A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por Mariana Nataly de sene | 18/01/2024 | Educação
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Mariana Nataly sene*
Flavielle Bezerra Vieira*
Sandra Rodriguês de oliveira Silva*
Introdução
As brincadeiras são muito importantes para o desenvolvimento infantil, visto que elas sempre se fazem presente quando se pensa em uma educação voltada para ao protagonismo da criança, pois através delas as crianças despertam interesse pelo mundo e pela sociedade onde estão inseridas.
Diante disso é fundamental que desde tenra infância a criança vivência momentos de brincadeiras das mais diversas, para que estas ampliem o conhecimento de mundo e adquirem as habilidades necessárias futuramente, como adultos preparados para os enfrentamentos que a vida exige.
Nesse sentido, propomos trazer reflexões acerca dos grandes benefícios e prazeres que o brincar proporciona a criança. Traçamos como objetivo abordar essa temática destacando a importância do lúdico no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil.
Buscaremos a partir de pesquisa bibliográfica, compreender as concepções de brincadeiras, destacando que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), define as interações e brincadeiras como eixos norteadores da educação infantil. Entendemos que as influências culturais são intrínsecas as diferentes brincadeiras ofertadas a esse público.
Nossa profissão foi fundamental e ponto de partida para a escolha dessa temática, formadas em Pedagogia exercendo o cargo de Técnicas em educação infantil, concursadas da Rede Municipal de Cuiabá-MT, vivenciamos e observamos em nossas experiências no dia a dia, como as aprendizagens acontece durante as brincadeiras no cotidiano das crianças assistidas na fase da educação infantil.
Concepções de crianças
As crianças são seres históricos, sociais e com direitos garantidos por lei, são seres, cujos desenvolvimentos implicam uma serie de aprendizagens que são essenciais para sua formação integral e tudo começa na educação infantil, a primeira infância é decisiva para o indivíduo. BRASIL/DCNEI; 2013 p.86
Sujeito histórico e de direitos que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas, com adultos e crianças de diferentes idades, nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. Nessas condições, ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de-conta,deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentidos sobre o mundo e suas identidades pessoal e coletiva, produzindo cultura. (BRASIL/DCNEI, 2013, p.86).
Crianças são seres ativos que possuem vontades, iniciativas, exploram o mundo, exploram o próprio corpo e a partir dessa exploração conhece e reconhece o ambiente em que vive. Vigotski, afirma que é nessa interação com o mundo e com o outro que os sujeitos se constituem. Esses sujeitos com direitos garantidos por leis, são inseridos nas instituições educacionais desde muito cedo, pois é nessa fase que os pequenos aprendem muito rápido os neurônios estão a mil e por isso as aprendizagens devem ser estimuladas, é ai que entram as brincadeiras como importantes ferramentas para a construção da autonomia da criança.
Portanto pensar em concepções de crianças implica também pensar nos objetivos das instituições infantil e suas praticas pedagógicas. ALBUQUERQUE, FELIPE E CORSO, (2019, p 20) destaca que:
Uma instituição pensada para o bem estar das crianças, deverá ter diferentes possibilidades de organização de espaços para brincadeiras, para investigação, experiência, expressão e as mais diversas aprendizagens;
Nesse sentido as brincadeiras devem ser valorizadas, pois, quando a criança está brincando ela está exercendo um grande papel para aquisição de novos conhecimentos, portanto, desde bebê ela participa ativamente das atividades de brincadeiras as quais são expostas dentro de suas possibilidades, mesmo uma simples brincadeira pode trazer aprendizagens significativas para o seu desenvolvimento.
As instituições educacionais com suas atribuições legais devem encarar o ato de brincar com seriedade, justificando sua importância para a comunidade escolar que por muitas vezes acabam não compreendendo o brincar como um ato pedagógico e por consequência menosprezam essa atividade desmerecendo os professores e as crianças colocando a educação infantil ainda como um espaço voltado apenas para o cuidar.
Visão sobre o brinquedo
O brinquedo é muito valioso para o desenvolvimento da criança, possui o poder de aproximar a fantasia infantil com a realidade social da criança, são objetos multiculturais indispensáveis para as crianças tanto em âmbito familiar quanto em âmbito educacional, Esse objeto valioso também é adaptável e capaz de se ajustar de acordo com a classe social as quais as crianças estão inseridas, por exemplo: um chocalho produzido industrialmente, para a criança possui o efeito e objetivo que um chocalho confeccionado manualmente com materiais reutilizável. (MOREIRA, 1999,p.53) corrobora com a seguinte afirmativa:
O brinquedo é o objeto real ou imaginário que antecipa os dados da realidade. Normalmente visto pelos adultos, como sinônimo de divertimento, de entretenimento ou atividade de descarga de energia, o brinquedo oferece a criança algo, além disso, pois representa uma fonte de conhecimento, de satisfação e uma fonte de acesso ao imaginário.
Os brinquedos também são considerados objetos multifacetados capazes de serem recriados conforme criatividade, imaginação e fantasia, fazendo com que a criança também desenvolva outras habilidades para além da diversão.
Nas instituições educacionais infantis a importância do brincar para as crianças está intrínseca ao espaço da brinquedoteca. Espaço esse, que auxiliam muito o professores em seu fazer pedagógico, seja nas brincadeiras livres ou nas brincadeiras mediadas, as crianças brincam para buscar prazer, para expressar situações adversas para controlar ansiedade para estabelecer contatos sociais e para formação da personalidade.
Portanto, esse espaço é capaz de despertar o encantamento e felicidade nos pequenos, principalmente aqueles que não tem acesso a diferente brinquedo; realidade de muitas crianças assistidas principalmente em Instituições Infantis Públicas.
É válido lembrar-se do parquinho como um ambiente de puro desenvolvimento e diversão, levando para o lado pedagógico desse espaço, ele é importante tanto para desenvolvimento cognitivo, motor como o sócio-afetivo, quanto a própria sala de aula, onde acostumamos chamar de sala de acolhimento para as crianças.
Os brinquedos do parquinho são pensadas para a recreação o brincar com liberdade o brincar sem medo de ser criança, esse espaço fica marcado na memória afetiva de qualquer adulto,
Então quando se fala em brinquedos podemos considerar como objetos encantadores que chama a atenção das pessoas não apenas das crianças pois em nossa memória afetiva sempre terá um brinquedo guardado, por mais simples que seja, nas melhores recordações de nossa infância, está o ursinho que dormimos abraçados, ou a bola que jogamos com os amiguinhos, o escorrega do parquinho da escolinha ou da pracinha entre outros.
Importância das brincadeiras mediadas.
Ser criança é estar envolto de brincadeiras, pois é brincando que a criança explora o mundo, dessa forma ela se desenvolve, portanto as brincadeiras têm um processo contínuo na vida da criança, que se estende desde sua casa, onde a brincadeira é feita com seus familiares ou sozinho até o pátio da escola, sendo que em cada contexto que a criança está inserida ela brinca de formas diferentes.
A criança que está inserida dentro do meio escolar, na educação infantil necessita de brincar, dentro desse espaço escolar, possibilitando a ela vivências através do lúdico, como forma de descobrir a si mesma, de descobrir o mundo, de se inserir naquele meio através da interação durante as brincadeiras com os colegas.
É importante frisar que o reconhecimento da importância do brincar deve ser feito por todos os profissionais da educação e comunidade escolar, possibilitando à criança de exercer o seu direito de brincar. Direito esse que está dentro do o Estatuto da Criança e do adolescente (Lei n° 8.069/1990) que diz:
Art. 16. O direito à liberdade (descrito no artigo 15) compreende os seguintes aspectos:
[...]
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
Portanto brincar na educação infantil é um direito das crianças que precisa ser garantido e vivenciado, muitas delas são mediadas pelo professor, que observa e faz as intervenções necessárias para que as aprendizagens propostas aconteçam de acordo com as possibilidades e faixa- etária das crianças.
Brincadeiras mediadas são quando há o processo de interação entre o professor e os alunos, contando com ajuda dele como mediador, e estruturador da brincadeira, assim o professor apresenta os objetos, arruma a sala, estimula desafia as crianças e possibilita com que elas se desenvolvam brincando, através de interações que são mediadas pelo educador.
As brincadeiras que são mediadas, propicia às crianças momentos de desenvolvimento, dessa forma elas aprendem de forma lúdica, trazendo ao professor a oportunidade de potencializar o aprendizado mediante as brincadeiras que ele conduz durante esse momento do brincar.
TEIXEIRA (2010, p.65) diz que “Para que o brincar aconteça, é necessário que o professor tenha consciência do valor das brincadeiras e do jogo para a criança, o que indica de este profissional conhecer as implicações nos diversos tipos de brincadeiras, bem como saber usá-la e orientá-las”
Portanto, quando o professor separa um tempo da rotina com as crianças para brincadeiras mediadas e planejadas por ele, evidencia a preocupação em construir propostas pedagógicas que vão de encontro com a necessidade da criança em brincar. TEIXEIRA, (2010, p.66) ressalta que:
A intervenção do educador durante as brincadeiras realizadas pelas crianças nas instituições escolares é de suma importância, mesmo que seja no brincar espontâneo. O professor deve oferecer matérias, espaço e tempos adequados para que a brincadeira ocorra em sua essência. (TEIXEIRA, 2010, p.66)
Então observamos que o professor precisa estar atento no momento do brincar, não é apenas levar uma brincadeira e deixar com que as crianças desenvolvam sozinhas, principalmente nas brincadeiras mediadas é necessário um olhar atento do professor, assim como uma intervenção quando for necessário.
O professor que organiza o espaço de forma adequada para a brincadeira do aluno, propicia a ele um ambiente que acolha o aluno e o permita brincar, TEIXEIRA, apud MOREIRA, diz:
É possível uma aprendizagem com características lúdicas, com o objetivo
de dinamizar a aprendizagem, pela iniciativa do aluno e pela motivação
gerada pelo trabalho grupal. Nessa medida, a participação do professor no
jogo e na brincadeira dos alunos tem a finalidade de ajudá-lo a perceber
como podem participar da aprendizagem e da convivência em geral. [...]
(TEIXEIRA, apud MOREIRA, 2010, p.71).
Dessa forma vemos que o professor da educação infantil, precisa favorecer para os alunos a brincadeira, dinamizando as aprendizagens das crianças de uma forma lúdica e saudável.
Importância das brincadeiras livres.
As brincadeiras livres a própria criança comanda e se guia, criando sua própria narrativa dentro da interação com outras crianças, ela delimita o tempo, as regras e as brincadeiras de forma livre e espontânea. Às vezes o professor participa também, porém quando é convidado pelas crianças a brincarem com elas, seja de faz de conta, de brincadeiras de correr, pular, esconder e saltar.
MALUF (2004, p.33) diz que “as crianças comunicam-se através do brincar e por meio dele tornam-se operativas”. Portanto o brincar é uma das necessidades de uma criança, pois através do brincar a criança estreita as relações, e se comunicam.
O brincar livre está mais presente em casa, ou seja, fora da escola, onde a criança pode explorar as situações de uma forma mais individual, em que brinca sozinha, principalmente quando não possui irmãos ou crianças pequenas por perto. Contudo muitos professores que compreendem a importância do brincar livre colocam em seus planejamentos esses momentos que oportuniza as crianças a desenvolverem sua identidade e autonomia através do brincar.
De acordo com KISHIMOTO(2010)
Todo o período da educação infantil é importante para a introdução das brincadeiras. Pela diversidade de formas de conceber o brincar, alguns tendem a focalizá-lo como característico dos processos imitativos da criança, dando maior destaque apenas ao período posterior aos dois anos de idade. O período anterior é visto como preparatório para o aparecimento do lúdico. No entanto, temos clareza de que a opção pelo brincar desde início da educação infantil é o que garante a cidadania da criança e ações pedagógicas de maior qualidade. (KISHIMOTO, 2010, p.1)
Portanto é notório saber que dentro da rotina de uma criança a brincadeira é um dos momentos mais importantes. Sendo necessário ser oportunizado o brincar desde a educação infantil, com espaços e momentos para que a criança possa se sentir livre para brincar. Não apenas como uma fuga quando não se tem o que fazer na sala de aula e deixa a criança brincar, mas como uma parte importante e necessária da vida de uma criança.
O brincar livre disponibiliza ao professor através da observação verificar as necessidades das crianças, observando seus comportamentos, conversas e atitudes com isso pensar em estratégias para levar para sala de aula de acordo com a necessidade das crianças. Ao observar também é possível ver a diversidade que existe em sala de aula, de gostos e de interesses em brincadeiras diversas. Como SOUZA (2010) diz:
Em todas as salas de jardim-de-infância, e nos momentos de brincadeira livre, se pode observar que nem todas as crianças preferem o mesmo género de brincadeiras ou de jogos, mas tanto os jogos como as brincadeiras, sejam elas livres ou mais estruturadas, estimulam a interação e a comunicação entre as crianças que estejam na mesma brincadeira ou a realizar o mesmo jogo. (SOUZA, 2010)
Através do brincar livre a criança demonstra suas próprias narrativas, seus interesses, se desenvolve e interage com o outro, aumenta sua capacidade de imaginar e criar momentos de fantasias, e de respeito com outras crianças pois através da diversidade de gostos ela consegue respeitar o outro e se respeitar.
Conclusão
Iniciamos esse artigo propondo trazer reflexões acerca dos grandes benefícios e prazeres que o brincar proporciona a criança. Ao abordar essa temática consideramos a amplitude do tema e destacamos alguns aspectos e importâncias evidenciadas no ato de brincar para as crianças da educação infantil, nesse sentido concluimos que o fazer pedagógico para as crianças deve ser lúdico, divertido e diferenciado, nas quais os profissionais devem ser polivalentes capazes de ensinar brincando, utilizando como recurso materiais que desperte o interesse e encantamento das crianças, sem esquecer-se da seriedade em termo metodológico, para que o processo de ensino-aprendizagem na educação infantil atinja os objetivos de desenvolvimento nessa etapa importantíssima para a formação do sujeito com habilidades e capacidades para explorar o mundo em que vive.
REFERENCIA
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil.Brasília: MEC, SAB, 2013.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil. Perspectivas Atuais: Belo Horizonte, 2010. Artigo disponível em:< http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7155-2-3-brinquedosbrincadeiras-tizuko-morchida/file> Acesso: 25 de Julho de 2022.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis: Vozes,
2003
MOREIRA, Paulo Roberto. Psicologia da Educação. Interação e Individualidade. São Paulo:
FTD, 1999
SOUZA, Patrícia. A importância do brincar: Brincar e jogar na infância. 2010.
TEIXEIRA. Sirlândia Reis de Oliveira. Jogos, brinquedos, brincadeiras e brinquedoteca:
implicações no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Rio de Janeiro: wak, 2010.
TEIXEIRA. Sirlândia Reis de Oliveira. Jogos, brinquedos, brincadeiras e brinquedoteca:
implicações no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Rio de Janeiro: wak, 2010. IN:
ALBUQUERQUE, FELIPE, CORSO. Para Pensar a docência na educação infantil. Porto Alegre: editora Evangraf, 2019.304p.; 21 cm.