A importância dos jogos pedagógicos na educação infantil como possibilidade de superação do racismo

Por Cira Alves martins | 04/11/2020 | Educação

A importância dos jogos pedagógicos na educação infantil como possibilidade de superação do racismo

 

                                                                                                                                    Cira Alves Martins.

 

Resumo

A infância trata-se de uma fase perpassada por inúmeras oportunidades de aprendizagens e é ao mesmo tempo, uma fase da vida marcada pela presença do lúdico que por meio dos jogos e das brincadeiras, atua como mediatizador da aprendizagem. O artigo tem por objetivo evidenciar a importância dos jogos pedagógicos na educação infantil, como possibilidade de superação do racismo, tendo em vista que a criança ao brincar, utiliza do simbolismo para demonstrar os valores que vão sendo construídos pela vivência e socialização com seus pares. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa bibliográfica, embasada no pensamento de alguns autores que legitimam os jogos pedagógicos como elementos fundantes que perpassam a educação. Como resultado, temos que todo ato educativo é intencional e que os jogos pedagógicos ao serem utilizados como processo educativo permite à criança a construção do sentimento de alteridade que anula toda e qualquer forma de preconceito. 

Palavras Chave: Educação Infantil Jogos Pedagógicos, Superação do Racismo.

Introdução

Partindo da idéia de que a educação consiste em mecanismo de transformação humana, o ser humano, desde o seu nascimento está em pleno processo educativo. Na modernidade, a escola se apresenta como lócus privilegiado de desenvolvimento da educação formal, razão pela qual a criança é inserida no contexto educativo por meio desta instituição.

A compreensão de Porto (1987), é a de que a educação se constitui em um fenômeno que vai além daquela oferecida pela instituição escolar. Ou seja, ela ocorre em diferentes instâncias sociais e alcança dimensões diferenciadas. Assim, a educação garante a inserção de alguns  elementos que são transmitidos de geração a geração, não contemplados no ensino formal nas relações cotidianas do convívio social e que é desenvolvido pela família e na convivência com a comunidade.

Nesta direção,

A educação consiste em um processo anterior e muito mais amplo do que aquele desenvolvido pela escola; ela se dá em todas as instâncias sociais na família, na igreja, no local de trabalho, no lazer de forma difusa ou sistemática, com vistas a transmitir às novas gerações, crenças, idéias e valores, o saber comum, os modelos de trabalho, as relações entre os membros, o modo de vida de cada sociedade ou grupo social, enfim a forma peculiar como estes entendem e materializam seu dia-adia (PORTO, 1987: 36).

É evidente que a educação comunica normas sociais de comportamento, valores e atitudes que de forma explícita ou implícita, mediante relação com os aspectos culturais de cada sociedade vão sendo construídos os valores e os preconceitos como é o caso do racismo. Os valores, contudo, veiculados pela prática do lúdico, pelos jogos pedagógicos e brincadeiras, são por vezes, conflitivos, diferentes, antagônicos, contudo se apresentam como educativos.

Em cada grupo social, mesmo na infância, indivíduos agem distintamente, em conformidade com a perspectiva de seu ambiente, ditada

[...] por gestos manuais, suas habilidades e seus estratagemas, e pela enorme gama das condutas que abrange, desde o saber-fazer até a astúcia. Mas, se há um conflito latente entre os diferentes grupos sociais produzido principalmente pelo grau de coerção que um exerce sobre o outro, a tendência é de que aqueles que pertencem a uma instância de poder tentem legitimar sua forma político-social de compreender o mundo àqueles que são vistos à margem do processo construtivo de identidade. (CERTEAU, 1994: 156).

É nesta perspectiva que a criança aprende de alteridade, uma palavra antecedida pelo prefixo alter, que do latim, e significa se colocar no lugar do outro, na relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e no diálogo com o outro, possibilidade mediatizada pelos jogos pedagógicos.

No dia a dia, a prática da alteridade se conecta aos relacionamentos tanto entre indivíduos, como entre grupos culturais, religiosos, científicos, étnicos, etc. Na relação alteritária estão sempre presentes os fenômenos holísticos da complementaridade e da interdependência, no modo de pensar, de sentir e de agir, onde o nicho ecológico, as experiências particulares são preservadas e consideradas, sem que haja a preocupação com a sobreposição, assimilação ou destruição destas (DUSSEL, 2006).

A prática desenvolvida pela escola junto à educação infantil e mediatizada pelos jogos pedagógicos, pelo lúdico e pelas brincadeiras deve buscar priorizar o reconhecimento das alteridades, ponto comum das filosofias da libertação, caracteriza-se pela passagem diacrônica que parte do ouvir a palavra do outro até chegar à interpretação intersubjetiva do sentido posto pelo outro, como preconiza a ética humana.

Em consonância com o pensamento de Dussel (2006) é possível compreender que mediante prática dos jogos pedagógicos na infância, é possível superar o racismo, uma vez que a criança em conjunto com seus pares, aprende a ouvir, ouvindo-o-outro, não somente se ancorando em sua individualidade, mas compreendendo-se após uma temporalidade diacrônica, em que o assumido resgata o escutado e se expressa na palavra da aceitação alterada (de alteridade).

Compreendendo o Fenômeno

Ao longo da construção da profissionalidade da pesquisadora, muitas reflexões tem povoado o constituir-se professora da Educação Infantil, função que desenvolve a treze anos. Um construir profissional de professora negra, moradora em região pantaneira, e, portanto, experienciando diversidades culturais e diversidades de manifestações. Em meio a essa diversidade e no constituir-se professora sempre tive inquietação sobre a questão do racismo que acontece no meio das crianças, que conforme várias análises e pontos de vistas passam despercebidos. Talvez este não seja ao termo correto, mas o que desejo expressar é que parece não haver interesses em trabalhar sobre o tema. 

É possível observar que nos diálogos produzidos na escola em rodas de conversa, a afirmativa é que não há preconceito com crianças negras, desse modo, muitas escolas deixam de trabalhar sobre a temática. Os estudos sobre pensamento e diversidade buscam a compreensão sobre a identidade negra e a inserção deste grupo em todos os aspectos da sociedade. Na atualidade, na produção do ensino e da aprendizagem na modalidade da educação infantil, como essa temática é tratada? Ou, como as crianças negras são tratadas dentro do estabelecimento de ensino? 

Compreendo que, é na educação infantil que se começa a educar para o convívio social, nessa perspectiva, a Educação Infantil deve atuar como referência positiva para todos, inclusive para os afrodescendentes tão injustiçados ao longo da história, por isso a necessidade de abordar a temática sobre o Racismo desde a primeira etapa da educação básica a educação infantil.

Esta investigação contribuirá para construção de uma identidade negra positiva, tendo em vista que as práticas preconceituosas e racistas se apresentam nas unidades escolares desde cedo, não escolhendo turma e idade. E essas situações muitas vezes, são esquecidas ou tidas como comportamentos naturais por parte da criança. Além disso, as crianças afrodescendentes não têm referências negras positivas e crescem com ideia equivocada de que são inferiores em vários aspectos, principalmente, no que se refere à intelectualidade.

Focar o trabalho dessas relações na educação infantil se faz necessário, pois os primeiros anos de vida são primordiais na construção do caráter e da identidade sociocultural da criança, partindo-se do pressuposto de que é nos primeiros anos de vida da criança que esses valores começam a ser incorporados.  Munanga (2008.p.14) compreende que as atitudes preconceituosas não se aplicam apenas a pessoas ignorantes, pois o preconceito é produto de culturas humanas.

Ainda segundo Munanga (2008.p.15) destaca que: 

O grande desafio da educação como estratégia na luta contra o racismo reside no fato de que á lógica da razão cientifica, apesar de ser importante nos processos formativos e informativos, ela não modifica por si o imaginário e as representações coletivas negativas que se tem do negro e do indígena na nossa sociedade. Ou seja, o desafio maior para os educadores é descobrir e inventar técnicas e linguagens capazes de superar os limites da pura razão e de tocar no imaginário e nas representações.

Por isso é de suma importância além da aplicabilidade da Lei Nº10.639/03, também o uso de jogos pedagógicos a partir da educação infantil, como forma de iniciar desde cedo uma militância que desconstrua o racismo construída há séculos na sociedade brasileira e proporcionar uma formação adequada as nossas crianças. É preciso descontruir a imagem errônea do negro na sala de aula e na sociedade. 

Dessa forma enfatiza-se que é importante a participação e percepção do professor para perceber se a criança esta agindo de forma racista na sala de aula, e então intervir de forma  pontual, trabalhando a autoestima da criança negra e praticando um currículo participativo. Na mesma direção, importante se faz destacar a importância da produção de materiais para apoio ao docente é necessária, pois é desejável que ele produza, a partir de seus conhecimentos e experiências, e das realidades e coletivos humanos com que interage, com isso torna melhores alternativas didáticas e metodológicas para sua intervenção. 

Para Perrenoud, (1999, p.12), a prática reflexiva quer compreender para regular, aperfeiçoar, ordenar, fazer evoluir uma prática particular a partir do seu interior . Para isso, o docente precisa ter disponíveis informações e fontes de pesquisa adequadas e acessíveis.

Para Morin, (2005): 

O pensamento contextual busca sempre a relação de inseparabilidade e as inter-retroações entre qualquer fenômeno e seu contexto, e deste com o contexto planetário. O complexo requer um pensamento que capte relações, inter-relações, implicações mútuas, fenômenos multidimensionais, realidades que são simultaneamente solidárias e conflitivas, que respeite a diversidade, um pensamento organizador que conceba a relação recíproca entre todas as partes.

 

Sendo assim, a partir do pressuposto de que, é na Educação Infantil que a formação social, cultural e intelectual do indivíduo começa a ser trabalhada, evidencia-se a importância do papel da escola e da organização de seu currículo, pois é através desses arcabouços educacionais que os conteúdos serão introduzidos, a fim de contribuir para a formação do educando. No entanto, é perceptível que tal currículo necessita de uma visão diferenciada, visto que, para se atingir uma formação cidadã é necessária uma educação para as relações étnico-raciais. E a educação cidadã ela perpassa pela valorização de atitudes solidárias para com os outros, pela preservação do coletivo, pelo cultivo da tolerância, do combate a preconceitos e do aprendizado com base nas diferenças.

Os Jogos pedagógicos como aliados na superação do Racismo e do Preconceito 

No campo da educação é consenso que o jogo pedagógico tem um papel fundamental no desenvolvimento do processo cognitivo da criança, uma vez que através dele o educando pode vivenciar diversas formas de aprendizagens. Mediante prática do jogo pedagógico a criança aprende desafiar seus próprios limites, podendo experimentar os mais diversos estímulos em sua caminhada de maturação. (FORTUNA, 2013b).

Na prática, a concepção hegemônica de pedagogia sempre preconizou o controle da aprendizagem e a diretividade do ensino, exigindo do professor a onisciência e a certeza em relação aos processos de ensinar e aprender. Jogar é uma aposta. Isso se traduz em incerteza e requer consciência dos riscos. Adotar a pedagogia do brincar implica em proclamar uma revolução lúdica.

Fortuna (2013a), afirma que se faz importante esclarecer que defender o brincar na escola não significa negligenciar a responsabilidade sobre o ensino, a aprendizagem e o ensino.

Por meio de jogos pedagógicos, a criança se envolve por inteiro na brincadeira que provoca o interesseem se relacionar com o espaço e com o outro que está participando, criando assim, curiosidade em aprender como se joga. Por isso, é relevante distinguir com clareza o papel do professor em relação aos jogos pedagógicos, sobretudo suas atitudes perante o jogo são fundamentais para que a aula seja lúdica e muito interessante para a criança.

É mediante o desenvolvimento de jogos pedagógicos, principalmente os jogos de regras, o educador pode criar situações-problemas que sugere atividade espontânea da criança com base na qual as suas mentalidades se desenvolve á medida que constatam erros ou falhas adotadas pelos jogadores. Segundo Macedo (2005 p.106) “praticar jogos e refletir sobre suas implicações ajuda a recuperar o espírito do aprender que está escondido nos conteúdos escolares.

            Considerar o jogo pedagógico no ensino do ponto de vista pedagógica significa proclamar uma verdadeira revolução, já que a concepção hegemônica de ensino sempre teve controle da aprendizagem e a direção de ensino, exigindo do professor seguir a risca um currículo programado nos processos envolvidos no que ensinar e no que aprender. Como se pode perceber dentro de uma nova perspectiva, a pedagogia do brincar implica uma autêntica revolução lúdica. O fato é que, nesse novo desafio o jogo pedagógico como um dos mecanismos na aprendizagem da criança é que está o prazer podendo transbordar para outras atividades escolares, e tornar a aula  bastante atrativa e significante.

            Na perspectiva de Macedo, Petty e Passos (2005 p.106) afirmam que: ”é como se o espírito de jogo influenciasse diretamente o ambiente da sala de aula, favorecendo a aprendizagem e situando os alunos efetivamente como sujeitos da aprendizagem”. De toda a forma, na aula com jogos pedagógicos, cabe ao professor de cuidar da brincadeira, impedindo que se tornasse um jogo didático perdendo sua dimensão lúdica.

            Diante do exposto, é importante o professor estar bastante atento, nem intrusivo, tampouco omisso, entretendo, sua intervenção deve ser aberta, baseada na provocação e no desafio. O professor, sem corrigir ou determinar as ações dos alunos, ele problematiza, apoiando-os em sua realização (FORTUNA, 2012 ).

            No dia a dia, a criança ao se envolver com atividades lúdicas, é como se a brincadeira transbordasse do meio escolar para o cotidiano da criança tornando-a efetivamente sujeito de sua própria aprendizagem capaz de conhecer a sua identidade.

            Educar não se limita a repassar informações ou passar apenas um caminho, aquele caminho que o professor considera o mais correto, mas ajuda a pessoa a tomar consciência de si mesma dos outros e da sociedade. É acreditar-se como pessoa e saber aceitar os outros. O âmbito escolar trem o papel de reconhecer vários mecanismos para que a criança tenha autonomia para escolher entre muitos caminhos, aquele que for de acordo com seus valores e sua visão de mundo, desse modo estará preparando para a vida e o jogo lúdico embora com regras é um produto que permite a inserção da criança na sociedade com seu cognitivo desenvolvido na afetividade, no físico e no intelectual. Vygotsky (1084), visualiza a aprendizagem como um processo social, a interação com o adulto e a linguagem fase o desenvolvimento cognitivo acontecer.

            No processo vocacional infantil, o professor tem o papel muito importante na construção do conhecimento da criança. É de suma importância que ele crie ambiente saudável com diversos materiais e participe das brincadeiras afazendo a mediação do mesmo.

               Vygotsky (1989) ainda afirma que:

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de agir numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos. (VIGOTSKY, 1984, p.109).

              Entende-se, a partir dos princípios aqui expostos, que o professor deve contemplar a brincadeira como princípio norteador das atividades pedagógicos possibilitando encontrarem através das manifestações corporais significados pelo lúdico na relação que a criança não mantem com o meio.

             Nesse discurso, o jogo como prática pedagógica, propicia tanto para o professor como para a criança um ambiente favorável em construir conhecimentos e ser dialogarem com clareza e confiança. O jogo, compreendido sobre ótica do brinquedo e da criatividade, deverá encontrar espaço para ser entendido como educação conforme o professor compreender melhor sua capacidade e potencial de contribuir para com o desenvolvimento da criança.

            Segundo Jean Piaget:

Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais apropriados, mas o essencial é que, para que uma criança entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado aquilo que permitimos que descubra por si mesmo permanecerá com ela. (PIAGET, 1946)

É importante ressaltar que o professor deverá registrar as ações lúdicas a partir da: Observação, registro no caderno de campo; análise e tratamento. Também é possível fazer o mapeamento da criança na sua trajetória durante sua participação dentro de um jogo ou de uma brincadeira, buscando desse modo entender e compreender melhor suas ações e fazer intervenções, diagnosticar mais seguramente ajudando o indivíduo ou o coletivo.

Com isso podendo definir as ações lúdicas mais adequadas para cada criança envolvida, dessa forma respeitando assim a individualidade de cada ser humano e da sua criatividade, isso tudo no brincar espontâneo.

         Já no brincar dirigido o professor pode propor desafios a partir das escolhas dos jogos, brinquedos ou brincadeiras determinado por ele. Os jogos orientados devem ser feitos de modo claro que promova acesso a aprendizagem em todas aas áreas de conhecimento. E ajudar também no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

        Para Almeida (1987)

A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um dia, um animador, um líder-alguém muito consciente que se preocupe com ela e a que a faça pensar tomar consciência de si e do mundo e que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ele uma nova história e uma sociedade melhor. (ALMEIDA, 1987, p.195).

O professor tem o papel de observar, anotar todas e quaisquer informações sobre as brincadeiras das crianças, para ajudá-la a enriquecer seu aprendizado. O professor precisa participar diretamente das brincadeiras sempre que possível, e aproveitar a oportunidade de questioná-las sobre a brincadeira, dessa forma estará estimulando a imaginação da criança.

         Considerando que brincando, a criança desenvolve potencialidade; ela compara, analisa, nomeia, mede, associa, calcula, classifica, compõem, conceitua e cria. O jogo e a brincadeira traduz o mundo para realidade infantil, possibilitando a criança a desenvolver sua inteligência, sua sensibilidade, habilidade e a criatividade, além de aprender e socializar com outras crianças e adultos.

        Fontoura (2013a), destaca que:

É necessário encontrar o equilíbrio sempre móvel entre o cumprimento das funções pedagógicas (ensinar conteúdo e habilidades, ensinar a aprender) e psicológicas (contribuir para o desenvolvimento da subjetividade, para a construção do ser humano autônomo e criativo). Tudo isso na moldura do desempenho das funções sociais (deparar para o exercício da cidadania e da vida coletiva, incentivar a busca da justiça social e da igualdade com respeito à regras diferença), sem negligenciar aquilo que caracteriza a ludicidade propriamente dita. (FONTOURA, 2013, p. 30)

            Nesta perspectiva durante as interações proporcionadas pelos jogos e brincadeiras e que se desenvolve o respeito mutuo entre educador e educando e entre os próprios educandos, dentro de um clima afetivo em que ela tem a oportunidade de construir seu conhecimento social, físico e cognitivo, estruturando sua inteligência e interação com o meio a qual esta inserida.

             Muitos são as habilidades reforçadas pelos jogos, como a cooperação, comunicação eficaz, competição honesta, redução da agressividade. O brinquedo permite que a s crianças progridam até atingirem um nível de autonomia, maior que as demais crianças que não tem esta prática.

        Portanto, o jogo é de suma importância na vida da criança, é através dos jogos que vivencia inúmeras formas de aprendizagem, é jogando que a criança constrói seus valores e princípios que norteiam sua formação como individuo.

            Sendo assim o jogo é uma das estratégias para se trabalhar na educação infantil, servindo como alicerce para inserção da criança na sociedade. Muitos estudos mostram que os jogos são necessários na vida das crianças portadoras de necessidades especiais para o seus desenvolvimento psicomotoras.

            Nossa compreensão é a de que  o papel do professor e da escola é de ambos se adaptarem para receber esse aluno oferecendo condições para o seu pleno crescimento como indivíduo contribuindo efetivamente na sua aprendizagem. Ou seja, o docente deve incluir jogo na agenda educativa de todos os alunos com deficiência ou não sempre respeitando o ritmo de aprendizagem e as possibilidades de seus estudantes portadores de necessidades especiais.

Do ponto de vista educacional a escola contribui para o processo de inclusão lutando contra a discriminação, e o mesmo deve ser um espaço prazeroso de estar. Em suma a brincadeira possibilita vários ganhos para o desenvolvimento e aprendizagem de qualquer criança, abordando desenvolvimento e construindo aprendizagem da criança com deficiência. Através do brincar a criança pode desenvolver sua coordenação motora, suas habilidades visuais e auditivas e seus raciocínios crítico.

Considerando-se que a criança com deficiência intelectual apresenta dificuldades em assimilar os conteúdos abstratos faz-se necessário à utilização de um material pedagógico concreto, e de estratégias metodológicas práticas para que esse aluno desenvolva suas habilidades cognitivas e para facilitar a construção do conhecimento. Os jogos e brincadeiras são estratégias metodológicas que apresentam as duas características acima citadas. Proporciona a aprendizagem através de materiais concretos e de atividades práticas, onde a criança cria, reflete, analisa e interage com seus colegas e com o professor. (MAFRA, 2008, p. 4).

Partindo desse pressuposto é necessário destacar dois autores fundamentais que abordam a importância dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento cognitivo da criança de acordo com Vygotsky e Piaget esse recurso deve acompanhar toda a prática pedagógica, pois, além de proporcionar prazer e satisfação à criança este aguça a aprendizagem de modo seguro, pois aproxima de seu mundo infantil então os conteúdos abstratos ganham conceitos concretos, para toda criança em especial à aquelas que apresentam alguma necessidade especial.

Mafra (2008), defende uma a prática

Sócio construtivista- interacionista do jogo, ou seja, pensando-o como um meio de garantir a construção de conhecimentos e a interação entre os indivíduos; a possibilidade de trazer o jogo para dentro da escola é a possibilidade de pensar a educação numa perspectiva criadora, autônoma e consciente. (MAFRA,2008, p 5).

        

Sendo assim é necessário que todo profissional da educação (infantil, fundamental) faça o seu planejamento buscando inserir as brincadeiras e jogos para o desenvolvimento das habilidades psíquica, motora e social, das crianças pois estes recursos auxiliam na sua aprendizagem.    

Considerações Finais

         Considerar o jogo no ensino da educação infantil consiste em uma aposta positiva no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, em sua história, marcas muito fortes no que se refere à inserção dos jogos e brincadeiras em seu cotidiano. Muitas dessas marcas refletem e se reproduzem na prática pedagógica de boa parte dos educadores. A proposta desta investigação foi de contribuir na conscientização dos professores da Educação Infantil e fundamental numa perspectiva lúdica, direcionando um novo olhar para o “brincar” da criança, de forma a possibilitar a superação do racismo e do preconceito por meio de atividades lúdicas.

       As reflexões apresentadas, na presente investigação, se referem a alternativas metodológicas diferenciadas que possibilitarão ao professor tomar conhecimento da importância desses instrumentos no processo de ensino-aprendizagem para que, por meio do seu uso, possam interferir significativamente no desenvolvimento do educando, tornando os jogos situações propícias às aprendizagens e de superação ao racismo e as diferentes formas de preconceito.

         Desse modo, os jogos são situações em que a criança revela uma maneira própria de ver e pensar o mundo aprende a se relacionar com os companheiros, a trocar pontos de vista com outras perspectivas possíveis, a raciocinar sobre o dia-a-dia, aprimorar as coordenações de movimentos, enfim, compreendidos a sua importância, eles podem tornar-se uma atividade pedagógica indispensável à formação de conceitos.

         Logo, utilizar o jogo como um meio educacional é um avanço para a educação Infantil. Tomar consciência disto requer mudanças, o que nos leva a resgatar nossas vivências pessoais e incorporar o lúdico em nosso trabalho. Ainda há muito a ser aprendido e questionado, pois, o jogo oferece condições de sociabilidade, levando a criança a se organizar mutuamente nas ações e intensificando a comunicação e a cooperação. Permite ainda, a descoberta do ‘outro’ e isso repercute sobre a descoberta de si mesmo.

Diante desta pesquisa, evidencia-se que as atividades lúdicas, na escola possibilitam que sejam alcançados os objetivos educacionais que norteiam o trabalho pedagógico, como já foi comprovado por muitos pesquisadores, que as experiências adquiridas pelas crianças nos seus primeiros anos de vida, são fundamentais para o seu desenvolvimento em todos os aspectos. Neste sentido, a escola pode formar crianças que irão para a etapa de alfabetização, autônomas, críticas, criativas, ou ao contrário, dependentes, estereotipadas, com aversão ao trabalho escolar.

Portanto, a utilização dos jogos na Educação Infantil como alternativa metodológica eficaz para a formação de conceitos. Assim, espera-se que esta pesquisa possa servir de incentivo aos educadores que não utilizam o lúdico no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que se demonstrou a importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento de crianças na Educação Infantil.

Sendo assim, com este trabalho espera-se contribuir no sentido de sensibilizar o professor de trabalhar mediante o uso dos jogos pedagógicos na educação infantil no contexto de formação  da  crianças, de forma a evidenciar a importância da inserção das atividades lúdicas, no contexto escolar, e que estas não sejam deixadas em um segundo plano, ou apenas no período do recreio.

Espera-se, que este estudo possa servir de incentivo para os professores inovarem suas prática e que estes tenham, nos jogos e brincadeiras, aliados permanentes, possibilitando às crianças uma forma de desenvolver as suas habilidades intelectuais, sociais e físicas, de forma prazerosa e participativa, uma vez que os jogos e brincadeiras são de grande contribuição para o processo de ensino e aprendizagem.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

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MAFRA, Sônia Regina, O Lúdico e o Desenvolvimento da Criança Deficiente Intelectual.

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PIAGET, J.(1946). “A Formação do símbolo na criança”. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

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