesmo lugar, agressividade e mau rendimento em tarefas escolares, ansiedade, baixa tolerância, etc. Esses desenvolvimentos neuropsicomotores comporiam a DCM e seus vários sinônimos. Essas crianças, segundo o modelo medico, terão tendências de apresentar problemas sociais, tendo possibilidade mais acentuada de passar a usar drogas como álcool, por exemplo.

Com uma didática e uma ação pedagógica o professor pode integrar as necessidades especificas do hiperativo, amenizando comportamentos agressivos por meio de outras ações pedagógicas. Poderá ser possível contornar o problema de aprendizagem dessa criança principalmente quando em sua fase de alfabetização.

Os pais das crianças hiperativas devem ser orientados a procurar a ajuda de profissionais competentes e especializados em TDA/H, pois só esse é capaz de elaborar um diagnostico e orientar a família e a escola sobre como proceder com essa criança, não deixando que o problema tome uma dimensão sem controle, podendo contornar a situação a fim de torná-la passível de tolerância e da convivência familiar e social.

 

Transtorno Déficit de Atenção/ Hiperatividade: Um Olhar Psicopedagógico

Transtorno de atenção e sua relação com as dificuldades e transtorno de aprendizagem constituem a principal causa que leva crianças em idade escolar à consulta neuropediatrica, Psicopedagogia e fonoaudiólogo. Embora, nos últimos anos, o encaminhamento para a avaliação das dificuldades reais da criança tenha sido cada vez mais frequente essa não é uma situação nova, devido à crescente preocupação com a infância, com sua vida escolar e com o aumento do sintoma na aprendizagem.

Os estudos sobre o TDA/H indicam a presença de disfunção em uma área frontal do cérebro conhecida como região orbital-frontal localizada logo atrás da testa. Constitui-se uma das regiões cerebrais mais desenvolvidas no ser humano e é responsável pela inibição do comportamento, pelo controle da atenção, pelo planejamento futuro e pelo autocontrole. Nos sujeitos que apresentam sintomas de TDA/H, há uma alteração no funcionamento dos neurotransmissores, substancias que permitem a comunicação entre os neurônios. A causa mais aceita no momento é uma vulnerabilidade herdada ao transtorno, que ira se manifestar de acordo com as interações e condições do ambiente físico, afetivo, social e cultural (ROTTA, 2006).

Quanto às características, o TDA/H apresenta três principais manifestações:

Dificuldade de manter a atenção, hiperatividade e impulsividade. Essas características apresentam-se acentuadamente, ocorrendo uma discrepância do seu comportamento em relação aos indivíduos da mesma idade.

Para Brown (2007), não é tanto a dificuldade no controle do comportamento que prejudica os portadores de TDA/H, mas problemas nas funções centrais na memória de trabalho. Segundo o autor, a memória de trabalho ativa as informações necessárias para realizar atividades atuais, e manter informações a serem decodificadas em longo prazo, recuperando informações armazenadas na memória de longo prazo, necessárias para tarefas imediatas. Esse processo ocorre lentamente em portadores de TDA/H, que mantêm menos atenção e concentração nas atividades, poucos ativando a memória de trabalho, e conseqüentemente, armazenamento menos informações na memória de trabalho, o que provoca pouca eficiência nas atividades.

O diagnostico é realizado por neurologista, psiquiatra, psicólogo através da anamnese, do exame Neurológico Evolutivo (ENE), por escala de comportamento, avaliações complementares, utilizando os critérios diagnósticos (ROTTA, 2006) apresentado no quadro a seguinte

SINTOMAS

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

Desatenção

* Falta de atenção na escola com erros freqüentes

 

Em tarefas simples;

 

* Dificuldade para manter a atenção em trabalhos em grupos;

 

* Falta de atenção à fala direta;

 

* Erros em seguir instruções;

 

* Dificuldade para finalizar tarefas;

 

* Distração fácil

Hiperatividade

* Movimentos constantes de braços e pernas;

 

* Freqüentemente levanta durante a aula;

 

* Correr em situações inadequadas;

 

* Dificuldade em permanecer sentado;

 

* Hábitos de falar em excesso.

Impulsividade

* Dificuldade para esperar sua vez;

 

* Interrupções e intromissões nas conversas alheias.

 

 

Critérios diagnósticos para os sintomas do TDA/H, baseado em ROTTA 2006.

É possível que um transtorno psicológico seja acompanhado por outras dificuldades que não tenham relação primaria com ele, mas que podem tomar o quadro muito mais complexo são as chamadas co-morbidades. No caso do TODA/H os transtornos de linguagem, epilepsia, transtorno de humor como depressão e bipolaridade, tiques, enurese, abuso de substancias (SENA, NETO, 2002; ROTTA, 2006)

TDA/H e as Conseqüências na Aprendizagem

Segundo Brown (2007), durante décadas, o TDA/H e as dificuldades de aprendizagem tem sido abordados separadamente, sendo o primeiro caracterizado como um problema de comportamento e o segundo como um problema de ensino. Estudos mais recentes do Rohde e Benczik (1999); Lima e Alburqueque (2003); Rotta (2007); Sena, Neto (2007) enfatizam que a atenção seletiva e controlada a estímulos relevantes cumpre um papel importante na aprendizagem. Déficit de atenção, com ou sem Hiperatividade, implicam conseqüências na aprendizagem, especialmente na aprendizagem escolar e, com freqüência, comprometem o rendimento escolar de crianças e adolescentes.

È importante salientar que nem toda a criança ou adolescente com TDA/H apresenta dificuldade de aprendizagem. Em alguns casos, as dificuldades de atenção podem ser compensadas pela inteligência, pelo interesse pelo conhecimento e por condições de ensino adequadas

Contudo, os transtornos de aprendizagem mais comuns nos pacientes que apresentam TDA/H são os atrasos de déficit de aquisição da fala, transtornos de leitura e escrita, dificuldade de memorização e concentração. Vários autores, entre eles, Sena, Neto (2002);  

Rotta (2006) salientam que a maior dificuldade escolar do portador TDA/H é a escrita, tanto na criação textual, quanto na gramática e ortografia.

 

Considerações Finais

A importância desta pesquisa foi à busca de novos conhecimentos sobre o TDA/H, bem como refletir sobre a pratica docente relacionado à integração do aluno hiperativo na sociedade, mostrando caminhos sobre a forma mais apropriada de lidar em sala de aula com a criança portadora do TDA/H.

Constatamos que o papel do professor é fundamental para auxiliar no diagnostico do aluno portador do TDA/H, visto que a hiperatividade só fica evidente no período escolar, quanto é preciso aumentar o nível de concentração para aprender.

Nesse sentido, o presente estudo vem facilitar o trabalho ao lidar com crianças ditas indisciplinadas, pois através de observação por parte de quem tem conhecimento dos sintomas do TDA/H pode-se avaliar o comportamento. Contudo, um diagnostico precoce e tratamento adequado podem reduzir os sintomas significativamente, diminuindo assim os conflitos e os prejuízos escolares. Cabe aos professores estarem preparados para atenderem essas crianças hiperativas, uma vez que são assistentes diretos do comportamento delas sendo, portanto, mais fácil a percepção visto que podem comparar os comportamentos com outras crianças da mesma faixa etária. Caso sela necessárias avaliações mais profundas o professor deve comunicar a família e a escola devera encaminhá-los a um especialista para que seja diagnosticado clinicamente.

Devidamente confirmado o distúrbio, o professor devera ter mais atenção com esse aluno mudando a estrutura da sala de aula, utilizando estratégias de ensino, oferecendo apoio e incentivo e, principalmente, manter contato direto e frequente com os pais do hiperativo. È fundamental frisar que a identificação precoce do problema, seguida de tratamento adequado tem permitido a criança superar todos os obstáculos.

O TDA/H é uma patologia que, em muitos casos, requer medicação, como complemento a uma abordagem terapêutica interdisciplinar. No entanto, deve ser diagnosticada com profundidade, pois uma criança ou adolescente pode estar inquieta ou distraída por muitos motivos, e não necessariamente devido a um transtorno. Inquietações pode ser um indicativo de que possui uma inteligência ativa, questionadora e faltam estímulos adequados no meio familiar e escolar, estar no “mundo da lua” pode ser uma forma de mobilizar inconscientemente a atenção em relação a múltiplos problemas emocionais e de aprendizagem, que não estão tendo a devido cuidado. Nessa perspectiva, é crescente a importância da Psicopedagogia nos estudos do TDA/H e suas implicações no sintoma na aprendizagem.