A INCLUSÃO DO AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM ESCOLAS PÚBLICAS...

Por Suzete Gomes Pereira | 04/10/2016 | Educação

A INCLUSÃO DO AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS

IDENTIFICAÇÃO:

AUTORES: DARTILEY DONATO CAMPOS DA FONSECA CO-AUTORES: LÉIA JOVIÔ DA SILVA SIRLENE DAVINA DA CONCEIÇÃO FREITAS SUZETE GOMES PEREIRA MARLETE NEVES DA CRUZ

 

 Resumo

No Brasil não existe a preocupação ao atendimento de crianças autistas, há uma total desatenção para com a formação adequada de profissionais das áreas de medicina, psicologia, pedagogia, fonoaudiologia, entre outras. No currículo destes cursos, as informações sobre autismo são pobres e obsoletas, o que por sua vez impede que o trabalho de investigação diagnóstica e intervenção ocorram em tempo hábil. A escola recebe uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras sociais e se adaptar, esse comportamento é logo confundido com falta de educação e limite. E por falta de conhecimento alguns profissionais da educação não sabem reconhecer e identificar as características de um autista. É importante que a escola saiba diferenciar e encaminhar para um profissional capaz de realizar o diagnostico. Diante do diagnostico e o resultado do PEP-R, o professor poderá criar um plano de ensino para aquela criança, com conteúdos próximos a idade global do autista. Não devemos pensar no autismo como algo distante e condenado ao isolamento em escolas especializadas. Existem muitas coisas que podem ser feitas pelo autista, a principal é acreditar que ele tem potencial para aprender, é preciso saber que ele enxerga o mundo de forma diferente, mas vive no nosso próprio mundo, e cabe a nós não deixá-lo ficar fora da escola e privado do convívio social.

INTRODUÇÃO

O preconceito, a arrogância e a incapacidade de aceitar diferenças são traços marcantes na história dos povos e dos homens, mesmo depois de construída uma civilização altamente complexa, tecnológica, racional, tem que conviver com a miséria absoluta e a violência explosiva. Pessoa autista muitas vezes não entende a mensagem quando o professor está acreditando que ele esteja entendendo, causando assim uma reação de agressividade ou de falta de iniciativa (ARAÚJO, 2000). O autista é incapaz de se organizar ou impor limites a seu próprio comportamento e não tem noção das regras sociais. Isto pode resultar na tentativa de “chamar a atenção” dos outros de forma inapropriada ou de preferir ficar isolado. Inclusão, essa é uma palavra que precisa ser bem mais definida e mais praticada. Não há razão para que alguém seja de antemão descartado, isolado, oprimido ou negado. Inovar não tem necessariamente o sentido inusitado. As grandes inovações estão muitas vezes na concretização do óbvio, do que é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem outras resistências, se não aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades. A inclusão de portadores de autismo é uma inovação, cujo movimento tem um aspecto muito polêmico nos meios educacionais e sociais, entretanto, inserir alunos autistas de qualquer grau, no ensino regular, é garantir o direito de todos à educação (CALDEIRA, 2005). A presença de alunos autistas, em uma sala de aula comum, é uma situação rara nas escolas de ensino regular, porém, as possibilidades de se conseguir progressos significativos desses alunos na educação por meio de adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes são bastante representativas. Entendemos como educação inclusiva, uma proposta de tornar a educação acessível a todas as pessoas, ou seja, refere-se à aceitação e à participação de todos, embora tenha como prioridade, a inclusão de pessoas portadoras de autismo no contexto social. Observamos que, quando se fala em educação para portadores de necessidades educativas especiais, em especial o autismo só se destaca escolas e instituições especializadas, tais como associação de pais e amigos dos excepcionais – APAE e a Sociedade Pestalozzi. Para confecção deste trabalho, numa primeira fase, com relação aos procedimentos técnicos realizados, foi feita uma pesquisa bibliográfica e qualitativa com o propósito, conhecer as diferentes formas de contribuição científica existente sobre o tema. O problema encontrado é: De que modo as escolas públicas e privadas respondem às necessidades de cada um de seus alunos de acordo com suas especificidades, sem cair na teia da educação especial e suas modalidades de exclusão? A hipótese levantada para a resposta do problema é a necessidade da formação pedagógica para o corpo docente, no sentido de prepará-lo para exercer sua docência com mais domínio e segurança. Este problema motiva a busca de respostas para as seguintes questões: • Qual a importância da inclusão de portadores de autismo, nas escolas normais? • Quais as qualificações necessárias para o corpo docente atuarem na escola inclusiva? A escolha pelo tema deu-se que pela mesma motivação que optei na formação em pedagogia, o fato de ter uma pessoa próxima na família autista, assim pude entender melhor sobre o conceito da síndrome, e também contribuiu para melhor lidar com essa pessoa. O objetivo geral deste trabalho é mostrar que pessoas portadoras de autismo podem e devem se adaptar ao meio social e comunicativo, promovendo a busca pela sociabilidade e independência, identificando e estabelecendo formas de reconhecimento do autismo. Sendo o objetivo específico desenvolver algumas ações práticas na convivência diária com pessoas autistas, incentivando o desenvolvimento de habilidades de trocar objetos para se comunicar. O que é Autismo Autismo é um nome dado a um padrão de comportamento produzido de forma complexa, como um resultado final de uma longa sequência de causas. É uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas, que agrupados, recebem a denominação de autismo (CALDEIRA, 2005). Conforme foi dito, o autismo é classificado como um transtorno invasivo do desenvolvimento que envolve graves dificuldades ao longo da vida nas habilidades sociais e comunicativas, além daquelas atribuídas ao atraso global do desenvolvimento do comportamento e interesses limitados e repetitivos. Ambos os diagnósticos mais utilizados requerem a identificação de anormalidades no desenvolvimento da criança, antes da idade de 36 meses. Também conhecido como uma alteração “cerebral” “comportamental” que afeta a capacidade da pessoa comunicar, de estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente que a rodeia o autismo está presente em algumas crianças que, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, algumas apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes atrasos no desenvolvimento da linguagem (ARAÚJO, 2000). Alguns parecem fechados e distantes e outros parecem presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. O autismo é mais conhecido como um problema que se manifesta por um alheamento da criança ou adulto acerca de seu mundo exterior, encontrando-se centrado em si mesmo, ou seja, existem perturbações das relações afetivas com o meio. A maioria das crianças não fala e, quando falam, é comum à ecolalia (repetição de sons ou palavras), inversão pronominal etc. O comportamento delas é constituído por atos repetitivos e estereotipado, não suportam mudanças de ambiente e preferem um contexto inanimado. O termo autista se refere às características de isolamento e auto concentração das crianças. O autista possui uma incapacidade inata para estabelecer relações afetivas, bem como para responder aos estímulos do meio. É universalmente conhecida a grande dificuldade que os autistas têm em relação à expressão das emoções. Muitas descrições e revisões científicas foram realizadas a respeito dos conceitos de Autismo. Em 1943, o psiquiatra Leo Kanner observou e descreveu 11 crianças que apresentavam um quadro clínico peculiar: o principal sintoma era uma incapacidade para se relacionar com outras pessoas e situações. Entre as características observadas, destacavam-se a ausência de movimento antecipatório, a falta de aconchego ao colo e alterações na linguagem, como a ecolalia, a descontextualização do uso das palavras. Apesar disso, esse grupo ainda mostrava indícios de bom potencial intelectual e os pais das mesmas foram descritos como extremamente intelectualizados e pouco afetuosos. O Autismo descrito por Kanner (1943), que o nomeou inicialmente como “distúrbio autístico do contato afetivo”, foi concebido como um distúrbio primário semelhante ao descrito para a Esquizofrenia. A diferença estava no fato de a criança com Autismo não realizar um fechamento sobre si mesmo, mas buscar estabelecer uma espécie de contato bastante particular e específico com o mundo. A Esquizofrenia Infantil estaria relacionada a casos cujo quadro clínico se configuraria mais tarde, pois se trata de uma desestruturação da personalidade subsequente a uma fase de desenvolvimento aparentemente estável. Mahler (1972) definiu o Autismo como psicose simbiótica, atribuindo a causa da doença ao mau relacionamento entre mãe e filho. Os organicistas se baseiam na hipótese levantada por Kanner de que crianças que apresentam o quadro autista na verdade tem uma incapacidade inata para desenvolver o contato afetivo. Este caráter inato poderia estar relacionado a déficits em diferentes níveis comportamentais, afetivos e de linguagem, os quais estariam relacionados a alguma disfunção de natureza bioquímica, genética ou neuropsicológica. Dentre os autores desta vertente, chamada de psicodinamicista, destacam-se Melanie Klein (1955), Margareth Mahler (1989) e Francês Tustin (1990), que tomam a psicanálise como eixo central. A psicanálise tem como fundamento o determinismo psíquico, que atribui as causas do comportamento anormal à esfera psíquica e tem como objeto de estudo as representações mentais. Para estas autoras, apesar de enfatizarem diferenças quanto às suas postulações teóricas acerca deste transtorno, o Autismo seria um quadro clínico que se constituiria como expressão de um quadro de psicose. Esta diferenciação entre organicistas e psicodinamicistas contribuiu para que as formas de tratamento também fossem distintas: para os primeiros, o tratamento deveria ser de origem mecadimentosa e comportamental, enquanto para os segundos o ideal seria indicações de psicoterapias para os pais. Para Gauderer (1977), esta é uma desordem comportamental e emocional, devido a algum tipo de comprometimento orgânico cerebral, e não de origem psicogênica.

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