A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A FORMAÇÃO POLÍTICA DO ALUNO
Por Evanio Araujo | 12/01/2009 | EducaçãoA maioria dos alunos não se interessa pela política, sendo que muitos deles não sabem quem é o prefeito de sua cidade. A política se sustenta no cumprimento de papéis específicos de cada poder, no entanto, a grande maioria dos alunos não sabe qual é o papel desempenhado por cada um dos três poderes e a importância da política e do voto. A escola moderna deve assumir papéis que conduza o aluno a desenvolver o senso crítico, estimulando-os a questionarem os fatos para tomar suas próprias decisões. A política sempre foi condutora do destino da população, desse modo podemos dizer que ela não é só o momento da eleição, é importantante também acompanhar o desempenho dos governantes eleitos para que possamos contribuir para mudar o sistema. A ausência de debate político na família e na escola leva o aluno a descrença num futuro através de seus representantes, não percebendo que o futuro de cada um depende dela. Nesse sentido, a escola deve ter por objetivo estimular a participação do jovem na política e ajuda-lo a qualificar o seu voto, abrindo portanto, um caminho para o voto consciente e dando o primeiro passo para uma política e um país melhor.
Quando as escolas adotaram a disciplina de História em seus curriculos, os etudantes foram motivados a valorizar pricípios da nação, enaltecendo seus governantes. A educação política era manipulada pelos governantes, que interferiam no modo como os fatos eram contados. "É comum parlamentares e outras autoridades políticas intervirem para orientar o ensino de história. Acreditam que ao manipular a história,ou seja, o passado,é possível controlar o presente e mesmo o futuro" (Orvel,1984).
Durante a Ditadura Militar os brasileiros perdem o poder de participação e crítica, gerado pela ausência do estado de direito. Em 1967 a ditadura coloca fora da lei as organizações consideradas subversivas e proibindo qualquer tentativa de ação política. Os grêmios das escolas do grau médio são trnsformados em centros cívicos, controlando assim a participação de pessoas em movimentos e protesto. A ditadura tinha a intenção explícita em educar politicamente a juventude, tranparecendo nas propostas curriculares o caráter ideológico e manipulador das diciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC), organização Social e Política (OSPB) e Estudos de Problemas Brasileiro (EPB), no qual seu ensino era obrigatório. Em fevereiro de 1969, o decreto lei n° 477 proibe aos professores, alunos e funcionários das escolas toda e qualquer manifestação de caráter político.
Em 1983, PMDB e PT lançaram campanhas em favor das eleições diretas para presidente. Em 1984 a campanha articulada por Wlisses Guimarães começa a ganhar força. O povo se revolta contra a Ditadura Militar, realizando um grande movimento popular, com destaque para a campanha diretas já. Comícios gigantescos foram organizados em São Paulo e Rio de Janeiro, reunindo milhões de pessoas, contituindo-se na maior e mais entusiasmante manifestação da história do país. A oposição através do deputado Dante de Oliveira apresentou emenda constitucional, levando-a para dentro do congresso. Em 1985 apesar da luta do povo pelo voto direto, passamos ao primeiro governo civil depois da Ditadura Militar pelo voto indireto, sendo eleito Tancredo Neves, que porém veio a falecer, tomando posse seu vice José Sarney. A campanha da diretas já é vista como um extraordinário testemunho do resurgimento da sociedade civil brasileira.
A luta pela democracia exigia a reformulação do Estado por meio de uma constituição. Antes da convocação da constituinte foram tomadas algumas medidas importantes: remoção da legislação autoritária, restabelecimento das eleições diretas nas capitais e áreas de segurança nacional, voto para analfabetos, suspensão das cassações dos sindicalistas e legalização dos partidos clandestinos. A maioria dos setores políticos passou a avaliar que a única forma de avançar e consolidar a democracia seria a través da Assembléia Constituinte. Os futuros deputados e senadores eleitos pela eleição de 1986 formulariam a constituição de 1988. Em 1989 havia uma grande expectativa com a eleição presidencial, pois não havia campanha presidencial por quase trita anos. A eleição de 1989 revelou a consolidação da democracia brasileira pela intensa participação da sociedade na campanha e no processo eleitoral. Pela primeira vez na história política do país o voto universal se consagrou com a participação de mulheres,analfabetos e jovens a partir de 16 anos.
A eleição de 1989 expressava o desejo de mudança em dois jovens políticos que tinham um forte discurso. Fernado Collor de Melo, apoiado por um grande esquema de propaganda e pelos partidos mais conservadores saiu vitorioso, tornando-se o primeiro presidente eleito pelo voto direto no país desde 1960 e colocando fim ao longo processo de transição democrática.
O candidato Fernado Collor apresentava a imagem de um candidato livre dos esquemas políticos tradicionais, mas que tinha uma trajetória de político profissional, pois foi deputado, prefeito e governador. Ele fez o povo acreditar que não era político, colocando-se contra toda política vingente. Depois de eleito ele começava a fazer o contrário do que pregava em sua campanha. Sua ingovernabilidade e corrupção fizeram com que os partidos da oposição, as entidades profissionais liberais, trabalhadores e estudantes fossem às ruas para exigir seu impeachment. Em dezembro de 1992, com a certeza que seria condenado Collor renuncia o cargo.
A campanha do presidente Collor é um exmplo entre muitos outros que acontecem no Brasil da ausência da formação política da sociedade, muitas vezes causados pelo bombardeio de informações superficiais, discursos pré fabricados, estratégias marqueteiras à cata de votos e falsas promessas. A partir desse contexto vemos a existência de um debate eleitoral frágil em consequência de uma sociedade que não debate questões políticas na escola e na família. De acordo com o Tribunal Superior eleitoral, o índice de inscrição de eleitores com 16 anos vem caindo em todo país. Estes dados mostram a descrença do jovem com a política e que a formação na escola é muito ruim. Muitos alunos com 16 anos tem uma formação excelente, porém profundamente técnica, não tendo nenhuma formação política. Segundo José Estevão Arcanjo, cientista político, " a política é o sangue que leva e traz, que oxigena. Nosso sistema esta meio entravado, cheio de coágulos nas veias, um tanto quanto esclerosada, talvez, mas a política é o que permite a discussão. Ela tem sempre de fazer circular desejos, vontades, projetos".
Uma pesquisa feita pelo Estudo Eleitoral Brasileiro (ESEB) revela que aproximadamente 1/4 do elitorado não lembra em quem votou logo após as eleições, aumentando esta proporção para mais de 50% após 4 anos. Além disso, outros dados revelam a não lembrança de que o candidato foi ou não eleito.
É preciso avaliar como os eleitores brasileiros obtêm e usam informações sobre candidatos durante a campanha eleitoral. A identificação partidária dos eleitores é fraca, e quanto mais a competição entre o maior número de candidatos, mais difícil é para o eleitor lidar com a sobrecarga de informações fragmentadas oriunda do sistema político. Desse modo a escola deve funcionar como elemento de formação de consenso e possibilidade de construir alternativas, pois escolher nossos governantes significa um gesto de grande responsabilidade, afinal, o futuro do Estado Democrático depende antes de tudo da democratização da população.
Evanio jesus de araujo e
Marcelo Prestes dos Santos