A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FAMÍLIA E NA ESCOLA

Por Sandra Aquino de Queiroz Taugino | 15/11/2012 | Educação

  A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FAMÍLIA E  NA ESCOLA

     Começamos a ler com os primeiros contatos que temos com o mundo. Assim começamos a dar sentido e compreender tudo o que está em nossa volta. Percebemos o calor; os braços carinhosos de nossa mãe, o cheiro de seu peito, o barulho que nos assusta e tudo que nos cerca.

     A leitura sensorial começa muito cedo e nos acompanha a vida toda; o gosto, o olfato, a audição, o tato e a visão, são uns dos principais elementos do ato de ler.

     Para Martins, 1994 o ato de ler o texto escrito é motivado desde os primeiros contato que a criança tem com o livro.

    No final dos anos noventa, foi elaborado documento para que acontecessem modificações curriculares no ensino da leitura. Este documento diz:

     A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador do sistema de escrita. Não se trata simplesmente de extrair informações da escrita decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, estratégias de seleção, antecipação inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência (BRASIL, 1998, p. 36).

     Os PCNs são parâmetros norteadores para a condução do processo de ensino – aprendizado e a leitura ocupa espaço indispensável para a compreensão e dinamização do trabalho ativo de construção do significado do texto.

     A leitura está presente em toda as classes sociais. A relação da família com a leitura influência decisivamente como as crianças e os jovens encaram o universo das letras. Ao verem nossos pais lendo e ao ouvir histórias contadas por eles seremos estimulados, estes elementos nos ajudam a ter o gosto pela leitura. Quando nossa família valoriza a leitura há maiores possibilidades de tornarmos leitores.

    Pesquisas mostram que uma pessoa que não tenha curso superior, mas que tenha tido pai e mãe que liam muito, tem a possibilidade de se tornar uma grande leitora.

     Quanto mais os pais lêem, mais chances seus filhos têm de se tornarem também leitores. Segundo estudo francês o exemplo dos pais é tão forte que, em alguns casos, sobre põe-se à escolaridade ou a profissão dos filhos (RIBEIRO, 2003, p. 141).

      Quando a família já introduziu seu filho num ambiente rico em leitura, contando histórias para eles, comprando livros para serem manuseados, mostrando as bibliotecas e livrarias, estas crianças pertencem a uma classe privilegiada social e intelectual, e que sabem da importância da leitura, elas vão para a escola e nem sempre encontraram dificuldade no aprendizado.

     Assim as falas de nossos filhos acabam mostrando as faces de seus próprios pais representando, aqui, a imagem de pessoas bem – informadas, modernas, responsáveis por uma boa educação seus filhos (LEITE, 1995, p. 56).

     É necessário que a família utilize todas as formas de leitura escrita, para estimular os filhos desde pequenos. Esses filhos têm maiores possibilidades de vir ser um leitor. Não é uma regra absoluta realizável, mas é bem provável que isso aconteça.

     O contato com materiais de leitura diversos desde a infância constitui um fator muito importante para que, quando adulto, o indivíduo alcance maiores níveis de alfabetismo; por outro lado, essa correlação não pode ser tomada de maneira absoluta (RIBEIRO, 2003, p. 130).

    A família precisa se dedicar mais tempo com seus filhos, reservar algum, para fazer leitura com eles, ajudá-los a reconhecer que podem aplicar e usar o que lêem. A atenção para com o trabalho escolar dos filhos, a presença familiar na vida do estudante, pode vir ajudá-los a ter um alto grau de escolaridade.

     Os pais, portanto precisam dedicar mais tempo ao filho, não para lhe dar simplesmente um padrão de vida melhor, como acontece freqüentemente, e sim para inteirar-se dos interesses dele e poder levá-los em consideração, jogando, brincando e lendo com o filho e comprando livros para ele (BAMBERGER, 1995, p. 73).

     O hábito da leitura é favorecido com a ajuda da família. A leitura que os pais fazem ao tornarem uma atividade regular em suas casas; esta prática é a precondição para a formação do hábito de ler em seus filhos. A família planta a semente da leitura e cabe a escola cultivar.

     Formar leitores é uma tarefa que começa cedo e deve continuar sempre. Nesta condição, cabe à escola contribuir com responsabilidade na formação de leitores. “ [...] a tarefa primordial da escola seria contribuir para inserção do aprendiz no mundo letrado, de modo que ele compreenda as ações que se fazem com a palavra escrita, e a cultura que se cria em torno dela (LEITE, 1998, p. 51).

     O desenvolvimento da leitura e da escrita não pode ser feito apenas pelo professor de Língua Portuguesa. A tarefa é responsabilidade de todas as áreas do conhecimento, porque cada uma tem textos com características específicas.

     A escola deve organizar-se em torno de uma política de formação de leitores, envolvendo toda a comunidade escolar. Mais do que a mobilização para aquisição e preservação do acervo é fundamental um projeto coerente de todo o trabalho escolar em torno da leitura. Todo professor,não apenas o de Língua Portuguesa,é também professor de leitura (BRASIL, 1998, p. 37).

     O educador como um mediador do conhecimento, deve tentar ser um elemento impulsionador da leitura, criando condições para os alunos lerem e serem valorizados pelo que lêem .

     O papel do professor é ser o mediador da aprendizagem, e seu papel é fundamental porque, sendo o conhecimento cultural e histórico é ele que vai viabilizar através da prática pedagógica o acesso dos alunos a esses saberes [...]  aquisição do conhecimento vai sendo construída pela criança em sua interação com o objeto, através da mediação do professor (OLIVEIRA, 2005, p. 113).

     A escola deve trabalhar com os alunos diferentes tipos de textos, eles começam a conviver com uma variedade de estilos, gêneros e assuntos, assim os alunos ganham mais autonomia na leitura, não ignorando as leituras que as crianças trazem do seu meio histórico e social.

[...] o educador precisa compreender que há uma pluralidade de leituras que a escola precisa levar em consideração, para a formação do leitor, e que faz urgente estabelecer o diálogo entre o eu – professor e o tu – aluno, para que nós (social) possamos emergir menos exposto à dominação de um pelos outros, e que o ato de ler seja um dos meios para a conscientização (OLIVEIRA, 2005, p. 114).

     É de grande importância que o educador demonstre ser um leitor para seus alunos, lendo para eles em sala de aula, comentando os livros, os textos, não apenas ensinar a ler, mas apresentar o mundo da leitura a eles.

[...] o professor, ao demonstrar-se leitor para os alunos, transforma-se em modelo de leitor para eles, em alguém que, por demonstrar prazer e entusiasmo pela leitura, motiva o aluno a ler, a vivenciar aquilo que é constitutivo da sua formação subjetiva e profissional (LEITE, 2003, p. 149).

     Assim, cabe ao educador preocupar-se com a formação do leitor, não ignorar toda a história anterior dos sujeitos envolvidos, mas considerar a leitura reflexão de crítica, de reconstrução.

     À escola tornará possível a formação de uma geração de leitores capazes de dominar as múltiplas formas de linguagem e de reconhecer os variados e inovadores recursos tecnológicos disponíveis para a comunicação humana no dia-a-dia.

      Não podemos esquecer que é de grande importância a promoção de políticas públicas do governo ao incentivo a leitura, na escola, porque grande parte dos alunos só tem acesso à leitura e a escrita neste espaço. “Coloca-se portanto, como fundamental, a discussão sobre as práticas de leitura e da escrita, em seus contextos de uso, no cotidiano da escola, tornando a relação com o mundo escrito [...].” (RIBEIRO, 2003, p. 150).

     Para a autora, é fundamental a discussão sobre as práticas de leitura e da escrita, especialmente em seus contextos de uso, pois assim o educando está construindo seu universo leitor pautado nas vivências cotidianas, vendo aplicação prática das leituras propostas.

    À escola e ao professor cabe a disseminação do gosto pela leitura e isso só é possível com a responsabilização de todo o segmento educacional em trabalhar com os alunos a leitura, enfim, todos os educadores, de todas as áreas do conhecimento devem assumir o compromisso de formar leitores.

                 

       

   

   

   

   

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BAMBERGER, Richard- Como incentivar o hábito de leitura. 6. Ed. São Paulo: Ática, 1995.

BRASIL. MEC - Parâmetros Curriculares Nacionais- Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental- Brasília. MEC-SEF, 1998.

COENGA, Rosemar.  Nos labirintos da memória. Cuiabá: Atalaia, 2004.

DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciência sociais. 3.ed. São Paulo:

FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. In: Leitura: teoria e prática. Campinas, SP:

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1992.

GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. Rio de Janeiro: Record, 1999.

LEITE, Sérgio Antônio da Silva (org.) et al. Alfabetização e letramento: contribuições para as práticas pedagógicas. 2.ed. Campinas. SP: Komedi, 2003.

MANGUEL, Alberto. Uma história de leitura. São Paulo: Presença, 1998.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1994, Coleção Primeiros Passos, n°74.

OLIVEIRA, Ana Arlinda de. Leitura, literatura infantil e doutrinação da criança. Cuiabá: Editora da Universidade Federal de Mato Grosso: Entrelinhas, 2005.

ORLANDI, Eni P. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora a UNICAMP, 1988.

RESENDE, Andréa Andrade Siqueira. O desafio de formar leitores. Presença Pedagógica, Vol. 6, n°34, pg18 a 25, jul/agost.

RIBEIRO, Vera Masagão- (org). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF. São Paulo: Global, 2003.

SCLIAR-CABRAL, Leonor. Critérios para análise de cartilhas: uma abordagem psicolingüística. In: CLEMENTE, E. e KIRST. M. H. (orgs). Lingüística aplicada ao ensino em português. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1992.

SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura e realidade brasileira. 3.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.

SOARES, Magda Becker. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1986.