A IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO NO DESIGN DE EMBALAGEM.

Por Cristiane Del Nero | 02/10/2012 | Adm

A IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO NO DESIGN DE EMBALAGEM.

RESUMO:

Este artigo acadêmico tem como objetivo mostrar a importância da inovação no design de embalagem sem que a mesma descaracterize o produto no ponto de venda. Sabe-se que o papel da embalagem vai além da sua função primária que é proteger, acondicionar e transportar qualquer elemento de natureza física podendo ser considerada como um fator decisivo no momento da compra. E como é possível ganhar um lugar de destaque frente à concorrência? Simples, nos dias de hoje o nível de exigência do público consumidor é algo que vem sendo estudado pelos profissionais de marketing responsáveis pela criação estratégica de determinada linha de produtos, marca, embalagem e rotulagem, elementos que fazem parte do mix de marketing e que devem ser levados em consideração, melhorando a comunicação entre o cliente e o fabricante e consequentemente maximizando as vendas.

PALAVRAS-CHAVE: embalagem, inovação, design, mix de marketing.

Introdução

Pode-se dizer que a embalagem está presente na civilização desde os tempos primórdios quando eram produzidas através de fontes naturais e animais com a finalidade de acondicionar e transportar alimentos e medicamentos, sofrendo diversas adaptações ao longo dos séculos.

Nos anos 60 as embalagens tinham pouca importância no composto de marketing servindo apenas para proteger e conservar alimentos. Um cenário que muda com a chegada dos anos 80 quando o consumidor passa a enxergar atributos que vão além de sua função primária como eficiência, praticidade e design inovador. Estas modificações também agregaram uma nova função à embalagem, responder pela sua auto-divulgação.

Posicionamento de Mercado

Segundo Cobra, “A expressão posicionamento do produto ou da marca refere-se ao lugar que o produto ocupa em dado mercado, pois a empresa necessita para cada segmento desenvolver uma estratégia de posicionamento de produto.” (Cobra, 1992 p.321). Visto que os avanços sociais e tecnológicos não param, as empresas de bens de consumo e porque não dizer de embalagens tem se preocupado em oferecer o que há de melhor em relação aos invólucros disponíveis nos pontos de venda buscando atender os desejos e necessidades do público consumidor.

Souza & Nemer parte do pressuposto que a “Marca pode ser definida como nome, termo, sinal, símbolo ou desenho, ou uma combinação destes, que pretende identificar os produtos ou serviços de um vendedor, ou grupo de vendedores e diferenciá-los dos produtos ou serviços da concorrência” (Souza/Nemer, 1993 p.6). Neste sentido concluí-se que o reforço e o posicionamento da marca estão ligados diretamente à forma como a empresa
se apresenta, ou seja, a embalagem é um vendedor silencioso em meio às gôndolas, principalmente ao adotar um novo formato, rotulagem, tipografia, funcionalidade, ergonomia, segurança e, nos dias de hoje, porque não dizer sustentabilidade, características estas que são levadas em conta pelo consumidor na escolha de um determinado produto.

"Devemos incluir a embalagem como uma arma de estilo, especialmente em alimentos, cosméticos, produtos de higiene e pequenos aparelhos de consumo. A embalagem é o primeiro contato do consumidor com o produto e é capaz de fazer com que ele decida comprar ou não.” (KOTLER, 2000, p.313). Empresas que deixam de apostar no novo estão assumindo o risco do fracasso uma vez que 70% das decisões de compra são tomadas no ponto de venda. O ato de comprar está ligado a fatores emocionais e sensoriais, onde os cinco sentidos do consumidor são despertados, criando um mecanismo de interação entre o indivíduo e o produto atraindo sua atenção para os aspectos relevantes do seu cotidiano, principalmente no que diz respeito à qualidade, pois de nada adianta despertar o interesse do cliente se o produto não é bom o suficiente ao ponto de fidelizá-lo.

Objetivos de Marketing

            Para desenvolver uma embalagem voltada à comercialização são necessárias diversas pesquisas para conhecer os hábitos de compra dos consumidores e o que eles esperam do mercado. Grandes empresas procuram realizar este processo em um trabalho conjunto entre as áreas de Pesquisa e Desenvolvimento e Marketing, que checarão a viabilidade do projeto e suas vantagens para novos investimentos. Segundo Kotler “Os profissionais de marketing desempenham vários papéis ao ajudar a empresa a definir e entregar bens e serviços de alta qualidade a clientes-alvo. Primeiro, é deles a maior responsabilidade pela correta identificação das necessidades e exigências dos clientes. Segundo, eles devem comunicar as expectativas de clientes aos projetistas de produtos de maneira apropriada. Terceiro, eles devem assegurar que os pedidos dos clientes sejam atendidos corretamente e dentro do prazo. Quarto, eles devem verificar se os clientes receberam instruções, treinamento e assistência técnica adequados à  utilização do produto. Quinto, eles devem manter contato com os clientes após a venda para assegurar que estejam e permaneçam satisfeitos. Sexto, eles devem coletar  idéias de clientes para melhorias de produtos e serviços e transmiti-las aos departamentos adequados na empresa.” (KOTLER, 2000, p.80)

            De posse destas informações é gerada uma nova identidade a embalagem que dentro do universo do marketing passa a atender quatro importantes características como: qualidade percebida, apelo visual, eficiência na comunicação e por último a composição do preço. Uma embalagem que transfere ao cliente sentimentos como confiança passa a ter um valor significativo na vida do indivíduo, gerando o reforço da marca, facilitando o processo de recompra. “Eles formam uma expectativa de valor e agem com base nela. A probabilidade de satisfação e repetição da compra depende de a oferta atender ou não a essa expectativa de valor.” (KOTLER, 2000, p.56). Esta satisfação transcende o momento da compra quando um determinado produto oferece algo além da qualidade como a possibilidade de reutilização do seu recipiente.

Tendências do mercado de embalagens

A expectativa é positiva para o mercado de embalagens que vem crescendo num ritmo acelerado acompanhando o desenvolvimento tecnológico mundial que viabiliza o sólido crescimento do setor. Vários fatores sócio-culturais tem demandado uma nova postura das empresas em relação ao publico consumidor que a cada dia tem se tornado mais diversificado, desde donas de casa, mães zelosas a jovens solteiros que em sua grande maioria moram sozinhos e optam por produtos práticos que facilitem a sua rotina.

Segundo dados da Abre (Associação Brasileira de Embalagem), os recursos injetados para o desenvolvimento de novas tecnologias são altos e isso não para. Atualmente o setor encontra-se dividido da seguinte forma: 30,01% das embalagens disponibilizadas no mercado são plásticas, 30,91% papelão, 22,3% os metais e, com menor participação estão o papel com 7,45%, o vidro com 5,39% e a madeira com 2,34%.

                A preocupação com a preservação ambiental é algo extremamente presente neste mercado ganhando cada vez mais importância entre os fabricantes e o consumidor final que tem adotado uma postura consciente quanto ao impacto no descarte pós-consumo.

            Por estas e outras as empresas tem buscado alternativas quanto à redução da matéria-prima na fabricação dos invólucros utilizando inclusive de insumos mais amigos do meio-ambiente cujo ciclo de vida é mais curto se comparado aos demais. Desta forma ao mesmo tempo em que as organizações adotam uma postura socialmente responsável acabam por ter uma significativa redução de custos no que se refere à sua linha de produção, ou seja, se as empresas querem ter mais eficiência ambiental e social elas precisam inovar e a demanda dos consumidores é crucial para encorajar as indústrias a adotarem uma postura mais responsável com a sociedade.

            Além da questão ambiental, outro assunto que está em alta são as embalagens ergonômicas. Segundo o IBGE atualmente a expectativa de vida do brasileiro ultrapassa os 70 anos, assim, parte da população pode ser considerada como o publico da melhor idade cuja limitação motora se faz presente havendo a necessidade de produtos com uma pega diferenciada que os auxiliem e ofereça segurança nas práticas diárias.

            O mercado precisa estar atento a estas necessidades e tendências respondendo a tempo ao feedback gerado diariamente pela massa consumidora.

BIBLIOGRAFIA

COBRA, Marcos. Administração de marketing. 2ª Edição. São Paulo: Atlas, 1992.

KOTLER, Philip. Administração de marketing. Trad. Bázan Tecnologia e Linguística. 2ª Edição. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

KOTLER, Philip – Administração de Marketing – 10ª Edição, 7ª reimpressão – Tradução Bazán Tecnologia e Lingüística; revisão técnica Arão Sapiro. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

SOUZA, Marcos Gouvêa de, NEMER, Artur. Marcas e Distribuição. São Paulo: Makron Books, 1993.