A Influência do Investimento no Resultado do Crescimento Econômico de um País

Por Deborah Galvani Matos | 28/10/2016 | Economia

1 INTRODUÇÃO

O presente mini artigo apresenta um estudo econométrico sobre a influência do investimento no PIB. E tem como objetivo comprovar o discurso de vários economistas que se referem ao investimento como o principal componente da demanda agregada em relação ao resultado de indicadores do PIB, e se realmente ele deve ser contemplado na visão do governo para se obter políticas econômicas mais efetivas. Este estudo econométrico se baseia na teoria keynesiana da demanda efetiva. O princípio keynesiano da demanda efetiva diz que as alterações do nível de equilíbrio da renda e do produto devem-se exclusivamente às variações da demanda agregada de bens e serviços. Para Keynes, o crescimento econômico de um país se dá a partir das mudanças observadas no “lado real” da economia, ou seja, o aumento do consumo das famílias, investimento privado, gastos públicos e exportações é que geram crescimento da demanda e, consequentemente, aumento do PIB [DA = C+I+G+(X-M)].

Nos últimos 10 anos a economia brasileira teve um crescimento médio anual de apenas 3,3%, e se analisarmos o comportamento do indicador do PIB neste período, podemos verificar a oscilação que o mesmo se encontra, do qual em determinados anos apresenta um crescimento considerado alto, mas em sua maioria o crescimento é pífio, e nos últimos 3 anos o cenário é de decrescimento e, não apenas projeção, mas com realidade de recessão.

Gráfico 1 - PIB Brasil em 10 anos

Fonte: IBGE, Sistema de Contas Nacionais.

O baixo crescimento do país nos últimos anos pode ser resultado de incentivos errados a indicadores que interferem na demanda agregada, até então, o consumo das famílias era o motor do crescimento brasileiro. O governo, em 2010, começou a adotar uma série de medidas de incentivo ao consumo, como redução de impostos e de taxas de financiamento. O resultado é que isso antecipou a compra de alguns bens pelas famílias, que agora estão endividadas e sem margem para novas compras. Se analisarmos outros componentes da demanda agregada. vemos que, os indicadores de investimento são historicamente baixos no Brasil, principalmente quando comparados a outros países. Essa pode ser a raiz de todo o problema: a falta de investimento está freando a nossa economia. Sem investimento, não se tem mais máquinas, infraestrutura e aumento da capacidade de produção. Sem produção, o emprego fica comprometido, a economia não cresce e afasta novos investimentos. Por trás da falta de investimento está, também, o temor dos empresários de que a situação não vai melhorar e, assim, investem menos, ou seja, há menos confiança na economia. E, para completar o cenário, temos problemas sérios de burocracia, ineficiência e falta de um ambiente de negócios amigável. O governo, em vez de investir, apenas gasta muito e atrapalha ao mudar as regras do jogo, como as isenções pontuais de impostos definidas por setores e mudanças nos contratos de concessões.

Quando comparado o PIB brasileiro à outros países é possível verificar que o seu resultado está muito abaixo da média de crescimento global, mesmo comparado a países emergentes, ou mesmo com uma situação de desenvolvimento menor que a brasileira, como: Angola, Camarões, Afeganistão, Arábia Saudita, que são países considerados de terceiro mundo mas que detêm de um crescimento alto.

Gráfico 2 - PIB de 35 países em 2014

Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Mundial, World Bank/FMI

Essa disparidade de crescimento entre os seguintes países, mesmo ele sendo em função da situação econômica de cada um, pode ser explicada pelas taxas de investimento praticadas pelos mesmos, do qual em países com um crescimento alto e sustentável são providos de uma alta taxa, e aquelas com um crescimento menor são resultado de um baixo incentivo ao investimento. E a pergunta central é: o investimento é um componente significativo no resultado do PIB? Portanto, ele deverá ser o principal detentor de incentivos para um crescimento sustentável de um determinado país? São estas as respostas que serão discutidas ao longo deste trabalho.

2 METODOLOGIA

O modelo econométrico a ser estimado se baseia no modelo de regressão linear simples, ou seja, y=β1+β2x+ε. A variável x, denominada variável regressora, explicativa ou independente, é considerada uma variável controlada e medida com erro desprezível. Já y, denominada variável resposta ou dependente, é considerada uma variável aleatória, isto é, existe uma distribuição de probabilidade para y em cada valor possível de x. O método estatístico utilizado para estimar os parâmetros, é o método dos mínimos quadrados (MQO) que ajusta a melhor “equação” possível aos dados observados. Com base nos n pares de observações (y1 ,x1) , (y2,x2) ,... , ( yn, xn) , o método de estimação por MQO consiste em escolher a e b de modo que a soma dos quadrados dos erros, εi (i=1 ,..., n), seja mínima. A amostra utilizada se baseia em dados de corte transversal, que são aqueles dados em que uma ou mais variáveis foram coletadas no mesmo ponto do tempo. A seguinte amostra contém 35 variáveis, sendo ela, diversos países, com os seus devidos montantes do PIB, e o Investimento, os mesmos estão expressos em dólares e em medidas de trilhões, os dados foram coletados do sistema de dados do Banco Mundial para o ano de 2014.

O indicador do PIB utilizado se refere ao seu valor corrente em dólares dos EUA, o mesmo é a soma do valor acrescentado bruto por todos os produtores residentes na economia mais quaisquer impostos sobre os produtos e menos quaisquer subsídios não incluídos no valor dos produtos. É calculado sem fazer deduções para depreciação de ativos fabricados ou para o esgotamento e a degradação dos recursos naturais. Valores em dólares para o PIB são convertidos a partir das moedas nacionais, utilizando as taxas de câmbio oficiais no ano referente. Para alguns países onde a taxa de câmbio oficial não refletem a taxa efetivamente aplicada às operações reais de câmbio, é utilizado um fator de conversão alternativa. Já o indicador do Investimento utilizado, ou seja, a Formação Bruta de Capital Fixo se refere ao seu montante também em medida de dólares dos EUA, ele é composto por gastos com adições aos ativos fixos da economia mais variações líquidas no nível de estoques. Os ativos fixos incluem melhoramentos de terrenos (infraestrutura); instalações, máquinas, equipamentos e compras; e a construção de estradas, ferrovias, e semelhantes, incluindo escolas, escritórios, hospitais, habitações residenciais privadas e edifícios comerciais e industriais. Estoques são estoques de bens detidos por empresas para atender às flutuações temporárias ou inesperadas na produção ou de venda, e "work in progress". Além disso, as aquisições líquidas de objetos de valor, também são consideradas formação de capital.

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