A importância da transgênia na pecuária brasileira

Por Romão Miranda Vidal | 23/02/2012 | Crônicas

Inicialmente não será necessário se colocar em uma situação defensiva, em relação a tudo que se refere aos transgênicos. Atualmente experimentamos avanços significativos em vários setores da pecuária bovina, seja ela de corte ou de leite, ou de postura comercial ou de frangos para o abate, na produção de vacinas transgênicas a partir da alfafa ou de marcadores genéticos que busquem identificar gens melhoradores e muitos são advindos da transgenia. Mas também existem situações onde a mão do homem, promove de forma indireta a transgenia natural, no caso específico, melhoramento animal. Não faz uso de recursos técnicos e nem de laboratórios. A natureza é o grande laboratório.

A transgenia (Transgenia é a inserção, no genoma de um organismo receptor, através de técnicas de Engenharia Genética, de um ou mais genes obtidos de indivíduos diferentes, que podem ser da mesma espécie do indivíduo receptor, ou de espécie diferente.), na realidade vem avançando de forma acelerada no ramo da produção de alimentos. Contrariando as previsões catastróficas a respeito do pastor inglês da Igreja Anglicana, Thomas Malthus,caso não viessem ocorrer nenhum tipo de desastre natural significativo, guerras continentais  ou epidemias, como elementos controladores do crescimento populacional a cada 25 anos, não haveria alimentos suficientes para alimentar esta população que crescia em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos em progressão aritmética.Ou seja a cada 25 anos muita gente teria que morrer.Pastor do apocalipse anglicano. A transgenia apareceu para dar certa dose de tranqüilidade em relação à falta de alimentos. Ao contrário avança de forma coerente e segura neste quesito.

Atualmente existem posições contrárias a tudo o que se refere aos transgênicos e isto tem um valor considerável. A medida que existem posições contraditórias responsáveis e com embasamento lógico e concreto, evitam-se exageros e forçam o compromisso com a ética e o meio ambiente.

A pecuária brasileira sofre danos irreparáveis, a medida que deixa de fazer uso da transgenia. De fato ainda somos um país com poucos recursos e as academias ainda necessitam de maiores aportes tanto em nível de investimentos, como de novos pensadores iluminados, desprovidos de sentimentos radicais.

Falar sobre a importância da transgenia na pecuária brasileira é algo que estimula e provoca. O campo é vasto e apaixonante. Tanto a favor como contra. Mas podemos ir nos acostumando com novos avanços, novas posições e em especial especializações dentro da transgenicidade, onde novos segmentos passarão a surgir, como sendo uma novo uma transgenia de terceira geração.

A questão de muitos anos atrás, no México ocorreu uma infestação de mosca do berne -Dermatobia hominis- causando prejuízos enormes. Um pesquisador americano propos ao governo do México, um controle programado destas moscas. Algo inusitado. Seriam aceleradas as criações de moscas do berne em laboratórios e os machos seriam submetidos a radiações, que os estelerizariam. Haveria um período considerado probatório, onde os machos não submetidos morreriam e a populaççao de machos esterelizados aumentariam e não haveria novas fêmeas fecundadas e mesmo que ouvessem posturas de ovos, estes não desenvolveriam. Esta seria a forma mais adequada e logica de se controlar a situação. Mas...existem interesses comerciais e tudo então ficou só na intenção.

Mas então o que a Transgênia tem em haver com a Pecuária Nacional?

Simples, porém um pouco complexa. Um dos flagelos da pecuária bovina de corte, é a Mosca dos Chifres -Haematobia irritans-, que causa prejuízos consideráveis. Inúmeras empresas comercializam produtos que prometem resolver o problema. Palestras sobre manejo e controle, a todo momento ocorrem. Até bezouros foram importados. Mas alguém pensou em adotar a transgênia no controle e praticamente irradicação da Mosca dos Chifres? A Mosca dos Chifrres transgência deverá ser a grande solução, para que se possa deter e controlar sistematicamente, o aumento e quando não o controle. Naturalmente que seriam necessários investimentos e estudos de modo a provocar uma modificação genética, de modo que todos as moscas machos, venham a nascer estéreis, o que de certo modo impedirá a proliferação deste inseto.

Ocorre uma modificação genética, todos os insetos machos nascem estéreis, o que de diretamente impede a proliferação de novas gerações.Estes machos são soltos nas fazendas e iniciam o cruzamento com fêmeas férteis.

 A grande novidade a respeito da adoção desta tecnologia, está no momento do cruzamento, pois as resultantes destes herdam o gene e morrem ainda em estágio larval.

Difere é lógico do sistema proposto no México, onde os machos seriam submetidos aos efeitos nocivos (para eles) da radiação e se tornariam estéreis, impedindo a proliferação de novos individuos,resultantes do cruzamento.

O problema ou o desafio é saber quem irá pagar a conta, das empresas que comercializam inúmeros produtos que se dizem eficazes no combate as Moscas dos Chifres, pois deixarão de comercializá-los. Daí a citação inicial: “De fato ainda somos um país com poucos recursos e as academias ainda necessitam de maiores aportes tanto em nível de investimentos, como de novos pensadores iluminados, desprovidos de sentimentos radicais”. O que significa de forma clara afirmar que o capital e os interesses das empresas fabricantes de produtos moderadores das Moscas dos Chifres, não devem ser contrariados.

Mas...ainda existe uma esperança, a exemplo do que aconteceu com as vespas que são usadas no combate biológico da broca de cana-de-açúcar, ou das armadilhas com ferômonio, em várias culturas de grãos.

Observação: Este tipo de pesquisa é válido para o combate a Dengue.

Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.