A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA NO AMBIENTE ESCOLAR INCLUSIVO

Por ALEISSA MONALIZA VEIGA DA SILVA | 11/10/2012 | Educação

 

A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA NO AMBIENTE ESCOLAR INCLUSIVO

Maria Aldenora dos Santo Lima - Professora da Universidade Federal do Acre  - UFAC- História

Meyrecler Aglair de Oliveira Padilha: Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão NAPI - História, graduanda em Licenciatura plena em Ciências Biológicas e Especializanda em Educação Especial Inclusiva1.

Maria Lazinete Soares Saraiva: Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão NAPI - História e Especializanda em Educação Especial Inclusiva1

Aleissa Monaliza Veiga da Silva: Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão NAPI – Pedagogia Especialista em Educação Especial Inclusiva1

Jonas Lima Nicácio: Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão NAPI - Pedagogia e Especialista em Gestão escolar1

 

RESUMO

Essa pesquisa tem como objetivo abordar a importância da formação continuada no ambiente escolar inclusivo, de alunos com Altas Habilidades/ Superdotação, bem como analisar as políticas de formação continuada para esse público da Secretaria Estadual de Educação - SEE, do Município de Cruzeiro do Sul, no Acre. Entendem os autores do artigo que a inclusão de alunos com Altas Habilidades/Superdotação impõe inúmeros desafios ao sistema de ensino nacional. Historicamente, muitos desses alunos passam despercebidos na escola comum, fato que é duramente criticado por especialistas da área educacional. O ser superdotado é alvo, muitas vezes, de repressão e, com isso, poderá ser desestimulado, desmotivado e considerado, maior parte das vezes, como um problema no processo educacional. No que diz respeito à educação inclusiva, o Ministério da Educação implementou o Programa Educação Inclusiva, Direito à Diversidade, que visa disseminar a política de inclusão e apoiar o processo de construção e implementação de sistemas educacionais inclusivos nos municípios brasileiros. Nesse contexto, é necessário que sejam oferecidos aos profissionais da educação subsídios para que estes possam desenvolver está prática inclusiva qualitativa, considerando que serão suas práticas que determinarão a qualidade de interação e o aprendizado do aluno no ambiente escolar. Entende-se que incluir alunos com Altas Habilidades/Superdotação na rede regular de ensino é bem mais do que inseri-los em sala de aula. É oportunizar a esses alunos a oportunidades de desenvolvimento, de acordo com as suas potencialidades. Assim, se todos os envolvidos no ambiente escolar souberem identificar aqueles com Altas Habilidades/Superdotação, trabalhar com suas potencialidades tornará possível maior aproveitamento escolar desses estudantes, ao tempo em que a escola poderá descobrir grandes talentos que contribuirão para engrandecer a história da vida brasileira.

 

Palavras chave: Altas Habilidades/Superdotação; Oportunidade; Desenvolvimento Educacional.

 

ABSTRACT


This research aims to address the importance of continuing education in the school environment inclusive of students with High Abilities / Giftedness and analyze the policies of continuing education for this audience of State Department of Education - ESS, the city of Cruzeiro do Sul, in Acre. The authors believe the article that the inclusion of students with High Abilities / Giftedness imposes numerous challenges to the national education system. Historically, many of these students go unnoticed in regular schools, a fact that is heavily criticized by experts in the field of education. Being gifted is the target, often of repression and, therefore, be discouraged, unmotivated and considered mostly as a problem in the educational process. With regard to inclusive education, the Ministry of Education implemented the Inclusive Education Program, Right to Diversity, which aims to disseminate the policy of inclusion and support the process of construction and implementation of inclusive educational systems in the municipalities. In this context, they must be offered to professional education subsidies so that they can develop inclusive practice is qualitative, considering that their practices will determine the quality of interaction and student learning in the school environment. It is understood that include students with High Abilities / Giftedness in the regular school system is much more than inserting them into the classroom. You create opportunities for these students to opportunities for development, according to their potential. So, if everyone in the school environment they know to identify those with High Abilities / Giftedness, working with its potential can make better use of school students, the time that the school can discover great talents that will contribute to enlarge the history of Brazilian life.


 

Keywords:  High Abilities / Giftedness, Opportunity, Educational Development.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

Uma educação democrática deve levar em consideração a diversidade, ou seja, deve contemplar as diferenças individuais e oferecer experiências de aprendizagem conforme as habilidades, interesses e potencialidades dos alunos. Nesse sentido, alunos com altas habilidades/superdotados merecem ter acesso a práticas educacionais que atendam ás suas necessidades, possibilitando um melhor desenvolvimento de suas habilidades. Segundo Renzulli (1986), o propósito da educação dos indivíduos superdotados é ‘’fornecer aos jovens oportunidades máximas de auto realização por meio do desenvolvimento e expressão de uma ou mais áreas de desempenho onde o potencial superior esteja presente.”.

Muitas crianças e jovens extremamente inteligentes criativos ou excepcionalmente brilhantes estão sendo educados por adultos que não sabem, não percebem ou não entendem o alcance de seu potencial intelectual. Esses estudantes, algumas vezes, são erroneamente identificados como tendo problemas de conduta, quando a decepção e a frustração com as questões escolares são as causas de seu comportamento ou insatisfação. É muito importante que na sala de aula o aluno tenha estratégias adequadas para o desenvolvimento de talentos.

Observa-se, entretanto, que poucas são as oportunidades educacionais oferecidas ao aluno com altas habilidades/superdotação para desenvolver de forma mais plena as suas habilidades, Uma possível explicação para este cenário são vários mitos sobre o superdotado, frequente em nossa sociedade, que constituem entrave á provisão de condições favoráveis á sua educação. Predomina, por exemplo, a ideia de que esse indivíduo tem recursos suficientes para desenvolver suas habilidades por si só, não sendo necessária a intervenção do ambiente. No entanto, é preciso salientar e divulgar entre educadores que o aluno com altas habilidades/superdotação necessita de uma variedade de experiências de aprendizagem enriquecedoras, que estimulem seu potencial. Outro mito é a de que essa criança apresenta necessariamente um bom rendimento escolar. Porém, o que se tem observado é que indivíduos superdotados podem apresentar um rendimento aquém de seu potencial, revelando uma discrepância entre seu potencial e seu desempenho real (Alencar & Fleith, 2001; Alencar & Virgolim 1999).

Convivemos com a angústia dos pais sem preparo para entender uma mente brilhante e desafiadora, desejando o filho igual aos demais, adequado aos colegas de sua idade, vemos um ensino regular que os nivela pela data de nascimento, e não pelo conhecimento ou competência. Considerando as políticas educacionais inclusivas, o aluno deve ser cada vez mais atendido em seus interesses, necessidades e potencialidades, cabendo á escola ousar, rever concepções e paradigmas educacionais, lidando com as evidências que o desenvolvimento humano oferece.

De acordo com a Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001, no seu Artº 2º, fica claro que os “sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos”, bem como no Artº 7º diz que “o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais” deve ser realizado em classes comuns do ensino regular, em qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica. Com isso, é essencial uma mudança na prática pedagógica do professor como também na concepção de escola e do seu papel diante da sociedade.

Um processo de educação inclusiva pressupõe transformações múltiplas no sistema de ensino regular, que vão desde as adaptações de infraestrutura, a formação de professores e até mesmo a uma sólida reforma no projeto político-pedagógico da escola, principalmente, no que tange à construção de uma estrutura curricular que possa contemplar princípios reais de uma nova proposta voltada para a diversidade. Se já temos toda uma cultura teórico-pedagógica construída há anos que se materializa na escola através de um currículo voltado para a educação de alunos sem necessidades educacionais especiais, torna-se supérflua a definição de que reformulações urgentes se fazem necessárias em toda essa realidade, a fim de que as escolas se organizem e incorporem em toda a sua estrutura – física, pedagógica, teórica, prática, curricular que possam elementos que contemplem o princípio da educação inclusiva. Caso contrário, será presenciado, na verdade, apenas uma “pseudoinclusão”, caracterizada na realização de práticas excludentes no interior dos espaços “inclusivos” das escolas.

No Brasil, a falta de capacitação dos educadores para identificar os alunos com inteligência superior revela-se uma das maiores dificuldades para o desenvolvimento de ações dirigidas aos superdotados. Muitas vezes, eles são encaminhados para profissionais de outras aéreas, quase sempre com o intuito de encontrar um diagnóstico e soluções que não incorram em compromissos pedagógicos. A educação dos superdotados é sem, dúvida, complexa, e, ao mesmo tempo, desafiadora. Mostra-se intrigante e fascinante, pois sempre esteve cercada por fortes resistências e preconceitos, gerando polêmicas e suscitando múltiplas questões pela impossibilidade de essa educação ficar limitada aos modelos previamente estabelecidos para a maioria dos alunos.

 

A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES É ESSENCIAL PARA A IDENTIFICAÇÃO DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) supera a fragmentação do ensino para os alunos da educação especial e define esta modalidade como transversal aos níveis, etapas e outras modalidades de ensino. A educação inclusiva defende o direito de todos os alunos á escolarização, questiona as práticas pedagógicas homogêneas, investindo em uma pedagogia que reconhece as diferenças.

As diretrizes para a educação especial brasileira têm sido traçadas em diversos documentos, tanto de cunho legal como em material para apoio técnico e pedagógico. Tanto as publicações como os setores responsáveis pela área, junto do governo federal, ao longo do tempo, têm mudado de denominação, fazendo seus conteúdos sofrerem as adequações correspondentes. Muitas mudanças vêm ocorrendo na definição da superdotação, sendo as principais para torná-la um conceito multidimensional, que inclua não apenas habilidade intelectual superior, mas uma variedade de talentos em áreas diversas. A tendência dos estudiosos é ampliar a dimensão do conceito anteriormente aceito, associando ao aspecto puramente intelectual outros termos de relevante importância: criatividade, liderança, talento específico, curiosidade e interesse altamente superior ao da faixa etária.

Portanto, os superdotados não podem ser considerados como pertencentes a um grupo homogêneo, com características comuns, mas, sim, a um grupo extremamente heterogêneo, cujos componentes podem destacar-se por inúmeras e diferentes capacidades, variando tanto em habilidades cognitivas como em atributos de personalidade e nível de desempenho. O desenvolvimento assincrônico dos superdotados faz com que sejam indivíduos singulares, nos quais as várias áreas do desenvolvimento são manifestadas em níveis diferentes em relação á média.

Podemos dizer que identificar superdotados é quase como tentar analisar uma sinfonia-somos cercados por um amplo espectro de qualidades e detalhes. Os superdotados são um enigma, pois diferem uns dos outros muito mais do que se parecem. Os indicativos que ajudam a identificar uma criança superdotada podem ser opostos para definir outra.

A educação de alunos com altas habilidades/superdotação no Brasil, apesar de diversas dificuldades, tem conseguido contar com algumas iniciativas importantes, numa tentativa de prestar o devido atendimento aos alunos e às suas respectivas famílias, através de programas específicos que contemplem intervenções pedagógicas diferenciadas, considerando as peculiaridades e as necessidades sócio-educacionais especiais apresentadas pelos mesmos. Dar condições mais adequadas ao desenvolvimento das habilidades superiores dos alunos tem atraído uma atenção crescente tanto por parte de autoridades responsáveis pela política educacional, como de educadores e pesquisadores de diversas áreas (Alencar & Fleith, 2001).

Para que sejam efetivados os atendimentos, algumas providências iniciais devem ser tomadas, como, por exemplo, a estruturação de uma avaliação cognitiva abrangente e criteriosa do aluno, onde seja possível identificar claramente suas habilidades nos mais diferentes domínios e viabilizar os devidos encaminhamentos, oferecendo alternativas mais motivadoras e compatíveis. Ao mencionar a sistematização de procedimentos para a avaliação, é primordial compreender que a identificação do aluno superdotado engloba várias áreas e consiste num processo dinâmico composto por avaliação, observação e acompanhamento, não podendo ser somente considerado o resultado de seu rendimento escolar (Sabatella,1995).

Quando as inúmeras competências dos alunos são enfatizadas, há que se elucidar alguns pontos referentes à mensuração da inteligência, abrangendo até mesmo algumas noções a respeito de como atingir tal objetivo sem restringir o aluno à limitação de um dado instrumento. Considerando, pois, a inteligência enquanto construto a ser definido e capacidade a ser medida, reafirma-se a ideia de que a mesma já não pertence a um grupo específico de estudiosos que a veem de uma perspectiva estritamente psicométrica (Gardner, 1999). .

Seria desejável que a formação profissional do professor incluísse conteúdos específicos na área da educação especial e da superdotação. Mesmo com essa lacuna os professores do ensino regular têm assumido a grande responsabilidade de atender ás necessidades afetivas e cognitivas desses estudantes e seriam altamente beneficiados com o conhecimento de procedimentos básicos de identificação e alternativas adequadas de ensino. Esses profissionais sofrem o maior impacto pela falta desse conhecimento, pois com a devida orientação teriam segurança para adaptar e enriquecer o currículo, organizar programas de atendimento e saber quando devem encaminhar os alunos para um trabalho de aprofundamento individualizado.

Mesmo que a escola ainda promova programas específicos para alunos  superdotados, é indispensável que os professores saibam com reconhecer e identificar habilidades especiais e que possam desenvolver ações pedagógicas adequadas. Com professores mais bem preparados, os alunos podem ser encaminhados a experiências educacionais válidas e apropriadas, correspondentes ás suas necessidades.

A indicação feita pelo professor é um dos fatores consistentes na identificação de alunos com potencialidade para a superdotação. O professor atento desempenha um papel de grande expressão, e podemos destacar que sua avaliação e observação podem ser relevantes na informação sobre a capacidade de seus alunos.

 O emprego de atividades adequadas pode contribuir para a descoberta dos talentos, pois o pleno desenvolvimento das potencialidades do aluno precisa, além de oportunidades educacionais, de professores interessados e conscientes de sua responsabilidade no reconhecimento das necessidades diferenciadas dessa clientela.

A identificação eficaz dos superdotados é imprescindível para que ações pedagógicas sejam realizadas para suprir suas necessidades educativas de modo satisfatório. O sistema educacional deve prever o apoio de profissionais especializados aptos para realizar processos de triagem, avaliação e encaminhamento adequados.

Com as alterações no conceito de inteligência, a identificação do superdotado na escola deve utilizar múltiplos critérios, considerando informações de fontes variadas, e não apenas os resultados acadêmicos ou os comportamentos como anteriormente pensava. Podemos usar instrumentos para levantar indicativos, traços dominantes e características dos alunos. Caso a escola tenha serviços de triagem e de identificação, eles serão de grande valia para facilitar a implementação de projetos enriquecedores.

Pelas dificuldades de garantir, em muitos casos, a realização da identificação para todos os alunos, a orientação é de que a oportunidade de enriquecimento não seja reservada apenas aos estudantes reconhecidos como superdotados. A possibilidade de acesso a essas atividades pode ser ofertada a outros alunos, colocando em prática o conhecimento das novas teorias da inteligência, para o alcance de práticas educacionais que possam favorecer a todos os estudantes, ao mesmo tempo em que estimulam aqueles que necessitam uma aprendizagem qualitativamente diferente.

Assim, o ingresso em programas ou atividades destinadas aos superdotados pode ser flexível e proporcionar aos estudantes com grande interesse, altamente motivados ou com talento específico em certa área, a possibilidade de também ter seu desenvolvimento enriquecido. Algumas vezes, a motivação torna-se mais importante do que o talento aparente e oportuniza o aparecimento e a ampliação de capacidades não identificadas formalmente.

Há vários inventários e listagens elaborados por especialistas que contêm explicações sobre características específicas, os quais permitem o levantamento de comportamentos de superdotação nos alunos. Esses instrumentos podem ser roteiros preciosos, que alertam professores para as necessidades educacionais que precisam ser atendidas no contexto escolar. Servem como um inventário inicial e, por sua abrangência, dificilmente um aluno vai apresentar todos os indicadores contidos, mas, com frequência um aluno vai apresentar todos os indicadores contidos, mas, com frequência, vários aspectos de suas características serão apontados. Com a maioria desses roteiros é baseada em informações de experiências feitas em países, para nós, ainda são listagens teóricas. Por isso, após coletar os dados no ambiente escolar, os alunos que apresentam indicadores de superdotação devem ser avaliados por profissionais especializados, caso desejem em parecer mais conclusivo.

Embora todos os alunos iniciem a vida escolar com atitudes positivas, a criança superdotada normalmente entra na escola com uma curiosidade ativa sobre o ambiente, com grande desejo de se expressar e relacionar-se com os outros. É importante manter a avidez e interesse, bem como também cultivar os acertos e a independência.

É comum encontrar educadores que se ressentem com estudantes que se destacam, fazendo observações sarcásticas em classe ou apontando a inteligência como uma obrigação permanente de bons resultados. Outros expressam seu desconforto ignorando o aluno surperdotado e preferindo dar atenção aos estudantes com dificuldades, talvez para evitar o desafio representado pela criança de maior habilidade.

Esse é um dos principais motivos do desajuste, pois quando o local do trabalho escolar torna-se um campo de batalha, o aluno quase sempre ganhará a guerra das notas, se assim o desejar e uma batalha prolongada apenas servirão para retardar a sua motivação. Isso pode ser constatado pela observação de alunos que simplesmente não produzem, mas são psicologicamente fortes e confiantes em suas capacidades. Eles podem não se submeter, assumindo um comportamento controlado para que professores e pais recuem um pouco, e continuarem resistindo passivamente, até saírem da escola.

Para alguns superdotados, procurar reforçar sua autoestima na companhia de outros jovens ou grupos para que possam ser acolhidos, ajuda-os a superar a falta de empatia e a lidar com a rejeição. Isso pode intensificar sua própria falta de tolerância com os outros e eles são capazes de assumir comportamentos antissociais.

O desafio é auxiliar o aluno a manter-se interessado, ajudando-o a descobrir razões para querer aprender e remover os bloqueios que estão interferindo na motivação. Alguns educadores já estão alerta para as diferenças comuns no comportamento, na aprendizagem e nas reações dos indivíduos superdotados, mas ainda são em número muito reduzido. Frente á variedade de características e á dificuldade de identificação desses grupos extremamente heterogêneos, é compreensível que a família, os professores e os demais profissionais encontrem dificuldades para reconhecê-los e, especialmente, para entendê-los.

Os superdotados são alvo de muitos erros de concepção, e o local para as primeiras interpretações equivocadas é a escola. Quando um aluno apresenta atitudes que divergem do padrão esperado, mesmo que seja mais maduro, que seus argumentos sejam consistentes e que tenha razão em suas reivindicações, a reação é ganhar tempo, deixá-lo sem resposta e, na insistência, apelar para as medidas disciplinares ou punitivas que a escola prevê.

É na escola que os alunos de grande potencial começam a ser informados sobre o rol de seus problemas, geralmente realtivos a confrontar regras, aceitação de críticas, intensidade nas emoções, falta de interesse, resistência para realizar tarefas rotineiras, dificuldades de relacionamento e de aprendizagem. Essa lista pode vir acompanhada dos qualificativos correspondentes de excessivamente sensível, exigente, impaciente, desatento, dispersivo, rebelde, agressivo, desinteressado e outros ainda mais contundentes. Aos poucos eles vão acreditando, reforçando e até assumindo como dificuldades as suas qualidades.

O impulso ou a compulsão do indivíduo superdotado para entender, questionar e procurar consistência é igualmente intenso, assim como sua habilidade para encontrar possibilidades e alternativas. Todas as características inerentes á sua condição ainda são acrescidas de um intenso idealismo e de uma grande preocupação com questões morais e sociais que podem criar ansiedade, depressão ou gerar uma atitude desafiante com aqueles que não compartilham suas preocupações. Junto da intensidade, tipicamente encontrada em indivíduos superdotados e quase sempre manifestada por uma grande atividade motora e inquietude física, há uma sensibilidade externa para emoções e estímulos sensoriais, como sons, toque e sabor. Essa sensibilidade, demonstrada desde a infância, é vista nas crianças que choram quando assistem a um acontecimento triste no noticiário, percebem odores ou sabores diferentes, têm reações cutâneas com calor ou mordidas de insetos, treinam em retirar as etiquetas das roupas, têm necessidade de tocar em tudo ou se opõem ao contato físico de forma defensiva. Demonstram perspicácia que as fazem perceber, tanto o que foi dito como o que foi pensado. Parece que estão permanentemente ligadas e muitas têm grande resistência para ir dormir.

Além disso, para fazer a questão mais complexas, as observações clínicas indicam que aproximadamente 3% de crianças altamente superdotadas sofrem de uma condição funcional de baixa taxa de açúcar no sangue. Silverman sugere que talvez a mesma porcentagem também sofra de alergias de diversos tipos. Reações físicas nessas condições, quando combinadas com a intensidade e sensibilidade, resultam em comportamentos que podem aparentar TDAH. Porém, os sintomas de hiperatividade, em tais casos, irão variar com o período do dia, o tempo desde a última refeição, tipo de comida ingerida ou contato com outros agentes ambientais.

É preciso observar se a desatenção e os comportamentos impulsivos ou inadequados acontecem somente em algumas situações, mas são em outras (por exemplo), na escola,mas não em casa; na igreja,mas não no grupo de escoteiros etc.). Se os problemas de comportamento forem situacionais, provavelmente a criança não é hiperativa.

         O desenvolvimento das várias áreas de habilidades mentais da criança superdotada não obecede á mesma sincronia das demais crianças. Essa assincronia faz com que as habilidades cognitivas avançadas e sua grande intensidade se combinem, criando níveis de experiência e consciência internas qualitativamente diferentes da norma. Alguns aspectos da superdotação representam um desafio real para os profissionais, mas devemos ter sempre em mente que superdotados são indivíduos normais, embora não sejam comuns.

Evidentemente, há possibilidade de existentes problemas que estejam associados aos pontos fortes e característicos das crianças superdotadas. A falta de conhecimento e de compreensão de pais, pedagogos e profissionais de saúde, combinadas com circunstâncias como a falta de uma educação adequadamente diferenciada, acarretam problemas nas relações interpessoais, o que induz a diagnósticos equivocados. E assim, algumas de nossas mais luminosas e criativas mentes estão sendo prejudicadas, não apenas pela falta de identificação, mas por estarem sendo tratadas clinicamente, sem necessidade.

É visível que esse é o momento de todos os profissionais, entre eles os profissionais da saúde, observarem, de forma segura e coerente, as crianças, os jovens e os adultos superdotados-talentosos e criativos em sua diversidade e heterogeneidade. Somente se somarmos nossos saberes, revendo conceitos e ampliando o conhecimento, é que poderemos atingir uma concepção mais correta a respeito das diferenças humanas.

Ser excepcionalmente inteligente pode acarretar um grande nível de tensão e de estresse com seus professores, amigos e familiares. Quase sempre desconhecem sua intensidade emocional e não esperam que possam ter problemas, da mesma forma como não esperam que possam ter problemas, da mesma forma como não acreditam em suas necessidades intelectuais. A maioria dos superdotados não aparenta precisar de auxílio e exteriormente parece estar bem. Como costumam analisar as situações de modo lógico, os indivíduos superdotados podem se iludir e tentar superar seus problemas pensando que, se são diferentes, têm capacidade de raciocinar alguns comportamentos com sucesso.Vale lembrar que parecer bem exteriormente não é garantia de que esse mesmo bem-estar esteja acontecendo internamente. Muitos de nós já compreendemos que os superdotados sofrem emocionalmente, mas não seguros como lidar com isso.

Pesquisando a educação na formação do educador, as referências á atuação do professor e as propostas curriculares para a docência são sustentadas na formação de competências que possibilitem o desenvolvimento e o controle da aprendizagem. Dentre as palavras-chave encontradas estão aprender, ensinar, planejar, avaliar. As expressões curriculares abordam tecnologias e estratégias, recursos de ensino, instrumentalização, integração dos conhecimentos, postura investigativa, relação professor-aluno, práticas docentes. Sendo assim, não há correlação entre a terminologia trazida da educação especial e a que o professor está preparado para entender e assumir.

O professor aprende a ensinar, e não atender. Atendimento é algo distante da realidade da sala de aula e ficam mais adequadas ações específicas, isolados e individuais. Enquanto não adequarmos nosso discurso á realidade pedagógica da sala de aula, não poderemos esperar que os profissionais da educação se sensibilizem para desenvolver um trabalho apropriado aos superdotados. Conforme está previsto na legislação, os estudantes superdotados devem ter oportunidades educacionais que valorizem e respeitem suas necessidades diferenciadas quanto aos seus talentos, aptidões e habilidades. Sob essa perspectiva, relacionamos alguns aspectos importantes em sua educação, que podem auxiliar o trabalho de professores, terapeutas e outros profissionais.

-Beneficiam-se tanto das modalidades do ensino formal como não formal como do não formal.

-Atingem seu maior aproveitamento em um ambiente estimulador, que favoreça o desenvolvimento em um ambiente são e estimulador que favoreça o desenvolvimento e a expansão de suas habilidades tanto quanto a ampliação de seus interesses.

-Tem necessidade de convivência criativa, atividades científicas, tecnologias, artísticas, de lazer e desporto que congreguem grupos similares, devendo ser estimulados e motivados por programas adjuntos de enriquecimento, como projetos de pesquisa, visitas, viagens, colônias de férias, participação em programas comunitários.

-Apresentam interesses variados e diferentes habilidades e, consequentemente, necessitam, também, de programas educacionais especiais, com atenção á individualização.

-Precisam encontrar desafios que girem em torno de ideias importantes e úteis, enriquecendo seu conhecimento.

 

RESULTADO E ANÁLISE

Nesse tempo de convivência prática, acompanhamos a insegurança dos educadores por não saber lidar com diferenças intelectuais, mas, muitas vezes ficamos inconformados ao reconhecer grandes inteligências atuando em câmera lenta. A lacuna na formação dos professores em relação á educação especial, principalmente da superdotação, não impediu que verdadeiros mestres, sensíveis e determinados, pudessem fazer a diferença.

Pensar o trabalho realizado pela modalidade de ensino Educação Especial, em um país como o Brasil, repleto de diferenças econômicas, políticas, ético-sociais requer compreender como as singularidades existentes, nesse imenso país, nem sempre foram compreendidas e respeitadas. Assim, até os dias atuais, cada sujeito com deficiência precisa estabelecer o seu espaço na sociedade e construir a sua identidade, com o propósito de participar do convívio social.

Diante da possibilidade de observar, investigar e verificar as reais condições em que a formação continuada para alunos com Altas Habilidades/Superdotação do Município de Cruzeiro do Sul estão incluídos nas salas comuns do ensino regular determinamos a escolha da investigação a própria Secretaria de Educação através do NAPI (Núcleo de Apoio Pedagógico a inclusão), um núcleo que defende e acata os interesses da inclusão, fazendo valer os direitos apresentados pela Constituição Federal de 1988.

Quanto aos aspectos metodológicos discutir-se-ão, com enfoques qualitativos pesquisas bibliográficas, onde serão consultados alguns autores como: Sabatella (2008), Alencar (2001), Franco e Fusari (2005) entre outros. “Far-se-á uso, também, das coleções,” Saberes e práticas da Inclusão” (2003).

 

CONCLUSÃO

Algumas mudanças educacionais são necessárias para que o aluno superdotado possa ser reconhecido tanto no ambiente escolar quanto na sociedade em geral e tenha a oportunidade de desenvolver-se integralmente. É fundamental que a escola e a própria sociedade mudem sua concepção e passem a valoriza-lo  também pelos seus talentos e não por aquilo que lhes falta. Também é importante que as instituições de ensino cumpram com suas funções sociais e políticas de educação e comprometam-se com a formação de cidadãos participativos, responsáveis e críticos, independente das particularidades de cada pessoa.

          Acreditamos que a medida que todos forem envolvido na reflexão sobre a escola, sobre a família que peça fundamental para o sucesso do aluno superdotado  por meio da ação educacional, a escola passa a ser sentida como ela realmente é de todos e para todos, fazendo com que todos respeitem a diversidade, considerando que em cada escola existem pessoas com diferentes origens e caminhos.

Para que a escola possa propiciar um ensino de qualidade é necessária a adoção de práticas criativas na sala de aula, a atitude pessoal de acolhimento dos alunos pelo professor, a criatividade do corpo docente para lidar com situações novas, a transformação da escola num ambiente positivo, cooperativo e solidário, a elaboração de um projeto político pedagógico que considere a diversidade do alunado, a mudança de postura e a construção de uma nova prática educacional que coloca a aprendizagem com o eixo da escola.

Acreditamos que é preciso compreender o aluno superdotado a partir dos seus próprios referenciais e vivencias suas atitudes, sonhos e desejos. O professor é o sujeito ativo desse processo, e sua atitude poderá promover a construção do caminhar da escola para a inclusão, colocando o aluno como ponto principal para a conquista de novas práticas escolares.

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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