A Inspeção Escolar e os Desafios Contemporâneos

Por Karla Cardoso dos Santos | 01/11/2022 | Educação

UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

KARLA CARDOSO DOS SANTOS

Este trabalho tem a finalidade de ampliar a discussão sobre os desafios atuais que circundam o inspetor escolar, colocando-o como sujeito atuante no sistema educacional e não como mero fiscalizador do processo ensino-aprendizagem.

A Inspeção Escolar e os desafios contemporâneos

SÃO PEDRO DA ALDEIA,RJ,2019

UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

KARLA CARDOSO DOS SANTOS

A INSPEÇÃO ESCOLAR E OS DESAFIOS COMTEMPORÂNEOS

Artigo Científico Apresentado à Universidade Candido Mendes - UCAM, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Inspeção e Supervisão Escolar 

SÃO PEDRO DA ALDEIA - RJ

2019

RESUMO

Este estuda visa indicar e estabelecer uma reflexão sobre o trabalho do Inspetor Escolar, ressaltando sua  importância  como facilitador de todo processo,favorecendo as novas relações encontradas no âmbito escola. Este artigo tem como objetivo analisar o trabalho do Inspetor frente aos desafios contemporâneos. A presente pesquisa encontrou nos autores Tavares e Escott(2007);.........  enfatizando a importância do Inspetor como aquele que irá ligar os agentes do processo educacional,movendo e criando um ambiente favorável a construção do conhecimento.

Palavras-chave: Inspeção.Interação.Desafios

Introdução

O ato de inspecionar é muito importante no processo escolar ,pois requer uma avaliação constante  e não um fim em si  mesmo.

Inspecionar significa examinar ou observar com atenção aos detalhes, essa busca aos detalhes não é uma fiscalização ou um policiamento e sim acompanhamento que vai mensurar a qualidade do trabalho oferecido e auxiliar os profissionais envolvidos a desenvolverem seu papel com segurança , além de possibilitar ao educando a garantia de seus direitos e deveres, contribuindo com todo processo escolar.

 A comunidade escolar envolve vários integrantes: professor,aluno, pais, funcionários ...Todos atores envolvidos precisam estar organizados e conectados para que a formação do ser humano seja priorizada. Não se pode desejar que o resultado do processo escolar seja somente a fabricação de mão de obra, mas  espera-se que esse processo seja o propiciador  de mentes criativas, permitindo ao educando uma formação livre e dinâmica.

Desenvolvimento

A inspeção escolar possui funções específicas, mas precisa trabalhar com o 



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todo papel primordial no desenvolvimento de qualquer sujeito e oferece perspectivas para a ampliação da cidadania de um povo, sendo palco de diversas interações.

A interação com outras pessoas é uma característica da vida humana, pois, desde que nasce a criança se relaciona com outros semelhantes, adultos ou crianças, formando vínculos afetivos e sociais, influenciados por valores culturais de seu contexto.

O termo interação é bastante antigo e é utilizado nas mais variadas ciências designando as relações e influências mútuas entre duas ou mais pessoas, dois ou mais fatores, sujeitos ou entes. Assim, a interação significa uma relação recíproca onde cada fator é capaz de alterar o outro, a si próprio e também a relação existente entre eles. 

Na escola, que é a instituição responsável pela transmissão formal e sistemática do conhecimento, as interações pessoais acontecem de várias maneiras e envolvem todos os participantes da comunidade escolar, aluno-aluno, professor-professor, professor-pais, aluno-professor, e outros, sendo, pois, um fator que merece a atenção especial do supervisor pedagógico, já que a forma como as pessoas interagem entre si estão intimamente associadas aos avanços ou retrocessos do projeto educativo da escola.

Doron (1998, p. 439), assim conceitua interação:


[...] processo interpessoal pelo qual indivíduos em contato modificam temporariamente seus comportamentos uns em relação aos outros, por uma estimulação recíproca contínua. A interação social é o modo comportamental fundamental em grupo. 


De forma simples e concisa pode-se dizer que interação consiste na ação mútua entre duas ou mais coisas ou pessoas, na condição de estímulos trocados entre si, com a influência do ambiente social.

Férnandez, (1991, p. 131) comenta que “são as relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade que forma seu contexto (coisas, lugares, situações, etc.), um sentido afetivo.

Sendo a educação uma das fontes mais importantes do desenvolvimento e 



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agregação de valores na espécie humana, e a escola a instituição responsável pela transmissão formal e sistemática dos conhecimentos acumulados, as interações se fazem presente também nesta organização.

As relações de interação e influências acontecem em todos os momentos, no âmbito da educação sistemática, e a forma como se dão as interações na escola são de suma importância para o bom êxito dos processos educativos, afinal a escola é um ambiente que propicia as mais variadas vivências e conflitos. 

O supervisor escolar desempenha importante papel nas relações de trabalho que se processam na escola, e dentre outras tarefas, é o responsável pela mediação das relações e dos conflitos entre professores e alunos, visando, sobretudo, o sucesso do educando frente aos objetivos educacionais. 

Assim, o supervisor como um dos líderes e articuladores da escola, deve esforçar-se para que no cotidiano da sala de aula se estabeleçam vínculos de interação que garantam o êxito do processo ensino aprendizagem.

Segundo Ziberman (2009), a ideologia relativa ao processo de ensino-aprendizagem, a sua orientação pedagógica geram implicações imediatas no rendimento educacional e na formação da personalidade dos alunos.

Logo, a interação entre professor e aluno influenciam no processo de aquisição do conhecimento, e dependem, essencialmente, de como o professor conduz a relação, a convivência com seus alunos, fato que não pode passar desapercebido dentro da escola, afinal é o sucesso do processo ensino-aprendizagem o centro de interesse da instituição escolar.

No caso específico do processo ensino-aprendizagem escolar, e do relacionamento professor/aluno as inter-relações despertam a existência de vínculos afetivos, o que aproxima, ou não, o aluno do professor e consiste em um fator auxiliar na mediação do conhecimento.

A relação estabelecida entre professores e alunos constitui o cerne do processo pedagógico e muitas vezes, desencadeia a maioria dos problemas existentes no dia-a-dia da escola.

Nesse sentido mostra-se necessário, e essencial, que o supervisor crie um 



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espaço para refletir com os professores e alunos sobre o tipo de relações que são vivenciadas dentro da sala de aula.

Neste contexto, percebe-se que a importância das relações pessoais na escola esbarram necessariamente na relação entre professor aluno, cabendo ao supervisor se atentar especificamente nesta questão cujo resultado atinge predominantemente o processo ensino-aprendizagem, foco principal de todo educandário, e dessa forma alvo da atenção do trabalho pedagógico. Afinal, é no cenário da sala de aula que se estabelecem as mais importantes relações da escola, e é nesse ambiente que o conhecimento é estruturado. Piletti (1999, p.131), defende que numa sala de aula, a relação com outros seres humanos influenciam mutuamente os indivíduos, sendo que “o professor exerce influência sobre os alunos e estes sobre o professor e os colegas.”

A escola é um espaço de trabalho, e de construção do conhecimento onde as chances de sucesso ou fracasso dependem muito da qualidade da relação entre educador e educando. Na escola, o conhecimento é estruturado na interação do sujeito com o meio, do sujeito com o objeto de conhecimento e principalmente do sujeito com outros sujeitos. 

Nesta perspectiva, constata-se que a relação estabelecida entre professores e alunos constitui a essência do processo pedagógico. 


O processo de aprendizagem ocorre em decorrência de interações sucessivas entre as pessoas, a partir de uma relação vincular, [...] e é através do outro que o indivíduo adquire novas formas de pensar e agir e, dessa forma apropria-se (ou constrói) novos conhecimentos. (TASSONI, 2010, p.6).


Obviamente, o professor é influenciador imediato do aluno em sala de aula. Muitos dos problemas enfrentados em nossas escolas provêm de várias situações sócio-afetivas não resolvidas e da debilitação que muitas crianças passam a ter, causando, muitas vezes, conseqüências irreversíveis na escola. 

Na escola, através dos relacionamentos estabelecidos, o aluno tem oportunidade de ampliar as referências para o seu desenvolvimento emocional, 



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intelectual, social, e é o professor quem interage intensamente com ela.

No processo de interação professor-aluno não há como negar a influência do professor no comportamento ou no desempenho cognitivo dos alunos.A influência é positiva quando predomina nos diálogos, a afeição, o respeito, a valorização aos conhecimentos e sentimentos dos alunos. Por outro lado, a influência é negativa quando observa-se na relação sentimentos de rejeição, indiferença, autoritarismo, crítica aos conhecimentos e comportamentos dos alunos ocasionando atitudes de tensão, agressividade e desinteresse e consequentemente a possibilidade de fracasso escolar. Sobre a convivência entre professor e aluno, Placco (2002, p.9), alega que a qualidade da interação estabelecida é fundamental para que a “construção e transformação cognitivo-afetivo-social de cada um dos parceiros ocorram na direção do pleno desenvolvimento de ambos como pessoas.”. Placo (2002, p.11), enfatiza ainda, que “há um sentido de parceria e cumplicidade nessa troca interpessoal” o que possibilita a construção e a transformação do conhecimento.

Conforme, já comentado, anteriormente, professor e aluno representam a razão de ser do processo ensino-aprendizagem e o foco central na aprendizagem é a interação existente entre ambos. Sem que haja uma convivência positiva entre estes dois sujeitos não há aprendizagem de qualidade. Gadotti (1999) afirma que na relação professor-aluno o diálogo é fator fundamental na comunicação e para praticar o diálogo o educador deve colocar-se na posição humilde de quem não sabe tudo.

Piletti (1999) considera o professor o grande responsável pelo relacionamento sadio para com os alunos. “Sua influência na sala de aula é muito grande, e a criação de um clima psicológico que favoreça ou desfavoreça á aprendizagem depende principalmente dele”. (PILETTI, 1999, p.250).

Quando na relação professor-aluno há predominância do controle, da ameaça e da punição por parte do professor, as reações dos alunos serão de rebeldia e provocação, como se estivesse vivendo um enfrentamento contínuo de forças. Rego (1996), defende que se o professor faz questão de impor demasiadamente sua autoridade perante seus alunos não conseguirá alcançar resultados proveitosos em seu trabalho, mas sim irá impor sua vontade, estabelecendo uma relação baseada 



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no medo, provocando “reações diferentes das inspiradas por princípios democráticos”. (REGO, 1996, p. 98).

Desse modo, se o docente trabalha procurando manter um clima de respeito, promovendo ainteração através da comunicação conseguirá contagiar os mesmos, evitando assim comportamentos de antipatia, rebeldia ou rivalidade. Nesse sentido, Araújo (1996, p. 42), afirma que se “o professor ou professora consegue estabelecer relações baseadas no diálogo, na confiança e nutrir uma efetividade que permite que os conflitos cotidianos da escola sejam solucionados de maneira democrática". 

É importante que o professor reconheça e assuma seu papel de estimulador e ainda de mediador entre o aluno e o conhecimento. Ciente desse seu papel, o professor deve procurar criar condições afetivas favoráveis à aquisição, pelos alunos, de conhecimentos socialmente acumulados. Silva (2010) destaca que cabe ao professor agir como intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação. 

A relação professor aluno é importante para o processo ensino aprendizagem, cabendo ao professor utilizar estratégias em diversas situações para propiciar situações de conversa, brincadeiras, aprendizagens orientadas de forma que possam comunicar-se e expressar-se, criando um ambiente acolhedor, de confiança e auto-estima. 

Um relacionamento sadio entre professor e aluno onde respeito-mútuo, companheirismo, bom-humor e partilha estão presentes, é fundamental para entendimento e apreensão dos conteúdos. Assim uma situação de aprendizagem num clima saudável proporciona maior assimilação dos conteúdos, e uma convivência conflituosa dificulta a assimilação dos mesmos. No entanto, Freire afirma que: 


O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca. (FREIRE, 1996, p.73).



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Diante destes pressupostos, necessário se faz, que o supervisor pedagógico, enquanto facilitador das relações na escola, esteja sempre atento às interações existentes entre professores e alunos, criando situações que levem o educador a avaliar sua prática, bem como propiciando momentos de formação em serviço, de modo que o professor tenha a oportunidade de fundamentar seu fazer educativo, buscando uma aproximação com seus alunos. 

Propiciar que o educador pense sobre a interação professor-aluno pode constituir-se para o mesmo num subsídio de reflexão sobre os procedimentos que utiliza em sala de aula, favorecendo a formação da autocrítica e o julgamento da prática pedagógica que realiza, ferramentas fundamentais para que consiga fazer melhor o dia a dia dos alunos na escola e conseqüentemente o aprender.


Conclusão


Diante do exposto, concluiu-se que a interação existente entre professor e aluno, é um dos componentes mais importantes para o sucesso do ensino-aprendizagem. Sem que haja uma convivência positiva entre estes dois sujeitos não há aprendizagem de qualidade. 

O supervisor enquanto agente formador e gerenciador dos processos de aprendizagem dentro da escola, torna-se o responsável por cuidar para que no cotidiano da instituição, as manifestações de interação colaborem para o alcance dos objetivos educacionais, cabendo a ele, inclusive, mediar as relações entre professores e alunos, que nem sempresão satisfatórias

Dessa forma constatou-se que o supervisor escolar, em seu trabalho de líder e articulador deve interpretar e analisar os conflitos e tensões do universo escolar, mas preocupando-se sobremaneira, com as relações estabelecidas entre professor e aluno, já que estas interferem substancialmente no processo ensino-aprendizagem, alvo do trabalho pedagógico.

Nesse ínterim, cabe ao supervisor escolar zelar para o bom convívio entre professor e aluno, se interpondo entre possíveis conflitos entre ambos, e principalmente criando estratégias que propiciem ao professor compreender e se 



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conscientizar do importante papel das relações para o processo de construção da aprendizagem, de modo que estabeleçam com os alunos uma relação empática de com vistas a otimizar os resultados educacionais. 


REFERÊNCIAS


DORON, Roland. Dicionário de psicologia. São Paulo: Ática, 1998.


FERNANDÉZ, Alícia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.


FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.


GADOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999.


PILETTI, Nelson. - Psicologia Educacional. Série Educação. São Paulo – São Paulo. Ática. 1999. 


PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza & ALMEIDA, Laurinda Ramalho. As Relações Interpessoais na Formação de ProfessoresSão Paulo: Loyola, 2002.



REGO, Teresa CristinaA indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva Vygotskyana. In: Júlio Groppa. Aquino (Org.) Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus editorial, 1996.


TASSONI, Elvira Cristina Martins. Afetividade e aprendizagem: a relação professor-aluno. Disponível em: www.anped.org.br/reunioes/23/textos/2019t.PDF. Acesso em 31 de out. de 2010.



ZIMERMAN, David. E. Grupos de educação médica. In: Fundamentos básicos das grupoterapias. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.


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