A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO ABBA NO TRABALHO COM AUTISTAS

Por alessandra aparecida avelino dos santos custodio | 10/08/2020 | Educação

ALESSANDRA APARECIDA AVELINO DOS SANTOS CUSTÓDIO DA SILVA 

A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO ABBA NO TRABALHO COM AUTISTAS

O desenvolvimento pedagógico de crianças autistas é um campo de estudo que evolui continuamente, com a crescente busca por abordagens que atendam às necessidades e particularidades desses indivíduos. Cada vez mais, educadores e pesquisadores empenham-se em adaptar técnicas e métodos que possam promover o aprendizado e o desenvolvimento social, comunicacional e comportamental das crianças no espectro do autismo.

O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição do neurodesenvolvimento que se manifesta desde idades precoces, normalmente antes dos três anos. As principais características do TEA incluem dificuldades na comunicação verbal e não verbal, na interação social e a presença de comportamentos restritos e repetitivos. Essas particularidades tornam-se desafios significativos para educadores, terapeutas e familiares, que buscam estratégias para que essas crianças possam alcançar seu potencial máximo. Como define Mello (2007, p. 16), o autismo “é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces e se caracteriza por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação”.

Dentro desse contexto, surge o método ABA, ou Análise de Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis), como uma abordagem com base científica que tem ganhado destaque na promoção do desenvolvimento e aprendizado de crianças autistas. O ABA foi introduzido por pesquisadores como Ivar Lovaas na década de 1960 e é amplamente utilizado no campo do autismo desde então, com uma trajetória que o consagrou por sua eficácia comprovada na promoção de habilidades essenciais para o desenvolvimento dessas crianças. Como descreve Mello (2001), o método ABA aplica princípios científicos para promover a aprendizagem e a aquisição de habilidades nas crianças com TEA, adaptando-se de acordo com os objetivos e necessidades de cada uma.

O método ABA é uma metodologia que se destaca por utilizar a análise funcional do comportamento, uma técnica que busca entender as funções dos comportamentos apresentados pela criança. Esse processo envolve a identificação das razões e dos gatilhos que podem estar por trás de determinados comportamentos, o que permite que os profissionais intervenham de forma assertiva e personalizada. Ao identificar a função de cada comportamento, é possível elaborar estratégias de ensino que respeitem as características individuais da criança, promovendo uma intervenção que respeita seus interesses e motivações.

Como observa D’Affonseca (2014), uma das principais vantagens do ABA é a sua abordagem individualizada, que se adapta conforme as habilidades e as dificuldades de cada criança. O método também envolve o uso de reforçamento positivo, técnica que incentiva o aumento de comportamentos desejáveis por meio de recompensas adequadas. Essa prática auxilia no aprendizado de comportamentos apropriados e na construção de uma comunicação mais eficaz, especialmente em crianças que apresentam dificuldades para expressar suas necessidades.

No contexto pedagógico, o ABA apresenta-se como uma ferramenta valiosa que proporciona o desenvolvimento de habilidades acadêmicas, sociais e de comunicação. Por meio de estratégias específicas, como o ensino estruturado, a modelagem e o reforçamento positivo, o ABA facilita a aprendizagem de conteúdos escolares e comportamentos funcionais. Essas técnicas visam à criação de um ambiente de aprendizado positivo, que estimula a criança a participar ativamente e a responder de forma satisfatória aos estímulos e tarefas propostas.

Essas intervenções incluem o ensino de habilidades como comunicação funcional, contato visual, interação com colegas e familiares, além do desenvolvimento de habilidades motoras e de autocuidado. Por exemplo, no ensino de habilidades sociais, o ABA pode ser utilizado para ensinar uma criança a esperar sua vez em um jogo ou a seguir uma rotina em grupo, promovendo a inclusão e o bem-estar no ambiente escolar. Essas habilidades sociais são essenciais para o desenvolvimento das crianças autistas, pois elas impactam diretamente sua capacidade de se comunicar e interagir com o mundo ao seu redor.

Outro ponto importante do método ABA é o foco na generalização dos comportamentos e habilidades adquiridas. Generalizar significa que as crianças são incentivadas a transferir o que aprenderam para diferentes contextos e situações, aplicando o aprendizado em ambientes variados e com diferentes pessoas. A ênfase na generalização é crucial para que as crianças autistas possam levar as habilidades aprendidas em sessões de terapia para o cotidiano escolar, para interações sociais e para o ambiente doméstico. Conforme explica Cunha (2015), essa aplicação prática das habilidades em múltiplos contextos é essencial para que o aprendizado seja funcional e para que as crianças desenvolvam autonomia.

A generalização dos comportamentos aprendidos garante que as intervenções realizadas no método ABA sejam duradouras e eficazes, promovendo um desenvolvimento contínuo e sustentável ao longo do tempo. Dessa forma, o ABA não apenas ensina habilidades específicas, mas também capacita a criança a utilizar essas habilidades em situações que exigem adaptação e flexibilidade.

O envolvimento da família é outro elemento essencial para o sucesso do método ABA. A participação ativa dos familiares no processo terapêutico contribui significativamente para o desenvolvimento da criança e para a continuidade das práticas fora do ambiente escolar ou terapêutico. As famílias recebem orientação e apoio para que possam aplicar os princípios do ABA em situações do cotidiano, como nos momentos de refeição, lazer e nas atividades de rotina. Essa integração das práticas ABA no ambiente familiar promove a consistência no ensino das habilidades e oferece à criança uma base mais sólida para a generalização do aprendizado.

Além disso, a capacitação da família por meio do ABA permite que os familiares compreendam melhor as necessidades da criança e desenvolvam uma relação mais forte e empática com ela. Esse envolvimento reduz a ansiedade e as frustrações de ambas as partes, uma vez que os familiares passam a entender as motivações e os desafios enfrentados pela criança. Dessa forma, o ABA promove não só o desenvolvimento pedagógico da criança, mas também o fortalecimento dos vínculos familiares e o apoio emocional.

O impacto do ABA no desenvolvimento pedagógico vai além das habilidades acadêmicas e sociais, pois também contribui para a qualidade de vida das crianças autistas e para sua inclusão na sociedade. Ao promover o aprendizado de habilidades práticas e de comunicação funcional, o ABA capacita essas crianças a enfrentar os desafios diários com maior independência e segurança. A inclusão é um dos principais objetivos do ABA, que busca proporcionar às crianças com TEA as ferramentas necessárias para que possam se integrar de forma significativa em ambientes escolares, sociais e familiares.

A abordagem individualizada e científica do ABA representa uma alternativa promissora para as crianças autistas e suas famílias, oferecendo um caminho para que essas crianças possam alcançar seu potencial máximo. Ao permitir que desenvolvam habilidades que as ajudam a interagir socialmente e a expressar suas necessidades, o ABA promove a autonomia e a dignidade, reduzindo barreiras e fomentando um ambiente inclusivo. Dessa forma, o método ABA cumpre um papel fundamental na construção de uma sociedade mais inclusiva e acolhedora, onde todos possam ter a oportunidade de contribuir e participar ativamente.

Em conclusão, o método ABA oferece uma abordagem científica, comprovada e personalizada para o desenvolvimento pedagógico de crianças autistas, sendo um recurso essencial para educadores, terapeutas e familiares. Com base nos princípios da análise funcional e no reforçamento positivo, o ABA proporciona um conjunto de estratégias eficazes para ensinar habilidades acadêmicas, sociais e práticas, promovendo o desenvolvimento pleno e a inclusão das crianças com TEA na sociedade. A generalização dos comportamentos e o envolvimento familiar potencializam ainda mais o impacto do ABA, permitindo que as crianças autistas possam aplicar o aprendizado em múltiplos contextos e desenvolver autonomia.

Portanto, investir no método ABA é um passo em direção a uma sociedade mais inclusiva e ao apoio fundamental que essas crianças e suas famílias necessitam. O ABA não apenas promove o aprendizado e a integração, mas também oferece uma visão de futuro onde as crianças autistas possam explorar seu potencial e se desenvolver em um ambiente acolhedor e respeitoso.

A ABBA se fundamenta na premissa de que o comportamento humano é influenciado por antecedentes e consequências, e que é possível modificar comportamentos através de intervenções específicas. A análise funcional do comportamento é uma das principais características desse método, pois busca entender as funções que os comportamentos desempenham na vida da criança autista.

Ainda de acordo com Mello (2001), uma das definições centrais do método ABBA é o conceito de reforçamento positivo. Essa abordagem enfatiza a importância de recompensar e reforçar os comportamentos desejados, ou seja, aqueles que são considerados apropriados e relevantes para o desenvolvimento da criança. Dessa forma, os profissionais que utilizam o método ABBA identificam objetivos específicos para cada criança e implementam estratégias de ensino individualizadas.

A importância do método ABBA reside na sua abordagem baseada em evidências científicas. Ao longo das últimas décadas, pesquisas têm demonstrado consistentemente a eficácia desse método no desenvolvimento de habilidades acadêmicas, sociais e de comunicação em crianças autistas. A ABBA tem se mostrado uma abordagem altamente personalizada e adaptável, permitindo que os profissionais da área da educação atendam às necessidades específicas de cada criança (MELLO, 2001). 

Além disso, o método ABBA tem uma ênfase particular na generalização das habilidades aprendidas. Isso significa que os profissionais buscam garantir que as habilidades adquiridas durante as sessões de intervenção sejam transferidas e aplicadas em diferentes contextos, possibilitando que a criança autista utilize essas habilidades em situações do cotidiano e não apenas em ambientes controlados de aprendizagem.

Outro ponto relevante é a participação ativa da família no método ABBA. Os pais e familiares são considerados parceiros essenciais no processo de intervenção, sendo envolvidos na definição de metas, na implementação de estratégias em casa e no suporte contínuo ao desenvolvimento da criança. Essa colaboração entre profissionais da educação e família contribui para a continuidade do aprendizado e a promoção de um ambiente de apoio consistente para a criança autista.

Ainda de acordo com Mello (2001), no geral, o método ABBA desempenha um papel importante no desenvolvimento pedagógico da criança autista, oferecendo uma abordagem baseada em evidências que enfatiza a análise funcional do comportamento, a personalização das estratégias de ensino, a generalização das habilidades aprendidas e a parceria com a família. Essa metodologia tem demonstrado resultados positivos na promoção do aprendizado e do desenvolvimento pleno das crianças autistas, auxiliando-as a alcançar seu potencial máximo.

Segundo D'Affonseca (2016), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento da comunicação, interação social e comportamentos restritos e repetitivos. Estima-se que, atualmente, uma em cada 54 crianças seja diagnosticada com autismo, o que torna essa condição uma preocupação relevante para pais, educadores e profissionais da área da saúde.

As crianças autistas de acordo com o autor acima possuem necessidades específicas em termos de educação, uma vez que podem apresentar dificuldades na interação social, na expressão verbal e não verbal, além de comportamentos que podem prejudicar sua participação em ambientes educacionais tradicionais. Portanto, é fundamental buscar abordagens e metodologias que possam atender a essas necessidades de maneira eficaz (MELLO, 2007).

Nesse contexto, o método ABBA, também conhecido como Análise de Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis), tem se destacado como uma abordagem amplamente utilizada no campo do autismo. A ABBA é baseada em princípios científicos do comportamento e visa promover a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades nas crianças autistas.

De acordo com Mello (2001), o método ABBA parte do pressuposto de que o comportamento é influenciado por antecedentes e consequências, e que é possível modificar comportamentos através de intervenções específicas. Dessa forma, profissionais que utilizam essa abordagem realizam uma análise funcional do comportamento, buscando compreender as funções que os comportamentos desempenham na vida da criança autista.

Uma das principais características do método ABBA é a sua personalização, levando em consideração as necessidades individuais de cada criança. Os profissionais buscam identificar objetivos específicos para cada aluno, criando estratégias de ensino individualizadas e aplicando reforçamento positivo para promover o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades.

Além disso, o método ABBA também enfatiza a generalização das habilidades aprendidas. Isso significa que os profissionais trabalham para que as habilidades adquiridas durante as sessões de intervenção sejam aplicadas em diferentes contextos, incluindo a escola, a casa e outras situações do cotidiano da criança autista.

No contexto educacional, o método ABBA tem se mostrado uma valiosa contribuição para o desenvolvimento pedagógico da criança autista. Sua abordagem baseada em evidências científicas e personalizada permite que os profissionais da educação adaptem estratégias e técnicas de ensino para atender às necessidades individuais de cada aluno, promovendo a aquisição de habilidades acadêmicas, sociais e de comunicação (MELLO, 2001). 

Em suma, o método ABBA representa uma importante contribuição para o desenvolvimento pedagógico da criança autista, fornecendo uma abordagem baseada em evidências que visa promover o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades de forma individualizada e eficaz.

As características essenciais do transtorno do espectro autista são prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, i 5 Supervisão da Área de Pesquisa Científica unigoias.com • 0800 605 9003 Av. João Cândido de Oliveira, 115 nteresses ou atividades. Esses sintomas estão presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário. O estágio em que o prejuízo funcional fica evidente irá variar de acordo com características do indivíduo e seu ambiente. Car acterísticas diagnósticas nucleares estão evidentes no período do desenvolvimento, mas intervenções, compensações e apoio atual podem mascarar as dificuldades, pelo menos em alguns contextos. Manifestações do transtorno também variam muito dependendo da gr avidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade cronológica; daí o uso do termo espectro (APA, 2014, p. 53).


 

O trabalho a partir do método ABBA envolve várias etapas e estratégias específicas para promover o desenvolvimento pedagógico da criança autista. Embora as abordagens possam variar de acordo com as necessidades individuais de cada criança, existem alguns elementos comuns no trabalho realizado com o método ABBA (MELLO, 2001).

Aqui estão algumas características-chave do trabalho a partir do método segundo Windholz (1995): 

  • Avaliação inicial: O processo geralmente começa com uma avaliação detalhada do comportamento, habilidades e necessidades da criança autista. Essa avaliação pode incluir observações diretas, entrevistas com pais e outros profissionais envolvidos, bem como o uso de ferramentas e questionários padronizados. O objetivo é obter uma compreensão abrangente do perfil da criança para orientar a intervenção.

  • Definição de metas: Com base na avaliação inicial, são definidas metas específicas e mensuráveis para a criança autista. Essas metas podem abranger áreas como habilidades acadêmicas, comunicação, interação social e comportamentos adaptativos. As metas são estabelecidas de forma individualizada, levando em consideração as necessidades e interesses da criança.

  • Estratégias de ensino individualizadas: O método ABBA enfatiza a personalização das estratégias de ensino. Com base nas metas estabelecidas, são desenvolvidas estratégias e atividades de ensino adaptadas às necessidades e habilidades da criança. Essas estratégias podem incluir ensino estruturado, modelagem, quebra de tarefas em etapas menores, uso de pistas visuais, entre outros.

  • Análise funcional do comportamento: A análise funcional do comportamento é uma parte essencial do trabalho com o método ABBA. Os profissionais buscam compreender as funções que os comportamentos desempenham na vida da criança autista, identificando antecedentes e consequências que influenciam esses comportamentos. Essa análise ajuda a direcionar intervenções específicas para reduzir comportamentos problemáticos e promover comportamentos desejados.

  • Reforçamento positivo: O reforçamento positivo é uma estratégia-chave utilizada no método ABBA. Consiste em recompensar e fortalecer os comportamentos desejados por meio de elogios, incentivos, recompensas tangíveis ou acesso a atividades preferidas. O reforçamento positivo tem como objetivo aumentar a probabilidade de o comportamento desejado se repetir no futuro.

  • Generalização das habilidades: Uma parte importante do trabalho com o método ABBA é garantir que as habilidades aprendidas durante as sessões de intervenção sejam generalizadas para diferentes contextos. Isso envolve ajudar a criança a aplicar as habilidades em ambientes escolares, domésticos e sociais, para que ela possa usar as habilidades aprendidas de forma prática e funcional no dia a dia.

  • Envolvimento da família: O método ABBA reconhece a importância da participação da família no processo de intervenção. Os pais são considerados parceiros essenciais e são envolvidos no estabelecimento de metas, na implementação de estratégias em casa e no suporte contínuo ao desenvolvimento (RIBEIRO e BLANCO, 2016). 

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma metodologia científica com foco na compreensão e modificação de comportamentos, sendo amplamente reconhecida e aplicada no contexto educacional e terapêutico para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O método, que ganhou destaque por sua abordagem baseada em evidências, oferece uma série de benefícios direcionados ao desenvolvimento pedagógico de crianças autistas, promovendo a aquisição de habilidades, a redução de comportamentos problemáticos e a integração social. Por meio de uma aplicação personalizada e adaptada às necessidades individuais, o ABA proporciona uma estrutura sólida para que essas crianças desenvolvam autonomia e habilidades fundamentais para uma melhor qualidade de vida e inclusão social.

A ABA é uma abordagem que teve suas bases nos estudos da Análise do Comportamento, iniciados por B. F. Skinner, um dos principais teóricos do behaviorismo. A metodologia se baseia em identificar as causas e consequências dos comportamentos, reforçando aqueles considerados positivos e redirecionando comportamentos indesejados. Com o tempo, o ABA evoluiu para se tornar uma das principais intervenções comportamentais recomendadas para crianças com TEA. A aplicação do método envolve estratégias de ensino intensivas e individualizadas, desenhadas para alcançar objetivos específicos de acordo com as habilidades e desafios de cada criança.

No ambiente educacional, o ABA tem se mostrado extremamente eficaz para ensinar uma ampla gama de habilidades, desde competências acadêmicas básicas até habilidades de vida prática e comunicação. Através de técnicas como o reforçamento positivo e a análise funcional do comportamento, o método auxilia as crianças a desenvolverem competências essenciais para o aprendizado e a socialização. 

Essas habilidades incluem a comunicação, o contato visual, a interação social e a autonomia em tarefas cotidianas. Por exemplo, uma criança que encontra dificuldade em comunicar suas necessidades pode, através do ABA, aprender a utilizar palavras, gestos ou dispositivos de comunicação para expressar o que deseja ou sente. Dessa forma, o método contribui para que as crianças autistas adquiram habilidades que facilitam seu progresso escolar e sua integração no ambiente de aprendizado.

Um dos objetivos centrais do ABA é a redução de comportamentos problemáticos, que podem variar de comportamentos autolesivos a explosões emocionais e comportamentos repetitivos. Essas ações, muitas vezes, surgem como respostas a frustrações ou dificuldades de comunicação que a criança enfrenta. Ao implementar o ABA, os profissionais buscam identificar a função de cada comportamento, ou seja, a razão pela qual a criança o apresenta. Esse entendimento possibilita a criação de estratégias para reduzir esses comportamentos, oferecendo alternativas mais funcionais e menos prejudiciais. Além disso, ao substituir comportamentos problemáticos por habilidades comunicativas e de autocontrole, o ABA contribui diretamente para o desenvolvimento pedagógico da criança, permitindo que ela aproveite melhor as atividades e o ambiente escolar.

A interação social é frequentemente um dos maiores desafios para crianças autistas, pois o TEA afeta a capacidade de comunicação e socialização. O ABA, através de métodos específicos de reforço e práticas de imitação, oferece um caminho para que essas crianças desenvolvam as habilidades sociais de forma gradual e estruturada. Um exemplo prático é o ensino de habilidades de brincadeira colaborativa, onde a criança aprende a dividir brinquedos, a esperar a sua vez e a se comunicar com colegas. A prática sistemática dessas habilidades em diferentes contextos, como a escola e o ambiente familiar, facilita a generalização e a aplicação dos comportamentos sociais em situações diversas, promovendo a integração e o bem-estar da criança.

O envolvimento ativo da família é essencial para o sucesso do ABA, pois os familiares desempenham um papel crucial na aplicação e continuidade das técnicas fora do ambiente terapêutico. O método enfatiza a colaboração entre profissionais e familiares, de modo que estes últimos se tornem parceiros no processo de ensino e desenvolvimento da criança. Os pais recebem orientação e suporte para aprender a aplicar os princípios do ABA em situações cotidianas, como nas refeições, nos momentos de lazer e nas rotinas de higiene. Essa participação proporciona uma consistência nas intervenções, o que é fundamental para que a criança continue a desenvolver as habilidades de maneira eficaz e integrada ao seu dia a dia.

Além disso, o ABA capacita os familiares a compreender melhor os comportamentos e as necessidades da criança, fortalecendo o vínculo e criando um ambiente mais acolhedor e compreensivo. A participação da família também promove uma maior aceitação e apoio ao desenvolvimento da criança, reduzindo o estigma social e incentivando uma visão positiva sobre o potencial de crescimento e aprendizado.

As contribuições do ABA vão além do desenvolvimento pedagógico, impactando diretamente na qualidade de vida e na inclusão social das crianças autistas. O método promove habilidades fundamentais para a independência, como o autocuidado e a comunicação funcional, que capacitam a criança a lidar com situações do dia a dia com maior autonomia. Por exemplo, ao aprender a expressar suas necessidades e a interagir socialmente, a criança está mais preparada para participar de atividades sociais, frequentar a escola e explorar novas experiências com confiança e segurança.

Ao facilitar o desenvolvimento dessas competências, o ABA auxilia a criança a se integrar de forma mais completa e ativa na sociedade, reduzindo barreiras e promovendo uma visão inclusiva. Esse impacto é especialmente importante em um contexto onde o objetivo é construir uma sociedade mais inclusiva e aberta à diversidade, permitindo que as crianças autistas alcancem seu potencial máximo e sejam vistas como agentes ativos na comunidade.

Embora o ABA ofereça inúmeros benefícios, sua implementação requer comprometimento, tempo e expertise dos profissionais envolvidos. Para garantir resultados eficazes, é necessário que os profissionais recebam treinamento contínuo e estejam capacitados a adaptar o método conforme as necessidades individuais de cada criança. Além disso, o ABA demanda dedicação tanto dos profissionais quanto das famílias, que precisam se envolver ativamente no processo de ensino e aprendizado.

Esse comprometimento, no entanto, é amplamente recompensado pelos resultados positivos que o método proporciona, pois crianças autistas que passam por intervenções consistentes e bem estruturadas com o ABA apresentam melhorias significativas em diversos aspectos do desenvolvimento. Com base em evidências científicas e uma abordagem personalizada, o ABA oferece esperança e oportunidades para que essas crianças desenvolvam suas habilidades e trilhem um caminho de sucesso e inclusão.

Assim, o método ABA oferece uma abordagem eficaz e comprovada para o desenvolvimento pedagógico de crianças autistas. A aplicação de estratégias individualizadas, o uso do reforçamento positivo e o foco na generalização das habilidades contribuem para que essas crianças alcancem seu potencial máximo e se tornem membros ativos e bem-sucedidos da sociedade. Ao unir o aprendizado e a inclusão em uma abordagem estruturada e adaptada, o ABA representa uma intervenção fundamental para a promoção de uma educação inclusiva e de qualidade.

Concluindo, as contribuições do ABA para o desenvolvimento pedagógico e social da criança autista são significativas. O método, embasado em princípios científicos e voltado para as necessidades de cada indivíduo, permite a aquisição de habilidades essenciais, promove o desenvolvimento social e oferece à criança oportunidades reais de crescimento. Portanto, investir no ABA é investir em um futuro mais igualitário, onde crianças autistas tenham a chance de explorar seu potencial, desenvolver relações significativas e participar plenamente da sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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D'AFFONSECA, S. M. B. Uma introdução à Análise do Comportamento Aplicada ao autismo. Em F. H. Santos, L. M. T. Bortoloti, & P. C. M. Pacheco (Orgs.), Intervenção comportamental em autismo: Perspectivas para a prática clínica (pp. 25-46). ESETec Editores, 2016.

NUNES, D. R. Análise de Comportamento Aplicada e Educação Especial. Revista Brasileira de Educação Especial, 20(1), 123-138, 2014.

MELLO, A. M. S. R. Autismo: guia prático. 2ª ed. São Paulo, Corde, 2001.

_______. Autismo: guia prático. 5 ed. São Paulo: AMA. Brasília: CORDE, 2007.

RIBEIRO, E. BLANCO, M. Os desafios da escola pública Paranaense na perspectiva do professor PDE: um estudo sobre as propostas de intervenção com crianças autistas em sala de aula. Vol. 1. Paraná: PDE, 2016.

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