A importância do planejar: Gestão do planejamento na educação infantil

Por Sp2shirley | 17/07/2017 | Educação

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAR: Gestão do planejamento na Ed. Infantil.

Shirley Souza Pacheco

 

Resumo - Este artigo ira focar a importância do ato de planejar na Educação Infantil, visando como ferramenta essencial para os processos de ensino aprendizagem, pois, com ele, o professor antecipara as ações que realizará em sala de aula. Uma vez que o planejamento pedagógico é um momento de reflexão do educador sobre a sua ação para melhor agir. Pois este analisará a sua prática em sala de aula e se suas ações estão proporcionando o objetivo esperado: o processo de ensino e aprendizagem por meio de uma pesquisa bibliográfica discorrerá sobre a História da Educação Infantil; na sequência, sobre a importância do por que planejar na Educação Infantil e o papel do professor na elaboração e efetivação do planejamento.

 

PALAVRAS-CHAVE: Educação Infantil, planejamento, aprendizado.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

Este artigo ira mostrar a real importância do planejamento na educação infantil, uma vez que pesquisas mostram a falta de preocupação na construção de um desenvolvimento saudável da criança pequena, a partir de uma postura critica e reflexiva tendo em vista que o planejamento deve ser entendido como o primeiro passo do processo de ensino e de aprendizagem das crianças, portanto, planejar é uma questão de autoria, é a possibilidade de o professor escrever e ser autor do seu conhecimento, do pensamento de sua historia e da historia dos seus alunos.

Sem o planejamento, professores e coordenadores ficam sem uma importante ferramenta que auxilia e influencia diretamente nos resultados esperado

 

 a serem alcançados em uma aula ministrada, pois, o ato de aprender requer investigação, averiguação, questionamento, mudanças, resistência, criação, duvida... Todos esses atributos do ato de aprender estão ligados ao ato de planejar, porem, se você não planeja não haverá como encontrar e alcançar todos esses resultados.

O ato de planejar esta presente em todas nossas ações para suprir nossas necessidades em traçar metas e objetivos a serem alcançados, e também para o professor melhor perscrutar sua atuação em sala de aula a fim de possibilitar ao aluno um resultado eficaz e eficiente do seu aprendizado.

 

 

2 MÉTODO

 

Este artigo de modo qualitativo tem o objetivo de salientar a importância do processo sobre o ato de planejar na Educação Infantil através de pesquisa bibliográfica baseadas no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, na LDB 9394/96, em obras de Ostetto (2002), Vasconcellos (1995, 2000), Libâneo (1993) Conscientizando que o ato de planejar é um instrumento para facilitar, dinamizar e aperfeiçoar o trabalho pedagógico em um momento de reflexão sobre cada ação para melhor agir. É um instrumento contra a improvisação, é o momento de reunir o FAZER ao PENSAR ao ESTAR, de modo a melhor realizar todo e qualquer trabalho. O planejamento deve ser entendido como um norteador para o professor e não um instrumento para frustra-lo, podendo, portanto ser flexível no seu cotidiano.

 

3 RESULTADOS

3.1 Breve histórico da Educação Infantil no Brasil

 

No Brasil até meados do século  XIX o atendimento a crianças de 0 a 6 anos em instituições como creches praticamente não existia, devido à estrutura familiar da época moldada tradicionalmente, onde o pai de família trabalhava em busca do sustento e a mãe cuidava dos filhos. No final do século XIX começou a serem discutidas no Brasil as concepções elaboradas na Europa sobre a educação infantil. A partir deste período foram criadas as primeiras instituições voltadas para o atendimento de crianças pobres. Posteriormente surgiram os primeiros jardins-de-infância públicos voltados para as crianças mais ricas.

Após a proclamação da república houve um investimento na educação, porém voltado para o ensino primário. Somente com o processo de urbanização brasileira e consequentemente com a industrialização surgiu à necessidade de atendimento as crianças. Com a chegada das fábricas houve uma mudança na estrutura da família tradicional brasileira, as mulheres saíram de casa para trabalhar nas indústrias o que acarretou na busca de atendimento as crianças. Inicialmente as crianças eram acolhidas por caridade pelas mulheres que não trabalhavam e se dispunham a cuidar das crianças de outras famílias ou no acolhimento de parentes. Posteriormente, a partir da organização de movimentos e sindicatos de operários (as) foi reivindicado inicialmente aos empresários e posteriormente ao governo instituições como creches e pré-escolas.

Somente na década de 40 prosperaram iniciativas governamentais na área, porém o atendimento à criança era voltado à saúde e filantropia, onde os professores eram considerados como tutores, ou seja, eles cumpriam a tarefa de “cuidar” das crianças, contudo, essa modalidade de ensino amadureceu em muitos aspectos, pois atualmente muito se discute sobre a Educação Infantil, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação n.9394/96 a colocou num patamar de igualdade com o Ensino Fundamenta e Médio, completando assim a educação básica. É nessa fase que o planejamento deve ser entendido como o primeiro passo do processo ensino-aprendizagem, pois o atendimento a crianças de 0 a 6 anos no Brasil passou a ser denominado de Educação Infantil a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei no. 9394 de dezembro de 1996.

Na lei determinou-se que a Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, passando, desde então, a integrar o sistema de ensino brasileiro.

Ainda nesta lei, ficou definido que a Educação Infantil é composta de: creche, destinada a crianças de 0 a 3 anos de idade e pré-escola, destinada a crianças de 4 a 6 anos.

Sendo assim, ao longo de nossa história, as diferentes condições materiais e culturais dos grupos existentes e mobilizados por motivações várias resultaram numa multiplicidade de formas de atendimentos. Por exemplo, as creches domiciliares e comunitárias são criadas por mulheres das camadas populares que assumem a função de educação e guarda das crianças de sua própria comunidade; as creches filantrópicas e orfanatos/internatos, criados pela elite através de médicos, juristas e religiosos para acolher as crianças filhas de escravas e, posteriormente, de trabalhadoras domésticas e da indústria; Educação Básica). O processo de transição visa consolidar as condições para firmar a Educação Infantil como etapa inicial da Educação Básica e, portanto, um direito inalienável de cidadania e dever do Estado (Idem: 1). Direito esse que faz parte de um conjunto de direitos das crianças garantidos por instrumentos legais e citados no Parecer no. 04/2000 da Câmara de Educação Básica (CEB/CNE) que define as Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil.

Diferentes pesquisas demonstram que existe uma relação entre o perfil profissional do professor e a qualidade do trabalho desenvolvido. Sendo que a formação profissional é o fator de maior impacto na melhoria de qualidade do atendimento educacional (Rosemberg, 1994; MEC, 1994b).

Um elemento a ser considerado para a afirmação da identidade desse segmento educacional é o reconhecimento do direito da criança e da família, junto com a obrigação / dever do Estado em oferecer atendimento educacional em creches e pré-escolas (Constituição Federal de 1988 – artigo 208).

A consequência das grandes transformações é tornar os espaços educacionais para crianças de até seis anos, cada vez mais necessários, especialmente, nos centros urbanos.

A Educação Infantil passa a ser reconhecida como direito das crianças e das famílias (Constituição Federal –1988). Direto da criança à educação que proporcione condições para aprender e se desenvolver, convivendo e partilhando com outras pessoas – crianças e adultos – suas análises dos Modelos Educacionais presentes na Educação Infantil visa proporcionar instrumental para compreender as ideias das professoras sobre seu fazer pedagógico no cotidiano das creches e pré-escolas. Refletir sobre como a prática docente pode contribuir para nos desfazer dos entulhos conformistas, ideias e práticas cristalizadas e naturalizadas no senso comum pedagógico.

 

3.2 Características do bom planejamento

 

            No momento em que o professor elabora o seu planejamento, algumas características precisam ser lembradas, para que ele possa desenvolver um bom plano de ensino.

Segundo Ricardo Nervi (1967, p. 56) estas são as características essenciais do bom plano de ensino.

 

COERÊNCIA: as atividades planejadas devem manter perfeita coesão entre si de modo que não se dispersem em distintas direções, de sua unidade e correlação dependerá o alcance dos objetivos propostos.

SEQÜÊNCIA: deve existir uma linha ininterrupta que integre gradualmente as distintas atividades desde a primeira até a ultima de modo que nada fique jogado ao acaso.

FLEXIBILIDADE: é outro pré-requisito importante que permite a inserção sobre a marcha de temas ocasionais, subtemas não previstos e questões que enriqueçam os conteúdos por desenvolver, bem como permitir alteração, de acordo com as necessidades ou interesses dos alunos.

PRECISÃO E OBJETIVIDADE: os enunciados devem ser claros, precisos, objetivos e sintaticamente impecáveis. As indicações não podem ser objetos de dupla interpretação, as sugestões devem ser inequívocas.

           

            Estas são, segundo Ricardo Nervi, algumas das principais características que o bom planejamento de ensino deve conter, sendo que todo o professor deve conhecer as fontes onde buscar novos elementos relacionados à sua disciplina, fundamentando o seu planejamento de ensino.

            O professor, ao realizar seu planejamento de ensino, antecipa de forma coerente e organizada todas as etapas do trabalho escolar, não permitindo que as atitudes propostas percam sua essência, ou seja, o seu trabalho a ser realizado encaixa-se em uma sequência, uma linha de raciocínio, em que o professor tem a real consciência do que ensina e quais os objetivos que espera atingir, para que nada fique dispenso ao acaso.

            O planejamento, a primeiro momento, passa por fases semelhantes, sendo ele planejamento educacional, curricular, de ensino ou de aula.

            Em uma visão geral a fase inicial é a de preparação que consiste em uma realização de passos que visam assegurar a sistematização, o desenvolvimento e a

concretização dos objetivos previstos. Em um segundo momento, já na fase do desenvolvimento do que anteriormente havia sido preparado, a ênfase recai na ação do aluno e do professor, e aos poucos com o desenvolvimento do trabalho aprimoram-se os níveis de desempenho do processo.

            Já na fase do aperfeiçoamento envolve a testagem e a determinação do alcance dos objetivos. Estes procedimentos de avaliação permitem os ajustes que se fizerem necessários para a execução dos objetivos, demonstrando que o processo do planejamento é um “organismo vivo” flexível, adaptável a diferentes realidades e necessidades que possam surgir, contrariando os poucos que ainda acreditam que o planejamento por si só já é a solução de todos os possíveis problemas que possam surgir ao longo do desenvolvimento do trabalho em questão.

 

            Assim sendo, o bom planejamento de ensino é aquele que melhor adapta-se a realidade sócio-cultural em que o aluno está inserido, é aquele que visa objetivos concretos com a utilização de linhas ininterruptas de pensamento, mas flexíveis o bastante para tomar caminhos diferenciados sem perder a direção.

 .          No contexto escolar podem ser realizados diferentes níveis de abrangências de planejamento.

 

            Segundo Vasconcellos (2000, p. 95 – grifo nosso) são esses os diferentes níveis do planejamento:

O planejamento da escola trata-se do que chamamos de  projeto político-pedagógico ou projeto educativo, sendo esse plano integral da instituição, o mesmo é composto de marco referencial, diagnóstico e programação. Este nível envolve tanto a dimensão pedagógica quanto a comunitária e administrativa da escola”

 

            Partindo para o nível de abrangência seguinte, Vasconcellos (2000, p. 95) define o planejamento curricular como sendo:

 

A proposta geral das experiências de aprendizagem que serão oferecidas pelas Escolas incorporados nos diversos componentes curriculares, sendo que a proposta curricular pode ter como referência os seguintes elementos: fundamentos da disciplina, área de estudo, desafios pedagógicos, encaminhamento, proposta de conteúdos, processos de avaliação.”

 

            Este nível de abrangência das escolas é realizado sempre com base nos PCNS (Parâmetros Curriculares Nacionais) que foram elaborados procurando de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais e políticas existentes no país e, de outro lado, considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania.          Os PCNS vêm com intuito de fortalecer a Escola como unidade do sistema escolar, credenciá-la para a elaboração de um projeto educacional.

            Com base no que diz os PCNS sobre o nível de projeto educativo

O projeto educativo precisa ter dimensão de presente, a criança, o adolescente, o jovem vive momentos muito especiais de suas vidas; vivenciam tempos específicos da vida humana e não apenas tempos de espera ou de preparação para a vida adulta. Daí a importância de a equipe escolar procurar conhecer, tão profundamente quanto possível, quem são seus alunos, como vivem, o que pensam, sentem e fazem. Quando os alunos percebem que a escola atenta às suas necessidades, os seus problemas, as suas preocupações, desenvolvem autoconfiança e confiança nos outros, ampliando as possibilidades de um melhor desempenho escolar; isso vale também para os adultos que trabalham na escola ou que estão de alguma forma, envolvidos com ela: professores, funcionários, diretores e pais. (BRASIL, 1997, p. 87)

 

            Todos os níveis do planejamento deveriam tomar como base os parâmetros curriculares nacionais.

            Partindo agora para outro nível de abrangência do planejamento, segundo Vasconcellos (2000, p. 96) o: “Projeto de ensino aprendizagem,  que é o planejamento mais próximo da prática do professor e da sala de aula, diz respeito mais restritamente ao aspecto didático. Pode ser subdividido em projeto de curso e plano de aula”.

            A Escola, além de desenvolver todos esses níveis de planejamento já acima

citados, também deveria desenvolver o planejamento de projeto de trabalho que geralmente assume caráter interdisciplinar, como afirma Vasconcellos (idem): “ O projeto de trabalho é o planejamento da ação educativa baseado no trabalho por  projeto: são projetos de aprendizagem desenvolvidos na escola por um determinado período, geralmente de caráter interdisciplinar.”

            Todas as modalidades de planejamento dentro de uma instituição de ensino procuram atender aos PCNS, seguindo-o fielmente ou apenas baseando-se nele, mas sempre de acordo com o que ele diz.

 

 

           

 

 

3.3 Vantagens e desvantagem de planejar.

           

            O ato de planejar está presente em todas as ações humanas e faz parte da história do homem. Por exemplo, ao iniciar o seu dia, algumas pessoas podem organizar suas atividades de acordo com o seu tempo e suas necessidades, sem necessariamente registrar de forma técnica as ações que irá realizar. Essa prática é realizada, na maioria das vezes, mentalmente, sendo a forma mais simples de planejar, sendo assim esta ação tão presente e necessária na vida cotidiana se estende para o âmbito profissional, nas diferentes áreas, através de diferentes tipos de registros, para Schimtt (2006), o objetivo principal do planejamento é possibilitar um trabalho mais significativo e transformador na sala de aula, na escola e na sociedade. O plano escrito é o produto do processo de reflexão e decisão, ou seja, primeiro traçamos nossa metas e objetivos a serem alcançados e depois colocamo-los em pratica em sala de aula para obtenção do resultado das atividades planejada. 

            Agora, sem esse devido planejamento como seriam desenvolvidas as atividades e como seria o decorrer da aula? Podemos analisar que sem o planejamento o professor pode até ministrar sua aula, porém ficará perdido e sem noção do tempo, uma vez que a educação infantil merece um cuidado especial, pois facilmente perdem a concentração e precisam sempre de algo novo e estratégico para despertar o interesse em aprender e cultivar o saber desde pequeno.

            A ausência do processo do planejamento na Educação infantil dificulta seu trabalho, fazendo assim com que o educador aja no improviso pedagógico, prejudicando assim, a aprendizagem dos seus alunos e o seu próprio trabalho em parte. 

            Nesse caso, e de suma importância que os docentes discutam a questão da “forma” e do “conteúdo” no processo de planejamento e elaboração de planos para a educação infantil, a fim de buscar alternativas para superar as dicotomias entre fazer e pensar, teoria e pratica tão presente no cotidiano do trabalho dos professores.

No entanto, a vantagem de ser ter um planejamento é um professor seguro para trabalhar com clareza os conteúdos e atividade em sala de aula, pois dessa forma não perde o controle sobre sua classe e nem sobre o trabalho que ira realizar.

Sendo assim, acredito que o planejamento na Educação Infantil deve ser um momento que possibilite o professor encontrar soluções para obter avanços no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, por isso deve ser uma atividade contínua, onde o professor não somente escolha os conteúdos a serem passados na sala de aula, mais como um acompanhamento individual, que deve ser feito através de registros de classe. Em suma, o planejamento precisa ser considerado como um instrumento de orientação da prática docente e não ser utilizado apenas para nortear os conteúdos programáticos do currículo educacional.

 

 

3.4 A Importância do por que planejar na Educação Infantil?

 

Geralmente quando se fala de planejamento escolar, vem logo à ideia de algo burocrático, trabalhoso, como preenchimentos de formulários, por exemplo, no entanto muitos gestores e professores deixam de elaborar seu planejamento por falta de motivação ou de inovação na busca de melhoria para sua aula na educação infantil.

Ao analisarmos a educação infantil, podemos constatar que é um espaço privilegiado de aprendizagem para a pequena infância, tanto psicossocial quanto cognitiva, afetiva e locomotora, pois nele a criança aprende interagindo com os seus pares e com os educadores adultos. No entanto, esse processo de aprendizagem não esta sendo bem elaborado e planejado, pois docentes e coordenadores estão deixando uma grande lacuna devido a grande trajetória e mudanças que vem ocorrendo na educação infantil, evidenciando-se a necessidade de um planejamento solido e consciente para que possa corresponder a esses objetivos, zelando pelos cuidados e pela educação das crianças.

O planejamento consiste na identificação, na análise e na estruturação dos propósitos da instituição rumo ao que se pretende alcançar, levando em consideração suas políticas e recursos disponíveis. Nesse mesmo entendimento BATEMAN (2006, p. 117) relata que o planejamento é o processo consciente, sistemático de tomar decisões sobre metas e atividades que um individuo um grupo, uma unidade de trabalho ou uma organização buscarão no futuro.

O trabalho com crianças pequenas exige dos profissionais que atuam na educação infantil uma dinâmica didática envolvente, sedutora, pois crianças nessa faixa etária, 0 a 6 anos (agora de 0 a 5 anos), tem ainda um curto tempo de concentração o que exige do professor todo um trabalho de envolvimento para atrair as crianças para as suas propostas de atividades e, além disso, exige um planejamento flexível que permita rápidas modificações, quando necessárias (REDIN, 2007).  Sendo assim o planejamento é a forma do professor organizar uma ação, um pensamento, uma intencionalidade, traçando caminhos para alcançar seus objetivos propostos, para Vasconcellos (2000, p.35) “Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser elaborada de acordo com o previsto”.

Já para Libâneo (1993, p. 221), “O planejamento é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face de objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino”, pois assim, professores e coordenadores devem ter um olhar mais cauteloso sobre as atividades e seus planejamentos, refletindo se alcançaram os objetivos traçados e se estão inseridos nas necessidades de seus alunos, porque Vasconcellos (2000, p. 80) diz que:” O planejamento é o processo continuo e dinâmico de reflexão, de tomada de decisão, colocação em pratica e de acompanhamento”. Portanto, o planejamento é peça fundamental para o sucesso e aprendizado dos alunos.

Vamos ver o que nos diz o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil) sobre os seguintes princípios sobre o ato de fazer um planejamento de qualidade;

  • Respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.,
  • Direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil,
  • A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas pratica sócias, sem discriminação de espécie alguma,
  • Acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, a comunicação, a interação social, ao pensamento, a ética e a estética,
  • Atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. (Brasil, 1998, v.1, p.13).

 

Diante de tudo isso, temos que ressaltar a suma importância de atividades pedagógicas onde lhe possa ser vivenciadas situações e experiências de fazer escolhas, decisões e socializar suas conquistas e descobertas, priorizando sempre a organização do trabalho pedagógico onde educador e crianças têm papeis ativos em suas funções. Pois e nesse momento que o professor deve repensar, revisar e buscar novo significados para sua pratica pedagógica, prevendo sempre todos os meios e recursos necessários nas diferentes etapas do planejamento para que possa ter êxito em seus objetivos desejados.

Não esquecendo que o ato de planejar é pensar sobre aquilo que existe e sobre o que se quer alcançar, pois o planejamento é um instrumento que dá segurança para o professor trabalhar conteúdos e atividades que o aluno desenvolverá na sala de aula, pois quando o professor não tem o planejamento para ser trabalhado, acaba não tendo segurança do conteúdo que vai trabalhar e, dessa forma, perde o controle do próprio trabalho.

 

A perda de controle do próprio trabalho gera no profissional um estado de incertezas referentes a “o que”, “como” e “por que” fazer, induzindo a buscar soluções “seguras”, de caráterimediatista, para poder operar a dinâmica que caracteriza a situação de ensino. Esta situação torna pouco fecundada a prática de troca de experiências que ocorre entre profissionais deste nível de ensino – pratica tão almejada para a construção de um projeto pedagógico consiste de concepções claras e execução viável, precisa. Com isto a prática docente ocorre de forma dogmática, pouco refletida e fragmentada (ANGOTTI,1994, p. 57-58,).

 

Portanto, o educador dever elabora e adaptar o seu planejamento de acordo com a realidade social de seu aluno e buscar trazer ações que realiza em seu dia-a-dia de forma que o conteúdo seja mais significativo. Muitos professores fazem o planejamento, mas não percebem o real valor desse documento, deixando-o sem aspecto pedagógico. Assim, o planejamento pode ser desenvolvido e planejado de várias formas, mas nem todos chegam ao mesmo objetivo de torná-lo educativo.

Além disso, vale lembrar que o fato de um planejamento ser “maravilhoso” não significa que a aula do professor também o será, pois, se ele não tiver domínio de sala, compromisso e uma boa relação com seus alunos e seriedade, será quase impossível atingir o seu real objetivo e também não podemos deixar de mencionar que o planejamento tem que ser extremamente flexível.

O planejamento pedagógico na Educação Infantil precisa ser discutido e articulado aos sujeitos que estão inseridos nestes ambientes coletivos de educação, assim é imprescindível trazer para a sala de aula, através dos planejamentos, as manifestações que as crianças expressam no seu dia-a-dia, a partir de seus balbucios, choros, falas, gestos, desejos, hipóteses e conhecimentos prévios, estes são de suma relevância para um trabalho que respeite as culturas infantis (AHMAD,2011,p.04).

 

Nesse sentido o planejamento precisa ter sentido para o professor, pois ira mostrar a sua prática e dá seguimento aos conteúdos de forma simples e prazerosa para que possamos almejar nossos objetivos propostos.

 

3.5 O papel do professor na elaboração e efetivação do planejamento

 

O educador deve é precisa saber como fazer seu planejamento de acordo com a sua instituição em que está inserido (a), pois, alguns são bimestrais, trimestrais, e outros baseados no lúdico ou de acordo com os eixos temáticos da instituição. Sendo assim, o educador pode adaptar o planejamento de acordo com a realidade social de seu aluno e busca trazer ações que realize em seu cotidiano a forma que o conteúdo seja mais simples e dinâmico.

 

Não adianta um “planejamento bem planejado”, se o educador não constrói uma relação de respeito e afetividade com as crianças; se ele toma as atividades previstas como momentos didáticos, formais, burocráticos; se ele apenas age e atua, mas não interage/partilha da aventura que é a construção do conhecimento para o ser humano(OSTETTO,1994,p.190).

 

Ou seja, o educador tem que estar presente e se mostrar ativo no planejamento através das atividades desenvolvidas, com o intuito de mostrar a seus alunos que ele tem propriedade e conhecimento do que esta sendo repassado.

Sendo assim, o trabalho de planejar, leva o professor a pensar nas atividades adequadas para a sua turma, onde fará a avaliação e a partir das atividades propostas para a sua sala, irá rever a sua prática e o método em que está sendo utilizado para determinada classe.

Pois desse modo chegará a um único objetivo: a aprendizagem do aluno.

 

O planejamento não deve ser visto como uma peça burocrática prevista para encher pastas e gavetas da instituição na ilusão de um trabalho realizado. Deve, antes, ser espelho real do processo e produto organicamente construído para ser executado ao longo de um período de trabalho, em compasso com que veio anteriormente e o que virá depois. Deve, ainda, espelhar o empenho do professor na execução de um fazer objetivado, intencionado e que sistematicamente deverá ser revisto, analisando a luz da proposta de formação infantil na qual se acredita e na qual a instituição como um todo aposta (ANGOTTI, 1994, p66).

 

No entanto, o planejamento cria uma nova perspectiva para que o professor possa desenvolver seu papel social e educativo, contextualizando sua prática pedagógica de forma a ensinar o seu aluno a entender o significado do seu aprender, através de experiências inovadoras, entendendo assim, como tirar das tantas informações o seu saber, transgredindo e mudando a visão de seus alunos dentro das realidades socialmente determinadas, buscando despertar um novo fazer pedagógico, sem desvirtuar ou simplificar os intercâmbios simbólicos que a sala de aula representa. Ao pensarmos na Educação Infantil, percebe-se o quão importante é uma concepção onde a criança possa ser percebida como um sujeito em plena construção pessoal e social, e que precisa ser respeitado em cada época de sua vida.

Entretanto o professor desta fase tão significativa necessita planejar o despertar deste processo educativo, onde a escola atual buscando uma proposta recriadora e transgressora para uma escolarização que proporciona desvincular-se de uma visão tradicional, tecnicista e descontextualizada.

 

4 Conclusão

 

.Este artigo propiciou informações sobre a importância do planejamento na educação infantil, frisando o quanto é importante planejar para criar novas alternativas de conteúdos no cenário educacional, pois o ato de planejar faz parte da vida do ser humano e sem ele não se chega a lugar algum, pois é preciso estabelecer metas e objetivos do que se quer alcançar.

             Desse modo o planejamento na educação infantil esboça uma situação futura a partir da situação atual e prevê o quê, como, onde, quando e o porquê de se realizar tal objetivo, a fim de garantir a objetividade, a funcionalidade, a continuidade, a produtividade e a eficácia das ações planejadas, tornando o ensino produtivo e a aprendizagem garantida.

            Pois o planejamento na educação infantil só funciona se houver o comprometimento do professor, a busca de sempre estar atualizado e de querer o melhor para suas aulas.

            O professor, ao planejar o trabalho, deve estar familiarizado com o que pode pôr em prática, de maneira que possa selecionar o que é melhor, adaptando tudo isso às necessidades e interesses de seus alunos. Na maioria das situações, o professor dependerá de seus próprios recursos para elaborar sues planos de trabalho. Por isso deverá estar bem informado dos requisitos técnicos para que possa planejar, independentemente, sem dificuldades.

            Ainda temos a considerar que as condições de trabalho diferem de escola para escola, tendo sempre que adaptar seus projetos às circunstâncias e exigências do meio.

            Considerando que o ensino é o guia das situações de aprendizagem e que ajuda os estudantes a alcançaremos resultados desejados, a ação de planejá-lo é predominantemente importante para incrementar a eficiência da ação a ser desencadeada no âmbito escolar. (TURRA et alii, 1995, p. 20)

Finalizando, afirma-se que necessitamos repensar o planejamento na Educação Infantil afim de sanar as lacunas existentes entre o planejar e a prática efetiva do docente, ou seja, Significa re-imaginar e recriar as práticas pedagógicas aliadas às teorias educacionais numa convergência de significados onde prática docente aconteça simultaneamente com a preocupação na melhoria da qualidade da educação. Só assim se planejará melhor, se ensinará melhor e se aprenderá melhor.

REFERÊNCIAS

 

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OSTETTO, Esmeralda Luciana. Planejamento na Educação Infantil, mais que atividade, a criança em foco. Campinas, Papirus.1992

 

OSTETTO, Esmeralda Luciana. Encontro e encantamentos na Educação infantil: Partilhando experiências de estagio. Campinas, Papirus.1994

 

REDIN, Marita Martins. Planejamento na Educação Infantil com um fio de linha e um pouco de vento. Porto Alegre. Mediação, 2007.

 

SCHIMITT, Adriana. Registro de planejamento na Educação. Santa Catarina. Ed. FURB. VOL.01 n2.2006

 

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TURRA, C.M.G.; ENRICONE, D’ SANT’ ANNA, F.M.; ANDRÉ, LENIR CANCELLA. Planejamento de ensino e avaliação. 11. Ed. Porto alegre: Sagra – DC Luzzato, 1995.