A importância dos Estímulos Cognitivos ainda na Primeira Infância
Por RUTE SILVA CHAVES BARRETOS | 27/10/2021 | EducaçãoRute S. Chaves Barretos ¹.
O nosso cérebro possui uma formação complexa, em que bilhões de neurônios, células que constituem o tecido nervoso, se comunicam entre si através das conexões sinápticas. Essas conexões formam ramificações formando o que chamamos de redes neurais. Quanto mais estímulos uma criança recebe, mais ramificações acontecem. É importante ressaltar que tudo que fazemos, vivenciamos, experimentamos ou experienciamos, tem uma ação direta em nosso cérebro.
O cérebro apresenta várias outras características muito importantes, uma delas é a da maleabilidade, ou seja, a capacidade que o cérebro possui de ser modelado através dos estímulos que recebe. Quanto mais cedo uma criança receber estímulos para o desenvolvimento das redes neurais, mais apta está o seu cérebro à formação dessas ramificações. Contudo, é importante compreender que os estímulos devem respeitar as fases de desenvolvimento biológico e a sua maturação, correspondendo às capacidades da criança para receber e se apropriar de forma satisfatória desses estímulos. Entretanto, é igualmente importante compreender que os estímulos não devem ser soltos e vagos, é imprescindível serem contextualizados, tanto com as necessidades cognitivas da criança, quanto suas habilidades preexistentes, para não correr o risco de oferecer um estímulo muito acima da habilidade cognitiva da criança, o que pode levar a criança a interpretar que não possui habilidades para aprendizagens. Assim sendo, é fundamental, conhecer a criança a ser estimulada, compreender suas necessidades cognitivas e lançar mão da criatividade e ludicidade, linguagem pela qual favorece a aprendizagem infantil, e assim contribuir com estímulos assertivos.
No que se refere ao desenvolvimento cognitivo, o cérebro possui ainda, outra capacidade, conhecida como processo de poda, ou simplesmente, poda neural, ou seja, o processo de amadurecimento em que o cérebro analisa todas as conexões que pouco ou nunca são utilizadas e as elimina. Observando esse processo, compreendemos que é fundamental para o amadurecimento a substituição de novos comportamentos, contudo, podemos ainda nos preocupar com as crianças que recebem poucos estímulos cognitivos, pois se suas redes neurais não estão sendo formas, fortalecidas, através de vários estímulos, podemos pontuar que essas crianças terão perdas significativas e até mesmo irreversíveis.
A estimulação cognitiva é fundamental para o desenvolvimento humano, tanto para garantir um desenvolvimento das habilidades cognitivas quanto, para evitar os famosos déficits cognitivos.
O cérebro precisa ser estimulado, quanto mais cedo e mais adequados os estímulos, maiores serão as habilidades cognitivas de uma pessoa. A primeira infância é a fase primordial para garantir que essas redes neurais sejam formadas, garantindo bases para a formação de novas redes neurais ao longo da vida.
Referências Bibliográficas:
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2009.
AULT, R. L. Desenvolvimento cognitivo da criança: a teoria de Piaget e a aprendizagem de processo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
¹RUTE S. CHAVES BARRETOS; Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis e Psicóloga Clínica.