A INFLUÊNCIA DO NOMINALISMO EM JONH LOCKE
Por Emanuel Lima Salgado | 12/08/2013 | FilosofiaA INFLUÊNCIA DO NOMINALISMO EM JONH LOCKE
Emanuel Lima Salgado[1]
Resumo
A Filosofia de Locke nos mostra que a busca do conhecimento deveria ocorrer através de experiências e não por deduções ou especulações. E também afirma que a mente de uma pessoa ao nascer é uma tábula rasa, ou seja, uma espécie de folha em branco. As experiências que esta pessoa passa pela vida é que vão formando seus conhecimentos e personalidade. Desta forma é a sociedade a responsável pela formação do indivíduo.
Palavras chave
Conhecimento – Experiência – Universal – Nominalismo - Ideias - Inatismo
O empirismo moderno (século XVIII), também chamado empirismo inglês caracteriza-se por constituir uma resposta ao racionalismo[2] (século XVII) e o primeiro filósofo empirista nesta corrente é John Locke. E como nasceu de uma família de tendências liberais, Locke se tornou um fervoroso defensor do liberalismo, ou seja, defendia a liberdade individual nos campos ético, político, religioso e principalmente no intelectual.
Os empiristas propõem uma regra para distinguir uma concepção imaginária de uma concepção real: o teste da experiência sensível. A tese empirista não é a de que todo conhecimento vem da experiência, pois posso conhecer sereias, uma vez que conheço suas características: ser metade mulher, metade peixe (se não conhecesse as sereias não seria capaz de distingui-las de outra coisa), mas de que todo conhecimento sobre objetos reais procede da experiência. Nenhum intelecto humano é capaz de criar ideias, bem como não é capaz de destruir aquelas que existem. No empirismo é criada a noção de objetos abstratos, criados pela mente ao abstrair certas características dos objetos reais. Assim, esses filósofos podem explicar os vários aspectos que constituem o conhecimento humano, por exemplo, os objetos matemáticos.
Apesar de as teses empiristas terem sido sustentadas por vários filósofos desde a Grécia Clássica, geralmente é restrito a um grupo de filósofos modernos ingleses: Bacon, Hobbes, Berkeley, Hume e Locke.
Dentre esses, talvez John Locke talvez tenha sido o que mais se destacou por ter escrito uma obra chamada Ensaio Acerca do Entendimento Humano, que tratava de como o conhecimento chega ao homem e procura introduzir um uso melhor e mais perfeito do intelecto humano.
Locke sustenta a tese de que não há ideias nem princípios inatos, por que não existe um consenso universal com relação a eles e por que, por exemplo, não estão presentes nas crianças e nem nos deficientes mentais. E também afirma que se todo conhecimento já estivesse em nossa memoria, então um cego de nascença conheceria as cores.
O nosso intelecto, antes da experiência é como se fosse uma folha em branco ou, como chama Locke, tabula rasa, ou seja, todo conhecimento que possuímos é graças às experiências (ações) que fazemos durante a vida, com isso fica claro que o homem não pode ter o conhecimento de tudo, só do necessário, daquilo que vai precisar durante sua vida, ou seja, a experiência que é a fonte de conhecimento também impõe o limite para o intelecto humano.
Já que o entendimento não tem princípios inatos, então em primeiro lugar, é preciso saber como se originam a partir da experiência todas as nossas ideias, já que desde as mais simples até as mais complexas procedem dela. O termo “ideia” é o que melhor serve para representar qualquer coisa ou objeto. O nosso conhecimento é conhecimento de ideias. A ideia é aquilo que conhecemos, pode ser uma cor, a dor, uma lembrança, enfim, é tudo aquilo que percebemos.
Locke afirma a existência de duas ideias: simples e complexas, porém, a segunda provém da combinação das primeiras. Nas ideias simples ele ainda distingue em duas classes: a experiência externa, que são as ideias que derivam da sensação, ou seja, pelos sentidos; e a experiência interna, que seguem as ideias de reflexão, ou seja, de nosso espírito e os movimentos de nossa alma.
As ideias de sensação se dividem em: qualidades primárias (figura, tamanho, etc) e qualidades secundárias (cores, odores, etc). As primárias são as qualidades reais dos corpos, é aquilo que faz com que o objeto seja o que é e as secundárias são a combinação das primárias, são subjetivas e dependem do encontro do objeto com o sujeito.
Já as ideias complexas, que surgem a partir da junção das ideias de sensação com as ideias de reflexão, são: de modo, de relação e de substância. As de substância, por exemplo, ideias de homem, de árvore, de pedra, etc, são compostas de uma serie de qualidades ou ideias simples.
Por exemplo, a rosa. Quando a vemos o que percebemos? Uma cor, um volume, um odor agradável, ou seja, um conjunto de sensações simples. Mas será que a rosa é só isso? O que é então a rosa? Segundo Locke, não conhecemos a substância ou a essência real e sim só podemos conhecer a essência nominal, que é justamente essas qualidades que estabelecemos para as coisas, pois tudo deve ter um nome. Mas há casos que coincidem as duas, como figuras geométricas, pois são construções nossas.
Em relação à concordância, Locke diz que pode acontecer de dois modos: por intuição, temos a certeza pela evidencia imediata, por exemplo, o branco não é preto; e por demonstração, acontece com a intervenção de outras ideias, ou seja, é feita por mediação.
Ao tratar do Universal, Locke diz que não existe um argumento que seja aceito por todos. Um exemplo é a proposição do Princípio de Identidade[3] da Lógica Aristotélica: “O que é, é”. Essa proposição não prova a existência do Universal, pois nem sequer é conhecida por toda humanidade. Por exemplo, as crianças jamais irão nascer com um pensamento deste, nunca virá impresso na mente de uma criança, então esta falha já é suficiente para destruir essa questão. Se estas noções não estão impressas naturalmente, então não existe princípio inato. Locke afirma que a capacidade do homem é inata, mas o conhecimento é adquirido.
Os Empiristas clássicos seguiram o Nominalismo[4] e procuraram identificar os tipos de representação mental associada aos termos gerais. Locke argumentou que estas representações têm um conteúdo especial. Chamou-lhes “ideias abstratas”.
Frequentemente se diz que o nominalista sustenta a ideia de que o tipo de discurso em questão é metalinguístico e que a discussão sobre as chamadas entidades abstratas é na verdade apenas uma expressão linguística.
Um tipo mais comum de Nominalismo é o que reconhece é o que reconhece a existência de conjuntos e procura reduzir a discussão sobre outros tipos de entidades abstratas a uma discussão sobre estruturas em teoria dos conjuntos, cujos componentes são particulares concretos.
Nominalista como Guilherme de Ockham[5], ficou conhecido como o príncipe do nominalismo, insistia que tudo o que existe é particular e foi a inspiração para o pensamento de Locke. Ambos negam que os termos gerais representam os universais. Argumentava que o discurso sobre universais é um discurso sobre certas expressões linguísticas e procurava fornecer uma aplicação da semântica de termos gerais suficientemente rica para acolher a ideia de que os universais devem ser identificados com estes.
Locke concorda que as entidades extra mentais são cada uma e todas elas particulares e argumenta que as palavras representam ideias e que as ideias que correspondem a termos gerais são ideias abstratas, ideias formadas a partir das nossas ideias de particulares subtraindo-lhes os atributos específicos deste ou daquele particular, retendo apenas o que é comum a todas as coisas às quais um determinado termo geral se aplica.
Por exemplo, a ideia abstrata de um triângulo consiste em separar todos os atributos aos quais os triângulos diferem entre si, o resultado deste processo é uma ideia de triângulo que não é nem oblíquo, nem escaleno, nem retângulo, nem equilátero, nem isósceles, mas todos estes e nenhum deles simultaneamente.
A filosofia de Locke pode ser resumida em teses interligadas: não existem ideias nem princípios inatos e os princípios do entendimento são derivados da experiência sensível. Porém, nem todas as nossas ideias e nenhum princípio do entendimento tem sua origem na experiência, pois muitas daquelas e todos estes surgem da reflexão que a mente realiza sobre os dados da experiência.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CORDÓN, J. M.N; MARTÍNEZ, T. C. História da Filosofia: Do Renascimento à Idade Moderna. Lisboa/Portugal: edições 70, 1998. 172. Vol 2.
FERNANDES, F. Dicionário Brasileiro Globo. 39ed. São Paulo: Globo, 1995.
LOCKE, J. (tradução de AIEX, Anoar) Ensaio Acerca do Entendimento Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Vol 2.
LOUX, M.J. Nominalismo. Universidade Notre Dame, EUA. 2006. Disponível em: <http://criticanarede.com/met_nominalismo.html>. Acesso em: 02 de Abr. 2011.
PORTO, L.S. Filosofia da Educação. 1ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.72 Pág. Passo a Passo.
[1] Aluno do 6° período do Curso de filosofia da Universidade Vale do Acaraú.
[2] O racionalismo é baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração, sustentados por um conhecimento a priori, ou seja, conhecimentos que não vêm da experiência e são elaborados somente pela razão.
[3] O princípio da identidade foi formulado por Aristóteles em seus estudos sobre a lógica. Segundo este princípio, todo objeto é idêntico a si mesmo. Assim pode-se dizer que: Uma coisa é o que é, não se confunde com nenhuma outra.
[4] Nominalismo refere-se a um grupo de temas filosóficos e teológicos relacionados entre si, de um modo geral articulado por alguns pensadores, estes pensadores expressavam duvidas acerca da Metafisica Aristotélica, em particular acerca da sua eficácia em provar a existência de Deus.
[5] Principal representante da escola nominalista. Acreditava que só conhecemos entidades palpáveis, concretas, os nossos conceitos não passam de meios linguísticos para expressar uma ideia, portanto, precisam da realidade física, para as comprovações.