A Influência do Novo Modelo Social de Família no Desempenho Escolar de Alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental II de Acordo com os Novos Cenários Sociopolíticos.

Por Geovan Teixeira de Araujo | 31/07/2017 | Educação

O ensino fundamental II é um momento da vida onde os alunos estão na adolescência e esta é a fase de transição entre a infância e a juventude. Nesta fase eles passam por diversas mudanças físicas, psicológicas, estão descobrindo a sexualidade, os hormônios estão aflorando e eles precisam tomar algumas decisões importantes, e neste momento surgem muitas dúvidas. Por ser, principalmente, uma fase de descobertas sexuais, estes adolescentes tendem a dá mais importância e se preocuparem mais com esses aspectos. Pode-se dizer que muitos adolescentes apresentam a preocupação com a estética, o culto ao corpo é presente cada vez mais cedo na vida desses meninos e meninas. Os hábitos saudáveis estão sendo deixados de lado. Inicialmente era uma maneira de manter ou recuperar a vitalidade e o bem estar físico, agora virou uma fixação, onde o que era cuidado acabou virando idolatria do corpo. Meninos sonhando com aqueles músculos, os chamados “sarados” e as meninas tendo sempre aquela ilusão do corpo perfeito, magérrimo, “corpo de modelo”, assim todos ficam felizes. Este padrão de beleza estética é diariamente pregado pela mídia em especial pela televisão, com seus programas e propagandas com homens e mulheres cada vez mais bonitos, ela induz e até impõe um padrão a ser seguido.

 É aqui que a escola fica em segundo plano. A escola passa a ser mais um local de encontro social entre estes adolescentes do que propriamente um ambiente de aprendizado múltiplo. Por ser uma fase da vida, é inevitável que eles passem por ela, não há, falando de forma geral, como pular esta fase; a família deve surgir como suporte e guia para estes alunos. E esta, nas pessoas dos país, tem grande importância e responsabilidade tanto moral quanto cívica perante seus filhos.

O acompanhamento das atividades escolares dos filhos pelos pais pode vir a ser um recurso importante que a escola poderia valer-se para amenizar alguns problemas recorrentes em seu âmbito, como o mau desempenho. Há reconhecimento de que o auxílio, o envolvimento e a atenção dedicados ao aluno em casa, pode ser um importante determinante do sucesso escolar. Sobre a relevância desta questão, Fehrmann, Keith e Reimers (1987) sugerem que tais aspectos desenvolvidos no lar têm um efeito direto e positivo nas notas dos filhos.

Maimoni e Bortone (2001) e Jesse (1995), em levantamentos sobre o envolvimento parental na vida escolar dos alunos apontam que a definição sobre a expressão é variada. Segundo esses estudos alguns pesquisadores indicam o envolvimento parental para a realização escolar como o grau em que pais participam das atividades associadas à vida escolar do filho, tais como: acompanhar tarefas e trabalhos escolares, ver caderno com as lições da escola, verificar se o filho fez as tarefas, estabelecer horário de estudo, informar-se sobre matérias e provas, entre outras. Outros o definiram como as interações junto ao filho direcionadas ao seu desenvolvimento, encorajamento deste desenvolvimento, por meio do reforço aos esforços da criança e arranjo de experiências de enriquecimento cultural.

Na década de 90, tivemos, no Brasil, a aprovação de leis nacionais e elaboração de diretrizes do ministério da educação, cujos conteúdos evidenciam a importância da participação da família na escola e define o que vem a ser participação. A constituição Federal Brasileira diz que a educação é direito de todos e dever do governo e da família. A Lei 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente traz em seu artigo 4º:

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”

Porém nos últimos anos, a sociedade tem visto algumas mudanças no modelo de família que tradicionalmente vimos. Aqueles modelos tradicionais de família seguiam a ideia de que o seio familiar era responsável pela formação sócio-cultural dos seus filhos e a responsabilidade econômica era totalmente do homem, isso fazia com que a mãe dedicasse tempo e atenção a eles. Agora nos deparamos com um modelo social de família em que a mãe não tem mais a “função” de educadora dos filhos porque esse papel foi, agora, terceirizado, para as escolas. A crescente necessidade de jornada, cada vez maior de trabalho leva ambos os genitores a desenvolverem atividades profissionais que lhes tragam um retorno financeiro cada vez maior, isso torna escassa a presença dos pais na vida de seus filhos. Com isso a mulher antes dedicada e responsável com as atividades do lar e educação dos filhos, hoje tem seu tempo dividido entre suas atividades profissionais e seu lar que inclui seus filhos. Logicamente não é possível que este novo modelo de família supra as necessidades educacionais nem acompanhe a vida dos filhos orientando-lhes e ajudando em suas decisões e dúvidas guinando-lhes e dando suporte para que eles escolham bem suas prioridades.

Conforme bem coloca Silvia Maria Schafranski:

“A relevância da instituição familiar e da vida em família como pilar de sustentação da formação sócio-cultural humana jamais poderá ser contestada. Porém, não há como ignorar que a família brasileira conteporânea em muito difere dos padrões clássicos através dos quais inicialmente se estruturou, que reflete as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade e em seu proceso de evolução histórica. E este processo necessariamente em eterna metáfora cria novos agentes, novas relações e novos conflitos.

Como agravante, os adolescentes vivem num contexto social que a crítica à política e a política econômica vem sido frequentemente vinculadas nos meios de comunicação independentes e no meio popular, eles se habituaram a ver o país como uma nação de políticos corruptos e inescrupulosos onde o estudo, a educação, os professores e as escolas não são valorizados, porém o diploma escolar é exigido para lograr um emprego. As empresas em seus mais variados portes e níveis exigem escolaridade mínima de segundo grau para as funções economicamente menos valorizadas. Mas isso não significa que os cargos de nível superior são proporcionalmente valorizados.

Para o governo o ensino de qualidade, a formação de pessoas autônomas e emancipadas significa cidadãos críticos e esse não é, nunca foi e jamais será a sua intenção, pois estes cidadãos terão a capacidade de questionar, de criticar e cobrar mudanças.

Muitos alunos vivem num contexto social que a crítica à política e à política econômica vem sido frequentemente vinculadas nos meios de comunicação independentes e no meio popular, eles se habituaram a ver o país como uma nação de políticos corruptos e inescrupulosos onde o estudo, a educação, os professores e as escolas não são valorizados, porém o diploma escolar é exigido para lograr um emprego. As empresas em seus mais variados portes e níveis exigem escolaridade mínima de Ensino Médio para as funções economicamente menos valorizadas. Mas isso não significa que os cargos de nível superior são proporcionalmente valorizados.

Para o governo o ensino de qualidade, a formação de pessoas autônomas e emancipadas significa cidadãos críticos e esse não é, nunca foi e jamais será a sua intenção, pois estes cidadãos terão a capacidade de questionar, de criticar e cobrar mudanças.

A crescente necessidade de jornada, cada vez maior de trabalho leva ambos os genitores a desenvolverem atividades profissionais que lhes tragam um retorno financeiro cada vez maior, isso torna escassa a presença dos pais na vida de seus filhos.

REFÊNCIAS

Schafranski, Silvia Maria Derbli. A Lei n.º 9.278, a família e o direto – conceitos gerais.

Lei: 8.069 – Estatuto da Criança e Do Adolescente – (1990) – 4ª Edição, Câmara dos Deputados, Centro de Documentação e Informação, Coordenações de Publicações, Brasília – 2003.

Fehrmann, P. G., Keith, T. Z., Reimers, T, M. Home influence on school learning: direct and indirect effects on parental involvement on high school grades. Journal of Educational Research.

Maimoni, E. H.,Bortone, M. Colaboração Família-Escola em um procedimento de leitura para alunos de séries iniciais. Psicologia Escolar e Educacional, v. 5, 2001

Jesse, D. What’s noteworthy on learners, learning & schooling Increasing parental involvement: a key to student achievement. In: BERGER, S. C.; WILBER, D. M. (Org.).. Estados Unidos: Mid-continent Regional Educational Laboratory, 1995. Disponível em: <http://www.mcrel.org/PDF/Noteworthy/Learners_Learning_Schooling/danj.asp>. Acesso em: setembro 2013.