A INDÚSTRIA ALEMÃ DE MÁQUINAS IMPRESSORAS SOB PERSPECTIVA...

Por Alysse Cândido Rodrigues Soares | 08/11/2016 | Economia

A INDÚSTRIA ALEMÃ DE MÁQUINAS IMPRESSORAS SOB PERSPECTIVA DO DIAMANTE DE PORTER

Alysse Cândido Rodrigues Soares
Isabela Germano de Oliveira
Laura França Souza
Thais de Paula Rocha Marques

1 INTRODUÇÃO 

             O presente artigo examina o modelo de vantagem competitiva das indústrias globais, entre os diversos países, através do “diamante” de Porter. Tal diamante engloba em sua essência quatro determinantes, entre os quais estão as Indústrias correlatas e de apoio, Condições de fatores, Condições de demanda e Estratégia, estrutura e rivalidade e empresas. Esses determinantes se correlacionam e quanto mais determinantes tiverem na indústria, mais sólidas serão suas vantagens. A partir da análise teórica é realizado um estudo de caso que irá retratar as vantagens e os determinantes do “diamante” na indústria de máquinas e impressoras alemãs. 

2 A VANTAGEM COMPETITIVA DAS NAÇÕES: O DIAMANTE DE PORTER 

2.1 Determinantes da vantagem competitiva nacional

“As maneiras pelas quais as empresas podem criar e manter a vantagem competitiva nas indústrias globais proporcionam a base necessária para o entendimento do papel da nação sede nesse processo” e, como entende-se que essa função tem certo grau de complexidade, é preciso buscar uma nova maneira de entender este privilégio operacional, que pode ser dada a partir de algumas etapas importantes. (PORTER, 1989, p. 85).

            O primeiro passo é assumir que há uma notável diferença entre a natureza da competição e as fontes de vantagem competitiva entre as indústrias, a fim de abandonar a ideia de dependência de uma única fonte, como custos de mão de obra, por exemplo. O segundo é aceitar que determinadas atividades na cadeia de valores, que são desempenhadas por competidores de todo o mundo, na verdade ocorrem com frequência fora de seu país-sede, para que seus bens sejam desenvolvidos e, por último, o terceiro passo é entender que essas empresas mantêm suas vantagens em relação às demais através de uma série de melhorias, inovações e aperfeiçoamentos. Com o intuito de obter vantagens competitivas em relação às demais empresas do seu segmento industrial, é necessário que se saiba diferenciar as características do público alvo de cada economia e suas necessidades de consumo. Além disso, esse passo é fundamental para estabelecer novos mercados, com novas tecnologias. (PORTER, 1989).

            Entre os determinantes que são capazes de pressionar as firmas quanto ao investimento e inovação é possível destacar a posição do país nos fatores de produção, a natureza da demanda interna, a estratégia, estrutura e rivalidade das empresas, e a presença de indústrias abastecedoras e correlatas, que juntos formam uma espécie de “diamante” que serve como base para aumentar a probabilidade de êxito do país, junto a outras medidas. (PORTER, 1989).

            A teoria clássica do comércio tem como base os fatores de produção em razão de seu papel de estabelecer as vantagens competitivas entre as nações e, portanto, sua capacidade de aumentar os rendimentos. Os fatores podem ser básicos (incluem recursos naturais) ou adiantados (que incluem a moderna infraestrutura de comunicação) e são descritos, por exemplo, como terra e trabalho, mas são capazes de serem agrupados em categorias como recursos humanos, recursos físicos, recursos de conhecimentos, recursos de capital e infraestrutura. Assim, diante dessas classificações é necessário lembrar que há uma hierarquia em meio a esses diferentes fatores e que o fato de se deter fatores não significa um crescimento econômico contínuo, uma vez que as eventualidades e mudanças no padrão de consumo devem ser levadas em conta. (PORTER, 1989).

            Os fatores mais relevantes para obtenção de “vantagem competitiva superior e mais sustentável” podem ser exemplificados de maneira simples, levando em consideração a transferência de conhecimento entre famílias, ou complexa, quando envolvem investimentos governamentais. (PORTER, 1989, p. 97). Em contrapartida, existem também desvantagens dentre os recursos, que podem surgir tanto pela falta de insumos básicos para a produção, ou pela falta de conhecimento, ou tecnologia, para saber administrar melhor os.

            Outro determinante das vantagens são as condições de demanda, que são capazes de influenciar o ganho de vantagens por meio de sua composição, tamanho, nível de internacionalização e capacidade influência, isto é, incluem não só questões quantitativas, como também as qualitativas. Analisando sua composição interna, podem ser observadas três características que são capazes de influenciar na vantagem competitiva nacional a primeira é a estrutura da demanda do segmento, a segunda é a determinação da atenção e das prioridades das empresas de um país e a terceira são as necessidades iniciais do comprador, onde as carências internas rigorosas beneficiam as vantagens competitivas se forem indícios da necessidade de outros lugares. (PORTER, 1989).

            Quanto ao tamanho da demanda interna e seus padrões de crescimento, pode-se dizer que são, para algumas economias, tanto um meio de fortalecimento que sustenta o comércio internacional, quanto uma forma de carência quando seu mercado é limitado e, portanto, passa exercer um papel vantajoso com maior influência interna do que externa. Porém, mesmo que o mercado interno tenha pontos fortes e fracos, existem outros determinantes que são capazes de estimular o investimento ou dinamismo, como o número de compradores independentes, que em conjunto tem a capacidade de criar um ambiente mais favorável à inovação, a taxa de crescimento da demanda interna, dada em função da rapidez com que o mercado está crescendo, revelando a capacidade das empresas do país em adotar novas tecnologias, A demanda interna inicial, que ajuda as empresas locais agirem antes das rivais estrangeiras, a fim de consolidarem-se em uma indústria e a saturação precoce, que força as firmas locais a continuarem sua inovação e aperfeiçoamento, podendo incentivar as empresas a buscarem mercados externos a fim de manter o crescimento ou maximização de seu lucro. (PORTER, 1989).

            Os níveis de internacionalização da demanda interna podem ser considerados como elementares na decisão do investimento. Dentre os mecanismos pelos quais essa procura se internacionaliza, podemos destacar o papel dos compradores locais móveis, que geralmente são clientes fiéis em mercados estrangeiros, tornando-se uma oportunidade para que empresas nacionais se estabeleçam no exterior e as influências sobre as necessidades dos outros países, que funciona através do repasse das necessidades locais a compradores estrangeiros, por meio de políticas, ou treinamentos de funcionários, por exemplo. Ainda dentro do segmento de demanda interna, é possível verificar o papel da influência mútua que reforça o papel do “diamante”. (PORTER, 1989). 

2.2 Indústrias correlatas e de apoio

         Segundo Porter (1989), a indústria de um país apresenta como terceiro determinante da vantagem nacional, a participação de indústrias de abastecimento e correlatas, sendo essas internacionalmente competitivas. As indústrias com vantagens competitivas internacionalmente, que se caracterizam por serem fornecedoras, confirmam as vantagens potenciais às empresas do país em outras empresas, pois produzem insumos muito utilizados e de alta significância para a inovação ou para a internacionalização.

            Para tanto, os instrumentos pelos quais a vantagem competitiva em indústrias fornecedoras e correlatas favorecem as outras indústrias, se assemelham. As vantagens competitivas que envolvem a presença de indústrias fornecedoras em país estrangeiro, iniciam-se pelo acesso eficiente, antecipado, rápido e em algumas vezes pelos insumos economicamente rentáveis. Esses fatores têm como resposta o preço atraente, além de serviços eficientes em cada setor. (PORTER, 1989).

De acordo com Porter (1989, p.121), 

O simples acesso ou disponibilidade de máquinas ou insumos, porém, não é a vantagem mais significativa de ter uma indústria abastecedora de êxito internacional situada no país, mesmo que tal vantagem seja desfrutada desde o início. Na competição global, os componentes, a maquinaria e outros insumos estão disponíveis em mercados globais e a disponibilidade é muito menos importante do que a eficiência na utilização dos insumos. 

         A vantagem competitiva surge quando se tem estreitas relações de trabalho entre os fornecedores da classe mundial e da indústria, pois as empresas possuem acesso fácil às informações, às ideias e conhecimentos, além das inovações dos fornecedores que proporcionam uma coordenação constante, considerando o processo de inovação e aperfeiçoamento benefício mais significativo dos fornecedores internos. (PORTER, 1989).

            Porter (1989, p.121-122) aponta que as vantagens são fortalecidas quando os fornecedores estão localizados perto das empresas, reduzindo os caminhos para a comunicação, transmissão de informações. Porém, o autor afirma que “ter uma indústria fornecedora competitiva interna é preferível a recorrer a fornecedores estrangeiros, mesmo que sejam bem qualificados”.

         A vantagem máxima de uma empresa em um país ocorre quando os fornecedores também se mostram como competidores globais para assim organizar os meios e aperfeiçoar a própria vantagem proporcionando a tecnologia necessária a seus clientes nacionalmente, lembrando que os fornecedores internos, nesses casos, são importantes fontes de informação e conhecimento, favorecendo a vantagem competitiva nas indústrias que têm alguma ligação com a indústria local. (PORTER, 1989)

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