A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DOCENTE NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS AUTISTAS
Por Irenilde De Sousa Freire | 24/05/2017 | PsicologiaRESUMO
Ultimamente, têm-se discutido cada vez mais a qualidade da educação brasileira frente às situações enfrentadas no contexto escolar, a qualificação e as instruções dos professores, assim como, a presença dos pais e educadores relacionados ao desinteresse da aprendizagem pelos dos alunos. A educação necessita ser reavaliada criticamente e observada de acordo com suas peculiaridades, principalmente no desenvolvimento infantil e de crianças com Necessidades Educacionais Especiais, especialmente, o Transtorno do Espectro do Autismo. O autismo é um transtorno que gera ainda, discussões e dúvidas e necessita de desmistificações, através de seu estudo. Diante dessa problemática, delimitou-se a importância da prática docente no processo de inclusão escolar de crianças autistas e as evidências científicas que tratam da relevância no processo de aprendizagem das crianças autistas e as estratégias de ensino/aprendizagem utilizadas por professores no ensino regular.
O estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, onde a busca dos artigos foi feita na base de dados Biblioteca Virtual Scientific Electronic Library Online (SciELO) que foram publicados no período de 2000 a 2016 e coletados em fevereiro a junho de 2016, com os seguintes descritores: Inclusão Escolar, Docentes, Transtorno do Espectro do Autismo, utilizando como critérios de inclusão, textos na íntegra, nacionais, em português, estudos publicados de 2000 a 2016 tendo como critério de exclusão, artigos que não abordassem a temática referida no estudo. Os resultados do estudo mostraram que no período de 2000 a 2010 houve apenas 1 publicação científica e que de 2011 a 2016, esses valores aumentaram consideravelmente, com 7 artigos publicados na íntegra, totalizando 8 artigos. Dentre os artigos selecionados, 6 são de abordagem qualitativa, 1 sobre relato de experiência e 1 de abordagem quantitativa. A região geográfica que mais se destacou sobre o tema, foi a Sudeste com 6 publicações. Quanto os periódicos mais destacados, 4 publicações foram encontradas na Revista Brasileira Educação Especial, seguidas de 4 publicações, em cada um dos respectivos periódicos Revista Nucleus (1), Revista CEFAC (1); Da análise dos estudos emergiram 2 categorias intituladas: Educação do autista no ensino regular: um desafio à prática pedagógica e Capacitação de agentes educacionais: proposta de desenvolvimento de estratégia inclusiva. Após análise e discussão dos resultados à luz dos teóricos que tratam da temática constatou-se que para garantir a inclusão escolar da criança autista é necessário que a escola adapte seu programa de currículo escolar e o educador-professor modifique sua forma tradicional de ensinar, adotando estratégias adequadas que garantam o potencial máximo de desenvolvimento desses escolares. A inclusão social de pessoas com necessidades educacionais especiais no contexto educacional configura-se como um fator fundamental para a equidade e o desenvolvimento da sociedade que requer cada vez mais cuidados essenciais para com estes. Sem a orientação de uma liderança, o trabalho pedagógico fica restrito às expectativas limitadas para o desenvolvimento da criança deficiente.
Palavras-chave: Inclusão Escolar. Docentes. Transtorno do Espectro do Autismo.
1 INTRODUÇÃO
A educação escolar é tão importante quanto o fato de poder ser alfabetizado, pois a escola é tida como um ambiente totalmente favorável e contribuinte para que esses indivíduos com ou sem algum tipo deficiência possam desenvolver o seu pensamento crítico-reflexivo acerca das necessidades dos problemas relacionados ao seu cotidiano (COLAVITTO; ARRUDA, 2014).
Para garantir a inclusão escolar da criança autista, é necessário que a escola adapte seu programa de currículo escolar e o educador-professor modifique sua forma tradicional de ensinar, adotando estratégias adequadas que garantam o potencial máximo de desenvolvimento desses escolares. Dentro do ambiente educacional, o professor torna - se o principal propulsor de uma educação adequada, mesmo para aqueles que possuem alguma necessidade especial. É crucial que esses educadores estejam preparados para cumprir suas funções enquanto facilitadores no processo educativo, não somente para os alunos que sejam típicos, mas também para os atípicos, proporcionando assim, uma realidade de inclusão escolar e de desenvolvimento para todos (FELICIO, 2007).
Com referência ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), as crianças autistas devem estar inseridas no contexto escolar e acompanhadas por profissionais especializados, assim como por professores que utilizem estratégias de ensino que garantam o seu aprendizado e desenvolvimento cognitivo e social. Crianças com TEA têm o direito de estudar em uma escola regular de ensino e, terem acompanhamento especializado com professores aptos a lidarem com essa demanda específica (FELICIO, 2007).
De acordo com Silva (2011), é papel do docente auxiliar o aluno a interpretar de forma organizada os conhecimentos adquiridos dentro e fora do contexto da sala de aula, para que em outras situações cotidianas possam por em prática todo esse conhecimento adquirido, independentemente das limitações que as crianças autistas apresentem, em alguns aspectos das suas vidas
Segundo Orrú (2003), a aplicação desta perspectiva teórica no estudo do autismo, e considera que, devido à complexidade do quadro clínico específico do transtorno, a criança com autismo tende a não se beneficiar de uma aprendizagem por meio de exposição direta a estímulos diversos, os quais não contribuem para sua formação psicossocial e desenvolvimento de suas estruturas cognitivas.
Frente ao exposto, o estudo tem como objetivo as evidências científicas a cerca da importância da prática docente no processo de inclusão escolar de crianças autistas. Este estudo poderá auxiliar na realização de novos trabalhos com enfoque no processo de formação dos educadores, levando-os a reflexões sobre as suas práticas de ensino voltadas a crianças autistas.
Além de mostrar que os docentes necessitam adquirir novas habilidades para garantirem uma educação inclusiva a crianças autistas, além, do aperfeiçoamento de suas competências e atitudes, minimizando as dificuldades de aprendizagem em escolares com necessidades educacionais especiais, bem com o desenvolvimento de suas potencialidades.
2.1 O PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR PARA CRIANÇAS AUTISTAS
A educação escolar é tão importante quanto o fato de poder ser alfabetizado, pois a escola é tida como um ambiente totalmente favorável e contribuinte para que esses indivíduos com ou sem algum tipo deficiência possam desenvolver o seu pensamento crítico-reflexivo acerca das necessidades dos problemas relacionados ao seu cotidiano (COLAVITTO; ARRUDA, 2014). No Brasil, a educação especial surgiu institucionalmente, no conjunto dos ideais liberais que foram divulgados no país no final do século XVIII e início do século XIX (MAZZOTTA, 1996).
A política direcionada à Educação Especial no Brasil articula-se em uma proposta que objetiva a inclusão, tendo também em sua conjectura, um fator limítrofe relacionado aos conteúdos básicos que são ensinados para indivíduos com necessidades especiais, o que pode causar limitação do conhecimento desses sujeitos, ou até mesmo uma aprendizagem inadequada, caso os educadores não tenham aparatos suficientes para manusear o processo de educação do aluno especial (GARCIA, 2006).
A forma como ocorre o processo educacional de uma criança com TEA difere de outras que são atípicas, pois as exigências são maiores devido aos déficits que precisam ser trabalhados. De acordo com Nascimento (2012) é preciso analisar alguns aspectos no âmbito educacional, como o que pode esperar dos indivíduos, as estratégias de ensino diferenciadas para cada contexto, e a relevância de um elemento adicional, a parceria entre família e escola. Estes são fatores que segundo o autor, pode maximizar as oportunidades de aprendizagem dessa demanda.
A criança com autismo ao ser exposta a estímulos sem a devida intervenção do professor, pode se tornar estressada por causa da saturação de informações que podem lhe parecer sem função, já que ela pode até registrar os estímulos e interagir com os mesmos, mas sem, contudo, ocorrer modificações em seu processo cognitivo, o que resultará em uma aprendizagem insuficiente em termos de modelos mais complexos de desenvolvimento cognitivo (Orrú, 2003).
Com efeito, a inclusão escolar é um fator diferencial no desenvolvimento de pessoas com transtornos globais do desenvolvimento. Contudo, experiências de sucesso no processo educacional para autistas ainda são pouco observadas, haja vista a ausência e precariedade de serviços de atendimento aos indivíduos com autismo, principalmente, no que se refere à esfera educacional (OLIVEIRA, 2002; VASQUES, 2002 apud BRIDI; FORTES; BRIDI FILHO, 2006).