A Importância do Ensino de História como Emancipação do Indivíduo

Por Ismar Jovita Maciel | 10/03/2013 | História

A importância do ensino de História. 

Ao falar do ensino de História no Brasil, não podemos deixar de mencionar a atual situação crítica da educação no país, além da dinâmica social a qual está inserta o professor de História, sendo elas sociais, políticas, econômicas, culturais, conflitos e contradições, que influem diretamente no processo de aprendizagem dos acadêmicos. Tem-se que, ao tratar dessas questões, tocará em inúmeros problemas da educação brasileira, como, por exemplo, a defasagem do ensino, as péssimas condições do ambiente de trabalho dos docentes etc.

A imagem do professor de História é marcada pela ambiguidade, pois ora é visto como sacerdote, ora como um profissional da ciência, parteiro da nação, da revolução militante, porta voz do verdadeiro passado ou apanhador de diferenças, mas  este profissional é igual a qualquer outro ser humano, que tem desejos, ambições.

Leandro Karnal, citando o historiador Gilberto Dimenstein, afirma que educadores têm percebido notado como os alunos percebem cada vez mais a política como uma atividade sem princípios orientada basicamente pela ética da vitória, por isso tal visão é uma das muitas barreiras a fazer o alunado a se interessar pela História do Brasil.

 Assim, cremos que não é mais possível ver a escola como espaço de propagação de ideias dos dominantes, já que nas escolas deve-se ter como princípio norteador a formação de cidadãos críticos para a conquista de uma sociedade justa e democrática, pautada no respeito às várias diferenças existentes na sociedade que são causadas por ideias discriminatórias e excludentes onde predomina os valores das camadas dominantes.

 Então, para fazer-se entender todo esse contexto histórico é de suma importância a atuação do Professor de História na desenvoltura da sua prática pedagógica pautada em construir situações concretas de superação.

Nas palavras da mestre Fonseca, a disciplina de História deve ser entendida como

(...) disciplina fundamentalmente educativa, formativa, emancipadora e libertadora. A história tem como papel central a formação da consciência histórica dos homens, possibilitando a construção de identidades, a elucidação do vivido, a intervenção social e praxes individual e coletiva.

 Tendo a disciplina de História um papel de formadora, emancipadora e libertadora de cidadãos dotados de direitos inalienáveis, só conseguirá êxito por meio da didática adotada pelo professor de História dentro da sala de aula em interação com o seus alunos, fazendo uso  do diálogo, da fala, que é linguagem, instrumento essencial para a ascensão do homem dentro da sociedade. Então, no ensino de História deve o professor levar em consideração a realidade social a qual está inserida os seus alunos.

Continua afirmando a referida autora que para se obter êxito nesse objetivo

(...) o professor de história, com sua maneira própria de ser, pensar, agir e ensinar, transforma o seu conjunto de complexos saberes em conhecimentos efetivamente ensináveis, faz com que o aluno não apenas compreenda, mas assimile, incorpore e reflita sobre esses ensinamentos de variadas formas. É uma reinvenção permanente.”.

 O professor de História deve ser um pesquisador e produtor de conhecimentos, pois não adianta apenas passar, ou seja, executar para os seus alunos conhecimentos. O conhecimento é uma constante, portanto, há a necessidade de dar novas interpretações aos saberes já existentes.

 A forma como o professor leciona está carregada de simbolismo, significados, referências que serão primordiais na formação dos alunos, pois o professor externa também as suas experiências da trajetória da sua vida, por isso, tem-se que a prática pedagógica do professor de História

(...) ajuda o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias para aprender a pensar historicamente, o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançando os germes do histórico. Ele é o responsável por ensinar o aluno como captar e valorizar a diversidade das fontes  e dos pontos de vista históricos, levando-o a reconstruir, por adução, o percurso da narrativa histórica. Ao professor cabe ensinar ao aluno como levantar problemas, procurando transformar, em cada aula de história, temas e problemáticas em narrativas históricas ( SCHMIDT e CAINELLI, 2004:30).

A história é a grande testemunha das grandes revoluções, dos massacres contra a espécie humana, o que a torna disciplina importantíssima para o entendimento das questões sociais, políticas e economias, formando cidadãos críticos das conjunturas ora vigorantes na sociedade, vez que a compreensão dos fatos históricos articulando-os com a história/realidade presente, posto que o presente é fruto da dinâmica dos acontecimentos históricos do passado, pois segundo Antonio Vieira, História é entender o passado para compreender o presente e criar projeções para o futuro.

Dentro da sala de aula, o professor deverá demonstrar para o aluno que o conhecimento ora a ser passado é de extrema importância para a formação dele ( aluno) como cidadão, pois se o aluno não perceber alguma utilidade naquilo que o professor está tentando ensinar, não aprenderá muito menos interessar-se-á pela aula. O aluno tem que entender a necessidade de aprender esse ‘algo’.

O conhecimento histórico é um processo permanente, é um construído, assim, o trabalho do professor de História/pesquisador, assemelha-se ao de um detive, que deve buscar as pistas, vestígios partindo das fontes primárias e/ou secundárias com o objetivo fazer uma explanação plausível a ponto de chamar a atenção do aluno fazendo-o compreender. Assim, toda aula deve ser um espetáculo, uma “viagem em busca de conhecimentos”. Mas para isso, o professor deve usar de todos os meios, recursos, tecnologia e técnicas para apreender o interesse dos alunos.

O professor de História, como já afirmado do decorrer do trabalho, deve ser um problematizador do conhecimento, criando situações e desafios que façam os acadêmicos a querer saber mais. Tem, assim, o Professional de história a incumbência de fazer com que o discente perceba a história como uma grande teia, ou rede, onde cada acontecimento representa um nó, ou ponto de interseção de vários fios.

Também é tarefa do professor demonstrar para seus alunos que passado não poderá ser reconstruído igualmente, até mesmo porque ele ( passado) está sendo reconstruído no presente.

Conclusão

Diante de todo o exposto, como o fazer histórico é mutável no tempo, o seu exercício pedagógico também o é, pois ao ensinar História, passa-se por duas transformações permanentes, quais sejam: o fazer histórico e a ação pedagógica.

O fazer histórico é mutável no tempo em razão das transformações sociais, pelas novas descobertas arqueológicas, pelo surgimento de novas documentações etc; a ação pedagógica muda porque seus agentes, os professores, os alunos, as convenções de administração escolar e os anseios dos pais. 

 Referência Bibliográfica.

FONSECA, Serva Guimarães. Espaços de Formação do Professor de História. 1ª Ed. Brasil, Papirus, 2008.

 CEREZER, O.M. Formação de Professores e Ensino de História: Perspectivas e Desafios. Revista Espaço Acadêmico, Mato Grosso, nº 77, Out/2007.

http://www.espacoacademico.com.br/077/77cerezer.htm. Acessado em 03/11/2012.

 BITTENCOURT, Circe.( org.) O saber histórico na sala de aula. 9ª ed. São Paulo, Contexto, 2004.

 OLIVEIRA, Quércia. O Historiador na sala de aula: a prática pedagógica redimensionando a História da Mestiçagem no Brasil. Historien—Revista de História Eletrônica (4); Petrolina, out/abr.2011.

 KARNAL, Leandro (org). História na sala de aula: Conceitos práticos e propostas. 1ªed. Contexto, 2003.

 TROMBELI, Alexandre Luiz. A formação do Professor de História e o cotidiano na sala de aula. Disponível em http://www.socolunistas.net. Acessado em 03/11/2012.