A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Por Mauro Sérgio Soares Rabelo | 13/03/2017 | EducaçãoA IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL.
Audilanio Fernandes Teixeira1
Dalcimary Almeida de Oliveira
Lídia Ferreira dos Santos
ORIENTADOR: Prof. Mestre Mauro Sérgio Rabelo 2
RESUMO: O presente artigo é de cunho bibliográfico e um estudo de caso, reportando-se da necessidade da aplicação do Planejamento Escolar no âmbito da escola que atenda alunos com necessidades educacionais especiais tendo como campo de pesquisa a Escola Serafini Costa Pereira na cidade de Macapá. No decorrer da pesquisa, observou-se que os alunos atendidos pelo Acompanhamento Educacional Especial, pouco participam das atividades do ensino regular. Problema este existente devido à falta de um planejamento escolar compartilhado no qual as (os) professores (as) deveriam juntos, promover estratégias para o melhor atendimento desses alunos especiais. Observou-se que a participação dos pais desses alunos têm pouca visibilidade onde muitos deles não procuram informação a respeito das atividades que estão sendo oferecidos aos mesmos, ficando assim, alheios ao progresso dos seus filhos em sala de aula, onde o planejamento escolar compartilhado iria ajudá-los nessa unidade educacional, mostrando sua importância nesse estudo.
Palavras-Chave: Planejamento Escolar. Aluno. Professor. Inclusão. Escola
INTRODUÇÃO
O movimento que trata do processo da educação inclusiva envolve atos político
1 Acadêmicos do curso de pós-graduação do Ensino Especial Inclusiva da faculdade de Tecnologia e Ciências Humanas (FATECH) Email :
2 Mestre em Ciências da Educação pela Faculdade Integrada de Goiás (FIG) e Mestre em Teologia .Especialista em Metodologia do Ensino Superior em EAD pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL,PR) em Pessoa em Educação Profissional pelo Instituto de Ensino Superior do Amapá (IESAP.AP) E Gestão Estratégica de Pessoas pela FAEL. Graduado em Pedagogia . Comércio Exterior. E mail: maurorabelo2008@hotmail.com
sociais e pedagógicos com um só objetivo que é a busca dos direitos de todos cidadãos. Esse direito foi publicado em 1988 quando a Constituição Federativa do Brasil
Aprovou dentro do artigo 206, inciso l que o ensino seja fornecido em igualdade de condição para o acesso e permanência na escola. Sabe-se que muito se falta fazer para que esse acesso e permanência na escola aconteça de fato e de direito quando se fala de alunos com necessidades educativas especiais. Muitos obstáculos surgem no caminho do conhecimento desses educandos. É preciso que todos os agentes que promovam o sistema educacional estejam envolvidos em um só objetivo que é proporcionar uma verdadeira inclusão. O artigo apresentado comenta em seu primeiro capítulo, o processo da inclusão do aluno com necessidade especial na rede de ensino. Esse processo vem provocando mudanças no sistema educacional. Já que o mesmo necessitará uma formação pedagógica que possa qualificar os educadores para trabalhar com esse segmento.
O segundo capítulo do referido artigo, reporta-se a proposta educacional inclusiva que buscará mecanismos para a real inclusão do aluno na sala do ensino regular. A proposta educacional buscará meios que levarão o aluno do ensino inclusivo a participar de forma concreta de todas atividades e propostas que surgirão em sala de aula, com apoio de materiais adaptados, que venham suprir a sua necessidade educativa.
O terceiro capítulo identificará a importância do planejamento escolar no âmbito da educação especial. Concluindo assim, a real importância do planejamento escolar de forma compartilhada com todos os elementos que estejam envolvidos na aprendizagem do aluno especial para que o mesmo alcance sucesso em sua trajetória educacional e social.
1. A INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS.
A pessoa com necessidade educativa especial, possui todo direito de frequentar a rede de ensino e participar de forma igualitária com os demais componentes da sala de ensino regular, das atividades e propostas oferecidas pelo docente da sala de aula. Sabe-se que esse aluno com necessidades especiais de aprendizagem enfrentam barreiras dentro da rede de ensino quando não existem espaço físico adequado, condições de locomoções, material adaptado e professor capacitado para atendê-lo. Para atender a lei que protege o aluno especial da inclusão, faz-necessário que este aluno seja um ser incluído na sala de aula, não apenas integrado. O aluno deve participar de toda rotina de sala de aula, possua instrumentos que possa desenvolver suas habilidades, suas aptidões.Com isso, esse aluno se sentirá protagonista do seu conhecimento e preparado para agir na sociedade. Conforme MILLER (2003) “A rua de acesso à inclusão não tem fim porque ela é, em sua essência, mais um processo do que um destino”.
O educador, a escola, a comunidade escolar, os órgãos governamentais, precisam imediatamente repensar e planejar um sistema que venha superar a exclusão dentro do sistema educacional. Não tem nenhuma importância apenas colocar o aluno com necessidade educativa especial dentro de uma sala de ensino regular, onde o docente não possa atende-lo dentro de suas especificidades. O docente para que possa realmente inserir esse aluno dentro de suas propostas educacionais, precisa entende-lo, respeita-lo dentro de suas diversidades individuais do seu aprendizado. Esse fazer pedagógico é do docente. Mas a escola também precisa proporcionar o desenvolvimento desse aluno. Ou seja, esse desenvolvimento deve ser fruto de um trabalho compartilhado. Não esquecendo que o sistema governamental tem que fazer sua parte por meios de políticas públicas que verdadeiramente venha atender toda comunidade educanda.
Se as escolas não se reorganizarem para atender a todos os alunos indistintamente, a exclusão generalizada tenderá a aumentar provocando cada vez mais queixas vazias e maior distanciamento da escola comum dos alunos que supostamente não aprendem[...] Ao invés de adaptar e individualizar /diferenciar o ensino para alguns, a escola comum precisarecriar suas práticas, mudar suas concepções, rever seu papelsempre reconhecendo e valorizando as diferenças[...] (MANTOAN, 2007.p.16.6)
2. Proposta Educacional Inclusiva.
O sistema educacional precisa elaborar propostas para as escolas onde abrange escolas, educadores, famílias e comunidade escolar para que o aluno possa se desenvolver além de suas capacidades rotineiras. Através de uma proposta educacional inclusiva, a escola, sala de aula, deve ofertar atividades e propostas com auxílio de recursos pedagógicos para todos da sala de aula, onde a diferenciação estará apenas no material adaptado. Manuseando esse material, o aluno com necessidade especial educativa passará a sentir-se ativo e incluído no cotidiano da sala de aula, participando de forma igual com os demais porém, dentro de suas capacidades. A proposta educacional inclusiva deve fornecer argumentos para que o docente possa agregar algo novo e novo grau de dificuldade para o aluno. Para o planejamento atingir suas metas, precisa ser avaliado e revisado periodicamente para não perder o foco de promover uma aprendizagem igualitária. Essas propostas precisam individualizar e personalizar os processos de ensino para que alcancem determinado aluno considerando suas necessidades, habilidades, abrangendo suas dificuldades e diferenças, rompendo assim, com todos os estigmas.
O desafio é pôr em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum e válida para todos os alunos da classe escolar, porém capaz de atender os alunos cujas situações pessoais e características de aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo sem demarcações, preconceitos, ou atividades nutridoras dos indesejados estigmas. (BEYER, 2006, p.88)
3. Planejamento Escolar no Âmbito da Educação Especial.
Para que possa-se obter êxito em qualquer trabalho necessita-se de um planejamento. O planejamento escolar é fundamental para o fazer e o aperfeiçoamento do fazer pedagógico. O docente tem no planejamento, o norteador de suas ações de ensino e aprendizagem do aluno. Ao elaborar o planejamento, o docente buscara recursos e mecanismos que possam facilitar a aprendizagem do aluno com necessidade educativa especial.
Baseado nas leituras de vários autores sobre planejamento escolar, compreende-se que para o educador possa conseguir um bom desempenho no seu trabalho educacional, ele precisa escolher e fazer as suas opções que atenda todo seu público discente. Para isso é necessário que o mesmo, alcance êxito em estabelecer essa trajetória; oportunizando assim, que o aluno seja o autor de seu próprio desenvolvimento
O planejamento é a concretização das ideias na prática da instituição que se planeja. Daí a grande importância que possui o ato de planejar, já que, esse mecanismo pode resultar em mudança da realidade na direção que se deseja, pois está baseado no conhecimento teórico e na vontade explícita das pessoas. De acordo com os esclarecimentos no decorrer do curso passou-se a entender o planejamento escolar, como um facilitador de condições para o professor conseguir construir formas concretas de transformações de sua realidade escolar. O planejamento faz com que a prática do docente passe por uma concepção de ensino e aprendizagem determinando sua compreensão dos papéis de professor e aluno, da metodologia, da função social da escola e dos conteúdos ministrados. Dentro dos assuntos estudados, torna-se claro que para que o planejamento escolar alcance suas metas, faz-se necessário a participação construtiva do mesmo junto com a mediação do professor, para que sejam desenvolvidas as capacidades necessárias para a formação do aluno, como ser produtivo dentro da sociedade com suas especificidades. Observou-se assim, que a educação é o meio pelo qual não venha a existir barreiras ou distinção do ser humano principalmente no espaço de aprendizagem, provocando no educando desafios para que os mesmos alcancem novos saberes por meios dos que já possuem. E o palco para esses desafios de competências e habilidades é a escola.
A escola como ambiente de conhecimento, precisa ser um espaço de formação e informação em que os conteúdos de aprendizagem envolvam o cotidiano dos estudantes. Esse envolvimento deve proporcionar base para novos conhecimentos, em forma de desafios para todos os educandos do ensino especial como para os do ensino regular.
O ensino não deve se limitar ao que o aluno já sabe, mas que a partir do conhecimento tem que conduzi-lo á aprendizagem de novos conhecimentos o domínio de novas habilidades e a melhora de comportamento existentes. (ZABALA,1998).
Após estudo e análise dos referenciais dos autores que pesquisam sobre o planejamento escolar dentro da educação regular e inclusiva, chegou-se à concepção que os principais entraves existentes na escola SerafiniCostaporária, no que diz respeito a educação especial, onde ocorreu durante o ano uma grande evasão de alunos assistidos pela sala do AEE (Atendimento Educacional Especial), ficou esclarecido que a causa de tantos problemas é a falta de um planejamento escolar compartilhado visto que a professora da sala de ensino especial não interage com a professora da sala de ensino regular no qual o aluno está inserido, ficando cada uma em seu ambiente sem interagir nas ações pedagógicas, angustias e expectativas.
Durante o decorrer do ano, ministrando aulas para trinta e um alunos, sendo um aluno com necessidade educacional especial, não ocorreu nenhuma intervenção da professora do ensino especial assim como não recebemos qualquer tipo de material adaptado para trabalhar com esse aluno.
Ao questionar com a coordenação da escola pela falta de apoio nas atividades em sala de aula com o aluno especial, recebemos como resposta um sonoro “se virem afinal vocês são professores ou não?” Durante todo ano tivemos que nos reinventar para poder incluir nosso aluno nas atividades de sala regular. Tarefa difícil mais gratificante.
Com o total despreparo para lidar com nossos alunos com necessidades educacionais especiais, fomos levados a estudar o processo da inclusão, para não passarmos por tamanha angustia e realmente promover a inclusão e o conhecimento desses alunos. Outro problema existente em nossa escola se refere a sala do AEE, que é pouco confortável, pequena para atender os cadeirantes. Mas, com o olhar diferenciado que estamos visualizando o ensino especial, buscar-se-á despertar no aluno especial e sua verdadeira inclusão na sala de ensino regular por meio do planejamento escolar compartilhado que buscará estratégias para motivar nossos alunos de forma geral.
Percebeu-se também em nossa escola que os pais desses alunos com necessidades educativas especiais estão desmotivados com o tipo de atendimento na sala do AEE por não observarem avanços no desenvolvimento dos seus filhos.
Sabemos que existem tropeços no caminho da educação inclusiva. Mas os pais desses alunos não são informados como observar cada melhora do seu filho. Aliás, os pais na sua maioria, apenas deixam o filho na escola e não buscam informações sobre seu avanço escolar e como poderiam auxiliar no desenvolvimento do mesmo.
Com a aplicação do planejamento educacional compartilhado com a professora da sala do AEE com a professora da sala de ensino regular, pais de aluno e coordenação de especialistas, o processo ensino e aprendizagem torna-se mais prazeroso e a permanência do aluno em sala de aula será uma realidade. Com isso, a presença do aluno com necessidade educativa especial dentro da sala de ensino regular participando; interagindo com os demais colegas de sala;, fazendo as mesmas atividades propostas pela professora da sala com uso de material adaptado; o entrosamento da professora de ensino regular com a professora de ensino especial em busca da melhor forma de atender o processo evolutivo da aprendizagem do aluno; tudo isso só se tornará possível mediante o embasamento de um planejamento escolar participativo.
A Escola Serafini Costa Pereira como um ambiente escolar, precisa exercer um efeito estimulador para o estudo ativo dos alunos. Os professores devem unir-se com direção da escola, coordenação de especialistas orientadores e supervisores e aos pais dos alunos e tornar a escola um lugar agradável e acolhedor para todos os componentes da mesma, em especial, aos educandos do ensino inclusivo.
“A presença de inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física desses alunos juntos aos demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades” (DIRETRIZES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA.)
CONCLUSÃO
Este artigo, como referencial a obtenção de Título de Especialista em Educação Especial Inclusiva, foi elaborado de forma a contribuir com professores, supervisores, orientadores, gestão, pais de alunos e toda comunidade escolar e aos que queiram mais aquisição de conhecimento sobre o tema abordado, destacando-se: A observação da real necessidade do aluno, a adaptação de conteúdos didáticos, a criação de condições físicas, ambientais e materiais para o aluno de forma adaptada e diversificada, apoio de sua coordenação escolar e da família dos alunos envolvidos.
Com esses instrumentos a escola proverá meios de adequar seu currículo de acordo com cada caso e revisto, garantindo assim a verdadeira inclusão por meios do planejamento escolar compartilhado na sala do ensino especial e na sala do ensino regular na escola estudada, evitando assim, a grande evasão de alunos com necessidades educativas especiais, maior envolvimento de toda escola no processo de ensino do aluno, respeitando-o, compartilhando com o mesmo, tratando-o de forma igualitária sem preconceito ou estigmas. Com essa ferramenta educacional, os pais dos alunos desse segmento, passará a compreender melhor a forma de ensino que seus filhos estão utilizando, saberá como ajuda-los em casa e ficará atento a toda e qualquer mudança de atitudes apresentadas por eles.
Referendando a importância do planejamento Escolar dentro do processo de ensino e aprendizagem no âmbito da educação especial inclusiva, concluímos que todos os entraves que levam a uma educação especial não produtiva, desacreditada, desmotivada, existente na escola Serafini Costa Pereira, gira em torno da ausência de um planejamento escolar compartilhado. Pois somente com a aplicação de um planejamento escolar que venha atender as reais necessidades de todos que estão envolvidos poderá essa ou qualquer outra escola, alcançar êxito em seus objetivos que giram em torno do aluno desenvolvendo suas potencialidades, contribuindo assim, para a verdadeira inclusão escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA
BEYER, H.O. A educação inclusiva ressignificando conceitos e práticas da educação especial. Revista educação especial. Brasília 02, ag.2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC\SEESP, 2008.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, Políticas e Práticas Na Área Das Necessidades Educativas Especiais. Brasília. MEC.\SEE.2005, v.1p.67.
MITTLER, Peter.Educação Inclusiva. Contextos Sociais.Porto Alegre: Artemed, 2003.
PARÂMETROS CURRICULARES 1997.
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa. Porto Alegre: Artemed, 1998.