A IMPORTÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
Por Kliver Moreira Barros | 28/10/2010 | EducaçãoKliver Moreira Barros
Introdução
O presente trabalho mostra as dificuldades apresentadas pelos alunos quando estão diante de problemas matemáticos, e mostra com clareza as diversas faces desse problema. A interpretação de textos é uma deficiência apresentada pela grande maioria dos alunos do ensino fundamental, tendo um fator de culpa importante na dificuldade que os alunos mostram para conseguirem resolver problemas os quais não apresentam respostas rápidas e necessitam de um esforço intelectual maior para conseguirem decifrar uma operação matemática adequada para a resolução do problema. Este é um problema que sempre foi discutido entre os professores e mostra que é uma deficiência interdisciplinar, afetando o aprendizado nas mais diversas áreas do conhecimento.
Palavras-Chave: Leitura, Interpretação de Textos, Problemas Matemáticos.
1. Leitura: um breve histórico
Ler é uma atividade dinâmica que abre ao leitor amplas possibilidades de relação com o mundo, de compreensão da realidade que o cerca, de inserção no mundo cultural da sociedade que vive.
Com o desenvolvimento da escrita, o homem substituiu a exposição visual, que era as pinturas nas cavernas, pela sonora, assim, a linguagem tomou a forma oral.
Nos primórdios, o conhecimento era repassado oralmente, por isso, a oratória era um dos principais ensinamentos daquela época. Era o meio em que os mestres ensinavam seus aprendizes, que eram meros ouvintes.
A leitura e a escrita era restrita a poucos privilegiados, na Idade Média uma minoria era alfabetizada, apenas os mosteiros, as igrejas e abadias eram os únicos centros de cultura letrada. Na Alta Idade Média a educação formal entrou em crise e ficou restrita apenas ao meio clerical. A leitura ficou presa ao meio clerical por muito tempo, até que, em meados do século XI, as atividades comerciais se expandiram, provocando um crescimento na zona urbana e o enfraquecimento da igreja sobre o domínio da leitura, que pôde chegar com mais facilidade aos leigos.
Com o desenvolvimento da economia e da sociedade, a necessidade de se intelectualizar a população foi crescendo e, assim, a implantação de novas escolas públicas, fora dos domínios da igreja, passou a crescer gradativamente.
2. Notação Matemática
Notação matemática é uma linguagem cuja grafia e semântica se utiliza dos símbolos matemáticos e da lógica matemática, respectivamente. O maior responsável por uma notação matemática mais consistente e utilizada até hoje foi Leonhard Euler (1707-1783). As sentenças matemáticas são criadas a partir dessa linguagem e, com isso, a dificuldade de entendimento por parte dos alunos ao se depararem com tal escrita é muito grande, pois a Matemática por si só é um obstáculo o qual a maioria dos alunos não consegue transpor.
Todas as expressões escritas através da notação podem ser traduzidas e entendidas em qualquer parte do mundo. A padronização tem algumas variações devidas sua evolução no transcorrer dos tempos, assim, um mesmo algarismo pode ter significados diferentes em campos distintos da Matemática.
A dificuldade de entendimento das sentenças matemáticas por parte do alunos se deve pela maneira com estes lêem os textos referentes aos problemas a serem resolvidos, uma leitura superficial dificulta a interpretação e, assim, torna quase impossível a resolução dos problemas propostos.
FONSECA e CARDOSO (2005, p.65) afirmam que:
"é necessário conhecer as diferentes formas em que o conteúdo do texto pode ser escrito. Essas diferentes formas também constituem especificidades dos gêneros textuais próprios da matemática, cujo reconhecimento é fundamental para a atividade de leitura."
3. Problemas matemáticos
A matemática tem como principal característica a obtenção de um mesmo resultado a partir de diversos métodos de resolução e desde os tempos mais remotos, nos textos matemáticos, existiam problemas para serem resolvidos. Os problemas matemáticos que tanto amedrontam os alunos tem como principal objetivo desenvolver o raciocínio lógico, fazendo com que a rapidez para tomar decisões seja trabalhada de forma eficiente, pois, o esforço da mente para encontrar métodos para se chegar a um resultado é muito grande, sendo que se podem utilizar diversos meios para resolver dado problema, haja vista que, os problemas não têm uma resposta rápida, necessitam do esforço mental, levando o aluno a desenvolver seu lado intelectual.
A compreensão de textos é uma habilidade essencial no processo de aprendizagem em geral e constitui um ato interativo entre as características do texto e as do leitor. O resultado da compreensão é a construção de uma representação mental significativa e global a partir da base textual, produzida de forma dinâmica enquanto o leitor avança na leitura e aporta seu conhecimento de mundo.
A maioria dos alunos tem dificuldade para entender os problemas expostos haja vista a dificuldade de assimilar um texto com sentenças matemáticas e conseguir interpretar para encontrar um meio de resolução. A interpretação dos textos matemáticos é a principal causa da dificuldade dos alunos da disciplina de matemática nas séries do ensino fundamental, pois a partir do momento em que a interpretação é feita, a resolução fica muito mais fácil e rápida. Encontrar a operação que deve ser efetuada na resolução do problema faz com que os alunos tenham uma grande dificuldade no aprendizado da Matemática.
No entanto, esse é um problema interdisciplinar, pois o aluno que não consegue interpretar um texto referente a um problema matemático não conseguirá fazer um a boa interpretação de um texto de português, isso se deve ao à falta do hábito de leitura da grande maioria dos jovens.
4. Revisão de Literatura
A dificuldade em entender os problemas matemáticos é um problema que acontece em uma grande maioria dos alunos do ensino fundamental e uma solução para esse problema está sempre em discussão entre os professores que, por sua vez, destacam que o problema é fator relevante entre os alunos, os quais vêem com essa deficiência das séries anteriores.
Lopes (2007) cita que:
"a justificativa desse insucesso é a falta de preparo dos alunos em anos anteriores, as dificuldades inerentes à própria disciplina, a extensão dos conteúdos programáticos, as famílias de baixo nível sócio-econômico e cultural ou a falta de incentivo, as incapacidades e o desinteresse. Por sua vez, é comum ouvir os alunos se referirem à matemática como uma disciplina extremamente difícil de compreender e ao fato de que os professores não a explicam muito bem nem a tornam interessante."
Os professores devem repensar o conceito de matemática, já que temos uma concepção apenas de uma ciência da quantidade, e Ruiz (2002) nos mostra o fato de que "em nossa cultura, a matemática é sempre pensada em sua dimensão restrita: fazer contas e medir".
Segundo Coelho (2005, p. 3):
"Polya foi um dos matemáticos que mais se destacou com seus trabalhos ao conceptualizar Matemática como Resolução de Problemas, colocando-a como foco principal da instrução matemática. Ele concebe a matemática não como uma disciplina formal, mas enfatiza a sua dependência com a intuição, a imaginação e a descoberta, defendendo que deve-se imaginar a idéia da prova de um teorema antes de prová-lo. Pode-se dessa maneira perceber que muitas vezes erramos e temos que descobrir outras saídas, o que acaba contribuindo para melhorar nossa capacidade de imaginar soluções"
Fazer com que os alunos interpretem e solucionem os problemas é o papel principal dos professores, POZO (1998, p. 14) entende que ensinar os alunos a resolver problemas é "dotá-los da capacidade de aprender a aprender no sentido de habituá-los a encontrar por si mesmos, respostas às perguntas que os inquietam ou que precisam responder ao invés de esperar uma resposta já elaborada por outros e transmitida pelo livro texto ou pelo professor".
O principal objetivo do ensino da matemática é fazer com que o aluno pense produtivamente, ou seja, consiga desenvolver técnicas para a resolução de problemas e, assim, a apresentação de situações-problema que os desafiem e motivem a interpretar e resolver, conseguindo levar os alunos a levantarem hipóteses para investigá-las e testá-las tendo, no entanto, um envolvimento muito maior dos alunos com o conteúdo trabalhado.
CONCLUSÃO
Pudemos notar que as dificuldades dos alunos não estão presas a uma determinada disciplina, é uma deficiência geral em que os alunos trazem dos anos anteriores e, com o passar das séries, vai afetando com um poder maior o processo de aprendizagem, sendo que, a necessidade de utilizar o poder intelectual é cada vez mais preciso. Essa discussão está longe de ter um final, haja vista que os alunos recém chegados no ensino fundamental estão apresentando a mesma deficiência dos alunos que concluíram o ensino fundamental e iniciaram o ensino médio com as mesmas deficiências que tinham quando o iniciaram.
REFERÊNCIAS
COELHO, Maria A. V. M. P. As concepções dos Professores sobre a Resolução de Problemas. UNICAMP. Disponível em: <www.sbempaulista.org.br/epem/anais/ Posteres%5Cp010.rtf>. Acesso em: 14 nov. 2005.
FONSECA, Maria C. F. R.; CARDOSO, Cleusa de A. Educação matemática e letramento: textos para ensinar matemática, matemática para ler texto. In: NACARATO, A. M.; LOPES, C. E. (org). Escritas e Leituras na Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. pp.63-76.
LOPES, Sílvia Ednaira. Alunos do ensino fundamental e problemas escolares: leitura e interpretação de enunciados e procedimentos de resolução. UEM, Maringá ? PR, 278p. 2007.
PEREIRA, Antônio Luiz. PROBLEMAS MATEMÁTICOS: CARACTERIZAÇÃO, IMPORTÂNCIA E ESTRATÉGIAS DE RESOLUÇÃO. IME-USP ? Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo, 21 p. 2002.
PICCOLI, Glaucia Celina Tarouco. REINVENTANDO A IMPORTÂNCIA DE LER NA MATEMÁTICA. UFPel, 5 p. 2007.
POZO, J. I.; ANGÓN, Y. P. A Solução de Problemas em Matemática. In POZO, J. I.(org.). A Solução de Problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: Editora Artmed, 1998. pp. 139-165.
RUIZ, Adriano R. A matemática, os matemáticos, as crianças e alguns sonhos educacionais. Ciência & Educação, v. 8, n. 2, p. 217-225, 2002. Disponível em: <http://www.fc.unesp.br/pos/revista/pdf/revista8vol2/art6rev8vol2.pdf#search=%22analfabeti smo%20matem%C3%A1tico%20consequ%C3%AAncias%22>. Acesso em: 19 ago. 2006.