A institucionalidade do mal.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 16/01/2013 | PoesiasA institucionalidade do mal.
A vida é uma constante.
Passagem.
Tudo passa.
Até que o passageiro passe.
Também.
Então a vida deixa de passar.
Enquanto isso a vida vai girando.
Como movimenta o sol.
Ou a terra.
Dando cambalhotas.
Mudando os lados.
A vida muda.
Várias facetas.
Vão é voltam.
Igual à sombra produzida.
Pelo oposto do outro lado.
Então o oposto é o oposto.
Quando o movimento está.
Naturalmente do outro lado.
Chova ou faça sol.
Frio ou calor.
A vida é dessa forma.
A eternidade apenas o instante.
A vida é esse jogo.
Às vezes chato.
Mas é um jogo.
Muita gente ganha sem ter as cartas.
Ilude o outro com a cegueira branca.
Fazendo a imaginação ver o baralho.
Quando na verdade é um truque.
Imaginativo.
Então a vida é uma farsa montada.
Na mais absoluta ignorância.
Onde estão as regras do jogo.
No poder público.
Não adiante você se iludir.
Que existe uma substância.
Diferente da outra.
Que as regras dependem da sorte.
No mundo real.
Não existe nada disso.
As regras não são para todos.
Mas o instinto é igual.
O que faz alguém ser.
Bom ou ruim.
É o que faz o outro não ser.
O fundamento das leis.
O destino dos homens.
A violência civilizatória.
Todos buscam a realização do individual.
Como faz qualquer animal na floresta.
Comer, beber, dormir e sexo para reproduzir.
Repete eternamente essa lógica.
Quando não tem comida.
O leão ataca qualquer bicho.
Com a fome saciada dorme.
Não oferece perigo a ninguém.
Do mesmo modo a civilização.
Quando o Estado possibilita igualdade social.
O trabalhador passa ter o básico.
Para realização do seu instinto animal.
Ninguém mata.
Ninguém rouba.
Apenas come.
Bebe.
Faz sexo.
E dorme.
Mas quando o instinto não se realiza.
Porque a instituição política tirou lhe esse direito.
Em favor da concentração da renda.
Então aquele que não se pôde realizar.
As formas básicas do instinto.
Fica violento.
Mata.
Rouba.
Sem nenhuma sensibilidade.
Porque tiraram dele.
O direito a sensibilidade.
Eles agem ao contrário.
Da ação dos dominadores.
Mas com a lógica da discriminação.
Imposta a eles.
O capitalismo transforma o homem.
Em lobo do homem.
O Estado condena.
Apenas o lobo que desejou devorar.
O seu lobo comedor.
Por isso que a vida.
É essa coisa que vai e volta.
Que esconde a face.
Que passa e não passa.
E que leva o homem a cegueira branca.
Mas o único mal essencialmente prejudicial.
É a institucionalidade da desigualdade.
E o preconceito dessa legalidade.
Pseudo.
Como se fosse ético e moral.
Edjar Dias de Vasconcelos.