A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO APRENDIZADO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por ARANEY OLIVEIRA DOMINGUES | 02/09/2020 | EducaçãoA IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO APRENDIZADO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Autora
Araney Oliveira Domingues
Co-autores
Iara Oliveira Domingues
Maria Andiara Oliveira Domingues
RESUMO
O processo de ensino aprendizagem da criança na Educação Infantil representa um dos grandes pilares para o desenvolvimento integral. O uso da musicalização é recurso que pode ser utilizado pelo professor para trabalhar este desenvolvimento. O objetivo do trabalho é evidenciar que a musicalização interfere positivamente na aprendizagem. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, com análise de várias obras, artigos, documentos legais da educação e sites que abordam sobre o tema. Concluindo que a música auxilia, de forma efetiva, no processo ensino aprendizagem da Educação Infantil, sendo importante para o desenvolvimento lúdico, criativo, emotivo e cognitivo das crianças.
Palavras chaves: Educação Infantil. Musicalização. Aprendizagem.
ABSTRACT
The process of teaching child learning in Early Childhood Education represents one of the great pillars for integral development. The use of musicalization is a resource that can be used by the teacher to work on this development. The objective of the work is to show that musicalization interferes positively in learning. The methodology used is bibliographic research, with analysis of various works, articles, legal documents of education and websites that address the theme. Concluding that music effectively assists in the teaching and learning process of Early Childhood Education, being important for the playful, creative, emotional and cognitive development of children.
Keywords: Early Childhood Education. Musicalization. Learning.
INTRODUÇÃO
A educação brasileira já teve vários momentos históricos e todos eles vieram com fortes inovações, muitos deles provocaram melhorias na qualidade da educação. Porém, ainda há muito para melhorar, muitos alunos ainda não tem a desejada proficiência ao final da educação básica. E isso representa grande preocupação para os governantes, que tentam melhoras para a educação baseadas nas legislações educacionais.
A Constituição Federal trouxe em seus dispositivos a garantia de que a educação é um direito de todos, sendo dever não somente da família, mas do Estado e Município. Para garantir este direito, toda a comunidade educacional age de forma a investir em ações, procedimentos metodológicos que possibilitam o desenvolvimento pleno das crianças.
Para proporcionar esse desenvolvimento, muitas estratégias e procedimentos metodológicos são realizados em sala de aula, uns dos recursos que pode ser usado é a música, de tão eficaz para o aprendizado, que é defendida em documentos legais. A orientação é que os professores conheçam sobre o uso deste recurso na sala de aula da Educação Infantil, para possibilitar que o trabalho com a música auxilie no desenvolvimento das crianças, na Educação Infantil.
Considerando que a Educação Infantil é a etapa inicial do processo de ensino aprendizagem, etapa onde a criança aprende vários conceitos; experimenta novas emoções; sensações e realiza a interação social com todos a sua volta, adquire habilidades necessárias para a sua maturação, para o seu desenvolvimento não só cognitivo, mas físico, mental, social e afetivo.
O contato das crianças com o mundo da música acontece, na maioria das vezes, desde o ventre da mãe, que canta para acalentar as crianças e quando bebê a mãe canta canções para ninar a crianças. Como podemos ver há várias canções para ninar, como a música do cantor Marcello Seffrin: “Dorme meu filhinho, Dorme no colinho, Dorme que é pra descansar, Dorme que é pra n'outro dia, Ter mais energia pra você brincar...” Por meio deste contato com a música, a criança começa a desenvolver algumas habilidades, desde pequenas.
Pode-se perceber que a música promove desenvolvimento até mesmo no ventre da mãe; mas será que o uso da música, em sala de aula, é relevante para o desenvolvimento integral da criança. Esta é a problemática desse trabalho, que tem como objetivo evidenciar se o trabalho com a música auxilia no desenvolvimento das crianças, na Educação Infantil.
Portanto, a música proporciona as crianças um desenvolvimento de habilidades necessárias para essa etapa de ensino, como na interação, na expressão, na comunicação e muitas outras habilidades que serão apresentadas no decorrer do trabalho, que consequentemente proporciona o pleno desenvolvimento das crianças. O estímulo proporcionado pela música, como: o ritmo, a audição, a sensibilidade, distinção de fatos e conhecimentos de ordem, tempo e espaço, são indispensáveis para o aprendizado e precisa ser trabalhado desde a Educação Infantil.
O presente trabalho tem como objetivo evidenciar que a musicalização interfere positivamente na aprendizagem. Refletindo sobre as formas de realização do trabalho com a música, em sala de aula. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, com consultas em várias obras, artigos, sites e legislações educacionais.
1 DESENVOLVIMENTO
A Educação Infantil é uma das etapas mais importante para o desenvolvimento humano, pois é nesta fase que as crianças têm a base para as outras etapas do ensino, como muitos estudiosos afirmaram sobre esse desenvolvimento que acontece nesta etapa de ensino, Makarenko (1976) pontuou que esta etapa que acontece nos primeiros anos de vida, seguida de desenvolvimento intenso das várias capacidades intelectuais, artísticas e práticas, quanto às qualidades morais da pessoa se formam e quando o caráter começa a se manifestar.
Por muitos anos, não havia grandes investimentos para a Educação Infantil, até antes da década de 1970 a sua função era meramente auxiliar no processo de cuidar para a família, sem considerar as experiências já vividas pelas crianças, sendo consideradas como um papel em branco, sem sentimentos, sem aprendizado. Nesta época pouco se importava com o aprendizado da criança, pois o ambiente educacional era apenas para acolher as crianças, no período em que a sua família não podia ficar com as mesmas, então o papel da unidade educacional era apenas assistencial. Segundo pontuou Kishimoto (2003, p. 225): a criança de zero a seis anos foi objeto de atenção nesses quinhentos anos, sobretudo por inspiração da Igreja, no início do processo de colonização [...] predominou a assistência social á infância.
Com a promulgação da Constituição Federal (1988) houve algumas mudanças na educação, em especial, na Educação Infantil que em seu artigo 208 trata sobre essa etapa:
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.
O inciso IV estabeleceu que a Educação Infantil deva ser ofertada em creche e pré-escola, para crianças de 0 a 6 anos, porém essa idade foi alterada para 0 até 5 anos de idade. Outra legislação que instituiu sobre esse atendimento foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), que também coaduna com a oferta da Educação Infantil nas creches e pré-escolas, e com a mesma faixa de idade da Constituição. Estas mudanças foram um ganho para a Educação Infantil.
Todas essas necessidades fazem com que a criança tenha uma aprendizagem significativa esta que, começa com o nascimento. Isto implica cuidados básicos e educação inicial infantil proporcionados seja através de estratégias que envolvam as famílias e comunidades ou programas institucionais (UNESCO, 1990).
Outra grande mudança foi o Estatuto da Criança e Adolescente (1990) que estabelece direitos para as crianças e adolescentes, principalmente o direito a educação de qualidade. Também, outros documentos importantes foram criados para assegurar sobre a importância da Educação Infantil para o desenvolvimento humano, como: Política Nacional de Educação Infantil (2006), que aborda sobre os direitos das crianças a Educação; Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI/1998), que é um conjunto de ponderações de caráter educacional com objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os educadores que trabalham com as crianças da Educação Infantil; Diretrizes operacionais para a Educação Infantil (2000), que é um documento com atuações e diretrizes para a Educação Infantil e Sistemas de Ensino, aborda sobre proposta pedagógica, Regimento Escolar, formação de professores e outros profissionais e espaços físicos e recursos materiais para a Educação Infantil.
Com todos esses documentos legais, a Educação Infantil passou a ser ofertada na educação básica, com investimentos tanto para o seu funcionamento quanto para a parte pedagógica, com formação continuada para os educadores que trabalhavam com essa etapa. Um dos grandes ganhos para a educação Infantil foi o RCNEI (1998), quando dita que a Educação Infantil visa o cuidar e educar por meio do lúdico, um dos objetos de conhecimentos é a música.
A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente.
A musicalização é uma das formas de integração que é orientada como prática na Educação Infantil, uma das ferramentas de comunicação, expressão humana que propicia a interação, o desenvolvimento de várias habilidades necessárias para o desenvolvimento integral, nesta etapa de ensino.
Antes ainda de começar a falar, podemos ver o bebê cantar, gorjear, experimentando os sons que podem ser produzidos com a boca. Observando uma criança pequena, podemos vê-la cantarolando um versinho, uma melodia, ou emitindo algum som repetitivo e monótono, balançando-se de uma perna, ou ainda para frente e para trás, como que reproduzindo o movimento de acalanto. Essa movimentação bilateral desempenha papel importante em todos os meios de expressão que se utilizam do ritmo, seja a música, a linguagem verbal, a dança, etc. (JEANDOT, 2001, p. 18).
A LDB (1996), no seu art. 29, aborda sobre a educação infantil: “primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Sendo a educação infantil, a primeira etapa da educação, ela deve ser abordada pelos professores, de forma que os direitos da aprendizagem sejam construídos e desenvolvidos no decorrer dessa etapa, bem como o pleno desenvolvimento, que envolve o físico, o cognitivo, o emocional e social.
2 Referencial Teórico
O processo de ensino aprendizagem da Educação Infantil é importante para o desenvolvimento humano das crianças, tanto que no documento das Diretrizes Curriculares Nacionais (2009) foi apresentada a importância do aluno da Educação Infantil ter acesso ao conhecimento cultural e cientifico. Neste documento, também, foi evidenciado que os eixos estruturantes do currículo da Educação Infantil são as “interações e brincadeiras”, em seu art. 9º “As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira”.
As interações são fundamentais para o desenvolvimento humano, pois através delas é que as crianças conseguem se socializar, demonstrar emoções e aprendem com o contato com os colegas e adultos. A brincadeira já é uma das atitudes mais praticadas pelas crianças, porém no ambiente educacional ela deve ser orientada pelo educador e deve ter foco pedagógico.
A BNCC (2017) propõs seis direitos de aprendizagem necessários para o desenvolvimento na Educação Infantil, são eles:
Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.
Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.
Estes são os direitos que precisam ser garantidos na Educação Infantil, portanto a unidade educacional, junto com o professor precisa planejar as aulas visando o desenvolvimento integral de todas as crianças, para isso deve proporcionar atividades que contemplem os direitos de aprendizagem. O documento da BNCC (2017), também afirmou que: “parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças”.
A organização curricular do processo de ensino da Educação Infantil foi estruturada em cinco campos de experiência, que são eles: o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
As experiências devem ser proporcionadas para as crianças da Educação Infantil, por meio delas é que acontece o desenvolvimento integral. Todas são importantes, porém trataremos de uma delas.
Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas.
A música é uma destas experiências que possibilita o desenvolvimento humano, como também, o discernimento estético e crítico, o autoconhecimento, conhecimento do outro e do contexto social que a criança vive. Desta forma, é uma das ferramentas lúdicas que auxiliam no desenvolvimento integral das crianças na Educação Infantil, e consequentemente uma educação de qualidade.
O Dicionário Aurélio definiu música: “combinação harmoniosa de sons ou combinação de sons para os tornar harmoniosos e expressivos”. Já a musicalização é uma das ações que deriva da música na educação, na Wikipédia, “é o processo de construção do conhecimento musical: seu principal objetivo é despertar e desenvolver o gosto pela música, estimulando e contribuindo com a formação global do ser humano”.
A música está presente na vida das crianças desde a barriga da sua mãe, quando a mesma acaricia o bebê e ao nascer quando canta para a criança dormir ou acalmar, como afirma Nogueira (2003, p. 9):
Inúmeras pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e em diferentes épocas, particularmente nas décadas finais do século XX, confirmam que a influência da música no desenvolvimento da criança é incontestável. Algumas delas demonstraram que o bebê, ainda no útero materno, desenvolve reações a estímulos sonoros.
Outros autores relataram sobre esse contato da criança com a música.
A receptividade à música é um fenômeno corporal. Ao nascer, a criança entra em contato com o universo sonoro que a cerca: sons produzidos pelos seres vivos e pelos objetos. Sua relação com a música é imediata, seja através do acalanto da mãe e do canto de outras pessoas, seja através dos aparelhos sonoros de sua casa (JEANDOT, 1997, p. 18).
Já na Educação Infantil, no processo de ensino aprendizagem de forma geral, a linguagem musical é uma ferramenta metodológica e pedagógica importante que enriquece o processo educativo. Conforme Scagnolato (2009), a música por si só, não supre a educação, ela tem a função de desenvolver o ser humano em sua totalidade, mas precisa ser planejada. A educação tem a finalidade o desenvolvimento pleno de cada criança. Porém, o uso da música deve ser refletido, e aliado juntamente com outros procedimentos metodológicos, para que possa desenvolver a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade.
De acordo com Scagnolato (2009), a educação musical tem papel importante no desenvolvimento humano, e deve ser realizada juntamente com a educação cientifica; pois ambas se complementam. A música propicia o movimento, a sensação e a ativação de sentimentos bons, por meio da melodia. Daí a importância da Educação musical na Educação Infantil.
Para trabalhar com a música na Educação Infantil, é necessário que o educador planeje considerando as orientações propostas nos documentos oficiais da Educação Infantil. Scagnolato (2009, p. 20), ainda orienta que: “Todas as atividades de músicas desenvolvidas na escola devem partir do que as crianças já conhecem, dessa forma vai se desenvolvendo de acordo com as possibilidades de trabalho de cada professor”.
Dessa forma, o ensino com a música precisa ser planejado considerando o que a criança já conhece, o educador deve realizar um diagnostico inicial, então a partir daí desenvolver a educação musical. Além de a música ser atrativa, ela consegue promover a interação entre as crianças, sendo a interação um dos eixos da prática pedagógica proposto na BNCC (2017).
Através da música o educador tem uma forma privilegiada de alcançar seus objetivos, podendo explorar e desenvolver características no aluno. O indivíduo com a educação musical cresce emocionalmente, afetivamente e cognitivamente, desenvolve coordenação motora, acuidade visual e auditiva, bem como memória e atenção, e ainda criatividade e capacidade de comunicação. (LIMA, 2010, p. 18).
Vários são os conceitos de música que embasam o trabalho, conforme Teca Brito (2003, p.17):
A música é uma linguagem universal. Tudo o que o ouvido percebe sob a forma de movimentos vibratórios. Os sons que nos cercam são expressões da vida, da energia, do universo em movimento e indicam situações, ambientes, paisagens sonoras: a natureza, os animais, os seres humanos traduzem sua presença, integrando-se ao todo orgânico e vivo deste planeta.
A música é uma ferramenta lúdica eficaz que instiga as crianças para demonstrarem os seus sentimentos, a sua criatividade, sendo importante para aprendizagem, para o processo de desenvolvimento das crianças desde a sua concepção de vida, na fase intrauterina, na infância, na primeira etapa do ensino, ou seja, na Educação Infantil.
Há várias formas de se trabalhar a música na escola, por exemplo, de forma lúdica e coletiva, utilizando jogos, brincadeiras de roda e confecção de instrumentos. A imaginação é uma grande aliada nesse quesito, lembrando que a musicalidade está dentro de cada pessoa. (BUENO, 2011, p.231).
A musicalização é uma atividade lúdica e interdisciplinar, podemos perceber nessa canção, que é muito utilizada nas unidades educacionais, pelos educadores da Educação Infantil. A canção Cabeça, Ombro, Joelho e Pé, da Xuxa: “Cabeça, ombro, joelho e pé/ Joelho e pé/Cabeça, ombro, joelho e pé; Joelho e pé/ Olhos, ouvidos, boca e nariz; Cabeça, ombro, joelho e pé; Joelho e pé...”. Com essa canção a criança além de movimentar-se; interagir com os colegas e professores; aprender palavras novas; também, conhece e identifica partes do corpo humano.
A música é uma grande ferramenta muito importante para a assimilação dos diversos conteúdos na rotina dos alunos, pois transporta para o universo dos mesmos, de forma lúdica, os conceitos científicos de diversas matérias. (BUENO, 2012, p.49)
De acordo com Weigel (1988, p.12): “por seu poder criador e libertador, a música torna-se um poderoso recurso educativo a ser utilizado na Educação Infantil”. O desenvolvimento da criança, com a musicalização é tanto cognitivo, afetuoso, interativo, linguístico, psicomotor; ou seja, a música instiga o desenvolvimento de todas as áreas citadas acima, já que não focaliza somente uma das áreas, pois todas são vinculadas e tem influência da linguagem musical.
Todos os aspectos do desenvolvimento estão intimamente relacionados e exercem influência uns sobre os outros, a ponto de não ser possível estimular o desenvolvimento de um deles sem que, ao mesmo tempo, os outros sejam igualmente afetados. (WEIGEL, 1988, p.13).
A musicalização na Educação Infantil é uma atividade lúdica importante, que auxilia a aprendizagem das crianças. Porém, deve haver o equilíbrio, não somente ter a música no processo, mas outras atividades didáticas. Aliás, RCNEI (1998), alega “que é preciso cuidar, no entanto, para que não se deixe de lado o exercício das questões especificamente musicais”.
Em pesquisa sobre a organização curricular do Sistema de Ensino em Cuiabá, especificamente sobre a oferta de ensino da música; foi possível identificar que, nas unidades educacionais da Rede Municipal de Cuiabá, o educador formado em Arte, é quem ministra aulas de música; pois na Educação Infantil, há o professor referência, que ministra aulas de outras disciplinas, exceto de Arte e Educação Física. Já nas Escolas Estaduais e Privadas de Cuiabá, o ensino da música é realizado pelos professores pedagogos. Porém, é necessário que haja formação continuada para os mesmos trabalharem com a musicalização, caso contrário o ensino com a música, não alcançará o seu objetivo pedagógico.
O que todos devem levar em conta, com o ensino da música, no ambiente educacional é que promova o desenvolvimento das crianças. Pois, as atividades musicais refletem na vida das crianças, não somente no ambiente educacional, mas em seu convívio social.
Conforme Bueno (2011, p.189), as atividades musicais:
A participação em atividades musicais aumenta a habilidade da criança para aprender Matemática básica e Leitura. Também desenvolve habilidades cruciais para ter uma vida bem sucedida, como por exemplo, a autodisciplina, trabalho em grupo e habilidades para a resolução de problemas.
O professor precisa estimular a participação das crianças em atividades musicais, pois as mesmas podem auxiliar na aprendizagem matemática e na leitura, quando a crianças começa a ler as letras das músicas e através dos ritmos, toques pode melhorar na alfabetização matemática. Desenvolvendo habilidades essenciais para essa etapa de ensino, como relata Bueno (2011), dando o exemplo da autodisciplina, que é a capacidade de obedecer a regras, habilidade esta importante para a aprendizagem e aquisição de conceitos e objetos do conhecimento.
Como é estabelecido no RCNEI (1998): “a atividade de construção de instrumentos é de grande importância e por isso poderá justificar a organização de um momento específico na rotina, comumente denominado de oficina”. Diversas são as formas de se trabalhar com a música no ambiente educativo, porém o importante é que haja planejamento das aulas, e que a música seja utilizada com a intenção pedagógica. Uma atividade sugerida, por mim, é a construção de instrumentos, pelas crianças, para que a mesma tenha um contato maior com a música.
2.2 Metologia
De acordo com Gil (2010, p.29-31) a pesquisa bibliográfica “é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos”.
A revisão de literatura foi realizada com seleção, análise em diversos materiais que abordam sobre a musicalização, a Educação Infantil e desenvolvimento integral. Este tipo de metodologia tem como característica o aporte qualitativo e exploratório descritivo, com o uso de diversas pesquisas bibliográficas, para melhor embasamento sobre o tema.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do trabalho foi evidenciar que a musicalização interfere positivamente na aprendizagem, especificamente no desenvolvimento integral da criança da Educação Infantil. A Educação Infantil é a etapa inicial do processo ensino aprendizagem, momento de intenso aprendizado, quando os professores precisam estar atentos e reflexivos quanto a sua prática educacional.
A inserção da música como elemento do currículo escolar, por meio do reconhecimento da arte como disciplina indispensável para a efetividade da evolução de habilidades necessárias para toda a etapa de ensino. A música como um dos ramos da arte propicia oportunidades de desenvolvimento, maturação intelectual, evolução de criatividade, e principalmente contribui para a formação de cidadãos mais humanos e com emoções.
A música possibilita o desenvolvimento infantil, cooperando para a formação da criança, além de influenciar diversos benefícios para a construção da personalidade, da criatividade e da liberdade, de forma geral. Possibilitando interações entre os colegas e professores, várias formas de expressão, a motricidade. A função do professor é conduzir e possibilitar que as crianças tenham acesso a diferentes formas de conhecimento e aprendizagem, portanto, o professor deve ser capacitado para trabalhar com a música.
Sendo assim, a música é um dos recursos possíveis para solucionar algumas dificuldades de aprendizagem, ou simplesmente, usada para inserir novos conhecimentos para a criança da Educação Infantil. Desenvolve habilidades essenciais para o desenvolvimento das crianças, como a identidade, atitudes, sentimentos, emoções e outras tantas habilidades. Dessa forma, a música realmente tem forte contribuição para o processo de ensino aprendizagem das crianças na Educação Infantil.
Em última análise, a musicalização na unidade educacional, talvez não resolva todos os problemas da aprendizagem das crianças. Porém, é uma forma de implementar a educação, além de ser citada como atividade lúdica e produtiva para o processo ensino aprendizagem das crianças, atividade citada em lei e de comprovada eficácia para o desenvolvimento integral da criança.
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