A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SUA IMPORTÂNCIA NO AMBIENTE PROFISSIONAL NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES
Por RAIMUNDO RODRIGUES DE ARAÚJO FILHO | 07/02/2025 | PsicologiaA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SUA IMPORTÂNCIA NO AMBIENTE PROFISSIONAL NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES MILITARES
Raimundo Rodrigues de Araújo Filho[1]
Resumo
Este trabalho tem como objetivo explorar a inteligência emocional e sua relevância para o ambiente profissional, com ênfase no contexto das organizações militares. Com base em uma revisão bibliográfica, investiga-se como as habilidades de inteligência emocional impactam a liderança, a gestão de conflitos e a resiliência em situações de alta pressão. Fundamentado em autores como Daniel Goleman e Salovey & Mayer, o estudo reforça a necessidade de desenvolver competências emocionais para o aprimoramento do desempenho profissional e organizacional.
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o conceito de inteligência emocional (IE) tem ganhado destaque em diversos setores profissionais devido ao seu impacto comprovado no desempenho e na satisfação dos colaboradores. Segundo Goleman (1995), a IE é fundamental para liderar equipes, gerir conflitos e promover um ambiente de trabalho colaborativo. No contexto das organizações militares, onde as decisões muitas vezes envolvem altos riscos e precisam ser tomadas sob pressão, a inteligência emocional se torna ainda mais crucial.
O ambiente militar exige que seus integrantes operem em condições de alta pressão, envolvendo riscos que vão além das esferas organizacionais tradicionais. Neste contexto, a IE desponta como um diferencial significativo não apenas para a liderança eficaz, mas também para a promoção de relações interpessoais saudáveis e para a manutenção do moral das tropas. Este trabalho busca aprofundar o entendimento sobre como as habilidades de IE podem ser aplicadas em organizações militares, explorando suas influências na tomada de decisões, na resiliência e na gestão de conflitos.
Por meio de uma abordagem qualitativa, este estudo visa contribuir para o debate acadêmico e prático sobre o papel da IE no aprimoramento do desempenho profissional em ambientes de alta demanda emocional e estruturalmente hierárquicos, como as organizações militares.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Inteligência Emocional: Conceito e Modelos
A inteligência emocional foi inicialmente definida por Salovey e Mayer (1990) como "a habilidade de perceber, avaliar e expressar emoções; acessar e/ou gerar sentimentos que facilitem o pensamento; compreender emoções e conhecimento emocional; e regular emoções para promover o crescimento emocional e intelectual". Posteriormente, Daniel Goleman popularizou o conceito ao introduzir um modelo prático composto por cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, motivação, empatia e habilidades sociais (Goleman, 1995).
Outros estudiosos contribuíram significativamente para a compreensão da IE. Bar-On (1997) desenvolveu um modelo que inclui competências como resiliência ao estresse, resolução de problemas e assertividade. Este modelo tem sido amplamente utilizado em pesquisas voltadas para aplicações práticas em organizações. Além disso, Petrides e Furnham (2001) propuseram o modelo de IE traço, que enfatiza as disposições emocionais individuais como fatores determinantes do comportamento.
2.2. Importância no Ambiente Profissional
No ambiente profissional, a IE contribui para uma comunicação eficaz, a resolução de conflitos e a colaboração em equipe. Estudos mostram que líderes emocionalmente inteligentes são mais eficazes em engajar e inspirar suas equipes, além de criar um ambiente de trabalho positivo e produtivo (Bar-On, 1997). A IE também tem impacto direto na retenção de talentos, pois promove um clima organizacional favorável e reduz o estresse dos colaboradores.
Além disso, Gardner e Stough (2002) destacam que a IE influencia a capacidade de tomada de decisão, especialmente em situações complexas e de alta pressão. A habilidade de compreender e regular emoções melhora a resolução de problemas e fortalece as relações interpessoais dentro das organizações.
2.3. Organizações Militares: Contexto e Desafios
As organizações militares enfrentam desafios únicos devido à natureza de suas atividades, que envolvem altos riscos, decisões rápidas e uma hierarquia rigidamente estruturada. Nessas condições, a IE pode ser um diferencial para líderes militares na gestão de crises, na manutenção do moral da tropa e na promoção de relações interpessoais saudáveis. Estudos de caso realizados em forças armadas de diferentes países mostram que programas de treinamento voltados para o desenvolvimento da IE resultaram em melhorias significativas no desempenho de liderança e na coesão de equipes.
A hierarquia militar também pode ser um desafio à aplicação da IE, especialmente em relação ao gerenciamento de conflitos entre diferentes níveis hierárquicos. Nesse contexto, o desenvolvimento da empatia e das habilidades sociais se torna ainda mais relevante para superar barreiras de comunicação e promover um ambiente de colaboração.
3. METODOLOGIA
O presente estudo utiliza uma abordagem qualitativa e exploratória, com revisão bibliográfica como método principal. Foram analisados artigos acadêmicos, livros e estudos de caso relacionados à inteligência emocional e à liderança em organizações militares. A revisão bibliográfica foi complementada por uma análise descritiva que categorizou as informações em temas centrais, como impacto da IE na liderança, gestão de conflitos e resiliência em ambientes de alta pressão.
Além disso, foram consideradas evidências de estudos de caso realizados em organizações militares internacionais, buscando identificar práticas bem-sucedidas e suas aplicações no contexto brasileiro. Este método permitiu a triangulação de dados e a identificação de padrões consistentes entre os resultados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Liderança e Inteligência Emocional
Líderes militares que desenvolvem a IE demonstram maior capacidade de influenciar positivamente suas equipes, especialmente em situações de alta pressão. Goleman (1995) destaca que o autoconhecimento e o autocontrole são fundamentais para lidar com o estresse e tomar decisões equilibradas.
4.2. Resiliência e Gerenciamento de Conflitos
A IE também está associada à resiliência, permitindo que os profissionais se recuperem mais rapidamente de situações adversas. Salovey e Mayer (1990) enfatizam que a empatia e as habilidades sociais são cruciais para a mediação de conflitos, promovendo soluções que beneficiem a organização como um todo.
CONCLUSÃO
A inteligência emocional é um componente essencial para o sucesso profissional e organizacional, especialmente no contexto das organizações militares. Líderes que desenvolvem essas competências contribuem para um ambiente de trabalho mais resiliente, colaborativo e eficiente.
Este estudo reforça a importância de investir no desenvolvimento da IE como parte da formação de militares, apontando para a necessidade de novas pesquisas que explorem aplicações práticas e mensuração de resultados. Além disso, sugere-se que programas de treinamento específicos sejam implementados em organizações militares, com foco no fortalecimento de competências emocionais como empatia, autocontrole e habilidades sociais.
Ao considerar a dinâmica das organizações militares, é evidente que a IE não apenas melhora o desempenho individual, mas também fortalece a coesão e a eficiência das equipes, contribuindo significativamente para o alcance dos objetivos institucionais.
REFERÊNCIAS
Goleman, D. (1995). Inteligência Emocional: A Teoria Revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Editora Objetiva.
Salovey, P., & Mayer, J. D. (1990). Emotional Intelligence. Imagination, Cognition and Personality, 9(3), 185-211.
Bar-On, R. (1997). The Emotional Intelligence Inventory (EQ-i): Technical Manual. Toronto: Multi-Health Systems.
Petrides, K. V., & Furnham, A. (2001). Trait Emotional Intelligence: Psychometric Investigation with Reference to Established Trait Taxonomies. European Journal of Personality, 15(6), 425-448.
Gardner, L., & Stough, C. (2002). Examining the Relationship Between Leadership and Emotional Intelligence in Senior Level Managers. Leadership & Organization Development Journal, 23(2), 68-78.
[1] Licenciado em Letras - Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS, 2001, Bacharel em Administração de Empresas – Faculdade Guaraí – FAG, 2009, Pós – Graduação em Gestão de Projetos Sociais e Captação de Recursos – Faculdade Guaraí - FAG & Instituto Ath@enas, 2011, Bacharel em Direito Instituto de Ensino Superior Santa Catarina- IESC, FAG, 2015, Pós-Graduação em Direito Processual Civil, Universidade Cândido Mendes, 2016, Pós-Graduação em Direito Tributário, Universidade Cândido Mendes, 2022.