A Importância do Marketing Aplicado ao Turismo para o Desenvolvimento de um Município. Catas Altas: Um Estudo De Caso

Por Lílian Miranda | 04/11/2008 | Sociedade

1 INTRODUÇÃO

O setor do turismo tem sido alvo, nos últimos tempos, de uma forte explosão do desenvolvimento de idéias e ações. A demanda é crescente por causa do aumento da população e da complexidade urbana, provocada pelo capitalismo e seus modos de produção, e da busca por opções diferenciadas para a satisfação pessoal. O turismo é evasão, sonho, saída do cotidiano e da mesmice. E o Marketing Turístico vem impulsionar o consumo desta necessidade pós-moderna: o "sair da rotina".

O Turismo não se encaixa no quesito das necessidades básicas, como alimentação, moradia, saúde e educação, por ser considerado secundário na escala de prioridades dos consumidores. Mas a atividade turística deixou de ser vista como um capricho. Uma vez atendidas as suas necessidades primárias, o ser humano passa a relacionar suas necessidades principalmente com status, cultura e lazer – e é aqui que o turismo encontra sua atuação.

E o turista procura aonde ir. Para se aproveitar possíveis potenciais turísticos de uma localidade, um município, um país, é preciso muito planejamento. Cabe às Administrações Públicas definirem seus objetivos - que serão descobertos através de um diagnóstico quase clínico da vocação turística a ser praticada e que poderá trazer os resultados esperados - e investir nisso, além do envolvimento da comunidade (da qual é necessário extrair quais os rumos seguir em relação à atividade). De nada servirá uma cidade oferecer várias opções turísticas como, por exemplo, grande riqueza natural e cultural, se a Administração não desenvolver as medidas indicadas para impulsionar o desenvolvimento turístico.

Concluindo-se que é função das Administrações Públicas desenvolver um conjunto de atuações fundamentais que caracterizam o mercado turístico em seu torno, este trabalho apresenta algumas reflexões a propósito da aplicação específica do marketing à atividade turística, e traz o estudo da cidade de Catas Altas, pertencente ao Circuito do Ouro da Estrada Real, hoje considerada uma cidade histórica e ecológica impulsionada pelo empenho da Administração em investir no potencial da cidade.

Todas as suas particularidades e o fato de apenas treze anos de emancipação político-administrativa terem proporcionado ao município de Catas Altas uma verdadeira revolução instigaram a esse estudo.

O que se quer saber é: como as ferramentas do marketing turístico podem ser utilizadas por uma administração para investir no potencial de uma cidade?

Para isso, este artigo apresenta uma discussão sobre a aplicação do marketing ao turismo, que pode ser essencial para o desenvolvimento de um município, para propiciar a compreensão dos temas básicos do marketing e aplicá-los diretamente ao setor turístico e identifica as ações de marketing que auxiliam uma Administração Pública a investir no potencial turístico da cidade. Unindo a teoria à prática, traz no estudo de caso um exemplo real e atual para mostrar que é possível se investir no marketing turístico e atingir bons resultados no desenvolvimento de um município, além de apresentar uma análise dos feitos da Administração da cidade de Catas Altas que a levaram a ser reconhecida como cidade histórica e ecológica e uma referência no turismo da região do Circuito do Ouro da Estrada Real.

A execução se deu por meio de uma pesquisa bibliográfica em registros escritos e de um grande suporte em pesquisa documental – artigos de publicações periódicas, publicações eletrônicas, publicações acessíveis através da Internet, além da coleta de dados primários, por meio de entrevista.

Para um embasamento teórico, o artigo apresenta conceitos de Marketing e de Marketing de Produtos e Serviços, para fundamentar a aplicação de acordo com o eixo temático. Como pilar, bibliografias ligadas ao tema Marketing Turístico permeiam todo o texto.

Definiu-se estruturar o trabalho da seguinte forma: uma introdução; quatro capítulos abordando, respectivamente, a fundamentação teórica, a metodologia, a definição do objeto empírico – a cidade de Catas Altas -; o relato das estratégias adotadas pela administração da cidade, apresentadas através da coleta de dados em entrevista com o secretário de turismo; uma análise do estudo de caso e a apresentação das conclusões obtidas.

2. MARKETING E TURISMO

2.1 Turismo: conceito e funções

A Organização Mundial de Turismo (OMT), organismo das Nações Unidas para promover o desenvolvimento do turismo nos países subdesenvolvidos, define Turismo como a soma de relações e de serviços derivados de uma mudança temporária e voluntária de residência, motivada por razões que não podem ser profissionais ou de negócios. Para Melgar (2001, p. 13), a definição é mais abrangente, sendo que propõe, num conceito recente, que:

Turismo é o conjunto de atividades realizadas por uma pessoa em um lugar diferente daquele onde possui sua residência habitual, quando motivado por razões surgidas livremente e quando não sejam exercidas ações profissionais remuneradas diretamente por setores econômicos do lugar visitado.

O turismo, então, se apresenta como uma atividade social e econômica importante para o desenvolvimento de todos os segmentos da sociedade.

Mas, de que forma o turismo age? Como produto e serviço. Para Ruschmann (1991, p. 26) apud Melgar (2001), produto turístico é "a amálgama de elementos tangíveis e intangíveis, centralizados numa atividade específica e numa determinada destinação, as facilidades e as formas de acesso, das quais o turista compra a combinação de atividades e arranjos".

Nesta ordem de idéias é importante salientar que não se pode falar de um produto completo ou único, mas sim de diversos bens ou serviços turísticos que, globalmente, satisfazem, naquele momento, a necessidade turística detectada.

O turismo tem como sua matéria prima os atrativos turísticos. São eles que podem motivar o deslocamento de pessoas para ver, fazer ou sentir e desfrutar de sua existência. Investir na imagem e na infra-estrutura de uma cidade que possua atrativos turísticos faz deles produtos com capacidade de serem consumidos por algum tipo específico de mercado (MELGAR, 2001).

Ainda de acordo com Melgar (2001, p.71) os atrativos turísticos podem ser classificados nas seguintes categorias: sítios naturais, históricos, culturais, congressos e eventos, educacionais, recreacionais, saúde e negócios. O objeto de estudo se restringirá aos sítios naturais (montanhas, lagos e lagoas, cachoeiras, grutas e cavernas, observação de flora e fauna, parques nacionais e reservas), e históricos (museus e sítios históricos).

2.2O que é Marketing

Numa definição mais ampla, dada pelo Britsh Institute of Marketing, que se relaciona a qualquer produto de consumo ou serviço, marketing é:

A função gerencial que organiza e direciona todas as atividades mercadológicas envolvidas, para avaliar e converter a capacidade de compra dos consumidores numa demanda efetiva para um produto ou serviço específico, para levá-los ao consumidor final ou usuário, visando, com isto, um lucro adequado ou outros objetivos propostos pela empresa (RUSHMANN, 2003, p. 14).

De forma mais direta, marketing pode ser definido como o conjunto de atividades orientadas a identificar e satisfazer as necessidades e desejos dos clientes de uma forma geral.

(...) marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.(Kotler,2000, p. 30).

 

Muitas vezes, o marketing é descrito como a arte de vender produtos. Mas as pessoas se surpreendem quando ouvem que o mais importante no marketing não é vender (KOTLER, 2000). Para Ducker (apud KOTLER, 2000, p.30)

Pode-se presumir que sempre haverá necessidade de algum esforço de vendas, mas o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. A meta é conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou serviço se adapte a ele e se venda por si só. O ideal é que o marketing deixe o cliente pronto para comprar. A partir daí, basta tornar o produto ou o serviço disponível.

E as pessoas satisfazem suas necessidades e seus desejos com produtos. Um produto é qualquer oferta (bens, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, títulos patrimoniais, organizações, informações e idéias) que possa satisfazer a uma necessidade ou a um desejo (KOTLER, 2000).

Storti (2008, p. 31) cita Spiller (2006, apud STORT1, 2008, p. 31) para tratar do marketing de serviços :

Em síntese, o autor destaca que o marketing de serviços deve ser orientado para a conquista e fidelização do cliente, tornando-o um divulgador da qualidade do serviço prestado, através de um estudo de suas necessidades, detalhado planejamento da produção, avaliação do seu grau de satisfação e práticas para a consolidação da marca da organização.

Para atingir o objetivo de atingir essas necessidades e desejos, o marketing lança mão de um conjunto de ferramentas. MacCarthy (apud KOTLER, 2000) classificou essas ferramentas em quatro grupos amplos que denominou os 4Ps do marketing: produto, preço, praça (ou ponto de venda) e promoção. Este último – a promoção – se configura como uma das principais ferramentas utilizadas pelo turismo, sendo que é através da propaganda, da publicidade, da promoção de vendas, do merchandising e do marketing direto que se vai chegar ao possível cliente: o turista.

Stort1 (2008, p.40), orienta como deve ser o processo:

O primeiro passo de uma campanha promocional é atrair a atenção dos consumidores potenciais; em seguida está o interesse - a empresa deve estimular o interesse pelo produto demonstrando suas características, seus usos e benefícios; o próximo passo é levar os clientes a desejarem o produto,

convencendo-os de que as suas necessidades serão supridas e por último, a

empresa deve convencer o seu público - alvo a aquisição efetiva do produto.

As principais formas de promover a venda de um produto ou serviço são: propaganda, relações públicas, venda pessoal e promoção de vendas.

Mas Cobra (1997, p. 361) ressalta que:

O sucesso da mensagem de propaganda repousa mais na definição clara dos objetivos de marketing do que nos objetivos exclusivamente de comunicação. Um administrador deve estabelecer objetivos claros realizáveis. E a propaganda não foge à regra da importância de estabelecer objetivos para formular uma campanha de propaganda adequada.

2.3 O turismo e o desenvolvimento local

Melgar (2001, p.60), apresenta a seguinte definição de marketing turístico:

É o conjunto de atividades que desenvolve um setor produtivo da atividade turística, compilando esforços financeiros, humanos e físicos e identificando necessidades atuais e potenciais em segmentos específicos de mercados turísticos emissores, como forma de gerar produtos que possam atender essas necessidades e ao mesmo tempo proporcionar um benefício econômico aos investidores.

O Marketing trabalha diretamente com a idéia de persuasão, sedução e convencimento. No turismo, o marketing é fundamental para construir ferramentas que conquistem o consumidor. É preciso saber mostrar com beleza o que é a realidade da cidade, seduzindo o potencial turista, criando um laço.

Como o produto turístico é considerado secundário na escala de prioridades dos consumidores, é preciso se investir em recursos que convençam esse consumidor de que ele precisa do turismo. Esse é o papel que o Marketing Turístico vai desempenhar.

Ruschmann (2003, p. 26) define que:

O produto turístico difere, fundamentalmente, dos produtos industrializados e de comércio. Compõem-se de elementos e percepções intangíveis e é sentido pelo consumidor como uma experiência. Por isso, é preciso defini-lo e conhecer suas características a fim de poder elaborar um plano de marketing e a conseqüente comunicação publicitária e promocional adequada.

Sabendo que o marketing é um conceito voltado para o consumidor, os componentes do produto turístico devem ser examinados sob o ponto de vista dele. Para o turista, o produto engloba a experiência completa, desde o momento que sai de casa para viajar até o seu retorno (RUSCHMANN, 2003). Assim, o profissional de marketing precisa saber qual o perfil daquela cidade, descobrir através de um diagnóstico minucioso a vocação turística a ser praticada e que poderá trazer os resultados esperados, tanto para o destino como para quem está indo a ele.

Feito o diagnóstico, verificado o potencial turístico, cabe à Administração Pública focar um segmento e desenvolver um conjunto de ações fundamentais que vão relacionar a cidade ao mercado turístico.Analisando como uma empresa, Rocha (2003, p. 14) diz que:

À medida que as empresas passam a conhecer mais o comportamento dos consumidores, elas procuram desenvolver mais seus produtos, agregando serviços e atendendo melhor os gastos e desejos de diferentes grupos de consumo.

 

No que concerne à política do produto, por exemplo, de nada servirá divulgar a cidade e seus atrativos turísticos, se o Estado não desenvolver as medidas indicadas para impulsionar o desenvolvimento turístico.

Portuguez (2004, p.34) analisa o turismo das cidades históricas:

A fragilidade da cidade histórica e sua complexidade funcional explicam o fato de não ser nada fácil dotar-se de uma infra-estrutura de administração que supere a dissociação entre administração turística, administração cultural e administração urbanística. As expectativas que o turismo desperta são muitas, não obstante, é preciso ser consciente, por um lado, de que toda cidade histórica é cidade turística e, por outro, que a dinamização a partir do turismo também tem limites importantes.

Assim, para que uma cidade histórica alcance êxito na atividade turística é preciso uma coordenação de políticas setoriais, com implicação urbana (urbanismo, trânsito, cultura, segurança, turismo, etc.) e a formulação de políticas turísticas (PORTUGUEZ, 2004).

3 METODOLOGIA: ESTUDO DE CASO

Para a análise do objeto de estudo proposto no artigo, foi necessário realizar um levantamento de dados primários, que caracterizam o estudo de caso.

Para Samara & Barros (1997, p. 26), o estudo descritivo de caso, ou pesquisa qualitativa, tem como característica principal compreender as relações de consumo "em profundidade".

As pesquisas qualitativas são realizadas a partir de entrevistas individuais ou discussões em grupo, e sua análise verticalizada em relação ao objeto em estudo permite identificar pontos comuns e distintivos presentes na amostra escolhida.

Para complementação dos dados levantados para o estudo de caso foi feita entrevista individual e em profundidade com o atual Secretário de Turismo de Catas Altas, Lucas Nishimoto, que respondeu de forma espontânea às questões abaixo:

- Como a Secretaria de Turismo mobiliza e prepara a população para entender o potencial turístico da cidade e quais trabalhos são desenvolvidos para isso?

- Quais são os investimentos no setor turístico da cidade? Há muitas parcerias com o setor privado?

- O que é feito para divulgar a cidade?

- A criação de eventos, como a Festa do Vinho, é uma estratégia da Administração para promover a cidade? Quais outros eventos são desenvolvidos e como a Secretaria de Turismo avalia seus resultados?

- Catas Altas tem como carro chefe do setor de turismo o Projeto Verde Catas Altas.

Como você avalia os resultados obtidos até hoje?

- Quais foram os prêmios já conquistados referentes ao turismo?

- Há algum projeto novo em desenvolvimento?

4 CATAS ALTAS: CIDADE HISTÓRICA E ECOLÓGICA

Natureza exuberante, preciosidades históricas e artísticas, tranqüilidade, clima aconchegante, manifestações artístico-culturais e religiosas, artesanato, deliciosos licores, vinhos e doces, além da hospitalidade de seus habitantes. Essa é Catas Altas com 305 anos de história.

Situada ao pé da Serra do Caraça, a apenas 120km de Belo Horizonte, a aconchegante e turística cidade, com cerca de quatro mil e quinhentos habitantes, pertenceu ao ciclo do ouro. Seu conjunto arquitetônico barroco formado não só pela Igreja Matriz, mas também por casas antigas ao redor da Praça Monsenhor Mendes, entre outras construções, traz para o presente a história do passado da pequena e bucólica cidade mineira.

O interessante nome da cidade surgiu quando, em 1702, o bandeirante Domingos Borges descobriu, na Serra do Caraça, ricas minas auríferas que foram denominadas catas altas, tal a profundeza das escavações feitas. Em 1703 era fundado o arraial de Catas Altas, tendo como padroeira Nossa Senhora da Conceição.

305 anos de vida, mas apenas treze de emancipação. No dia 21 de dezembro de 1995, o distrito de Catas Altas emancipou-se de Santa Bárbara. Pouco tempo, mas o suficiente para que a administração municipal dedicasse grande atenção para o desenvolvimento da cidade. Atenta à vocação turística, procurou investir na recuperação e preservação do patrimônio histórico, na infra-estrutura, conscientização e mobilização popular, e se preocupa constantemente em preparar o município para receber bem o turista.

Para proteger o rico acervo histórico, cultural e religioso, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) tombou todo o perímetro urbano de Catas Altas.

A cidade já desponta entre os dez municípios mineiros em arrecadação de ICMS, índices relativos à preservação do patrimônio histórico e do meio ambiente.

A atividade turística como alternativa de desenvolvimento é de grande importância para o município que, hoje, vê 92,52% da população ocupada, segundo dados do IBGE, trabalhando nas 4 maiores industrias da cidade, todas elas ligadas à atividade mineraria e que 94,55% dos salários também são provenientes dessa mesma atividade. O turismo possibilita uma redistribuição e um melhor nível de salários, desde que a população se torne empreendedora nesta atividade. A média de salários da população é de menos de R$ 300,00 por mês, segundo o mesmo IBGE". (NISHIMOTO, 2004, p.3)

Catas Altas afirma-se como uma cidade modelo de desenvolvimento auto-sustentável. A mineração de ferro é hoje a principal atividade econômica, mas sua vocação natural é o turismo histórico e ecológico graças não só ao rico acervo histórico como também ao belíssimo patrimônio natural. Para mobilizar a comunidade local para o uso correto desses valiosos patrimônios, a associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), a Prefeitura Municipal de Catas Altas e o Unicentro Newton Paiva desenvolvem no município o Projeto Verde Catas Altas que realiza palestras, cursos, atividades diversas relacionadas à área ambiental, e dissemina informações a respeito. Visa também compatibilizar a mineração com o respeito ao meio ambiente e a invejável qualidade de vida dos catasaltenses.

A notoriedade dos projetos desenvolvidos em Catas Altas é tanta que a cidade já acumula diversos prêmios, entre eles o ECO 2001, em função do trabalho ligado à educação e o primeiro lugar dado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão ligado ao Ministério de Saúde, pela iniciativa bem sucedida de implantação e operação do aterro sustentável de Catas Altas.

3.1Atrativos turísticos de Catas Altas

Catas Altas possui um conjunto arquitetônico muito rico e harmonioso, sendo um dos mais homogêneos e representativos da arquitetura colonial mineira. Seu patrimônio natural também é bastante expressivo, com destaques para o Pico de Catas Altas e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Serra do Caraça. O município, ainda, integra a Associação de Municípios do Circuito do Ouro e faz parte do Roteiro da Estrada Real.

A cidade apresenta uma gama de fatores que a tornam bastante interessante do ponto de vista turístico: as construções coloniais, as belezas naturais do seu entorno ao longo da extensão da Serra do Caraça, a tranqüilidade e a hospitalidade de seu povo, as manifestações artístico-culturais e religiosas, o artesanato, os licores, os vinhos e os doces. Além da principal vocação do município: o ecoturismo. Os atributos naturais encontrados na região, principalmente os recursos hídricos, são de valor inestimável, sem falar na rica e exuberante paisagem local, incluindo-se a flora.

Esses são alguns dos potenciais que são trabalhados, a fim de formatar o produto turístico do município.

De acordo com os sites www.cidadeshistoricasdeminas.com.br e www.estradareal.org.br, pode-se dividir os atrativos turísticos de Catas Altas em dois segmentos, destacando-se os mais expressivos: atrativos naturais e atrativos históricos. Um destaque será dado ao Santuário do Caraça, sendo que ele reúne um conjunto de grandes atrativos para o turismo em Catas Altas, daí a importância de apresentá-los separadamente.

3.1.1Atrativos Naturais

- Pico de Catas Altas (ou Pico do Horizonte): 1.810 m de altitude, com acesso por trilha não sinalizada, num total de 7km. A vegetação local é formada por canelas de ema, candeias, afloramentos e mata de cerrado;

- Pico do Baiano: com 4km de um paredão com 2.016 m de altitude, é o maior de Minas e um dos maiores do Brasil, com 750 m de escalada. A sua face está grampeada e forma uma via utilizada por escaladores experientes. A escalada total do paredão dura 4 dias;

- Cachoeira da Santa: a queda d'água com cerca de trinta metros de altura e volume razoável forma um poço raso, propício para banho.

- Cachoeira das Borboletas: encontra-se no Vale das Borboletas e fica em uma área particular, podendo ser visitada somente com acompanhamento de condutor de turismo local. O Vale das Borboletas é formado por riacho de águas límpidas e poços naturais;

- Cachoeira de Valéria: formada em rio de mesmo nome, com acesso por estrada de terra. Chega-se à cachoeira por cima, onde há um grande poço, cercado de vegetação de mata. Logo após o poço, a água desce sobre alguns degraus, seguindo por um grande bloco rochoso com, aproximadamente, 10 m de largura.

- Cachoeira do Córrego do Maquiné: possui a maior queda com aproximadamente 12 m de altura e forma um poço de 3 m de diâmetro e 0,5 m de profundidade. A cabeceira se caracteriza por várias quedas pequenas que formam poços em desníveis naturais. Suas águas são geladas durante todo o ano. No local, é feita a captação de água para o abastecimento da cidade.

- Cachoeira do Meio: o nome tem origem na sua localização. A cachoeira fica bem no meio da Serra do Caraça, em direção ao Pico de Catas Altas e pode ser avistada do centro histórico da cidade. A cachoeira tem queda de 60 m de altura e quatro saltos que formam pequenos poços. Em seguida, surge uma segunda queda, com aproximadamente 25 m de altura. O volume d'água varia conforme o período de chuvas. O acesso não é sinalizado e tem alto grau de dificuldade, exigindo bom preparo físico, experiência e acompanhamento de um condutor local.
(www.estradareal.org.br, 2008; www.cidadeshistoricasdeminas.com.br, 2008)

 

3.1.2Atrativos Históricos

As construções barrocas são destaque. Igrejas e capelas marcam a arquitetura local.

- Capela de Nossa Senhora do Carmo (ou Santa Quitéria): localizada no alto de uma colina, com os fundos voltados para os Picos de Catas Altas e do Baiano. Sua construção datada do século XVIII foi edificada em taipa, com torre central única e adro de pavimento em pedras. Destacam-se na capela a fachada chanfrada, a antigüidade do único retábulo cuja talha é em estilo D. João V, além de elementos artísticos do seu interior.

- Capela do Senhor do Bonfim: está situada nas proximidades do Morro da Água Quente. Datada provavelmente do final do século XVIII, é construída em madeira e pau-a-pique. Apesar da simplicidade do interior, possui uma fachada muito interessante.

- Igreja de Nossa Senhora do Rosário: sua construção é de fins do século XVIII e início do século XIX, tendo inscrita na fachada a data de 1862. Apesar de seu exterior simples, seu interior possui um altar mor com talha em estilo D. João V e o teto pintado em tons de vermelho e marrom bem escuro.

- Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: localizada na praça central da cidade, também chamada praça da Matriz, a igreja é um dos mais importantes templos mineiros. Construída em madeira, taipa e pedra, apresenta elementos raros em nossa arquitetura e um dos mais impressionantes conjuntos de talha dentre as igrejas mineiras. Os altares laterais da Nave são da primeira metade do século XVIII. A igreja está inacabada podendo se identificar em seu interior as diversas fases dos trabalhos ornamentais e da sua construção. O altar mor é em estilo D. João V.

- Aqueduto / Bicame de Pedra: foi construído por escravos em 1792, para captar água da Serra do Caraça até Brumado, onde o ouro era extraído e lavado. Hoje ainda restam cerca de 100 metros do monumento.

(www.estradareal.org.br, 2008; www.cidadeshistoricasdeminas.com.br, 2008)

 

3.1.3Santuário e Parque Nacional do Caraça

Constitui-se num grande atrativo de Catas Altas.

A história do Caraça foi iniciada pelo irmão Lourenço de Nossa Senhora, português de origem desconhecida, que fundou, em 1774, uma ermida e um convento, no Caraça. Em 1819, ao morrer, deixou seu santuário a D. João VI, pedindo-lhe que construísse um colégio no local. Já em 1820, dois lazaristas portugueses receberam de D.João VI e fundaram o Colégio do Caraça. A partir daí, as construções foram aumentando e outras surgindo (como o edifício de três andares - que abrigava salas de aulas, teatro, biblioteca; a igreja em estilo neogótico, substituindo a capela barroca do irmão Lourenço; entre outras). Em 1968, um incêndio destruiu o edifício de três andares, juntamente com o teatro e a biblioteca, permanecendo intactas a igreja e suas alas. Assim, foram interrompidas as atividades do colégio, que hoje se tornou um lugar de repouso e meditação, aberto aos turistas interessados em conhecer a sua história e passear por belas paisagens naturais, marcada pela Serra do Caraça.

Dentre os atrativos históricos e culturais ali existentes, destaca-se, além do prédio onde ocorreu o incêndio (atualmente restaurado, mas preservando as ruínas), o Santuário e o prédio do antigo colégio que guardam um importante acervo, construído de peças antigas, adornos artísticos incorporados à construção, pelas "Catacumbas" (onde eram enterrados os padres), livros raros e o famoso quadro da "Santa Ceia", pintado por Ataíde, em 1828.

A Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens foi inaugurada em 1883 e tem, em seu altar-mor, uma imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens, trazida de Portugal, em 1874. Primeira igreja em estilo Neo-Gótico construída no Brasil com vitrais franceses foi construída no local da antiga capela. Atrás do altar, há cinco vitrais, sendo que o do meio, representando o menino Jesus no templo, foi presente de D.Pedro II. Os dois alteres barrocos são obras do Mestre Ataíde, bem como sua famosa obra-prima "Santa Ceia", uma enorme tela pintada em 1828, localizada no alto, à direita. Em uma das tribunas, encontra-se uma incrível relíquia católica: o corpo moldado em cera, a partir dos ossos de São Mártir, retirados das catacumbas de Roma. Dispõe também de um órgão de 700 tubos, esculpido em cedro vermelho, pinheiro e jacarandá.

Inúmeros são os atrativos naturais em sua área natural com 13.000 ha. Pode-se destacar o Banho de Belchior, que fica a 3 Km do Santuário ou a 40 minutos de caminhada leve, por trilha sinalizada. O córrego Canjerana desce formando corredeiras e piscinas naturais até o local denominado Banho de Belchior, que tem um poço de 40 m de comprimento por 10 m de largura, aproximadamente. Os poços ou piscinas são rasos, com água de cor amarelada e tão transparente que se pode ver nitidamente o fundo pedregoso. Apesar de a água ser muito fria, há possibilidade de banhos. Existe bastante vegetação ao redor da piscina, o que torna o local muito agradável e bonito.

A Cachoeira Cascatinha fica a 2 km do Colégio do Caraça, chegando-se lá por uma caminhada leve. A trilha é sinalizada, podendo-se ir também de bicicleta. São várias cachoeiras que caem em desnível, formando numerosas piscinas naturais. A água é pura, espumante e de coloração amarelada, em razão da matéria orgânica que desce da serra. Há possibilidade de banhos, porém é preciso ter cuidado com as pontas de pedras e áreas mais profundas. Já a Cachoeira Cascatona está a 6 km do Colégio, no ribeirão Caraça. O acesso é feito por trilha sinalizada, passando pela Estrada Real. A cachoeira tem, aproximadamente, 80 m de altura, em desnível, com água cuja temperatura está em torno de 17° C.

O Caraça oferece, também, caminhadas mais extensas que levam a seus picos, sempre em companhia de guias locais. O Pico do Carapuça está a 1.960 m de altitude e 3 horas de caminhada por uma trilha de difícil acesso. O Pico do Inficionado, com 2.046 m de altitude, localiza-se a 5 horas de caminhada. No pico há uma gruta denominada Gruta do Centenário, a mais profunda do mundo em formação quartzito. E o Pico do Sol, com 2.076 metros de altitude, o mais alto de toda a serra do espinhaço com acesso difícil. No caminho para o pico passa-se pelo vale das panelas, onde se encontram piscinas naturais.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural do Caraça (RPPN) está localizada na Serra do Caraça, a 26Km do município de Catas Altas, e é considerada como um dos principais atrativos turísticos do município. A RPPN do Caraça tem 11 ha, altitude que varia de 720 a 2100 m, ocupando uma área de transição entre domínio do cerrado e da mata atlântica.

(www.estradareal.org.br, 2008; www.cidadeshistoricasdeminas.com.br, 2008)

4TURISMO EM CATAS ALTAS: ESTRATÉGIAS

Para Catas Altas alcançar o título de cidade histórica e ecológica e hoje ser um destino escolhido por muitos turistas – não só de Minas Gerais, mas de todo o país e até mesmo do exterior – muitas estratégias foram desenvolvidas pela Administração Pública, desde a sua emancipação, em 1995.

A localização do município permitiu que fizesse parte da Associação do Circuito do Ouro e do Roteiro da Estrada Real.

O Circuito do Ouro é um programa de fomento à atividade turística desenvolvido pela Secretaria de Turismo de Minas Gerais, em que municípios com características e vocações semelhantes, desenvolvem roteiros integrados e políticas comuns de desenvolvimento do turismo.

O roteiro da Estrada Real é uma iniciativa de desenvolver no antigo caminho de escoamento e povoamento que ligava Minas Gerais ao Rio de Janeiro, um roteiro integrado para a prática do turismo histórico e ecológico e, hoje, o principal programa de desenvolvimento do turismo em Minas Gerais.

O primeiro passo dado pela Secretaria de Turismo de Catas Altas, logo após o diagnóstico de seu potencial turístico, através de pesquisas de percepção com os moradores do município, para levantar dados sobre a região e identificar as características sociais, econômicas e culturais da comunidade local, foi desenvolver ações de preservação ambiental (tanto natural quanto cultural), de formação de mão-de-obra e de ordenação do espaço turístico e mobilizar e preparar a população, focando o desenvolvimento turístico local. Para isso, no início de 1998 foi lançado na cidade o Projeto Verde Catas Altas, uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Catas Altas e da Associação Mineira de Defesa do Meio-Ambiente. Em 1999, o projeto passou a ter a colaboração do Centro Universitário Newton Paiva (Unicentro-MG).

O projeto tem como objetivo integrar a comunidade ao processo de desenvolvimento sócio – econômico - cultural sustentável, através da prática da atividade turística, além de proporcionar subsídios para que a comunidade local busque seu desenvolvimento socioeconômico por meio do turismo, sensibilizar a comunidade e os visitantes para uma melhor utilização dos recursos turísticos e oferecer aos alunos do Centro Universitário Newton Paiva a prática profissional.

As atividades desenvolvidas no município foram organizadas em cinco módulos: "Comunidade Participativa" – sensibilizar e integrar a comunidade no desenvolvimento da atividade turística; "Gente que Faz" – qualificar e capacitar a mão-de-obra local para o turismo; "Catas Altas Cata Lixo" – desenvolver atividades educativas com a comunidade e turistas em busca da preservação dos patrimônios natural, cultural e histórico; "Seja Bem-Vindo" – conhecer o perfil e as necessidades do turista e fornecer informações turísticas sobre o município, e "Inventário Turístico" – descrição sistemática dos atrativos naturais, históricos, culturais, serviços de infra-estrutura básica e de apoio ao turista.

O Projeto Verde Catas Altas realizou – e ainda realiza - diversas atividades que procuram atender os objetivos de cada uma das áreas de atuação: projetos como o Ecoverão e o Ecoinverno, realizados nos meses de janeiro e julho, respectivamente, com atividades culturais voltadas para as artes, a cultura e o entretenimento; programações de eventos culturais, esportivos, e de sensibilização; gincana cultural, campanha de arrecadação de livros, projeto arte em cena, mutirão do lixo, gincana ecológica com plantio de mudas, blitze ecológicas, oficinas de educação ambiental e de brinquedos com material reciclado, curso de condutores de turismo, jornadas técnicas de artesanato, Programa de Capacitação dos Agentes de Turismo, pesquisas de perfil e de opinião.

O reconhecimento desse trabalho aconteceu com a conquista de diversos prêmios, como o terceiro lugar nos prêmios SESC-SENAC de Turismo Sustentável, em âmbito nacional, e no SESC-UNA de Turismo com Responsabilidade Social, que o coloca entre as principais iniciativas existentes dentro do Estado de Minas Gerais de inserção, transformação e desenvolvimento do turismo com participação comunitária, através de um sistema de informação, discussão, debate e educação junto à população local. Em 2003 o trabalho foi coroado com o VIII Prêmio Banco Real/Universidade Solidária.

De acordo com declaração do atual Secretário de Turismo de Catas Altas, Lucas Nishimoto, na entrevista feita para a pesquisa, o principal resultado visível do Projeto é "a consciência da comunidade em relação ao turismo".Outro ponto positivo ressaltado por ele é "a contribuição de forma efetiva para a consolidação de associações como a APROVART (Associação dos Produtores de Vinho e outros produtos artesanais), e melhorias nos equipamentos e serviços turísticos do município".  

O Projeto Verde Catas Altas pode ser considerado o carro chefe do setor de turismo da cidade. Mas podem-se citar, também, outras estratégias desenvolvidas para atrair turistas, como a realização de eventos. Carnaval, Seminários, Cavalgadas, Festa do Vinho, Festa da Cidade e o Reveillon são festas que já fazem parte do calendário da cidade.

A Festa do Vinho, que já está em sua oitava edição, é um bom exemplo de estratégia que deu certo. Criada para resgatar a cultura local, sendo que muitos catasaltenses produzem de forma artesanal vinhos de jabuticaba e uva – tradiçãoque remonta o século XIX, passada de geração a geração desde – a festa dá a oportunidade de os produtores exporem seus produtos, além de levar shows de artistas de renome para a cidade. Questionado se eventos, como a Festa do Vinho, foram criados como estratégias para promover a cidade, Lucas Nishimoto frisa que, "além de divulgar o município, a festa se apresenta como um importante produto turístico", e ressalta a importância do evento para o turismo e a economia local, com a geração de emprego e renda. A cidade, que hoje tem cerca de 4 mil habitantes, contabiliza um público médio de 12 mil pessoas nos três dias de evento.

De acordo com informação do Secretário de Turismo na entrevista, o investimento no setor turístico por parte do governo municipal corresponde a 25% da arrecadação, um valor considerável. E, sobre a divulgação, ele diz que:

A principal forma de divulgação se dá através da Internet, com o Portal de Catas Altas e a presença de informações da cidade em diversos sites relacionados ao turismo, como o site da Estrada Real. Outras estratégias são utilizadas, como a participação constante em feiras de turismo e a divulgação em massa através de panfletagem (distribuição de folders informativos sobre a história e os atrativos turísticos da cidade), nos principais eventos do município.

Em resposta à pergunta referente ao novos projetos da Secretaria, Lucas Nishimoto relata que:

A Secretaria de Turismo está estudando a elaboração de um plano estratégico para aprimorar o desenvolvimento do turismo no município. O órgão está desenvolvendo um programa de turismo pedagógico e rotas de geoturismo, visando um público mais voltado para estudantes universitários e pesquisadores.

Como resultado do empenho da Administração em buscar investimentos para o setor, Lucas Nishimoto apresenta a Criação do Centro de Apoio ao Turista (inaugurado em novembro de 2007) - em parceria com a Vale (antiga Companhia Vale do Rio Doce) - uma importante ferramenta que conta com uma grande estrutura para recepcionar turistas e visitantes, além de áreas voltadas para a realização de trabalhos de educação ambiental.

5AVALIAÇÃO

A atividade turística como alternativa de desenvolvimento é de grande importância para o município de Catas Altas.

O fato de o município fazer parte da Associação do Circuito do Ouro e do Roteiro da Estrada Real, somando-se a boa aceitação e hospitalidade dos catasaltenses, que contribuem para maior afluência dos turistas e, conseqüentemente, para o comércio local, mostram o grande potencial que a cidade possui para investir no turismo.

As ações já desenvolvidas pela Administração Pública atraem mais divisas para o município e o torna cada vez mais conhecido e visitado. As estratégias de promoção desenvolvidas pela Secretaria de Turismo têm surtido efeitos positivos.

Mas a demanda turística do município hoje ainda manifesta-se de uma forma um pouco tímida, concentrando-se principalmente nos feriados e nos períodos de festas. Sua infra-estrutura de apoio ao turismo ainda é incipiente. A mão-de-obra é informal e familiar, os estabelecimentos comerciais são de pequeno porte, os meios de hospedagem e os restaurantes são marcados pela simplicidade.

O Projeto Verde Catas Altas vem conseguindo de forma significativa contribuir para o correto desenvolvimento turístico do município, trabalhando com os principais agentes – a comunidade - informando, educando e dando esclarecimentos quanto aos aspectos culturais, naturais, artísticos, históricos e turísticos.

O que se verifica em Catas Altas é um crescimento lento e gradual da oferta e da demanda turística, o que é o ideal para que o turismo não se torne repentinamente a principal atividade econômica do município e com isso trazer um processo de descaracterização do modo de viver da população.

É de grande importância a preocupação da Secretaria de Turismo em desenvolver um plano estratégico, considerando-se o grande potencial identificado na cidade. E trabalhar, cada vez mais, o composto de marketing e investir na promoção (que se identifica como a principal estratégia de conquista dos turistas para a cidade).

Esse é o caminho certo a se seguir. Uma cidade com tão pouco tempo de emancipação e já atingindo resultados positivos tende a desenvolver cada vez mais.

6. CONCLUSÃO

Aplicar o marketing no turismo é entender e sentir o mercado sempre em busca do desenvolvimento de produtos e ou serviços que atendam e satisfaçam as necessidades dos seus clientes.

O estudo de caso apresentado neste artigo possibilitou verificar que as ferramentas do marketing turístico podem ser utilizadas por uma administração para investir no potencial de uma cidade. A aplicação do composto de marketing, em especial a grande utilização de promoção, possibilitou que Catas Altas atraísse à atenção de turistas e, o que é muito importante, atraísse investimentos. O que responde ao problema de pesquisa: como as ferramentas do marketing turístico podem ser utilizadas por uma administração para investir no potencial de uma cidade?

Frente à fundamentação apresentada e aos dados secundários e primários levantados, os propósitos do trabalho foram alcançados. Verificou-se que para o turismo se tornar uma atividade econômica de relevância e participação significativa na economia local, deve-se trabalhar com os principais agentes de desenvolvimento da atividade; com aqueles que podem se tornar beneficiários do desenvolvimento dele dentro do município como os artesãos, produtores rurais, proprietários e funcionários de estabelecimentos comerciais, principalmente dos setores de hospedagem e alimentação e condutores de turismo.

Viu-se que a Administração Pública de Catas Altas soube aproveitar os seus potenciais turísticos e agora se preocupa com o planejamento para impulsionar cada vez mais o desenvolvimento turístico da cidade.

É preciso criar soluções viáveis para proporcionar o trabalho conjunto e integrado dos vários setores da cadeia produtiva, um dos grandes problemas existentes para o desenvolvimento do turismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COBRA, Marcos.Estratégias de marketing de serviços.2. ed. São Paulo: Cobra, 2001.

KOTLER, Philip; BAZÁN TECNOLOGIA E LINGUÍSTICA. Administração de marketing.10. ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2000.

MELGAR, Ernesto. Fundamentos de Planejamento e Marketing em Turismo. São Paulo: Contexto, 2001

NISHIMOTO, Lucas. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Projeto Verde Catas Altas. Belo Horizonte, 2004.

PORTUGUEZ, Anderson Pereira, organizador. Turismo, memória e patrimônio cultural. São Paulo: Roca, 2004.

ROCHA, Tarsis Camilo de Araújo. Marketing para o turismo sustentável – O turismo consciente. Monografia, Centro Universitário de Belo Horizonte, 2003.

RUSCHMANN, Doris van de Meene. Marketing Turístico: um enfoque promocional. 8ª edição. Campinas, SP: Papirus, 2003.

SAMARA, Beatriz Santos; BARROS, José Carlos de. Pesquisa de Marketing: conceitos e metodologia. 2ª edição. São Paulo: Makron Books, 1997.

CATAS ALTAS. Onde ir. Disponível em www.estradareal.org.br. Acesso em: 10 de setembro de 2008.

CATAS ALTAS. Atrativos. Disponível em www.cidadeshistoricasdeminas.com.br. Acesso em: 12 de setembro de 2008.

CATAS ALTAS. Notícias. Disponível em www.cidademais.com.br. Acesso em: 22 de setembro de 2008.