A IMPORTÂNCIA DO JOGO PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR E CORPOREIDADE DA CRIANÇA

Por Jaqueline Ferreira da Silva | 17/07/2024 | Educação

A IMPORTÂNCIA DO JOGO PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR E CORPOREIDADE DA CRIANÇA

 

Jaqueline F. da Silva ¹

Malvina C. de Sousa Alves²

 

RESUMO

 

Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo examinar a relevância da incorporação de jogos na rotina escolar para promover a corporeidade e o desenvolvimento motor de crianças. O desenvolvimento motor e a corporeidade são aspectos cruciais no processo de crescimento e aprendizado infantil, influenciando diretamente em seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Os jogos, nesse contexto, emergem como ferramentas pedagógicas eficazes, oferecendo experiências lúdicas que estimulam o progresso físico e motor das crianças de maneira natural e prazerosa. Através da análise de estudos e pesquisas na área, este trabalho busca examinar os benefícios dos jogos no ambiente escolar, destacando sua contribuição para o desenvolvimento de habilidades motoras, coordenação, equilíbrio, lateralidade, percepção espacial e temporal, além de fomentar interações sociais e autonomia. Além disso, serão discutidas estratégias pedagógicas e práticas educativas que podem ser adotadas pelos educadores para integrar os jogos de forma significativa ao currículo escolar, com o intuito de potencializar o processo de ensino-aprendizagem e favorecer o desenvolvimento integral das crianças.

 

Palavras-chave: Coporeidade. Educação Infantil. Desenvolvimento Motor. Jogos.

 

 

ABSTRACT

 

This literature review article aims to examine the relevance of incorporating games into the school routine to promote corporeality and motor development in children. Motor development and corporeality are crucial aspects in the process of child growth and learning, directly influencing their cognitive, emotional and social development. Games, in this context, emerge as effective pedagogical tools, offering playful experiences that stimulate children's physical and motor progress in a natural and pleasurable way. Through the analysis of studies and research in the area, this work seeks to examine the benefits of games in the school environment, highlighting their contribution to the development of motor skills, coordination, balance, laterality, spatial and temporal perception, in addition to fostering social interactions and autonomy . In addition, pedagogical strategies and educational practices that can be adopted by educators to integrate games in a meaningful way into the school curriculum will be discussed, with the aim of enhancing the teaching-learning process and promoting the integral development of children.

 

Keywords: Coporeality. Child education. Motor development. Games.

 

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

O desenvolvimento motor é um processo contínuo de mudanças da performance motora do ser humano. Trata-se de um processo que dura ao longo da vida. O desenvolvimento motor é dividido em fases, que são representados da seguinte maneira: movimentos reflexos (sendo este considerado uma capacidade), rudimentares, fundamentais e especializados.

A criança ao longo dos seus anos, passa por todas essas etapas do desenvolvimento motor de forma evolutiva, partindo do primeiro ponto, onde ela não tem o pleno controle dos movimentos corporais, ou seja, nessa fase grande parte dos seus movimentos são realizados de forma involuntária e não coordenada isso, porque ela não tem o seu sistema nervoso completo; esse movimento reflexo da criança está mais associado a questões de sobrevivência, após essa fase ela vai ganhando controle em alguns movimentos até chegar nos movimentos mais refinados e complexos da vida (GALLAHUE, 2013).

Segundo Silva (2014), o ambiente escolar é o local de grande importância para o desenvolvimento da criança, isso porque, fornece uma série de mecanismos essenciais para esse processo. A promoção de um ambiente escolar positivo pode ser gerada a partir da segurança, inclusão e convivência, bem como do desenvolvimento curricular e didático para a construção da paz, democracia e cidadania. O ambiente escolar influencia muito o desenvolvimento de um aluno, uma vez que a interação hoje é muito complexa. Em particular, em algo que se tem interesse hoje em dia, é na maneira como os estudantes desenvolvem o trabalho em grupo e como eles interagem entre si.

Nesse sentido, as aulas de Educação Física têm um papel de muita importância dentro desse processo. Ela expõe para a criança um ambiente muito rico de estímulos e isso faz, com que ela possa se desenvolver por completo, através de várias atividades apresentadas durante as aulas (JUNIOR; SOUZA, 2010).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a Educação Física tem como instrumento pedagógico a utilização do esporte, a dança, os jogos e a ginástica durante as aulas, buscando o desenvolvimento integral da criança. O jogo, conforme mencionado acima serve de ferramenta pedagógica para o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo da criança.

O Design Básico Curricular, assume a ideia de globalidade do desenvolvimento, e considera que esse desenvolvimento se dá através de diferentes períodos de maturação, através dos quais a criança está conquistando competências motoras, cognitivas, afetivas, sociais e linguísticas. Assim, há muitos especialistas, como Wallon e Piaget, que justificaram a concepção de uma educação global, unitária e vivida, que proporciona a passagem da experiência motora para a abstração (LUIZ, 2014).

Nesse sentido, a Educação Física Infantil, seguindo esse princípio globalizante, deve ser integrada aos campos de experiência que constituem as áreas de trabalho deste nível educacional como um instrumento sempre à mão, de tal forma que o trabalho de estimulação motora e consequentemente o desenvolvimento do esquema corporal não será desconectado do conhecimento e compreensão do ambiente que envolve as crianças.

O ambiente educacional deve treinar indivíduos globalmente em cada um dos seus estágios educacionais. Da mesma forma, a legislação (PCN) que regulamenta o estágio da Educação Infantil determina que o jogo, a experimentação e a realização de atividades globalizadas pareçam um meio efetivo para alcançar o desenvolvimento integral da criança.

Merece destaque a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 20 de dezembro de 2017. A BNCC irá definir conhecimentos, competências e habilidades essenciais aos currículos de todas as escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. De acordo com parecer do Conselho Nacional de Educação, a rede de ensino já pode iniciar os trabalhos para implementar a política. A revisão curricular deve ocorrer, preferencialmente em 2019 até o prazo máximo do ano letivo de 2020. Na BNCC, cada uma das práticas corporais irá compor um dos seis temas abordados ao longo do Ensino Fundamental de Educação Física: brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura. O currículo apresentado mostra avanços em relação à concepção de jogo e brincadeira que orienta o documento, defendendo que os considerem como conteúdo do componente curricular (BNCC, 2017).

Por se tratar de uma atividade lúdica, o jogo torna o ambiente desafiador, motivador e agradável facilitando o processo de ensino aprendizagem. O jogo também pode ser trabalhado com objetivo de desenvolver a socialização, o respeito mútuo, a competitividade e a cooperação (BOHM, 2015).

Kishimoto (1999), afirma que “o jogo facilita a inserção da criança na sociedade isso, porque os hábitos, costumes, regras, leis, moral e a ética são vistos por meio do lúdico”. Os jogos possuem uma grande dimensão de estímulos, e cabe ao professor saber de fato o que ele quer desenvolver na criança com o seu uso. Dessa maneira, é fácil perceber que o jogo contribuir muito para o desenvolvimento integral da criança possibilitando, uma grande variedade movimentos, permitindo com que a ela tenha uma melhor consciência corporal, ampliando o aspecto cognitivo, ajudando na socialização, estimulando o raciocínio, o respeito às regras, a capacidade de reação e a competitividade (RODRIGUES, 2012).

Existem diferentes tipos de jogos, que podem ser utilizados durante as aulas de educação Física como os pré-desportivos, os cooperativos, os transversais, os tradicionais, os educativos, os de regras simples, os de tabuleiros, etc. Cada um deles estará contribuindo de forma significativa no aprimoramento dos aspectos físicos, motores, cognitivos e afetivos da criança (MANOEL, 1994).

Desta forma, este estudo teve por objetivo verificar a importância da utilização dos jogos para o desenvolvimento motor de crianças.

 

 

 

2 CORPOREIDADE NA EDUCAÇÃO

 

2.1 O DESENVOLVIMENTO MOTOR

 

De acordo com Gallahue (2013) o desenvolvimento motor é um processo contínuo de mudanças da performance motora do ser humano. Segundo ele o desenvolvimento motor está associado a interação entre as necessidades da tarefa, as necessidades biológicas do indivíduo e as condições do ambiente. Nesse caso, a tarefa é o papel do professor de Educação Física que deverá apontar as possíveis dificuldades motoras da criança e, com isso deve elaborar atividades que tendem a diminuir essa dificuldade, o indivíduo está diretamente ligado com as capacidades físicas e o ambiente ligado ao processo de desenvolvimento. O autor também destaca, que o movimento é dividido em fases, onde a criança deverá passar em todo o seu desenvolvimento. São eles:

  • Fase dos movimentos reflexos - que são os primeiros movimentos realizados pelo indivíduo enquanto recém-nascido, sendo ele representado de forma involuntária, não controlada e não coordenada;
  • Fase dos movimentos rudimentares - onde são apresentados os primeiros movimentos voluntários de estabilidade, manipulação e locomoção ainda no bebê;
  • Fase dos movimentos fundamentais - é o momento em que a criança descobre, explora e experimenta uma série de novos movimentos. E de acordo com o autor esses movimentos são divididos em três categorias:

- de estabilização que tem relação com qualquer movimento que aconteça como fator de ganho ou manutenção do equilíbrio da pessoa em relação à força de gravidade;

- de locomoção está associado a qualquer movimentação que envolve

 

mudanças de localização do corpo em relação a um ponto fixo;

- de manipulação que é o domínio sobre os movimentos amplos e finos. Esse movimento ainda passa por três estágios distintos que são o inicial, o elementar e o maduro;

  • Fase dos movimentos especializados - nesse os movimentos são mais complexos e refinados, ou seja, a criança se apresenta mais coordenada para qualquer tipo de tarefa.

 

2.2 A ESCOLA

 

O ambiente escolar é o local de grande importância para o desenvolvimento da criança isso, porque fornece uma série de mecanismos essenciais que estarão atuando na formação moral, ética, intelectual, promovendo a interação entre os indivíduos e, com isso, os preparando para o convívio social (SILVA, 2014).

A educação fundamental é dever do Estado, e como tal deve ser oferecida de forma gratuita e obrigatória a toda a população, inclusive para os que a ela não tiveram acesso na idade adequada.  O objetivo geral da educação fundamental é estabelecer as capacidades relativas aos aspectos cognitivo, afetivo, físico, ético, estético, de atuação e de inserção social, de forma a expressar a formação básica necessária para o exercício da cidadania (BRASIL, 1997). 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) prevê que os currículos da educação infantil e fundamental possuam uma base nacional comum a ser continuamente complementada e revista em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida por características regionais e locais (BRASIL, 1996).

O objetivo das bases curriculares é difundir os princípios da reforma curricular e orientar os professores na busca de novas abordagens e metodologias. Essa nova proposta apresentada aos educadores brasileiros é descrita nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para educação fundamental. Tais Parâmetros estimulam a compreensão de que a escola é um produto de construção coletiva, bem como orientam o estabelecimento de práticas escolares que levam em conta questões de tratamento didático por área e por ciclo, das quais surge a ideia de tratamentos de conteúdos de modo interdisciplinar, distribuídos em assuntos trabalhados por temas transversais. (BRASIL, 1997).

 

 

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2.3 JOGO

 

O jogo e o lúdico desempenham papéis fundamentais na educação infantil, servindo como ferramentas essenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Através de atividades lúdicas, as crianças não apenas se divertem, mas também adquirem habilidades cognitivas, sociais, emocionais e motoras. Este capítulo explora a importância do jogo na escola, destacando como a utilização de jogos pode influenciar positivamente o desenvolvimento motor das crianças (GUIMARÃES, 2021).

O jogo é uma atividade natural e espontânea que envolve criatividade, imaginação e interação. Na educação infantil, o lúdico se refere a atividades que são divertidas e engajantes, proporcionando um ambiente de aprendizagem agradável e motivador. Os jogos promovem diversos benefícios na escola, incluindo o desenvolvimento cognitivo, onde jogos educativos estimulam a resolução de problemas, a lógica e a memória. No desenvolvimento social, atividades lúdicas encorajam a cooperação, a comunicação e a empatia entre as crianças. Em termos de desenvolvimento emocional, os jogos ajudam as crianças a expressarem seus sentimentos e lidarem com frustrações de forma saudável. Além disso, o aprendizado lúdico é mais envolvente, tornando o processo educacional mais atraente para as crianças (CAMPOS, 2018, KISHIMOTO, 2013).

O desenvolvimento motor refere-se ao progresso das habilidades motoras grossas, que envolvem grandes grupos musculares, como correr e pular, e habilidades motoras finas, que envolvem movimentos precisos, como desenhar e manipular objetos pequenos. Os jogos são cruciais para o desenvolvimento motor das crianças, proporcionando oportunidades para a prática e o aprimoramento de habilidades físicas. Atividades como correr, pular e jogar bola ajudam a desenvolver a coordenação, o equilíbrio e a força muscular. Brincadeiras com blocos e quebra-cabeças promovem a coordenação motora fina e a destreza manual. Jogos de faz-de-conta que envolvem movimentos complexos, como dançar ou atuar, melhoram a coordenação e a consciência corporal (GUIMARÃES, 2021).

Exemplos práticos de jogos que desenvolvem habilidades motoras incluem brincadeiras de pular corda, que desenvolvem a coordenação, a resistência e a agilidade; esconde-esconde, que promove o desenvolvimento motor grosso através de correr e se esconder; e atividades de desenhar e pintar, que melhoram a coordenação motora fina e a precisão dos movimentos (KISHIMOTO, 2013).

Para integrar efetivamente os jogos na rotina escolar, é essencial um planejamento cuidadoso. Os educadores devem selecionar atividades que sejam apropriadas para a faixa etária e o nível de desenvolvimento das crianças, além de garantir que os jogos escolhidos promovam habilidades motoras específicas. Os educadores desempenham um papel crucial na facilitação das atividades lúdicas, criando um ambiente seguro e encorajador. Devem observar e avaliar o progresso motor das crianças, ajustando as atividades conforme necessário para atender às necessidades individuais. Além disso, é importante que os jogos sejam adaptáveis para incluir crianças com diferentes habilidades e necessidades. Modificações nas atividades podem garantir que todas as crianças participem e se beneficiem do desenvolvimento motor (CAMPOS, 2018).

O jogo e o lúdico são componentes essenciais na educação infantil, oferecendo uma abordagem holística que suporta o desenvolvimento cognitivo, social, emocional e motor das crianças. Ao incorporar jogos na rotina escolar, os educadores podem criar um ambiente de aprendizado dinâmico e inclusivo que promove o crescimento e o desenvolvimento integral das crianças. Jogos direcionados para o desenvolvimento motor são particularmente importantes, pois ajudam a construir a base para habilidades físicas que são vitais para a vida cotidiana e o bem-estar geral das crianças (BOHM, 2015).

A grande versatilidade que o jogo oferece no desenvolvimento da sessão de Educação Física, faz com que ele possa ser considerado como um grande recurso didático ou como um conjunto ou elemento disponível para solucionar uma necessidade. Portanto, o jogo poderia atingir sua importância máxima dentro do contexto educacional. Em primeiro lugar, é necessário salientar a capacidade de usar o jogo como um elemento motivador dos alunos para incentivar a participação em atividades de classe. Em termos de suas características, eles são especialmente versáteis para se adaptar aos diferentes objetivos educacionais e às características dos alunos. Isso se deve à possibilidade de modificar as regras para aproximar a participação dos objetivos, criando um jogo mais participativo (KISHIMOTO, 2002)

No campo da educação física e esportes hoje, o papel do jogo como um meio educacional, tem obtido um papel preponderante com as novas teorias construtivistas, pelo significado de sua aprendizagem. Aos poucos, foi subindo para o nível de outros conteúdos do uso tradicional de esportes convencionais ou trabalho de qualidades físicas, que a bordo, ocuparam todo o planejamento do espaço, e unidades didáticas, dos projetos curriculares. Daí a sua importância atual na área, não apenas como recurso ou ferramenta de trabalho, mas como um conteúdo com um corpus conceitual amplo e com potencialidades psicopedagógicas profundamente demonstradas. Isso é corroborado por uma infinidade de pesquisas sobre jogos infantis que revelam sua importância vital no desenvolvimento global de meninos e meninas: intelectualmente, desenvolvendo o pensamento e a capacidade criativa; psicomotora, através de um desenvolvimento perceptivo e coordenativo; socialmente, através de interações comunicativas e cooperativas; emocionalmente, através do cultivo do autoconceito, equilíbrio e controle psicoafetivo (LUIZ, 2014).

O jogo pode servir como recurso facilitador da aprendizagem com isso, o professor de Educação Física poderá utilizá-lo para beneficiar as crianças com dificuldades de aprendizagem tornando-se até mesmo, mais fácil a compreensão dos diferentes conteúdos pedagógicos. Dentro do jogo a criança aprende, descobre, experimenta e inventa. O jogo se destaca, porque estimula a imaginação, melhora os aspectos motores, físicos, cognitivos, e também permite com que as crianças venham a desenvolver habilidades sociais (ALVES, 2010).

Kishimoto (1996) o jogo facilita a inserção da criança na sociedade isso, porque os hábitos, costumes, regras, leis, moral, ética e linguagem são desenvolvidos através do lúdico.

Os jogos possuem uma grande dimensão de estímulos, e cabe ao professor saber de fato o que ele quer desenvolver na criança com o seu uso. Dessa maneira, é fácil perceber que o jogo contribui muito para o desenvolvimento integral da criança possibilitando, uma grande variedade movimentos, permitindo com que a ela tenha uma melhor consciência corporal, melhorando o aspecto cognitivo, ajudando na socialização, estimulando o raciocínio, o respeito às regras, a capacidade de reação e a competitividade (RODRIGUES, 2012).

Existem diversos tipos de jogos, dentre eles destacam-se:

  • pré-desportivos - muito trabalhado no início do ensino fundamental ele, tem a intenção de preparar a criança para o início de uma modalidade esportiva;
  • os cooperativos - muito importante para se trabalhar a cooperação, a afetividade, o respeito às diversidades;
  • os educativos - formar cidadãos críticos e criativos capazes de construir novos conhecimentos;
  • os tradicionais - que tem uma forte ligação com a cultura de um povo podendo, ser passado de geração a geração;
  • os transversais   - com intuito   de   formar, cidadãos       dando ênfase ao desenvolvimento ético e moral do educando;
  • os de tabuleiros - neste a criança aprende a se concentrar, respeitar as regras, desenvolver o raciocínio, aprimorar a motricidade fina;
  • com regras simples.

 

A BNCC (2017, p. 212), coloca o jogo como unidade temática dizendo que:

A unidade temática Brincadeiras e jogos explora aquelas atividades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de tempo e espaço, caracterizadas pela criação e alteração de regras, pela obediência de cada participante ao que foi combinado coletivamente, bem como pela apreciação do ato de brincar em si. Essas práticas não possuem um conjunto estável de regras e, portanto, ainda que possam ser reconhecidos jogos similares em diferentes épocas e partes do mundo, esses são recriados, constantemente, pelos diversos grupos culturais. Mesmo assim, é possível reconhecer que um conjunto grande dessas brincadeiras e jogos é difundido por meio de redes de sociabilidade informais, o que permite denominá-los populares.

 

Nota-se, desta maneira a preocupação legislativa com as novas práticas de ensino e aprendizagem, buscando transmitir o conhecimento globalmente.

2.4 A CONTRIBUIÇÃO DO JOGO PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR

 

A Educação Física favorece o desenvolvimento das habilidades físicas e motoras da criança desde cedo, através do ensino de seus conteúdos específicos: corpo, jogo e habilidades motoras. O desenvolvimento dessas capacidades permite que as crianças adquiram novas habilidades motoras e ambas (habilidades e habilidades) promovem a conquista da competência motora.

A construção da competência motora é um processo dinâmico e complexo, caracterizado por uma progressão de mudança nas possibilidades de domínio de si mesmo (corporeidade) e de suas próprias ações (habilidades motoras) com os outros ou com objetos no ambiente. Essa construção se dá a partir das interações múltiplas, nas quais intervêm, o conjunto de informações, modos de fazer, atitudes e sentimentos, que permitirão à criança uma prática de condução autônoma e a superação dos diferentes problemas motores que lhe são propostos, tanto na aula de Educação Física, quanto na sala de aula, nos momentos de brincadeira espontânea, ou em sua vida cotidiana (GALLAHUE, 2013).

Numerosos autores vincularam a competência motora a um tipo de inteligência sobre ações ou inteligência operacional, que significa saber o que fazer, como fazê-lo, quando realizá-lo e com quem agir de acordo com as condições variáveis do meio (MANOEL, 1994).

Na infância, as crianças aprendem a ser motoras competentes, quando aprendem a interpretar melhor situações que exigem um desempenho motor eficaz e quando desenvolvem os recursos necessários para responder de maneira adequada às exigências da situação. Isso supõe o desenvolvimento de um sentimento de competência para agir, um 'eu posso', acompanhado por um sentimento de confiança em poder superar as situações - problemas levantados, e manifestar a alegria de poder causar transformações em seu ambiente (GALLAHUE, 2013).

Uma das manifestações de realização de competência do motor, é a conquista progressiva da disponibilidade física, entendida como construção "conceitos, procedimentos e atitudes inerentes ao emprego inteligente e emocional" da corporeidade e capacidades. Representa o valor alcançado, por competência motora, e se expressa como a realização da síntese da disposição pessoal para ação e interação com o ambiente natural e social (MANOEL, 1994).

Para promover a construção progressiva da disponibilidade física desde a infância, a Educação Física promove o conhecimento, o domínio e valorização da corporeidade e próprio motor, e o outro, o mundo dos objetos e o desenvolvimento gradual do esquema corporal, de crianças. Uma intervenção adequada do professor, desde a formação inicial; incentiva as crianças a alcançarem o crescente controle postural, a gradual discriminação corporal e a manipulação intencional de objetos, entre outras aprendizagens, para a conquista de novas habilidades motoras nos anos sucessivos da infância (GALLAHUE, 2013).

Da mesma forma, a Educação Física favorece a experiência prazerosa do jogo; o desdobramento da imaginação, o prazer de resolver situações e problemas motores, a participação no cuidado de sua saúde, e na higiene e preservação do meio ambiente. Promove também comportamentos de cooperação e reciprocidade; que permitem à criança começar a compreender o valor e a necessidade das regras, a disposição pessoal e grupal para o esforço, e estabelecer as bases para atitudes de auto-estima, tolerância, respeito, apreciação e cuidado de si mesmos, dos outros e do meio ambiente, colaborando com a formação progressiva de uma imagem positiva de si e o reconhecimento de suas possibilidades e limitações. O alcance da influência da Educação Física na infância também contempla o fazer, o pensar, o sentir e o querer das crianças (MANOEL, 1994).

Para que a Educação Física cumpra sua contribuição educativa específica, as instituições que fornecem a formação inicial precisam adaptar suas práticas de ensino a uma concepção e visão integradora da corporeidade e habilidades motoras das crianças, o que não limita o caráter corporal, lúdico e motor para a aula de Educação Física, mas permitem sua implantação nas diferentes atividades que são realizadas neste nível (GALLAHUE, 2013).

Dessa maneira, o jogo nas aulas de Educação Física é muito importante para o aperfeiçoamento das habilidades motoras, isso se deve a quantidade de estímulos que ele propõe para a criança, isso irá permitir, com que ela passe para um estágio motor mais avançado (MANOEL, 1994).

2.5 O JOGO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

 

De acordo com Piaget (1978 apud BARBOSA; BOTELHO, 2008) a atividade lúdica é primordial para o processo de desenvolvimento intelectual da criança e, é a partir daí, que o seu uso se torna indispensável para a prática pedagógica. Destaca o autor que o jogo (que é uma atividade lúdica), além de ser um divertimento para a criança, também é capaz de estimular o desenvolvimento intelectual. Ele ainda afirma que as atividades lúdicas e o desenvolvimento da inteligência estão em plena harmonia e, isso está diretamente relacionado com cada etapa do desenvolvimento cognitivo. Segundo o autor, o desenvolvimento cognitivo está representado da seguinte maneira:

  • Fase sensório-motor: do nascimento aos 2 anos;
  • Fase pré-operatório: dos 2 aos 7 anos;
  • Fase operacional concreto: dos 7 aos 11 anos;
  • Fase operacional formal: dos 11 aos 12 anos.

 

Desta maneira, torna-se possível relacionar cada uma dessas etapas com um tipo específico de jogo, que ele mesmo classificou. São eles: os jogos de exercícios sensório-motor, os jogos simbólicos e os jogos de regras.

2.6 O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL A PARTIR DO JOGO

 

O desenvolvimento emocional é outro fator a ser trabalhado na criança através da Educação física, trata-se do momento, onde a criança aprende a lidar com as emoções como, por exemplo a frustração provocada pela perda no jogo não é apenas com o sentimento da perda, mas ao ganhar ela deve saber se comportar perante a conquista de uma vitória, ou seja, saber comemorar de uma forma que não venha desrespeitar o seu adversário. Ela deverá compreender que do outro lado não tem um inimigo e sim o seu adversário. De acordo com Wallon (1981 apud BARANITA, 2012), o aspecto afetivo é o foco central na construção do indivíduo. Segundo ele o estudo da mente humana se divide em cinco estágios de desenvolvimento que são:

  • Estágio impulsivo-emocional: vai do nascimento até 1 ano idade é a etapa, onde as emoções se interagem com o meio social;
  • Estágio sensório-motor: do 1 aos 3 anos a criança passa a explorar o espaço físico através de movimentos simples como o andar, o agarrar, o apontar e sentar;
  • Estágio do personalismo: dos 3 aos 6 anos é o momento, em que a formação da personalidade surge, através do convívio social;
  • Estágio categorial: dos 6 aos 12 anos momento, em que a criança aprende a se organizar;
  • Estágio da adolescência: dos 12 anos em diante a criança passa por uma série de conflitos emocionais.

 

 

3 CONCLUSÃO

 

Neste trabalho defendeu-se que o uso de jogos para desenvolvimento da corporeidade é uma ferramenta educacional de alto valor e que não só dá importância às qualidades físicas ou habilidades motoras, mas também transmite valores, comportamentos, comportamentos responsáveis, que fomentam a cooperação, diversão, que permite interligar a vida de um centro, que serve para melhorar a comunicação daqueles que aprendem com ele (alunos) e aqueles que o usam como uma ferramenta pedagógica (professores), tudo canalizado através de um recurso, o jogo educacional, que pode servir como um importante recurso metodológico na sala de aula de Educação Física.

Conclui-se que o jogo é uma ferramenta fundamental e indispensável para as aulas infantis. Devido a sua ludicidade e a complexidade de estímulos que ele proporciona, torna-se o ambiente prazeroso e motivador facilitando a aprendizagem, o desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo, também melhora as capacidades físicas. Também foi visto, que ele pode ser útil para trabalhar a socialização, a cooperação, o respeito, raciocínio e a concentração. Cabe ao professor saber o que de fato, ele quer desenvolver na criança com o uso desses jogos.

 

 

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¹ JAQUELINE F. da SILVA; Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis/MT.

² MALVINA C. de SOUSA ALVES; Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis/MT.

 

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