A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER

Por Amled Julião Rodrigues | 27/10/2016 | Educação

 

 

Amled Julião Rodrigues

Resumo:

O ato de ler está contido no nosso dia-a-dia, temos vários tipos de leitura dentro da informativa e o lazer, o exercício da leitura para o indivíduo é compreendê-la mesmo com muita informação alcançada, não é presumível; contudo, o ato de ler é imprecindivel na construção do saber. Pode-se afirmar que ela é uma fonte admissível de conhecimento, todavia por permitir não apenas a decodificação das palavras, ou textos aleatórios, mas por possibilitar uma ampliação na leitura do mundo que o cerca.

  • 1- O CONCEITO DE LEITURA E SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA

A alfabetização é um dos instrumentos fundamentais para que o indivíduo construa seu conhecimento e exerça a cidadania adquirindo assim o domínio da leitura e escrita. Todavia, durante séculos, a base dos ensinamentos era oratória, a leitura e a escrita eram restritas aos nobres, ou seja, a elite privilegiada. Ainda na Idade Média uma minoria era alfabetizada, neste período a leitura era destinada aos que seguiam a vocação religiosa.

O ato de ler tem sido ao longo da história uma prerrogativa das camadas dominadoras; sua assimilação pela camada de base popular denota a vitória de um elemento indispensável não somente à preparação cultural, como ainda à modificação de suas categorias sociais. (SOARES, 2004, p.48)

No final do século XI, com o crescimento do comercio, e a igreja já não exercendo influência sob o ensino, desponta o desenvolvimento econômico e social e surge a necessidade de instruir a população. Desta forma, surgem as primeiras escolas públicas. 

Ao longo da história e conforme o interesse social as obras literárias foram assumindo diferentes concepções. Atualmente, tornou-se mais abrangente do que uma simples decodificação de símbolos, ela passa a ser vista como uma ferramenta capaz de ampliar o entendimento que o indivíduo tem do mundo.

A nova abordagem da literatura apresentou-se objetivamente com interesse de revogar os antigos conceitos que ao longo da história ficavam presos aos diagnósticos projetados que não proporcionavam rudimentos para atingir a atmosfera em que o ser humano estava exposto.

Segundo Carleti (2007), a leitura é a forma mais formidável para a aquisição do conhecimento na edificação de um sujeito crítico, atuante na sociedade. Ler é o jeito clássico de se agregar valores intelectuais:

No decorrer da assimilação e armazenamento da leitura ilimitada quantidades de células cerebrais estão trabalhando incessantemente. O ajuste de integração de ideias em pensamentos e composições maiores de linguagem institui, concomitantemente, um crescimento cognitivo e um desenvolvimento de linguagem. A ininterrupta reprodução desse artifício procede num adestramento cognitivo de característica peculiar.

(CARLETI, 2007, p.2).

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa:

A interpretação e compreensão do texto se dão na prática da leitura, onde o indivíduo alcança essa abrangência cognitiva tendo com pressuposto desígnios, de seu entendimento sobre o tema, sobre o autor, e conhecimento sobre a linguagem etc. Não se discute a extração de conhecimento, decifrando cada letra ou palavra distinta. Refere-se a uma tarefa que alude táticas de triagem, antecipação, dedução e investigação, sem as quais é impossível habilidade. É o uso dessas metodologias que viabiliza dominar à medida que se vai lendo, consentindo adotar deliberações diante das implicações de compreender, progredindo na procura por elucidações, validando no texto hipóteses perpetradas.

(PCN: LÍNGUA PORTUGUESA, p. 69-70)

Observa-se que a prática da leitura sofre modificações de acordo com as transformações da sociedade. A humanidade cresce, expande seus horizontes e os livros impulsionam esse avanço, dependendo de sua proposta educativa. Em muitos momentos podem ser usados como armas contra a alienação cultural, outrora para imortalizar fatos, acontecimentos, a história social, política, religiosa, ficção e tantos outros tipos de textos. 

A linguagem, as letras, o enfoque podem sofrer alterações, todavia, a essência do poder da leitura permanece imutável. Desde o primeiro contato com a leitura seja por meio de pedras, tábuas, papiros, couros, manuscritos, folhas, livros, até a chegada aos monitores de computador ou telas dos mais diversos aparelhos eletrônicos, nota-se a influência em que a leitura exerce sobre a sociedade. Seja com enfoque informativo, acadêmico ou de entretenimento, o ato de ler provoca um afastamento inevitável da zona de conforto e acomodação, transpondo o leitor a um universo de possibilidades e questionamentos. Motivo esse, que em muitos momentos históricos a leitura foi considerada subversiva. No Brasil, durante o período da ditadura militar, muitos títulos foram confiscados e o simples fato de possuí-los já poderia ser visto como um crime contra a nação, cabendo inclusive punições severas. 

Relatar a história da leitura tendo como pano de fundo a sociedade brasileira é importante destacar que o início de sua trajetória, se deu com a chegada dos catequizadores, que a partir de seus ensinamentos religiosos perpassavam seus conhecimentos aos índios. Outra marca evidente nesse cenário é o interesse dos autores desse período retratarem as paisagens e a nova civilização que se formava. Os textos eram marcados de superficialidade intelectual, com o passar do tempo, as obras foram ganhando foques sentimentais, reuniam opiniões diferentes, todavia, em meados do século XIX, enfim, a sociedade literária agrega mais intelectuais, frequentadores de teatros e leitores de folhetins e homens de letras.

Agregações, grêmios, clubes de leitura e análogos não são ações enclausuradas. Integra, na união, a caminhada em prol de uma cultura letrada. Sendo assim, associações, entidades e bibliotecas instituem uma rede; e é seu trabalho contínuo e incessante que favorecem a prática da leitura e escrita no meio social.

(LAJOLO; ZILBERMAN, 1991, p. 139).

Conforme aconteciam as mudanças sociais, políticas e econômicas, as leituras foram assumindo formas distintas. As escolas e bibliotecas constituíram acervos literários que garantem o estudo e o entendimento dessas transformações.

Pondera-se a relevância da presença literária na vida do ser humano de maneira intensa, direcionando-os nas atividades desenvolvidas diariamente, seja no trabalho, no ambiente escolar ou em casa. O ato de ler desperta no indivíduo, novos aspectos de vida, possibilitando a ascensão a níveis mais elevados de desenvolvimento cognitivo.

Assim como o indivíduo aprende a falar, a caminhar, a ler e escrever, ele também precisa ser estimulado ao hábito de ler. A família pode facilitar o acesso a esse universo literário, todavia, são facilmente encontrados pais e mães que também não exercem essa prática.  Ler, escrever, ser alfabetizado, não é simplesmente ter acesso mecânico às letras e palavras, é antes de tudo, compreender a logística que vincula a linguagem e a realidade. Um sujeito que lê abrange o mundo que o cerca e aguça sua capacidade de questionar, criar hipóteses e argumentar com mais propriedade e confiança. A leitura pode ser considerada como uma preciosa ferramenta facilitadora do desenvolvimento intelectual e social dos educandos. Todavia é necessário permitir ao aluno condições para que desenvolva hábitos de leitura naturalmente, pelo simples prazer da leitura:

(...) a metodologia alfabetizadora exerce uma função de identificação. A questão do educando precisar da contribuição do educador, assim, como se estabelece em outras relações pedagógicas, não deve fazer desta experiência menos criativa e responsável na aquisição do conhecimento da escrita e da leitura, não se deve estar nula.

(FREIRE, 1989, p.28,29).

Todavia, algumas pessoas afirmam não ter hábito da leitura, é necessário que haja um estímulo contínuo para o contato entre o indivíduo e o livro. Precisa desmitificar e desassociar a ideia da leitura como prática do ócio, de uma válvula de escape do trabalho. 

A leitura precisa ser entendida como elemento indispensável na edificação do conhecimento, é necessário que a sociedade enxergue a leitura sob esse prisma. Neste contexto a escola torna-se o palco ideal para essa conscientização, e o professor assume a posição desafiadora de mediador dessa prática, concomitante com o trabalho desenvolvido por toda a comunidade escolar, inclusive a família. A importância dessa postura profissional é irrefutável no ambiente escolar, contudo sua realização pode ser uma tarefa difícil.

A presença dos textos se faz notório em diferentes vivências do educando, e nem por isso é considerada estimulante ou instigante por uma boa parte dos alunos. Com a interferência digital, e a dinâmica dos acontecimentos, a leitura muitas vezes não acompanha todas novidades. Especialmente no contexto educacional, observa-se que os currículos escolares necessitam urgentemente de reformulação para que se adequem aos interesses atuais. 

Diante dessa realidade tecnológica, com pouco incentivo, familiar, tendo ainda a alegação da falta de tempo por tantos compromissos assumidos, despertar no aluno o prazer pela leitura e o hábito de ler títulos distintos realmente vem esgotando as possibilidades criativas de muitos docentes. 

Algumas alternativas ficam a critério de uma boa escolha dos temas, considerando a faixa etária, o nível de maturidade, a afinidade dos discentes, observando suas preferências, suas crenças, seus valores, para assim conseguir traçar diagnósticos que resultariam numa abordagem mais eficaz no que tange o interesse pela leitura. 

O professor, como mediador, precisa incentivar seus alunos a conduzirem suas leituras a partir de assuntos que intensifiquem seus interesses, seu conhecimento de mundo, suas opiniões, seu universo individual. Todos esses elementos, centrados no leitor, proporcionam uma familiaridade com diferentes tipos textuais que associados as suas vivências, resultarão mais significativamente na compreensão de tudo o que foi lido.

(...) A ativação do conhecimento prévio é, então, essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas do texto num todo coerente. Este tipo de inferência, que se dá como decorrência do conhecimento de mundo e que é motivado pelos itens lexicais no texto é um processo inconsciente do leitor proficiente.

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