A IMPORTÂNCIA DOS ESTÍMULOS E DA INTERAÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA
Por MADALENA MARTINS PEREIRA GEWEHR | 15/06/2022 | EducaçãoA IMPORTÂNCIA DOS ESTÍMULOS E DA INTERAÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA
GEWEHR, Madalena Martins Pereira
RESUMO
Este trabalho aborda a importância da interação e dos estímulos na primeira infância, para isso, enfatiza a importância de conhecer os aspectos do desenvolvimento infantil, pela necessidade de entender como ocorre o desenvolvimento na primeira infância. Traz também a discussão da primeira infância como um momento importante no desenvolvimento humano, uma vez que esse é um período crucial, onde os neurônios se expandem formando novas redes e conexões e que em períodos posteriores não acontecem tantas transformações e ligações como nessa fase. E, para auxiliar o trabalho com crianças de 0 aos 3 anos, são feitas divisões por períodos, cada um com suas características, sugerindo-se algumas atividades que podem contribuir com a promoção do desenvolvimento infantil. Através da busca por estudiosos que tratam sobre o desenvolvimento infantil dentro da primeira infância, por meio de pesquisa bliográfica, trazemos aqui uma contribuição no sentido de auxiliar o trabalho e o cuidado com crianças dentro dessa faixa etária.
Palavras-chave: Desenvolvimento. Primeira Infância. Interação. Estímulo
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INTRODUÇÃO
Este artigo é constituído de uma busca teórica que visou compreender a importância das interações e dos estímulos no processo de desenvolvimento infantil, para isso procuramos compreender como ocorre o desenvolvimento infantil na primeira infância e qual a importância desse momento do desenvolvimento infantil, bem como ocorre o desenvolvimento dentro de cada fase na faixa etária do 0 a 3 anos e ainda de que forma podemos contribuir para promover esse desenvolvimento. Para melhor discutir cada aspecto, este trabalho está dividido em três partes: primeiramente traremos considerações sobre o desenvolvimento infantil, depois abordaremos sobre a importância da primeira infância no desenvolvimento infantil e por fim traremos as principais características de cada fase dento do período do 0 aos 3 anos com algumas sugestões de atividades.
A busca por mais conhecimento sobre esse tema partiu da necessidade de compreender que trabalhar com crianças na primeira infância é muito prazeroso, porém não é tarefa fácil, não se trata só de cuidar ou fazer atividades sem objetivos específicos. É necessário que pais, cuidadores, professores, pedagogos e demais pessoas, que estão envolvidas com crianças dessa fase, conheçam as fases do desenvolvimento infantil, bem como as transformações pelas quais a criança passa e ainda o que é preciso fazer para promover seu desenvolvimento integral. É preciso reconhecer que a Primeira Infância é o momento do desenvolvimento humano mais importante, significativo e único, onde todos os sentidos da criança serão desenvolvidos. É o momento do desenvolvimento cognitivo, social, afetivo, emocional e linguístico. Mais precisamente na primeira infância, período do 0 aos 3 anos, a criança passa pelas principais experiências que definirão sua personalidade, sua percepção, seu modo de ver e ler o mundo.
Este artigo traz uma análise, por meio de uma minuciosa pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, dos aspectos do desenvolvimento infantil, visando a um aprofundamento desse tema na busca por um melhor entendimento dos aspectos e transformações que ocorrem nessa fase da vida humana. Tendo em vista um trabalho mais focado no desenvolvimento da criança, procuramos entender os processos e transformações ocorridas na primeira infância para então focar na promoção desse desenvolvimento, através dos estímulos necessários e corretos que auxiliarão no trabalho e cuidado com as crianças nessa faixa etária.
Para atingir os objetivos pretendidos com esse trabalho, procuramos autores que trouxeram contribuição sobre o tema como: Cartaxo, Engle e Lucas, Lakomy, Nogueira e Leal entre outros e em documentos como: Guia da Família-PIM, MDS: Guia para visita domiciliar- Programa Criança Feliz. Todas as fontes pesquisadas trouxeram contribuições sobre o desenvolvimento infantil, suas características, suas fases, a interação como sendo fundamental e os estímulos como ferramentas importantes para a promoção do desenvolvimento infantil. Através desse artigo trazemos contribuições para o âmbito do conhecimento infantil mais precisamente da primeira infância e mostramos formas de intervenções para a qualidade desse desenvolvimento.
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CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A Primeira Infância é o momento do desenvolvimento humano mais importante, significativo e único, onde todos os sentidos da criança serão desenvolvidos. É o momento do desenvolvimento cognitivo, social, afetivo, emocional e linguístico. Mais precisamente na primeira infância, período do 0 aos 3 anos, a criança passa pelas principais experiências que definirão sua personalidade, sua percepção, seu modo de ver e ler o mundo. Segundo Engle e Lucas:
Cada criança é única ao nascer e as diferenças entre elas afetam o modo como elas aprendem. Como elas são tratadas no início das suas vidas também afetam o seu aprendizado. As experiências vividas com suas famílias e outros cuidadores nos primeiros anos de vida afetam enormemente o tipo de adulto que as crianças se tornarão.( ENGLE e LUCAS. 2019, p.9)
Por isso, é preciso contribuir com o desenvolvimento infantil de maneira a aproveitar cada momento de interação para promover e estimular esse desenvolvimento. É imprescindível uma intervenção de qualidade, dedicação, atenção e cuidado nessa fase bem como realizar atividades que promovam o desenvolvimento integral da criança.
Para Nogueira e Leal
As experiências com outras crianças, adultos, professores e irmãos, por exemplo, (...) e, principalmente o contato com os meios escolar e familiar-com suas variedades de interações e vivências no dia a dia- são bases fundamentais para o desenvolvimento intelectual, racional, moral e linguístico, o que a ponta para a interação social como condição necessária para a evolução mental da criança.( NOGUEIRA e LEAL. 2015,p.130)
Logo é importante o desenvolvimento de estímulos corretos nessa fase, visto uma estimulação trazer benefícios para toda a vida.
O desenvolvimento infantil está relacionado diretamente à interação do indivíduo com o meio. Acontece através das trocas desse indivíduo com as pessoas, com as coisas, a cultura e o modo de vida de onde ele está inserido. Desde o nascimento, a criança interage com as pessoas que a rodeia e assimila a cultura, a linguagem, as ações, e passa a reproduzir a forma como os outros agem. Quanto maior for o nível de interação dessa criança com o meio e quanto mais forem os estímulos recebidos, melhor essa criança se desenvolverá.
Segundo Lakomy:
O desenvolvimento cognitivo da criança é um processo de assimilação ativa do conhecimento histórico-social existente na sociedade em que ela nasceu. Esse conhecimento é internalizado e transformado pela criança por meio da interação com as pessoas que a rodeiam.(LAKOMY. 2014,p.30)
Essa interação é quase sempre espontânea e não intencional de maneira que as ações dos adultos que rodeiam essa criança não são pensadas a priori visando a um objetivo. Mas é importante saber que tudo que é feito na presença da criança será assimilado por ela e os estímulos a que ela será exposta serão de grande contribuição para o desenvolvimento do seu intelecto, pois “à medida que a criança passa a interagir com o mundo ao seu redor, ela começa a atuar e a modificar ativamente a realidade que a envolve” (Lakomy, 2014, p.24).
Segundo Piaget, a criança se desenvolve através de um contínuo processo de equilíbrio e desequilíbrio. O equilíbrio corresponde àquilo que a criança já sabe, é quando as situações são conhecidas por ela e o desequilíbrio acontece quando ela se depara com uma situação/problema desconhecida, que exige com que busque soluções mobilizando a modificação ou criação de novos esquemas. Através dessa ação acontece uma evolução no desenvolvimento mental atribuindo uma maior bagagem intelectual que contribuirá para adaptar-se cada vez melhor ao meio.
Dessa forma, a criança irá desenvolver um esquema de ação com o qual ela irá transpor os limites quando se deparar com situações diferentes que necessitam de uma solução. Essa solução será encontrada por meio de uma interpretação e uma nova organização nos esquemas de maneira a atingir o resultado esperado. Após a resolução do problema haverá uma nova situação de equilíbrio denominada pelo autor como acomodação.
Para Piaget, a aprendizagem acontece por meio de constantes processos de equilibração e desequilibração. Diante de uma nova aprendizagem, ocorre o desequilíbrio (ou desadaptação), o qual mobiliza uma necessidade, uma ação do sujeito. Diante desse acontecimento, entram em ação dois mecanismos que contribuirão para que as estruturas do sujeito se desenvolvam e voltem a se equilibrar: a assimilação e a acomodação à nova aprendizagem.( LEAL e NOGUEIRA, 2012,p.34)
Em outras palavras, a assimilação é quando o sujeito busca solução para uma situação/problema nas estruturas que já estão formadas não necessitando de nenhuma mudança estrutural, a acomodação é o modo como o sujeito buscará novas respostas mobilizando as estruturas já adquiridas transformando-as ou criando novas para encontrar a solução. Já a adaptação é quando, ao ser solucionado o problema, o indivíduo volta ao estado de equilíbrio.
Por isso, é importante que esse meio onde a criança está se desenvolvendo proporcione experiências que leve a criança a ter muitos desses momentos de desequilíbrio. A interação com indivíduos mais experientes trará muitas oportunidades para a criança desenvolver suas estruturas cognitivas e os estímulos corretos irão proporcionar constantes mudanças e evolução nessas estruturas.
Nas palavras de Piaget
A criança desenvolve sua inteligência por meio de um intercambio permanente com o meio, oque visa a um constante PROCESSO DE EQUILIBRAÇÃO, visando à melhor adaptação ao meio. Assim, quando a criança se encontra em uma nova situação, instala-se uma situação de desequilíbrio. A criança, então, procura novos esquemas ou formas para lidar com essa situação (que envolve uma crescente transformação nas suas ações) para, assim, adaptar-se e voltar a um novo estado de equilíbrio. Piaget (1997, apud LACOMY 2014, p.25)
Diante disso, entendemos que é através da busca por adaptação ao meio que as estruturas são continuamente formadas visando corresponder a cada situação nova. O desenvolvimento da inteligência nada mais é do que o desenvolvimento constante dessas estruturas.
O desenvolvimento é, na verdade, a passagem de níveis, onde cada vez mais a criança avança em direção a uma evolução no pensamento, na linguagem, na afetividade, motricidade e sociabilidade. É ainda a forma como essa criança passa a interagir com pessoas e objetos de maneira cada vez mais complexa e abstrata. Esse processo é contínuo e depende tanto dos fatores biológicos, como ambientais que envolvem as interações, experiências e estímulos.
Os fatores biológicos somados às experiências e estímulos recebidos são determinantes no processo de desenvolvimento. Por isso é notório que quando uma criança tem suas funções físicas, cognitivas, emocionais e sociais funcionando normalmente, mesmo em um ambiente pobre em estímulos e experiências ela consegue se desenvolver, bem como uma criança que possua alguma deficiência, se bem estimulada pode chegar a ter grandes progressos. Logo se ambos os fatores caminharem juntos é possível ter um ser humano bem desenvolvido e preparado para a vida. New Combe considera o desenvolvimento,
Em termos das mudanças que ocorrem ao longo do tempo de maneira ordenada e relativamente duradoura e que afetam as estruturas físicas e neurológicas, os processos de pensamento, as emoções, as formas de interação social e muitos outros comportamentos. (New Combe, 1999 apud SCHNEIDER e RAMIRES 2007, p.36)
Esse desenvolvimento começa desde a concepção e durará a vida toda. Mudanças nas funções psicomotoras, cognitiva, emocional e social são as principais características do desenvolvimento. O desenvolvimento psicomotor diz respeito à habilidade de movimentar-se e saber coordenar tais movimentos. Enquanto que a capacidade de pensar e raciocinar está ligada à função cognitiva. O afeto, as emoções e sentimentos mais diversos fazem parte do aspecto emocional. Já a capacidade de interagir com os outros e de relacionar-se estão na dimensão social. Todas essas funções se desenvolverão de maneira diferenciada para cada pessoa, pois depende de aspectos físicos, biológicos e ambientais. Por isso cada criança tem um ritmo diferente de aprendizado e aquisição de conhecimentos e habilidades.
Segundo Schneider e Ramires,
O princípio norteador é que o processo de desenvolvimento infantil exige oportunidades educativas, para além dos cuidados de assistência a saúde, alimentação, proteção e guarda da criança. As conquistas individuais, em termos de desenvolvimento e aprendizagem, resultam de um processo compartilhado, pois dependem tanto do tipo e da qualidade das interações interpessoais quanto das atividades mediadas pelo adulto e por outras crianças. A partir das interações a criança desenvolve suas habilidades e competências, o que lhe permite dominar níveis progressivamente mais complexos de ação, pensamento, afetividade e interação social. ( SCHNEIDER E RAMIRES, 2007, p. 37)
Logo é crucial para um bom andamento do desenvolvimento infantil que haja um ambiente rico em interação social, experiências significativas, bem como uma estimulação que favoreça a aquisição de habilidades necessárias para a evolução cerebral da criança.
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A importância da primeira infância no desenvolvimento humano
A primeira infância é um momento decisivo para o desenvolvimento humano, todas as dimensões do desenvolvimento estão em plena evolução durante os primeiros anos de vida. Na verdade é nessa fase que acontece a formação da base de todos os aspectos do desenvolvimento, “particularmente, do nascimento até os três anos de vida, vive-se um período crucial no qual se formarão mais de 90% das conexões cerebrais, isto é, as sinapses que ligam os neurônios uns aos outros.” (Schneider e Ramires 2007, p. 38).
Descobertas científicas sobre o desenvolvimento do cérebro por meio de tecnologias avançadas que permitem visualizar o cérebro em funcionamento, tem contribuído significativamente para o entendimento de como as competências e habilidades humanas são adquiridas e como acontece sua evolução, como afirma Schneider e Ramires:
Desde as primeiras semanas de gestação, acontece uma prodigiosa multiplicação das células que compõem o nosso cérebro os neurônios. Eles ainda não existem na segunda semana de gestação, mas 20 semanas depois já são 100 bilhões, interligados entre si, numa enorme rede que chega, ainda na primeira infância, a mais de um quatrilhão de conexões. ( SCHNEIDER e RAMIRES 2007, p. 38)
No entanto, o modo como a criança irá reagir e processar as informações dependerá dos estímulos recebidos, pois é através deste que os neurônios terão suas conexões modificadas para reagir as diversas situações. Estas conexões acontecem de forma explosiva já nos primeiros anos de vida como afirma McCain e Mustard citados por Schneider e Ramires:
A cada ano, surgem novas evidências da neurociência de que os primeiros anos de desenvolvimento-da concepção até o sexto ano e, particularmente, do zero aos três- estabelecem as bases das habilidades e competências que afetarão a aprendizagem, o comportamento e a saúde ao longo da vida. McCain e Mustard (1999 apud SCHNEIDER e RAMIRES, 2007, p.38)
Por isso, a maneira como as crianças serão estimuladas através das interações e experiências com os adultos e com outras crianças influenciarão diretamente no desenvolvimento integral, uma vez que é através das interações que os neurônios estabelecem conexões através de redes que se conectam, sendo a primeira infância o momento de maior multiplicação dos neurônios.
Outro fator importante do desenvolvimento na primeira infância diz respeito à plasticidade do cérebro, que é na verdade uma maior capacidade de estabelecer conexões na infância do que na vida adulta.
Como afirma Cartxo:
Assim, a criança pequena apresenta condições biológicas para aprender conhecimentos variados. Tal característica não tem a mesma intensidade na fase adulta .No entanto, o desenvolvimento do cérebro não ocorre de forma independente do meio em que os indivíduos estão inseridos. Todas as experiências vividas pela criança em seu cotidiano contribuem para o desenvolvimento das funções cerebrais. (CARTAXO, 2013, p. 96)
Logo, a primeira infância por ser o período de maior plasticidade do cérebro, precisa ser trabalhada de maneira a desenvolver o maior número de conexões possíveis, para que a criança possa se desenvolver integralmente. Sendo assim, o desenvolvimento de todas as dimensões, seja da memória da linguagem, do raciocínio, das emoções, em fim, de todos os aspectos estão condicionadas a um bom trabalho realizado na primeira infância no sentido de promover o desenvolvimento desse ser. Isso envolve um reconhecimento de que esta fase da vida é crucial e deve ser conhecida para ser trabalhada, pois muitas pessoas envolvidas na criação, cuidado e educação de crianças pequenas nem mesmo sabem reconhecer os aspectos do desenvolvimento infantil ou identificar as características dessa fase e acabam deixando as crianças entregues a si mesmas.
A intervenção por meio de um trabalho focado em objetivos específicos que visem promover o desenvolvimento infantil com qualidade deve ser o foco daqueles que estão envolvidos com essas crianças, pois como afirma Schneider e Ramires:
Se esse período caracterizar-se pela presença de suporte para sua evolução cognitiva, na linguagem, nas habilidades motoras, nas suas habilidades adaptativas e no seu funcionamento sócio emocional é mais provável que a criança seja bem sucedida na escola e mais tarde contribua efetivamente para a sociedade. (SCHNEIDER E RAMIRES 2007, p. 45)
Por tanto, a primeira infância precisa ser considerada como o período de desenvolvimento mais importante do ser humano e ser levada a sério no sentido de não deixar passar despercebido esse momento, mas explorado ao máximo as capacidades e potencialidades das crianças que atravessam esse período.
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As quatro dimensões do desenvolvimento
Antes de falarmos especificamente sobre as características de cada fase do desenvolvimento infantil dentro da faixa etária de 0 a 3 anos, é importante saber que tal desenvolvimento ocorre dentro de quatro dimensões: linguagem, motricidade, sócio afetividade e cognição.
A linguagem é manifestada desde muito cedo através dos chamados “balbucios”, que são os sons que o bebê emite, mas não somente sons, também é gesto, expressão corporal, e muitos outros sinais que apoiam a linguagem. Segundo Cartaxo,
Toda criança, desde muito cedo, começa a aprender a se comunicar com as pessoas que estão ao seu redor. Emitem sons articulados que lhes dão prazer e revelam a intenção de comunicação. Ao interagir com o bebê, o adulto busca interpretar essa linguagem de forma a dar sentido à comunicação. (CARTAXO, 2013, p.98)
Logo, as crianças aprendem a falar ouvindo os outros e estabelecendo conexões neurais que se expandem formando a estrutura da linguagem. Para que isso ocorra, dependerá de fatores biológicos e também ela deve estar inserida em um ambiente que favoreça a aquisição da linguagem, pois “a criança a prende a falar na interação com os outros que utilizam o mesmo sistema simbólico”(CARTAXO, 2013, p.115).
Desde o nascimento, a criança já estabelece a comunicação. Inicialmente ela expressa suas emoções através do choro, este serve para sinalizar quando a criança está se sentindo desconfortável, com fome, sede, sono etc. A linguagem abrange toda forma de comunicação, ou seja, toda forma de expressão utilizada parta se comunicar.
A motricidade corresponde aos movimentos que a criança faz desde que nasce, aos poucos ela vai adquirir a capacidade de controlar esses movimentos, irá engatinhar, manusear objetos, caminhar e conhecer o funcionamento do próprio corpo. O movimento não deixa de ser uma forma de expressão que a criança utiliza para interagir “é mais que simples deslocamento do corpo e no espaço, constitui-se em uma linguagem que permite a criança interagir com o meio no qual está inserido e com os outros”(MDS, 2017, p. 39).
Nogueira e Leal descrevem o conjunto motor como o responsável pelo movimento do corpo que possibilita tanto o deslocamento no tempo e no espaço como o equilíbrio. “Nesse conjunto, encontramos, também, o apoio tônico para as emoções, e os recursos para a construção do conhecimento”(Nogueira e Leal, 2015, p. 183). Ainda, segundo as autoras, os movimentos são um suporte indispensável do pensamento e assim como as demais dimensões é um fator essencial para a evolução mental da criança. Logo a motricidade é um fator importantíssimo no desenvolvimento infantil e deve ser considerado como tal, trabalhado, explorado e estimulado.
A sócio afetividade é a função caracterizada pela interação social e afetiva da criança com os outros. Inicialmente essa interação se dá com o cuidador, pai, mãe, com os mais próximos, por meio das necessidades básicas que são atendidas por eles. Ao estabelecer relação com os que estão próximos, a criança constrói vínculos afetivos. Segundo o guia para visita domiciliar do Programa Criança Feliz:
Na sua relação com a mãe, em especial, a construção de vínculos afetivos em momentos decisivos no seu processo de desenvolvimento emocional, constitui-se também, em fator especial, principalmente nos primeiros anos de vida entre a criança e os cuidadores com ela interagem e brincam, estabelece-se uma forte relação afetiva, que vai desde a troca de olhares até, em etapas posteriores a verbalização de sentimentos (MDS, 2017, p.39).
Sendo assim, para que a criança se torne um adulto social e afetivamente saudável, é necessário que nesse período haja um relacionamento forte, rico e seguro com as pessoas, pois as experiências afetivas vividas pela criança na primeira infância podem influenciar positiva ou negativamente o tipo de relação social e afetiva que ela terá quando adulta.
A dimensão cognitiva é a responsável pela aquisição da aprendizagem, pelo pensamento, o raciocínio, a memória, a imaginação, a criação, ou seja, todos os aspectos relacionados à inteligência. Mesmo sendo um processo interno, é manifestada através do comportamento das crianças. Todo e qualquer estímulo recebido implicará em modificações na estrutura cognitiva, “por tanto, o processo de aprendizagem pela criança requer uma intensa atividade interativa com o outro e com o meio, para que assim a construção do conhecimento aconteça internamente”. (MDS, 2017, p. 40)
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Caracterização dos períodos do desenvolvimento e atividades que podem ser realizadas para promover o desenvolvimento.
Nos primeiros três meses, o bebê é um ser indefeso que depende totalmente de seus cuidadores, requerendo uma atenção redobrada. No entanto, a criança já sinaliza suas necessidades, geralmente através do choro. Ela já possui a audição bem desenvolvida bem como a visão e pouco a pouco irá se desenvolvendo mais, aprenderá a sorrir e a fixar o olhar nas pessoas e objetos, também moverá braços e pernas e começará a emitir sons. Olhar nos olhos da criança durante os momentos de cuidado, conversar, sorrir, abraçar, beijar irá transmitir segurança e confiança.
Olhar em seus olhos e conversar e durante o banho ou a troca de fraldas pode ser um momento para estimular os sentidos, ao mover um objeto de um lado para outro para que a crianças acompanhe com o olhar, realizar massagens, movimentar um objeto sonoro em diferentes direções para que o bebê procure de onde vem o som, colocá-lo de bruços e se movimentar para que ele faça esforço de se virar. Chamar o bebê pelo nome, colocar um brinquedo em suas mãos para que agarre, cantar música, tudo isso são estímulos que terão grande contribuição para o desenvolvimento integral dessa criança
A criança entre 3 a 6 meses já demonstra grandes mudanças, começa a reconhecer as pessoas de seu convívio, começa a balbuciar e a sorrir, já demonstra interesse pelos objetos e as brincadeiras que são feitas, começa a agarrar objetos e procura sons, chora quando quer pegar algum objeto, e já fica em pé com o auxílio de alguém.
Nessa fase é muito importante que a criança se relacione com outros membros da família, quanto mais pessoas interagirem com ele melhor será para a sua socialização. Os estímulos nessa fase terão um significado ainda maior, conversar, cantar, estimular o bebê a sentar com auxílio de almofadas, estimular a coordenação motora oferendo objetos de diferentes formas e texturas para manusear, fortalecer a musculatura das pernas fazendo com que fique em pé. Nessa fase já se inicia o processo de engatinhar e para estimular, pode ser colocado objetos leves perto do bebê para ele tentar alcançar. Nessa fase, segundo Nogueira e Leal:
O bebê traz tudo para si, pega e manipula tudo o que vê; seus movimentos sempre no sentido de trazer os objetos em direção ao seu corpo, para explorá-los ou, simplesmente, e com muita frequência, leva-los à boca, em uma assimilação sensório motora.( NOGUEIRA E LEAL, 2015, p.131)
Colocar brinquedos que chamem sua atenção pra que busque alcançá-los, mover brinquedos coloridos e sonoros e colocar em suas mãos para que movimente, brincar de esconder o rosto ou brinquedos com um pano para que o bebê procure são sugestões de atividades. É importante que o bebê tenha um espaço limpo e seguro para poder se movimentar e que não fique o tempo todo no colo, no carrinho ou no bebê conforto, “para que seus cérebros se desenvolvam, as crianças precisam se mexer, ter coisas para tocar e explorar e brincar com os outros”(Engle e Lucas 2012, p.10).
Do sexto ao nono mês a criança começa a engatinhar, consegue aos poucos ficar em pé apoiando-se nos móveis. É nessa fase que a criança começa a desenvolver com mais precisão a coordenação motora, ela começa a segurar e jogas objetos, bate um no outro, morde e ainda segundo o guia para visita domiciliar do Programa Criança Feliz:
Pode dar passos com ajuda; brinca com objetos de diferentes formas tamanhos e cores; atende quando chamado pelo nome; reconhece também pelo nome pessoas com as quais tem mais contato; demonstra alegria quando as pessoas repetem os sons que ela faze, ao escutar tenta imitar; compreende as expressões “não”, “ tchau”; imita sons simples: “au au”, “dá” e “miau”.(MDS,2017,p.49)
É importante saber que tudo isso só acontecerá se a criança tiver como exercitar sua curiosidade. Ele precisa receber estímulos que favoreçam o desenvolvimento dessas habilidades, pois esse é um momento de descobertas e de experimentações.
Para estimular o desenvolvimento da criança nessa fase, sugere-se realizar atividades como: oferecer objetos para a criança manipular, batendo um contra o outro, jogando, passando de uma mão para a outra ou dando para alguém. Não precisa necessariamente ser brinquedos, pode até mesmo serem utensílios domésticos, desde que sejam limpos e seguros. Colocar brinquedos ou objetos que chamem sua atenção em cima do sofá ou de uma cadeira para que a criança tente alcançá-los, eles devem está dispostos em fileiras para que a criança tenha que andar para alcança-los. Cantar, gesticular, bater palmas também é muito importante, pois estimula a audição, a visão e os movimentos e ainda chamar a criança sempre pelo seu nome. “Ao final da faixa etária o bebê já pode está falando palavras simples, como ‘mama’, ‘papa’. Se ainda não estiver, logo fará.”( PIM, 2016, p. 25).
No período dos 9 aos 12 meses, a criança já consegue entender ordens simples, já expressa alegria e tristeza, reconhece seu nome e as pessoas com quem convive. Emitem algumas palavras, algumas já conseguem dar os primeiros passos, mostrar apontando o que querem e manipula com mais precisão os objetos. Segundo Engle e Lucas,
Apesar de a criança não conseguir falar, ela mostra que consegue entender oque os membros da família dizem. Ela escuta o nome das coisas e se deleita ao perceber que sabe quem são. Ela começa a conectar a palavra pássaro ao pássaro na árvore e a palavra nariz ao seu nariz. ( ENGLE E LUCAS, 2012, p. 51).
Além disso, ela começa a aprender o nome das pessoas e consegue mostrar onde está o nariz, a boca, a orelha, etc., pois suas habilidades auditivas já estão bem desenvolvidas, “ nas atividades lúdicas a criança localiza os sons laterais e embaixo e já pode procurar os sons que vem de cima”(PIM, 2016, p.30).
Para contribuir com o processo de desenvolvimento da criança, algumas atividades podem ser realizadas: brincar de se esconder ou esconder brinquedos para que a criança procure; pedir para a criança buscar um brinquedo ou objeto; oferecer caixas com tampa para que aprenda a tampar e destampar; conversar com a criança e reagir quando ela falar; ensinar as primeiras palavras como “papai”, “mamãe”.
Cantar e ensinar a criança a cantar, fazer gestos, movimentar o corpo contribui muito para o desenvolvimento motor e da fala. Brincar de faz de conta estimula a imaginação. Conforme Engle e Lucas, “A brincadeira continua sendo algo que a criança usa para explorar e aprender sobre si mesma, sobre as pessoas em volta dela e sobre o mundo.”( Engle e Lucas, 2012, p. 20).
Durante o primeiro ano de vida até completar dois anos, a criança passa por um acelerado desenvolvimento. Nessa etapa todas as dimensões: motora, afetiva, emocional, social e a linguagem passam por muitas mudanças. Durante esse período, ela passa de uma caminhada insegura, onde cai algumas vezes para um andar mais seguro, chegando até a subir degraus. É também nessa fase que a criança adquire equilíbrio para segurar coisas enquanto caminha, chutar uma bola e ainda segurar a colher para comer.
Sua curiosidade está muito mais aguçada e ela quer mexer em tudo que vê. Segundo o Guia da Família do programa Primeira Infância Melhor:
Ao final desse período alguma crianças já conseguem fazer muitas coisas sozinhas. Ajudam na troca de roupas, fraudas e até no banho, além de imitar os adultos em atividades como: dar de comer à um bebê, pentear o cabelo e rotinas diárias como varres ou lavar. Utiliza pelo menos 2 palavras para expressar uma ideia. Por exemplo, se tem fome, fala “ quero papá”. Mesmo não tendo pronúncia correta, sua linguagem pouco a pouco vai se desenvolvendo e ao redor dos 2 anos pode falar frase de até 3 palavras, além de cumprir, simultaneamente, até 3 ordens simples, por exemplo: ‘ vá até o quart, pegue o sapato e traga pra mim”(PIM, 2016, p. 34).
Algumas atividades simples podem ajudar a promover o desenvolvimento integral. Sendo essa uma fase importantíssima do desenvolvimento, onde a criança evolui em todos os aspectos ela precisa interagir com o meio, com outras pessoas, outras crianças, animais, objetos etc. pois, como afirma Rau:
A criança evolui conforme interage com o meio explorando objetos, vivenciando ações de seu mundo, do mundo adulto e de todos que estão envolvidos em seu cotidiano. Assim a formação integral ocorre a partir do momento em que suas experiências possibilitam o desenvolvimento das áreas motora, cognitiva e afetiva ( RAU 2012, p. 203).
Por isso todas as atividades realizadas dependem da qualidade da interação dessa criança com o meio onde está inserida.
A linguagem pode ser estimulada no simples fato de falar com a criança de maneira clara e correta, perguntar qual o seu nome, mostrar figuras em livros e revistas e falar sobre elas, imitar os sons dos animais e objetos, contar histórias, cantar músicas com frases curtas e muitas outras situações podem ser criadas para desenvolver a linguagem.
Para desenvolver a motricidade, podem ser realizadas atividades como: empilhar objetos, caixas latas blocos de madeira; abrir e fechar tampas de caixas e perto dos dois anos, tampas de rosca; amassar ou rasgar papel; encaixar peças que podem ser palitos em pequenos furos de uma lata ou caixa; subir e descer degraus; segurar objetos enquanto caminha; pendurar brinquedos ou balão para que a criança empurre de um lado para outro. “É muito importante estimular os movimentos dos dedos e das mãos. Para isso, prepare uma caixa com uma pequena abertura em cima e pedaços de papel cartão para que a criança os coloque dentro da caixa.”(PIM,2 016, p.36).
Essas atividades podem ser feitas de forma bem simples, com aquilo que estiver disponível no momento, por exemplo: se estiver na creche podem ser utilizados os brinquedos pedagógicos, mas se estiver em casa pode utilizar até mesmo os utensílios domésticos, como afirmam Engle e Lucas:
Elas gostam de brincar com coisas simples que encontram pela casa ou na natureza e não precisam de brinquedos comprados em lojas. Elas gostam de colocar coisas em latas e caixas para depois tirá-las. Crianças gostam de empilhar coisas até elas caírem.(ENGLE e LUCAS, 2012, p. 22).
A criança que tem entre 2 a 3 anos já está com a motricidade mais desenvolvida, já corre, chuta uma bola, pula com os dois pés juntos, já pode até comer sozinha, escovar os dentes, mas sempre com a supervisão de um adulto. E ainda “interessa-se por tudo, é inquieta e curiosa. Começa a se dar conta de que os objetos têm a mesma cor, forma e tamanho.”(PIM, 2016, p.42).
O fato de a criança andar e falar contribui significativamente com seu desenvolvimento global, “afinal, antes, a criança estava limitada pelo espaço, agora, com a marcha, ela consegue medir a distância, modificar as direções, buscar um objeto e transportá-lo de um lugar para outro.” (Nogueira e Leal, 2015, p.198) e ainda segundo as autoras “a linguagem também contribuirá com essa atividade intelectual, prática, pois ao nomear, identificar e localizar objetos, a criança conseguirá distingui-los, compará-los, agrupá-los, o que lhe confere outra forma de explorar o mundo.”(Nogueira e Leal, 2015, p.198)
Por isso que nesta fase é importante que a criança tenha um espaço onde possa brincar, explorar diferentes objetos e se relacionar com outras crianças.
Outro fator muito importante é o brincar. Ele é o alicerce do desenvolvimento da criança, é através da brincadeira que a criança exercita suas funções, assimila as regras, aprende a respeitar e compartilhar, interagir, se socializar, falar, em fim, a brincadeira proporciona o desenvolvimento integral da criança e é ainda a melhor forma de estímulo que se pode oferecer para promover o desenvolvimento infantil, como afirma Cartaxo:
Nesse sentido, o desenvolvimento das crianças é dado através da atividade do brinquedo, pois tal atividade oferece uma estrutura básica que permite mudanças das necessidades e da consciência. A situação imaginária presente no brinquedo é muito mais resultado da memória em ação do que de uma situação imaginária nova, sendo desenvolvida com um propósito, que é o que define a atividade.”(CARTAXO, 2013, p. 114).
Diante disso, pode-se entender que todas as formas de estímulos para promoção do desenvolvimento estão ligados diretamente com o ato de brincar. Todas as atividades sugeridas e quantas mais forem desenvolvidas com as crianças na primeira infância, devem ser realizadas sempre de forma lúdica, pois o aprendizado deve ser prazeroso para a criança e para quem está mediando esse aprendizado também.
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METODOLOGIA
Segundo Gerhardt e Silveira (2009,p.12): “ Só se inicia uma pesquisa se existir uma pergunta, uma dúvida para a qual se quer buscar uma resposta. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta para alguma coisa.”
Diante disso este trabalho buscou responder a pergunta: Qual a importância da interação e dos estímulos na primeira infância? Para responder tal pergunta a metodologia escolhida foi a pesquisa bibliográfica, que consistiu em buscar fontes que abordam o tema aqui escolhido. Segundo Fonseca (2002 apud GERHARDT e SILVEIRA 2009,p.37):
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto (...).
Diante disso, fizemos o levantamento dos livros e materiais que tratam do assunto e buscamos ler, analisar e interpretar a concepção de cada autor para que pudéssemos trazer a contribuição de cada um para enriquecimento do tema aqui exposto.
Durante a pesquisa, foram analisados os aspectos do desenvolvimento infantil, visando a um aprofundamento desse tema na busca por uma melhor qualificação para quem deseja, já trabalha ou está envolvido de alguma forma com a criação, educação e cuidado de crianças na fase da primeira infância.
Quanto à abordagem, a pesquisa realizada foi de cunho qualitativo uma vez que não há como mencionar numericamente os resultados alcançados. Segundo Gerhadt e Silveira:
A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social,. De uma organização, etc.(...) As pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o por quê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos( suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens.(GERHADT e SILVEIRA, 2009,p.31)
Acreditamos que os resultados encontrados trouxeram muitas contribuições para o âmbito do conhecimento infantil e intervenções para a qualidade desse desenvolvimento.
Este trabalho está fundamentado em autores como Cartaxo (2013), Engle e Lucas (2012), Leal e Nogueira ( 2012), Lakomy (2014), Nogueira e Leal (2015), Rau (2012), e em documentos como: Guia da Família-PIM:(2016), MDS: Guia para visita domiciliar- Programa Criança Feliz (2017) entre outros. Todos os materiais pesquisados trazem contribuições sobre o desenvolvimento infantil, de como ocorre esse desenvolvimento, e nos levam a reconhecer a Primeira Infância como um momento importante e fundamental do desenvolvimento humano e ainda identificar as fases do desenvolvimento, as transformações e os estímulos que podem ajudar a promover o desenvolvimento integral da criança na primeira infância.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todas as considerações aqui feitas sobre o desenvolvimento infantil, a primeira infância como momento importante nesse desenvolvimento bem como a interação e os estímulos necessários para a promoção desse desenvolvimento, foi possível perceber a importante contribuição da interação e dos estímulos no processo do desenvolvimento humano na primeira infância.
Ficou claro que é neste período que se estabelecem o maior número de conexões neurais, e estas dependem diretamente dos estímulos recebidos do ambiente onde a criança está inserida e das experiências proporcionadas a elas através das atividades em que faz parte ou que lhes são oferecidas intencionalmente.
É necessário saber a importância da interação e dos estímulos na primeira infância, pois não há como trabalhar na promoção desse desenvolvimento de forma aleatória, desprovida de conhecimentos e teoria sobre essa fase. Por isso acreditamos que as considerações aqui feitas são muito válidas e trouxeram importantes contribuições para os estudos a respeito do trabalho com crianças na primeira infância.
Os autores que trouxeram contribuição a esse trabalho possuem pesquisas científicas extremamente relevantes na área do desenvolvimento infantil. Porém, acreditamos que há muito a aprender ainda sobre esse tema. Chamamos a atenção daqueles que trabalham, cuidam ou pretendem trabalhar/cuidar com crianças entre 0 a 3 anos para que busquem mais conhecimentos e que procurem se especializar cada vez mais. São muitos autores com livros, artigos e documentos que abordam o desenvolvimento infantil, por isso não será difícil encontrar materiais sobre o tema.
Para a construção desse artigo, foram feitas pesquisas bibliográficas que chegaram a resultados satisfatórios sobre o objeto da nossa pesquisa. Conhecemos mais sobre o desenvolvimento infantil e os aspectos mais relevantes para se colocar em prática no trabalho com crianças. Chegamos ao entendimento de que a primeira infância é o momento mais importante, significativo e único no desenvolvimento humano, e ainda, e ainda aprendemos algumas práticas que se forem feitas poderão contribuir na promoção do desenvolvimento infantil.
O fato de dividirmos as características do desenvolvimento infantil em fases, também facilitou ainda mais a compreensão dos aspectos e transformações ocorridas dentro de cada uma, uma vez que acompanhar o desenvolvimento de uma criança, observar as fases, as transformações, reconhecer a importância de cada gesto, do modo como se comunica desde os primeiros dias de vida e ajudar na promoção de seu desenvolvimento é uma tarefa que necessita de conhecimento sobre os aspectos do desenvolvimento infantil e as formas de intervenção para estimular esse desenvolvimento. Dessa forma, poderá haver uma intervenção de qualidade de maneira a aproveitar cada momento de interação para estimular essa criança, buscando contribuir para o desenvolvimento dos seus sentidos, sua percepção, emoção e ainda desenvolver atividades ainda que bem simples, mas que ajudarão a criança a adquirir habilidades necessárias para se desenvolver de forma saudável.
Portanto, deixamos aqui nossa colaboração sobre a interação e os estímulos como ferramenta importante na promoção do desenvolvimento infantil, e aproveitamos para incitar aqueles que estão interessados sobre o tema ou que trabalham com crianças na primeira infância, bem como os pais e cuidadores a buscarem mais conhecimentos, aprofundarem e se especializarem mais. Pois, assim, teremos crianças melhor desenvolvidas, sem atrasos ou perdas e preparadas para a escola, a alfabetização, para a sociedade e para a vida.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social. Criança feliz: guia para visita domiciliar. 2º versão. Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento Humano, 2007.
CARTAXO, Simone R. M. Pressuposto da educação infantil. 1º ed. Curitiba: InterSaberes,2013.
ENGLE, Patrice; LUCAS, Jane E. Cuidados para o desenvolvimento da criança(CDC): manual de orientação às famílias.2012.Disponível em::< https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/crianca_feliz/Cuidados_para_desenvolvimento_crianca.pdf>. Acessado em: 03/06/2019.
GERHARDT, Tatiana E.; SILVEIRA, Denise T. Método de pesquisa.1º ed. Porto Alegre: UFRGS,2009
LAKOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem. 1º ed. Curitiba: InterSaberes,2014.
LEAL, Daniela.; NOGUEIRA, Makeliny O. G. Dificuldade de aprendizagem: um olhar psicopedagógico.1º ed. Curitiba: InterSaberes, 2012.
NOGUEIRA, Makeliny O. G.: LEAL, Danie Teorias da aprendizagem: um encontro entre os pensamentos filosófico, pedagógico e psicológico. 2º ed. Curitiba: InterSaberes, 2015.
RAU, Maria C. T. Educação infantil: práticas pedagógicas de ensino e aprendizagem. 1º ed. Curitiba: InterSaberes, 2012.
RIO GRANDE DO SUL, Secretaria da saúde. Programa primeira infância melhor: Guia da família. 7º ed. Porto Alegre: CORAG, 2016.
SCHNEIDER, Alessandra; RAMIRES, Vera R. Primeira infância melhor: uma inovação em política pública. Brasília: UNESCO, Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, 2007.