A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por HERÁCLITO NEY SUITER | 03/10/2009 | Educação



 

            Os motivos que justificam a crescente importância que vem sendo conferida à Educação Infantil são de diversas naturezas, entre elas as mais importantes são:

 

            1º - decorrem das profundas mudanças ocorridas no papel da mulher na sociedade moderna, e as conseqüentes transformações nos arranjos familiares que envolvem a proteção, o cuidado e a educação dos filhos;

 

            2º - os reflexos das condições de vida nas cidades, onde agora vive a maioria das populações das nações industrializadas, que provocaram grandes mudanças na forma como as crianças vivem suas infâncias;

 

            3º - estão fundamentados na evolução das pesquisas científicas sobre o desenvolvimento infantil, as quais apontam a enorme importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social dos seres humanos, assim como nos estudos que constatam que a freqüência a boas pré-escolas melhora significativamente o aproveitamento das crianças na escola primária, especialmente no caso de alunos de baixa renda;

 

            4º - indicam o reconhecimento, no plano internacional, dos direitos da criança, que incluem o direito à educação de qualidade desde os primeiros anos de vida. Direitos esses que vêm sendo conquistados aos poucos e reafirmados graças à mobilização das mulheres, dos educadores e de todos aqueles que desejam viver em sociedades mais justas e democráticas.

 

O convívio familiar

 

            Nos primeiros três anos de vida, as sinapses, espécies de pontes entre um neurônio e outro, fazem o cérebro chegar a 1,2 quilos, quase o tamanho que terá na fase adulta. Essa rede se desenvolve quando a criança vê, ouve, sente. Ou seja, quando recebe estímulos.

 

            Acredita-se que a estabilidade emocional, o vocabulário potencial e a capacidade de raciocínio lógico são determinados até os quatro anos. Pesquisas do IPEA apontam que os brasileiros que frequentam a pré-escola entre os 5 e 6 anos tendem a aumentar sua renda futura em até 18%. Em todo esse período, a família, a creche, a pré-escola e outros ambientes de convívio complementam a socialização e o cuidado afetivo da criança.

 

            Garantir o pleno desenvolvimento das futuras gerações depende, assim, em primeiro lugar das condições que as crianças experimentam em casa. E pode se dar em espaços alternativos, através de projetos desenvolvidos pelo Terceiro Setor, instituições privadas e principalmente as públicas.

 

As creches

 

            A creche é a instituição para crianças de 0 a 3 anos. No Brasil, essa faixa etária foi historicamente atendida na esfera da ação social, priorizando cuidados como saúde, alimentação e segurança. Grande parte dessas crianças freqüenta instituições filantrópicas e associações comunitárias. Mas, desde a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em 1996, as creches passaram a integrar o sistema de educação básica dos municípios e a ter que responder por diretrizes curriculares básicas, definidas pelo Conselho Nacional de Educação, com profissionais preparados para garantir que, naquele espaço, a criança tenha acesso aos estímulos que garantem seu desenvolvimento pleno.

 

Educação pré-escolar

 

            Dos 4 aos 6 anos de idade, a criança pode ir à pré-escola. Atualmente, esse espaço é mais freqüentado por crianças de famílias de renda média ou alta. Aqui é muito importante destacar que a pré-escola não significa “fora da escola” nem “antes da escola”. Essa etapa da escolarização faz parte do ensino básico e também deve ser administrada pelos municípios, sujeita a diretrizes pedagógicas.     Não é uma fase preparatória para o ingresso no ensino fundamental. As crianças nessa idade possuem necessidades pedagógicas específicas e diferentes daquelas que já iniciaram sua alfabetização.

* O autor redigiu este texto com base em anotações de aulas ministradas no curso de Pedagogia da Unirg (1992) enquanto acadêmico e levantamentos feitos no CNE/MEC, IPEA e LDB. O texto foi publicado em mídia impressa no Tocantins em junho de 2006.