A Inquisição levanta-se contra Tezza

Por Sergio Sant'Anna | 30/05/2009 | Crônicas

 

 

 

            Proibiram o romance de Cristóvão Tezza, “Aventuras Provisórias”, nas escolas do estado de Santa Catarina. A justificativa foram passagens do livro que relatam cenas de sexo oral e, também, a linguagem chula utilizada pelo autor. Essas são afirmações explanadas por uma pedagoga catarinense, indignada com a publicação. Não li a obra apenas desejo comentar o fato que ao meu ver caminhando por essas duas linhas: a função de pedagogo e escritor posso emitir a minha opinião. E mais: faço isso com o olhar aguçado de um professor de literatura.

            Proibir é impedir alguém de realizar algo, acompanhamos essa palavra durante décadas e aqueles que a burlavam acabavam presos, torturados e assassinados. Cristóvão Tezza continua a escrever e não é a opinião de um profissional da educação que lhe trará sérios danos – à sua publicação. Até porque o professor é soberano em sua sala de aula e a escola possui autonomia para decidir o que seus alunos lerão naquele estabelecimento de ensino, mas também não somos hipócritas de acreditar que além dos muros escolares o discente lerá apenas o recomendado. E, mesmo porque estaríamos nadando com a corrente, abarcando-nos do princípio da leitura prazerosa.

            A afirmação da pedagoga soa como repressora, agressiva, mas é uníssona à falta de limites em que os jovens chegam às escolas, caso este que deveria ser solucionado pelos pais que terceirizaram a educação; e essas regras ou surgem através da Justiça ou da Educação (bancos escolares). Sempre lembrando que quem educa são os pais e não os professores.

            Mas o que mais me indigna é a falta de parâmetros docente, ou seja, “Iracema” de José de Alencar desfilou nua, expôs sua virgindade pelas florestas brasileiras e as insinuações portuguesas difamatórias e além das que Tezza publicara, nenhum pedagogo acabou opinando!