A INOVAÇÃO NA FIRMA MODERNA

Por Marcelo da Mata | 08/05/2010 | Economia

INTRODUÇÃO Com o aprofundamento da globalização dos mercados as firmas se conscientizaram da necessidade da diferenciação do produto e agregação de maior valor para solidificar sua vantagem competitiva. Não se pode mais usar estratégias que, apenas, garantam a sobrevivência imediata da firma. No médio e longo prazo, o escopo deve ser o crescimento da carteira de consumidores, conquista de novas fatias de mercado; e, ainda novos mercados. Desafio que, para ser vencido, exige esforço adicional de ganho de conhecimento, interno e externo à firma, pois o nível dos consumidores tende a estar cada vez mais exigente, quanto aos produtos e aos serviços das firmas com a condição basilar da deflação. A essência do texto é evidenciar a teoria evolucionista de Schumpeter e dos Neo-schumpeterianos destacando o comportamento inovativo que auxilia a construir um arcabouço competitivo duradouro mediante constante ganho de conhecimento. A idéia básica de Schumpeter destaca que os estágios para o desenvolvimento econômico podem ser explicados pelas inovações tecnológicas. A partir daí o enfoque neo-shumpeteriano incorpora a análise dos impactos da inovação tecnológica no processo de desenvolvimento econômico como um todo, ou seja, uma perspectiva macro, micro; e, em especial a perspectiva regional, incluindo, também, os fenômenos internos à firma. Considerando que a inovação é parcialmente endógena a concorrência, o avanço tecnológico tende a ser um elemento configurador da estrutura da indústria, bem como das estratégias competitivas das firmas. Para se entender a dinâmica tecnológica é necessária à identificação da direção e do sentido do progresso técnico com destaque às características nas dimensões tecnológicas e econômicas. A inovação é uma conquista desejada pela sociedade por ser capaz de oferecer meios reais para a melhoria das condições humanas. Vive-se em permanente mudança, o que mostra, a cada dia, que o mundo de amanhã não será igual ao de hoje. Sua dinâmica cria novos espaços em todos os campos: na indústria, no comércio, na agricultura, nas comunicações, nas artes, enfim, aonde houver um universo social as transformações ocorrem permanentemente. Essa mudança ocorre de forma acelerada, num contexto em que o combustível é o ganho de conhecimento e conhecimento conquistado, tendo como principal motor a inovação e a tecnologia. Os responsáveis são os atores que de forma geral estão à frente, na direção dos diversos segmentos de firmas e de planejamento das políticas públicas institucionais de desenvolvimento. Este paper possui três partes além desta. Na próxima seção, procura-se caracterizar as principais contribuições de Schumpeter mediante discussão da natureza e direção do progresso técnico; a seção seguinte trata do processo evolucionista inovativo mediante a discussão complementar dos neo-schumpeterianos para a inovação e tecnologia no interior das firmas, bem como a questão da diversidade tecnológica; na terceira seção analisa-se a importância do processo de ganho de conhecimento. Por fim, são apresentadas algumas conclusões. 1 ? INOVAÇÃO 1.1 ? Schumpeter Dentro da História Econômica Contemporânea o desenvolvimento econômico é um dos assuntos que mais tem suscitado debates. O precursor mais destacado nesse campo foi Joseph Alois Schumpeter. Segundo ele o progresso técnico causa ruptura no processo de desenvolvimento levando ao desenvolvimento econômico pela evolução do capitalismo. Ele dá destaque ao ?progresso técnico?, partindo de uma economia relativamente estável, desprovida de variáveis que lhe permitam alavancar o processo de desenvolvimento, chamado por ele - de forma ilustrativa - de fluxo circular quando, para SCHUMPETER (1988, p. 13), neste estado, o sistema econômico sem forças necessárias para alteração de seu quadro autonomamente, influenciado pelo ?ambiente de negócios? - caracterizando um estado estacionário, por força de funções de produção rígidas, limitando o deslocamento ao longo dessas funções de produção, porém, sem o deslocamento das mesmas. Descrevendo um sistema imutável, Schumpeter está fazendo uma abstração ilustrativa, o que ele mesmo destaca, objetivando expor a essência do que efetivamente pode ocorrer na realidade. Devido à dinâmica econômica, porém, esta não pode ser compreendida por meio da análise do fluxo circular. Esta dinâmica pode ser perturbada por duas circunstâncias: i) A fricção, onde a eficiência econômica pode ser afetada por fatores como: o erro, o contratempo, a indolência, imprevistos como catástrofes naturais ou coisas semelhantes com o poder de modificar o fluxo circular; e, ii) Alterações espontâneas e/ou aleatórias nas informações com as quais os agentes que, via de regra, pode levar em conta para suas tomadas de decisões. Alterações que ocasionam mudanças e necessitam de tempo para readequação e/ou adaptação. Além do que, é nesses períodos que aparecem os desequilíbrios e, por conseqüência, as quase rendas destacadas em Marshall. Schumpeter entende os lucros como algo confuso no fluxo circular. A este respeito, POSSAS (1987, p. 172-73), destaca somente a existência de terra e trabalho, como fatores de meios de produção com suas remunerações respectivas, renda e salário. O que passar disso, são fatores desequilibrantes do fluxo. Adicionando a essa hipótese: os ganhos temporários, as quase-rendas marshallianas, os lucros derivados de monopólios, os ganhos com especulação financeira e, mesmo, os juros. O capitalismo é visto como um processo evolutivo, onde o centro do desenvolvimento econômico é o empresário inovador - não necessariamente o capitalista - pode até ser o burocrático com visão de inovação, o que traz novos produtos para o mercado por meio de combinações mais eficientes dos fatores de produção, diferentes materiais e forças produtivas, e/ou por meio da aplicação prática de alguma invenção ou inovação tecnológica. A mudança é inerente ao sistema capitalista. As combinações tendem a aparecer em fluxos descontínuos, o que induz o desenvolvimento a ser definido a partir de novas combinações que geram um ?desequilíbrio temporário? no sistema econômico, que pode acontecer por meio de duas formas: i) Por novas firmas geralmente independentes - que não surgiram da antiga - porém estão instaladas ao lado destas; e, ii) Pelo emprego recursos diferenciados e por novos processos de produção. Assim, os novos processos produção tenderão a prosperar se estiverem sendo usados pelos agentes econômicos. O desenvolvimento é produzir diferentes produtos, empregando diferentes recursos de modo diferente (SCHUMPETER, 1988 e 1997). A mudança técnica é fundamental para o desenvolvimento econômico que induz a uma dinâmica capitalista inexorável. A concorrência inovativa é a principal impulsionadora das transformações nos processos de produção e reprodução capitalista. A partir da evolução, impulsionada pelo processo de concorrência, rompe-se o estado de equilíbrio destacado no fluxo circular. Cujas principais fontes são: novos produtos, novos mercados, novas fontes de matérias-primas, novos métodos de produção e, novas atividades, ou novas formas de organização criadas pela firma inovadora. São novas combinações que impactariam no sistema econômico, dariam uma resposta e jogariam a competitividade da economia em outro patamar. Assim, SCHUMPETER (1988, p. 48; apud CAMPOS, 2004, p. 15), destaca os novos fronts da mudança técnica com poder de impactar diretamente na dinâmica capitalista e por sua vez no processo concorrencial: "1) Introdução de um novo bem - ou seja, um bem com que os consumidores ainda não estejam familiarizados - ou de uma nova qualidade de um bem; 2) Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, que de modo algum precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova, e pode consistir também em nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria; 3) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo particular da indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer este mercado tenha existido antes ou não; 4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas, ou de bens semimanufaturados, mais uma vez independentemente do fato de que essa fonte já existia, ou teve que ser criada; 5) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de uma posição de monopólio (por exemplo, pela trustificação), ou a fragmentação de uma posição de monopólio." Os apontamentos de Schumpeter determinam o novo modus operandi do processo de concorrência entre firmas refletindo nos demais agentes econômicos. São novas formas de organização do processo capitalista causadas pelas mudanças técnicas que impactantes no processo de mutação industrial entre firmas. São as novas formas, impondo uma destruição sobre a forma antiga e gerando uma nova, intra-sistema. A este processo, SCHUMPETER (1984, pp. 112-113), chamou de "destruição criativa". Quem é o agente econômico responsável pelas mudanças técnicas geram inovação impactando na concorrência do sistema econômico e impondo uma nova dinâmica ao processo capitalista dando, e neste, novas configurações? Para SCHUMPETER (1988, p. 56), as mudanças técnicas que redundam em inovação derivam das novas formas de combinação de fatores de produção, visão inovadora, capaz de realizar novas combinações, não necessariamente vinculadas a uma firma individual. A função de empresário não é herdada, este é definido a partir de suas ações com capacidade de levar a cabo novas combinações e de influenciar no processo de competição capitalista. Para SCHUMPETER (1988 e 1997), cabe ao capitalista, ou banqueiro, ofertar capitais para incentivar o empresário a fim de que este promova criativamente o fomento da atividade econômica. São os donos do capital os maiores credores do processo capitalista, enquanto os empresários assumem a típica posição de devedores com a incumbência de desenvolver uma atividade produtiva, por meio da transformação criativa dos meios de produção, com poder de gerar lucro e reembolsar o capitalista. Uma combinação que tem o poder de decidir o destino das novas combinações dos fatores de produção. Assim ?o capital e o crédito são o cerne da questão?, como elementos indispensáveis à promoção do desenvolvimento econômico. O crédito que interessa a Schumpeter é o associado à "criação de direitos sobre frutos da produção futura, mediante a transferência de poder aquisitivo prévio à existência dos bens e se supõem lastreá-lo" (POSSAS, 1987, p. 175). Fatores determinantes da inovação, direção e determinantes do progresso técnico, difusão da inovação e conhecimento não ficaram suficientemente esclarecidos. Pela importância dos trabalhos de Schumpeter. Com isso, vários pesquisadores aprofundaram seus estudos em torno das idéias iniciais de Schumpeter, usando e, até certo ponto, adaptando seus pressupostos, dando corpo à chamada corrente neo-schumpeteriana, a qual será abordada a seguir. 2 - OS NEO-SCHUMPETERIANOS 2.1 ? O Progresso Técnico Os neo-schumpeterianos - especialmente estudiosos americanos - observam a tecnologia dentro de um ambiente inovativo, dentro de um processo evolucionista, as espécies mais adaptadas ao meio tornam-se dominantes devido ao aperfeiçoamento dos genes, sob a ótica do processo tecnológico, onde as firmas entram em processo de seleção onde dominam as melhores, dentro da competição no mercado. A tecnologia é regular, é o estado das artes contribuindo com a biotecnologia, a engenharia e a química (DOSI, 1982 e 1988; NELSON e WINTER, 1982; SOUZA E SILVA, 2000). Em contrapartida, para os estudiosos ingleses, a tecnologia tem o poder de mudar a estrutura de mercado, não como algo dado, mas pesquisado, esse novo, ou as novas combinações que surgem propiciam obter maior renda por mais tempo. As firmas aumentam cada vez mais seu marketing, elas ainda modificam o ambiente como objeto estratégico: algumas firmas são mais ofensivas em inovação do que outras tradicionais, ou, de outras que identificam e agarram nichos de mercado. Duas importantes questões envolvem inovação e economia: i) Quanto ao entendimento econômico para as inovações; e, ii) Especificidade técnica para o lado econômico. Trata-se de estratégias tecnológicas, rotinas, conhecimento cotidiano, de como a tecnologia constitui vantagem competitiva, desenvolvendo um "conhecimento comportamental" para resolver as questões no dia-a-dia. Ou, por meio do relacionamento dentro da firma e no fluxo tecnológico de uma firma com as outras, ou por meio da formação de mão-de-obra conjunta etc. Através do conhecimento no uso, o empregado aprende o segredo da máquina, que lhe permite sair de um estágio e chegar a outro. Para DOSI (1988), inovação é o conhecimento e a utilização deste conhecimento evoluir. A partir do entendimento iniciado por Joseph Alois Schumpeter, um processo se desdobra na busca de entender as "novas combinações", inovações que impactariam no sistema. Daria uma resposta e jogaria a economia em outro patamar competitivo. Tornando forte a figura do agente imitador quando, maior a intensidade, menor poderá ser a possibilidade de grandes saltos sociais, embora autores mais recentes, como ROSEMBERG, (1979 e 1994); POSSAS, (1987) e BRITTO (2002), destaca que a inovação incremental, por meio da imitação, possa ser mais comum e mais importante à manutenção do mercado pelas firmas. A tecnologia dá sobre-lucro. Quando a firma tem tecnologia, sua margem de lucro tende a ser maior. À medida, porém, que surgem os imitadores reduz-se o sobre-lucro. A inovação pode vir das firmas, ou pode ser institucional, é o novo que ?impacta? e modifica as estruturas concorrenciais de mercado. Os neo-schumpeterianos partem de três categorias de inovação tecnológica: Invenção, Inovação e Difusão. Na invenção acontece o esboço para um novo, ou melhor, produto, processo e dispositivo. A inovação acontece somente pela primeira transação comercial envolvendo um produto novo, processo sistema ou dispositivo. Já a difusão é a propagação das inovações pelas firmas e países. Portanto, a invenção é transformada em inovação quando levada pela primeira vez ao mercado e o ato de reproduzir e imitar explica como esta inovação se difunde. De acordo com os neo-schumpeterianos (FREEMAN, 1975 e 2000; ROSEMBERG, 1979, DOSI, 1988; POSSAS, 1989; DEZA, 1995 e BRITTO, 2002), da invenção deriva inovação , pari passu, cria os ciclos econômicos. Não seguindo Schumpeter, a inovação não é exógena ao sistema econômico. Os neo-schumpeterianos defendem uma relação simbiótica com o sistema econômico. Nas crises, não significa que não haja invenções. Há um armazenamento de recursos inovadores. No lançamento de uma nova idéia, outros agentes a seguirão e a firma no momento adequado lança mão da invenção ainda em projeto. Nas três últimas décadas os neo-schumpeterianos estudaram a questão da inovação tecnológica, discutindo, em termos de crítica e novos modelos, avançando em questões novas. Duas modalidades são destacadas: i) Tecnology Pusch: normalmente esta modalidade de inovação tecnológica está colada à liderança tecnológica, impulsionando a economia mediante forte P&D e tende a determinar o caminhar das inovações; e, ii) Demand Pull: Esta modalidade tende a seguir os lideres do mercado, seguindo de perto seu desenvolvimento, para determinar onde e quando inovar. A demanda tende a empurrar as firmas a promover inovações (DOSI, 1982 e 1988). Para os neo-schumpeterianos, a crítica é a efemeridade tecnológica, o que demanda o desenvolvimento contínuo de inovações tecnológicas. Existe um ?corpo teórico? só da tecnologia: tecnologia, ciência e economia, têm coisa que a tecnologia por si só não explica. As oportunidades tecnológicas estão limitadas ao conhecimento científico acumulado; a tecnologia depende da ciência, em cima de um conhecimento acumulado. Reafirma-se a simbiose tecnologia/economia/ciência. Para os neo-schumpeterianos a ciência impõe o que tem que ser desenvolvido em conjunto com o sistema econômico, sinalizador das áreas afins. O mercado é importante enquanto papel de seletividade, mas não é tudo, porque a tecnologia também tem especificidades próprias, efêmera, do acúmulo do conhecimento e da sinergia e sincronia das inter-relações entre agentes partes (FREEMAN, 2000; TIGRE, 1998). As interações do mercado fazem parte do objetivo a considerar utilizando um corpo analítico. 2.2 ? A Tecnologia Todo o movimento da inovação para melhoria tecnológica está relacionado à solução de problemas, quando a solução só se dá amparada por especificidades técnicas. O padrão tecnológico predominante seleciona as várias alternativas prontas, considerando elementos tecnológicos e econômicos próprios. O paradigma passa a ser o padrão de solução para os problemas e, em cima disto, vão surgindo novos focos de inovações, sempre entre "trade offs" - caminho tecnológico e caminho econômico -. Para FREEMAN (1995, p. 07): "Um novo paradigma técnico-econômico emerge apenas gradualmente como um novo "tipo ideal" de organização produtiva, conduz plena vantagem do fator chave, ou fatores que se estão tornando mais e mais visíveis na estrutura de custo relativo. O novo paradigma cria o potencial para um salto quantitativo no fator total de produtividade e abre sem precedente escala de novas oportunidades de investimentos. É por estas razões que traz acerca de um radical nível no senso de engenharia e administração e que tende a difundir como radicalmente condições permitidas, deslocando o padrão de investimentos do velho paradigma". Analisando-se as considerações entre as partes, dentro de um ambiente aleatório, são várias as possibilidades, para a firma, tomar sua decisão de inovação. Será sobre uma delas que o mercado selecionará os agentes que estão certos, ou não. Exemplo: Mercado de notebooks. A via do paradigma técnico é fruto das soluções dos problemas cotidianos. Esta trajetória tecnológica depende do contexto onde se desenvolve essa via. A conformação desta trajetória tecnológica está fundada em: i) Estrutura tecnológica ? laboratórios - pessoal técnico qualificado buscando várias respostas para a firma; ii) Disponibilidade dos processos de produção, em termos de habilidade, experiências, conhecimentos tácito - não codificado -, capacidade das pessoas de fazerem as coisas, construída no decorrer do tempo. De tanto fazer pode-se criar uma peça que vai reduzir o custo de produção; iii) Competência tecnológica da firma: A própria firma cria sua inovação tecnológica, ela é a pioneira, naquilo que faz - learning by interacting, aprender por interação. O aprender é cotidiano, deve ser buscado e incentivado, i.e, a formação da capacidade de inovar; iv) Complementaridade tecnológica entre firmas: Como produzir uma tecnologia se não se tem complementaridade entre produtor/ consumidor? Deve haver compatibilidade das tecnologias e conformidade com a base instalada; e, v) Contexto institucional: o apoio institucional é fundamental para estimular, ou desestimular, trajetórias tecnológicas, como por meio de uma política científica e tecnológica instalada no país. Depende de escolas técnicas, programas, incentivos, e da interação entre agentes públicos e privados (FREEMAN, 1975, 1997 e TIGRE, 1998). O paradigma passa pela seleção de rentabilidade: O próprio ?trade off? vai sinalizar à firma essas características, se esta ou aquela solução à frente pode lhe abrir novas oportunidades. A seleção pode ter início internamente, onde a firma pode querer queimar etapas. A firma, porém, não tem certeza se o mercado vai aceitar, vai depender da rentabilidade que está posta no momento ex-ante. A rentabilidade potencial torna-se um instrumento sinalizador de seleção decisória de inovação da firma. Mediante a concorrência entre firmas pela preferência do mercado consumidor, pode haver uma seleção do produto que foi resultado de um conjunto de respostas finais para determinado problema. As inovações ocorrem em ambiente de incerteza de sucesso ou não, as inovações ocorrem neste contexto. Em certo um momento, cujos acréscimos no produto marginal chegam ao seu nadir, sinal de tecnologia madura, que chegou a sua fronteira. E a seleção da inovação no momento ex-post, vai para o mercado, e vai vingar aquele paradigma que melhor satisfaz às necessidades do mercado consumidor (BRITTO, 1999 e 2002; MASTROSTEFANO e PIANTA, 2004). 2.3 ? Determinantes da Inovação Tecnológica A firma é o fundamento do desenvolvimento, a causa da evolução do capitalismo, da renda e da qualidade de vida em si. Ela busca incessantemente uma forma de melhorar seus ganhos oferecendo condições para que o desenvolvimento econômico e social se processe. Sabe-se que seu ambiente é permanentemente dinâmico e dentro desse dinamismo ela precisa se ajustar a fim de sobreviver. A inovação ocorre em busca do lucro, ele é o estimulante. O principal insumo científico para a inovação pode estar na estrutura de ensino e conhecimento dentro e fora da firma. Numa palavra: conhecimento. Deve haver estímulo permanente ao desenvolvimento tecnológico, onde a engenharia reversa é uma das bases da inovação, por meio da qual se desmonta o produto, e, remonta-se com melhorias demandadas pelo mercado consumidor. As atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) são fundamentais, onde a firma mantém um investimento anual de monta em relação ao seu faturamento direcionado a P&D. As firmas inovadoras utilizam a P&D como estratégia de longo prazo estimulando cada vez mais processos inovativos. Existe forte correlação entre inovação e P&D. Quanto maior a inovação, pari passu, aumenta o retorno e a participação no mercado (NELSON e WINTER 1982; ALBAGLI e BRITTO, 2002). Por meio das seleções tecnológicas, o sistema econômico e o mercado onde a firma atua, fazem as firmas buscarem o processo inovativo. A inovação tecnológica não é dada, é construída, a inovação tecnológica passa a ter uma regularidade, um processo inovativo onde é constante a busca de outras possibilidades. Para desenvolver um novo, ou melhor, produto, ou novo processo produtivo, deve-se ter elementos acumulados para a busca da resposta. A tecnologia é estimulada pelas seleções do mercado e se desenvolve sob ?trade offs? econômicos. A tecnologia tem uma conexão intrínseca com as rotinas intra-firmariais que no dia-a-dia inovam, mesmo que na maioria das vezes não é consciente. Os conhecimentos envolvidos podem ser codificados ou não. Ao longo do tempo há a criação de protótipos resultantes dos testes do dia-a-dia. A todo o momento, estamos em ?trade offs?, com rotinas que, codificadas, podem ser ajustadas obtendo a inovação com novos procedimentos, novas rotinas e um novo produto, podendo surgir novas relações com novos fornecedores diversos. Há uma estrutura complexa de inter-relações entre os agentes (DOSI, 1982 e 1988; ALBAGLI e BRITTO, 2002). 3 ? INOVAÇÃO E GANHO DE CONHECIMENTO Toda tecnologia é fundamentada na ganho de conhecimento. A interação gera ganho de conhecimento que repercutirá em novos conhecimentos, i.e., novo padrão tecnológico. As firmas, como supracitado, promovem essa interação. O conhecimento tácito importa de maneira significativa para a inovação. Nas indústrias limítrofes a fronteira do conhecimento é de suma importância esse tipo de conhecimento. Ao conhecimento tácito é inerente a dicotomia inovação/estagnação tecnológica. Pode parecer um raciocínio confuso. Mas, uma reflexão um pouco mais profunda esclarece a questão. Há conhecimentos que por fazerem parte do capital humano é de difícil transferência o que limita, quando não impede a inovação tecnológica. Esse conhecimento ampara a necessidade dos agentes onde o conhecimento gera processo inovativo. Dentro da formalidade propicia a infra-estrutura tecnológica intra-firma. O cientista com recursos disponíveis obtém novos conhecimentos com relação a seus ensaios e testes. Alicerçando isto, existe uma estrutura formal onde se desenvolvem práticas inovativas diversas. Isso favorece ao fluxo de informações, que informa a engenharia, e à química, e à administração e assim por diante (BRITTO, 2002; MASTROSTEFANO e PIANTA, 2004). Há limites, porque um manual, por mais que ensine o caminho, depende do conhecimento tácito, da experiência. A inovação tecnológica tem uma parte - non corporis - manifestada por meio da experiência e habilidades. A firma tem a capacidade de explorar estes conhecimentos, impulsionada pela capacidade de aumentar o potencial do trabalhador em desenvolver suas habilidades. O conhecimento fundamenta processo inovativo, encorajar a exploração do conhecimento existente. Isto faz parte do "ativo intangível" que só é conseguido a longo-prazo. Firmas com grande rotatividade de mão-de-obra tendem a ficar para trás no futuro, porque mediante oportunidade mercadológica, ficam sem o conjunto de conhecimento necessário para voltar a operar na fronteira novamente. Para se formar capacitação tecnológica, do lado da firma, esta pode criar capacitação. A firma inovadora deve seguir o padrão do seu setor, um conhecimento diferenciado no âmbito da firma, o que pode ser fundamental para ela fazer parte do novo processo inovativo dentro do seu respectivo setor. Pode ser possível a firma transformar seu conhecimento em inovação ? acompanhando o estado das artes ? quando ela pode fazer parte do novo processo inovador e com diferencial (FREEMAN, 1997; SOUZA E SILVA, 2000). Dentro do processo de inovação, pode haver uma interação ao fazer as coisas. O fornecedor pode ser um aliado para desenvolver produtos em conjunto com o consumidor, podendo haver uma forte simbiose entre fornecedor. - O processo inovativo tecnológico tem forte presença no processo cooperativo inter-firmas e institucional. O conhecimento pode se manifestar pelo conhecimento universal fortemente inter-relacionado com a experiência que produz uma inovação melhor - sem manual - do que o concorrente, com manual. O conhecimento, por meio de manuais, assim como na rotina pode ser detalhado e explícito; o conhecimento tácito, também, por meio da experiência e habilidades em constante aperfeiçoamento; o conhecimento público, ainda, por meio de melhorias do sistema público de ensino, ou de outra forma, programas de televisão especializados; e também, o conhecimento privado, individual da firma, quando esta busca que outros conheçam o processo, por meio de "patentes", onde só seus funcionários conhecem os segredos e quem de fora desejar, remunerar por meio de royalties. Esse fantástico dinamismo em busca da inovação resulta na concorrência. O processo inovativo gera ainda a "assimetria tecnológica", como pode ser visto na FIGURA 1. No mercado e na busca do processo por inovação e tecnologia, há uma hierarquia: os que estão à frente e os que estão atrás. É assimétrica, devido à busca da redução do hiato com a fronteira tecnológica. Existe um conjunto de tarefas a cumprir para redução das disparidades inovativas, porque a tecnologia define a concorrência, pois propicia maior aprofundamento do hiato em relação aos demais. A ineficiência econômica é o resultado para os menos adiantados tecnologicamente. Maiores custos e menores ganhos. A "Assimetria" resulta das diferentes capacitações tecnológicas e deve ser vista no âmbito da concorrência que mantém a firma na concorrência. FIGURA 1- Assimetria tecnológica Fonte: Aula do professor Antonio Carlos de Campos, dia 01/12/2009. A "assimetria" se revela em relação ao padrão de determinado setor. Assim, pois, como seria o caso do processo produtivo desatualizado de determinada indústria, à qual seria preciso um novo processo produtivo, com mão-de-obra e capital melhor estruturados, para buscar manter-se o mais perto possível da "linha laranja". Seguindo os neo-schumpeterianos: inovação tecnológica é um processo de continuidade e persistência. Demanda investimentos de longo prazo, inter-relação e cooperação de firmas e instituições, quando, por meio do processo de busca e rotina, se cria uma memória que constitui conhecimento. São os ?ativos intangíveis?, ou seja, as informações e conhecimentos que circulam no interior das firmas e entre elas (POSSAS, 1989; TIGRE, 1998). No "processo inovativo informal" não se envolvem recursos específicos para inovações específicas. Normalmente não planejado, mas pode ser estimulado, é quando há manifestação do conhecimento. Pode haver inovação tanto nas relações verticais quanto horizontais. Os funcionários maduros devido ao conhecimento do processo de produção oferecem sugestões de produtos e de processos, assim como o usuário pode sugerir melhorias na qualidade, no design etc. Por meio de sugestões, reclamações ou ainda por usos não aventados pelo produtor. O importante disso é que se tem um forte conhecimento tácito presente, pois, às vezes, o consumidor mais simples pode oferecer à firma uma sugestão lucrativa. O "processo inovativo formal" possibilita dois tipos de inovações: i) Radical ou Formal: esta é uma inovação que ocorre esporadicamente. Normalmente, destrói o velho e faz surgir o novo paradigma, impõe uma revolução no estado das artes e nas relações do processo produtivo; e, ii) Incremental: feito por mudanças marginais e acumulativas ao longo do processo de pesquisa. Depende do conhecimento tácito. Dentro desses parâmetros, pequenas mudanças, no longo prazo, podem provocar fortes modificações sem modificar o paradigma geral (TIGRE, 1998; BAPTISTA, 2000). Os conhecimentos são específicos às firmas e significam obstinação à redução das assimetrias tecnológicas. O conhecimento formal é hierarquizado. Algumas firmas desenvolvem seus funcionários, reciclam-nos; outras não, daí a hierarquia. Isso encorpa heterogeneidade tecnológica resultando competições distintas no mercado. O processo de informações é condição necessária ao conhecimento por uso o que exige canais específicos. Isso gera distinção entre os tipos de produtos, como a indústria aeronáutica por suas relações fortemente estruturadas com seus usuários. Na indústria automobilística, por exemplo, a relação que se tem é forte, no processo de ganho de conhecimento. No fundo, essa interação de complementaridade e interdependência, que reforça a confiabilidade, faz com que a relação entre produtor e cliente passe por essas variáveis. Aí voltam à questão do paradigma, trajetórias, rotinas etc. Alguns setores com inovações mais dinâmicas tendem a evoluir cada vez mais as relações de obtenção de conhecimento, como no setor mundial de informática, onde a diferenciação é a diferença entre estar ou não no mercado, assim como as relações no sistema bancário. O que desperta interesse é que mesmo com produtos diferenciados existem tendências tecnológicas calcadas no conhecimento massificado. E, se a diferenciação fugir dessa tendência poderá não vingar. Outro fato foi os bancos financiarem as indústrias de software para aprimoramento e desenvolvimento de novos sistemas, já que estes puderam juntos, alterar suas rotinas por meio de novas inovações. O "aprender fazendo", leva a inovação, cada vez mais no chão de fábrica. Estar perto da fronteira de produção nesta etapa do processo de produção, permite às firmas construir competências. Inexoravelmente, há mais automação e, assim, menos pessoas vão estar no chão de fábrica, onde eles próprios facilmente poderão resolver os problemas surgidos. Uma mudança radical na relação capital/trabalho. Extrair do trabalhador a capacidade inovativa e, permanentemente, aprimorar sua capacitação nos setores mais tecnológico-intensivos requer altos investimentos nas estruturas, formal e informal. É possível inovar na relação com o cliente, na relação com a produção, é o learning by learning ? ?aprender a aprender?. - Por meio do learning by interacting ? ?conhecimento por interação? - O processo inovativo se dá por interação social, fundamentado nas interações e sinergias dos agentes. Daí os vínculos ? produtor/fornecedor - de capital, trabalho e conhecimento. Há retro-alimentação das informações tecnológicas. Esses mecanismos dependem da natureza das informações tecnológicas baseados em códigos de conduta de informações, estas tendem a levar ao melhoramento continuo, ou à distinção e aparecimento de um novo produto/processo. O mercado não é o único juiz da inovação. A relação de cooperação, também tem esse papel. O mercado de informações busca constantemente uma auto-organização. Um exemplo são as indústrias têxteis exportadoras de máquinas e equipamentos (M&E) que oferecem cursos e aprimoramentos técnicos constantes. As dimensões do processo inovativo vão desde o fluxo de informações até acordos para o desenvolvimento de processos conjuntos com complementaridade de informações e conhecimento (BAPTISTA, 2000; CAMPOS, 2004). As vantagens desse mecanismo estão na apropriação do conhecimento do usuário, podendo dar um fim comercial a este saber que está sendo passado, quando informações do produtor podem ser vitais para o fornecedor. O produtor pode criar um campo fértil para o usuário que continuamente vai mostrar de novas possibilidades de inovações. A vantagem é uma causação circular: o usuário vai estar sempre próximo na obtenção da solução do problema. Em síntese: o processo inovativo submete-se as externalidades em ambiente formado pelas firmas de máquinas e equipamentos e de usuários. A inovação ocorre, pari passu, a intensidade das relações produtor-fornecedor, instituições de apoio, ou coordenação, e, por fim, dos clientes. A interação é importante, porque possibilita, pela cooperação, o nivelamento do padrão tecnológico. Esse conjunto propicia desenvolver um aparato de capacitação, e quanto maior a sinergia e mais avançadas e fortes forem às relações de informação, maior o conhecimento e a vantagem competitiva das firmas na inovação (TIGRE, 1998; BAPTISTA, 2000). 3.1 ? Diversidade A diversidade tecnológica não se vincula a hierarquia em termos de estágio tecnológico; ela ocorre no uso de insumos, dadas várias firmas, elas podem usar sua capacidade inovativa em testes e ensaios em algumas partes em detrimento de outras. Um exemplo é o carro 1000, sem grandes diferenças, a atenção das firmas nesses produtos fica em boa medida por conta do design e da aerodinâmica. Os produtos estão no mesmo padrão tecnológico de competição, mas as firmas usam diferentemente seus insumos. Na ?Diversidade comportamental?, as firmas podem adotar estratégias tecnológicas diferentes que podem ser: i) "ofensiva", com constante busca de liderança; ou, ainda, ii) "defensiva", quando esta firma segue a ofensiva. Esta tem menores custos de oportunidade devido a quantidade maior de informação que a líder do mercado. A firma defensiva permite à líder ir à frente e tenta acompanhar sua inovação, sem distanciamento. Esta estratégia é intrínseca ao processo decisório. Conforme se busca soluções, encontram-se respostas abrindo novas oportunidades, uma nova janela de possibilidades e oportunidades de negócios. Sem problema, sem resposta. À medida que se solucionam os problemas do uso de conhecimento e inovação, criam-se condições para novas diversificações a partir de "sua base". Só há oportunidade tecnológica às firmas que buscam respostas. A firma vai diversificando em cima daquilo que ela pode resolver. Buscar significa construir conhecimento por meio de investimentos em P&D e codificação de rotinas e interação entre agentes (BAPTISTA, 2000; MASTROSTEFANO e PIANTA, 2004). Por meio da ?cumulatividade tecnológica? que se traduz no conhecimento acumulado, permite que a tecnologia faça seu caminho, regulando a temporalidade, faz com que estes elementos fiquem expostos usando a ciência e a técnica a serviço da firma. A tecnologia tem forte relação com a rotina da firma. Isso dá condições a firma solucionar problemas e inovar. Isso está fortemente presente nas firmas antigas do início do século XX. Pela ?apropriabilidade tecnológica?, a tecnologia passa a ser expressa em produtos, pelo processo produtivo, refletida no potencial do produto, do insumo onde a tecnologia é gerada extra setor. A dinâmica capitalista procura defender-se a fim de garantir renda por um período de tempo mais distendido possível, originado no diferencial concorrencial através do avanço tecnológico. A firma busca apropriar-se dos ganhos dessa tecnologia, por meio de ?patentes? aperfeiçoando-se constantemente - seu leptime - a fim de se produzir com menor tempo possível. A firma inovadora busca manter seus técnicos, para que estes não levem seu conhecimento para as concorrentes. O exemplo recente vem do setor de farmácias onde a lei de propriedade industrial é para acabar com as cópias de medicamentos. A sociedade capitalista cria mecanismo de defesa para a apropriação do lucro pelo maior tempo possível. A ?tacitividade do conhecimento?, o conhecimento não transmissível, que está na consciência e experiência, "modus operandi", o que conta com elemento do mundo externo e interno das firmas. O conhecimento deve quotidianamente renovado, um modo se da pela proximidade e interação com universidades, centros de pesquisa nacionais e internacionais. Estes são os principais atores fomentadores de conhecimento (FREEMAN, 1997 e 2000). A ?tacitividade tecnológica? é fundamentada no conhecimento ?formal? que busca acesso às informações, atualizações, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), conforme o conhecimento tácito é acumulado. Estes são elementos de difícil compra. Isto pode resultar na apropriabilidade tecnológica. A firma que inova, apropria-se dos resultados esforçando-se para proteger os resultados e, à medida que fortalece este mecanismo, aproxima-se cada vez mais das firmas líderes, reduzindo assimetrias e impactando sempre mais no mercado (DEZA, 1995; FREEMAN, 1997 e BAPTISTA, 2000). Para POSSAS (1989, pp. 158-161), alguns pressupostos são condições sine qua non à busca da melhoria competitiva pela inovação tecnológica:  A inovação assume um caráter com destaque evolucionista.  O mecanismo é o processo inovativo, de conhecimento dinâmico inexorável.  O objeto é a busca da tecnologia pelas firmas, para aumentar a competência.  As rotinas são a formalização para buscar processos inovativos de produtos e processos.  A inovação é cotidiana, processo de busca se intensifica aperfeiçoando a rotina.  Cria-se uma regularidade de procedimentos tendendo a gerar inovações, por um processo de seleção via testes e ensaios pelo mercado. É o darwinismo das espécies presentes num ambiente econômico de seleção ? milieu innovateur, ambiente inovador. -  O ambiente é incerto, as decisões são tomadas, pelas firmas, dentro de uma racionalidade limitada dos agentes, nesse contexto de informação imperfeita as firmas vão determinar suas estratégias.  Há forte destaque para P&D, que tende a gerar o novo processo, ou produto, que é selecionado. A seleção ? darwinismo ? é determinante no processo inovativo.  O paradigma padrão, a trajetória tecnológica, vai mostrar que o desenvolvimento do esforço inovativo segue determinados procedimentos de tentativas e erro e, codificação e constante aperfeiçoamento de rotinas.  Há duas vertentes: uma do lado da demanda, outra esperando pela tecnologia, onde a ciência diz que a tecnologia tem que ser ou não ser, avaliada por um processo de seleção de mercado. Quando o paradigma e a trajetória ocupam papéis importantes: existem procedimentos pautados em procedimentos científicos e técnicos cuja variável econômica vai definindo ?trade offs? entre economia e ciência.  As soluções vão gerando uma trajetória de resultados e, para se chegar a estes resultados, é preciso investir em P&D, direcionando os esforços para o aumento do conhecimento e criação de massa crítica.  Quanto à tecnologia e estrutura de mercado, as inovações e tecnologias melhores vão vingando, como a tecnologia que tem forte poder de modificar as estruturas de mercado como o passar de oligopólio concentrado, para uma modalidade diferenciada ou nem concentrado nem diferenciado. Para DOSI (1982 e 1988), A tecnologia modifica fortemente as estruturas de mercado, como uma disputa onde todos começam juntos e poucos chegam. A assimetria tecnológica é a forma para existir uma hierarquia onde certas firmas estão na ponta e outras no meio e outras atrás. Dentro do mesmo setor, a tendência é que um número menor de firmas tenha maior participação no mercado, isto decorre em função de que cada vez mais um número menor de firmas pode se distanciar da fronteira tecnológica. Nada melhor do que a tecnologia para explicar o sucesso de certas firmas. Com isto, cria-se cumulativamente maior capacitação tecnológica, estrutura tecnológica com o incremento de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), convênios, laboratórios e centros de pesquisa. Com aumento de capacidade, novas oportunidades tecnológicas afloram. É a possibilidade de introduzir novos produtos e processos produtivos diferenciados. As oportunidades se concentram no centro do paradigma dominante, amparado na tecnologia. À medida que se inova, novas possibilidades aparecem para agregar valor ao produto com possibilidades da firma alavancar seus ganhos. Isto está ainda fortemente vinculado vulnerabilidade tecnológica, pois quem já está com competência formada tem muito mais possibilidade inovar, do que quem está no ponto de partida. Isso tudo está num conjunto de variáveis que impactam no momento real dos agentes econômicos (DEZA, 1995; FREEMAN, 1997; CAMPOS, 2004). CONCLUSÃO As estratégias de alavancagem da C&T (Ciência e Tecnologia) como meio eficaz de desenvolvimento nacional, regional e das firmas em particular, passa, pelo investimento na participação do setor privado na pesquisa e na inovação e, por outro lado, na valorização da interação participativa do empreendedor com outros agentes em níveis nacionais e regionais. As ações de governo têm papel fundamental, interações com universidades, centros de pesquisa e entidades de representação de classes. O conhecimento, o processo de ganho de conhecimento e a inovação são basilares para que haja mudanças que equilibrem os padrões tecnológicos, econômicos e sociais entre os países, regiões e firmas. O ganho de conhecimento e da inovação e tecnologia são basilares, para a ampliação da competência das firmas, com vistas à sua capacitação para novos empreendimentos. As discussões teóricas apontaram caminhos, que a firma atual precisa percorrer para alcançar altos níveis de competência e, que uma ação pró-ativa em ganho de conhecimento, inovação e tecnologia são instrumentos necessários e determinantes neste objetivo. É demonstrada a importância da inter-relação setorial, a buscar da melhoria contínua, do aperfeiçoamento da comunicação intra-firma. E, que a realidade é um movimento continuo, numa busca do ajuste competitivo entre as firmas, inexorável. Contextualizando, a eficiência coletiva inter-setorial alcançada de uma firma consegue coisas que a uma firma individual com baixa relação de comunicação não alcança, e.g., espaço competitivo local, regional, nacional e internacional. Além disso, este paper apontou que os centros tecnológicos e Universidades não podem ser esquecidos na interatividade do processo inovativo, com o crescimento constante, onde a grande evolução é ir da capacidade produtiva para a inovativa. Nos países menos desenvolvidos, as inovações dependem mais do exterior, adquirindo máquinas. No momento, o grande desafio às firmas dos países menos desenvolvidos, é como desenvolver inovação de produto, investindo em P&D para reduzir o hiato tecnológico com as nações desenvolvidas, chegando a uma posição destacada para o desenvolvimento de novos empreendimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBAGLI, S., BRITTO, J. Glossário de arranjos produtivos locais. Relatório de Pesquisa s/n. Rio de Janeiro: UFRJ, ago. 2002. 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