A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por DILAIR BARTZIKI DOS SANTOS LUIZ | 22/12/2016 | Educação

A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

          

Dilair Bartziki dos Santos Luiz                                                                                             [1]

Euzinete Alves Da Silva[2]

 

 

RESUMO

 

Esse artigo cujo tema é a importância da contação de historias na educação infantil, tem como objetivo estudar o interesse e a freqüência com que as historias infantis são inseridas nos projetos elaborados pelas professoras. Conseguiu-se relatos de professores que utilizam as mesmas e como essa magia das historias através de conversas informais com os profissionais do Cemeis Antonio Santo Cappellari e do Cemeis Criança Esperança. A importância das historias na educação infantil contribui para mostrar aos professores de educação infantil sobre como ela pode ajudar no desenvolvimento da criança. Para isso foi aplicado um questionário com 10 questões e entregue para todas as professoras dos respectivos Cemeis com as respostas obtidas. Observou-se que nem todas utilizam as historias e algumas nem gostam de utilizar e explorar este meio educativo.

Palavras-chave: Contação de histórias, importâncias e meio educativo.

INTRODUÇÃO

A contação de historias na educação infantil deve ser uma prática bastante estimulada, é super importante. Por isso, optamos por apresentar neste projeto idéias que possam englobar está pratica valorizando-a ainda mais.

Neste trabalho pontuaremos a importância de se trabalhar com histórias infantis e usaremos como embasamento alguns autores que falam sobre a importância das histórias na formação da criança.

Os contos de fada, por exemplo, podem ajudar as crianças na elaboração dos seus conflitos internos por oferecerem várias situações como: (morte, inveja, abandono, velhice, etc

Mas também podem desenvolver valores como respeito, amizade, lealdade, justiça, etc.

Já no que diz respeito ao processo de aquisição da formação lingüística as histórias oferecem tanto para quem lê, como para quem escuta uma formação enorme no vocabulário, proporcionando também a capacidade de compreensão, pois o enredo da história como um todo tem poder ou não de cativar o aluno, proporcionando o aprendizado da língua de uma maneira formal e sistemática, mas para isso é necessário que nós como  professores estejamos sempre atentos e com criatividade suficiente para extrairmos das historias momentos ricos e saber encaminhá-las.

Possibilitando o aprendizado, antes, durante e após contar-se histórias, explicitaremos no decorrer deste trabalho momentos importantes. Com o tema proposto, tentaremos demonstrar a importância deste momento tão mágico. Auxiliando no desenvolvimento da criança. Pois na leitura é possível viver o papel do personagem, interpretar o mesmo, fazendo assim com quem esteja escutando a história sinta prazer em ouvir a mesma. É ouvindo histórias que se podem sentir emoções.

Os métodos utilizados para a realização deste trabalho, foram pesquisas em livros com o tema cotação de histórias, sites da internet falando a respeito do assunto escolhido, entrevistas com professoras da área de educação infantil.

1 A IMPORTANCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

           

A cotação de histórias constitui-se em uma experiência muito interessante, pois leva a criança a interagir com a contadora de história através de questionamentos como: E agora? O que será que vai acontecer?

Constata-se que neste nível de educação que as crianças gostam de ouvir histórias, e que ouvir a mesma história várias vezes característica que a psicologia revela ser uma necessidade de segurança emocional da criança como se ela tivesse que reafirmar para si mesma a história que ela já sabe. Por outro lado do ponto de vista cognitivo pode se perceber que cada momento em que se ouve a história a criança assimila um episódio diferente até chegar um episódio diferente, até chegar à compreensão da história como um todo. 

Por isso considera-se que a repetição é pedagógica e necessária, alias, reafirmando a idéia de que a criança gosta de entender o que atende a sua necessidade cognitiva e afetiva naquele momento.

Portanto contar histórias não é uma tarefa difícil o objetivo está em contar histórias em diferentes práticas de leitura relacionando a história com a vida real. Nas creches, o contato com a língua materna pode e deve ser o mais lúdico, prazeroso, divertido e avassalador possível, despertando um prazer irresistível pela leitura, na primeira fase como idioma não depende de regras ou exercícios, mas de vivências lúdicas.

Rodas de histórias saraus, visitas a biblioteca, livre exploração do cantinho de leitura, dramatização e práticas que devem fazer parte do cotidiano das crianças desde pequenas para que esse importante meio seja cada vez mais familiar e presente.

Longe de ser uma estratégia muito útil para se variar às práticas em sala de aula e tem sido explorado por vários professores. Por meio da leitura e do movimento das ilustrações que acompanhar as narrativas dá para se mostrar para a criança que é possível sim contar e recontar histórias conhecidas com as próprias palavras e criar novas que nunca serão contadas da mesma maneira.

O avental de histórias, por exemplo, estimula a intervenção dos observadores, que ficam quase hipnotizados com o cenário do avental e o movimento dos personagens, bem ao rosto e ao alcance das mãos. E o melhor de tudo é que tentam tocar mexer em tudo nos personagens e muitas vezes, interferindo nos rumos das histórias e no destino dos protagonistas da mesma. É assim que se formam leitores autônomos, críticos e pensantes, e não com a leitura passiva de histórias contadas recontadas sempre do mesmo jeito.

De “acordo com “Bartira Betini” a Leitura desde cedo estimula e aguça a curiosidade dos pequenos”. É desde pequeno, ou seja, desde bebê que se entende por isso faz-se importante esse manuseio o mais cedo possível, pois quanto mais cedo ele acontecer, mais cedo se formará a construção leitora da criança, por isso torna-se importante saber escolher o livro adequado a faixa etária da criança, e estimulá-la a ler primeiramente as figuras, pois através delas poderá ser criada a história. A forma de ler também influencia muito como a escritora diz: ”Escolher o local, o tom de voz adequada faz a diferença na hora de contar a história. Deixar com que a criança interaja prende a atenção, pois na educação infantil uma das formas de prender a atenção é usar todos os meios possíveis para esse momento da história.Maria Moraes da Costa Diz:

“Contar histórias qualquer um conta, pois é da natureza humana .A narrativa, com suas personagens, acontecimentos, objetivos e desenlace, integra nosso modo de conhecer e de expressar o mundo que nos rodeia. Vivemos com elas desde  o primeiro olhar para o exterior até  o derradeiro suspiro.

Ou seja, contar histórias todos nós podemos, pois está em nós, basta criarmos um momento, um interesse e contarmos algo que acontece, aconteceu real ou imaginário todos podem, não tem nenhum segredo. Assuntos reais podem parecer importantes para  o aluno  de educação infantil, basta saber uma maneira divertida de se contar e a história, é uma das maneiras que deve ser explorada pelas professoras .

“Não basta contar, tem que encantar, especialistas reforçam: é importante a escola resgatar o prazer pela leitura, estimulando  a imaginação, abrindo horizontes  e discutindo valores”

2 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO BRASIL

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O Brasil passa por um momento rico na literatura INFANTIL. Há bons autores, ilustradores de primeira linha e editoras dispostas a oferecer produtos bem acabados e interessantes. E para uma das maiores especialistas no assunto, Regina Ziberman, autora de mais de 20 livros publicados e premiados na área pedagógica e educacional, esse “aquecimento” exige uma política de leitura com objetivo bem definido. ”Se agir de modo indiscriminado, colaborará para o aumento  do consumo  de produtos vinculados ao mundo da comunicação  de massa, que pode ter em vista a formação de um leitor crítico, que examinará os objetos destinados a seu  consumo de maneira avaliativa, buscando  distinguir o que é válido ou não, o que está destinado á manipulação do destinatário intelectual, e assim  por diante,” declara  ao site da associação de leitura do Brasil. Daí, segundo Regina, a importância da escola. ”Uma de suas funções é habilitar o aluno  para uma boa leitura, seja de um  bilhete  ou de um romance. Mas o que vemos  hoje é que muitas crianças não entendem   o que lêem, apenas  decoram. ”O que fazer então? Deve-se apostar na cotação de histórias mas diante disso fica claro que contar histórias não é apenas ler palavras, mais sim interpretá-las e trazer elas para dentro de si tornando-a parte do seu interior, e muitos de nós professores não fazemos isto, apenas pegamos um livro lemos, palavra por palavra, linha por linha de uma maneira fria, e queremos que nossos alunos aprendam a interpretar um texto ou uma história, quem chama atenção para isso é o pedagogo e arte educador Ronnie Corazza, idealizador  do projeto  Mala de história realizado em Santo André SP.

Quando contam uma história alguns educadores não se preocupam em, depois ir para outros lugares, deixando  a história somente ali no  livro, não tentam levar a história para dentro de si, ou seja, Lê o livro de uma maneira fria, sem o menor interesse pelo enredo e desfecho, uma história deve ser contada de uma maneira em que  o ouvinte se interesse, a mala de histórias, o avental, fantoches criam um  ambiente especial de imaginação, algo que na educação infantil é de suma importância, ”Quando eu não sabia ler, brincava com os livros e imaginava-os cheios de vozes, contando o mundo”(Cecília Meireles).

Como um brinquedo onde a criança aprende a manuseiá-lo e através das figuras vai criando um mundo só seu, lendo ou seja, inventando histórias a partir das figuras.

Fanny Abramovich diz:

“Não devíamos esquecer nunca que o destino da narração de contos é o de ensinar as crianças a escutar, pensar e ver  com olhos da imaginação. .A narração é um antiqüíssimo costume popular  que podemos resgatar  da noite para os séculos, mas nunca tenrificá-la com elementos estranhos a ela usar slides  ou qualquer outro  meio  de ilustração  e distração é interferir  e neutralizar  a sua mensagem, que é sempre auditiva e não visual.

Na hora de uma narração a criança, ou seja, o aluno deve  criar seu mundo imaginário para cada personagem, mas se a cotação de histórias é algo presente  o aluno consegue criar este momento, pois narrar não extrapolar com  o  conto mais sim ler ele de uma maneira calma em que o aluno  possa  entender. Ler histórias para crianças é poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, é suscitar o imaginário, é ter curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar idéias para solucionar questões. É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos.

É ouvindo histórias que se pode sentir emoções importantes como a tristeza, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade e tantas outras mais.

“É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula...”.( ABRAMOVICH, 1995, p. 17).

Opcionalmente e não simplesmente apresentada em seu enredo. Uma boa história é uma obra aberta, que permite muitas leituras, muitos caminhos, muitas saídas. Contar uma história é fazer a criança sentir-se identificada com os personagens. É trazer todo o enredo à presença do ouvinte e fazer com que ele se incorpore à trama da história, como parte dela.

As crianças agem, pensam, sentem, sofrem, alegram-se como se fossem elas próprias os personagens. A história assim vividas pode provocar-lhes sentimentos novos e aperfeiçoar outros. Por isso as histórias não devem ser deprimentes. O final deve ser feliz, para transmitir aos ouvintes uma emoção sadia. O principal na arte de contar histórias é saber despertar a emoção. Quando as crianças nos pedem que lhes contemos histórias é porque sentem necessidade de sair de si mesma, de experimentarem uma nova sensação. Para se contar bem uma história é preciso possuir habilidade, treino e conhecimento técnico do trabalho, pois os valores artísticos, lingüístico e educativos dependem da arte do narrador. Os segredos de um contador de histórias são:

  1. a) Curta a história – o bom contador acredita na sua história, se envolve e vibra com ela. Se o professor não estiver interessado, dificilmente conseguirá interessar as crianças.
  2. b) Evite adaptações – deve-se ler o que está escrito no livro. Não privar os alunos do contato com o texto literário. Os velhos contos de fadas são histórias cheias de fantasias e de poesia. Lidam com sentimentos fundamentais do ser humano: o medo, a angústia, o ódio, o amor. Permitem à criança exercitar através da imaginação, soluções para problemas concretos da vida, que interessam ao adulto.
  3. c) Não explique demais – a adaptação de histórias é uma descaracterização da história na vida da criança. Muitas vezes, a história exerce a função de desenvolver ou até prolongar o mistério. Ao fazer a tradução ou adaptação, o professor deixa tudo muito bem esclarecido, não restando qualquer mistério. Ao ser encerrada, a história realmente se encerra, deixando de existir para a criança.
  4. d) Uma história é um ponto de encontro – ao entrar numa roda de história, a criança participa de uma experiência comum que facilita o conhecimento e as ligações com as crianças.
  5. e) Uma história também é um ponto de partida – a partir de uma história é possível desenvolver outras atividades: desenho, massa, cerâmica, teatro ou o que a imaginação sugerir.
  6. f) Moral da história – nenhuma, ou melhor, várias. Essa história sobre os segredos das histórias e os contadores de histórias é só o começo, o resto quem conta somos nós, com a experiência, imaginação e bom senso.
  7. g) Comentar a história – fazer perguntas diretas para a criança, verificando se ela figurou bem cada um dos caracteres, se os moldou de acordo consigo mesma, se o caráter que nos apresenta é o que pretendíamos transmitir.
  8. h) Dar modalidades e possibilidades da voz – sussurrar quando a personagem fala baixinho ou está pensando em algo importante, falar tão baixo de modo quase inaudível, nos momentos de dúvidas, e usar humoradamente as onomatopéias, os ruídos, os espantos, levantar a voz quando uma algazarra está acontecendo. Ë fundamental dar longas pausas quando se introduz o “Então...”, para que haja tempo de cada um imaginar as muitas coisas que estão para acontecer em seguida.

As histórias são expressões de uma mesma personalidade em evolução, do princípio do prazer da realidade. Podem mostrar à criança que a transformação, a mudança e o desenvolvimento são possíveis. Que o prazer não é proibido.

Contar histórias é uma arte. Deve dar prazer a quem conta e ao ouvinte. As histórias têm que ter finalidade em si. Contadas ou lidas constituem sempre uma fonte de alegria e encantamento. Por isso as atividades de enriquecimento devem ser leves e espontâneas.

A dramatização é uma das melhores atividades de enriquecimento, pois além de ser uma das preferidas pelas crianças, oferece valores imprescindíveis ao desenvolvimento de um bom programa de leitura, pois as crianças ficam vidradas nos teatros adoram participar das leituras e das dramatizações.Na hora das cotações de histórias devemos criar um clima todo especial, com músicas de começo  como: ”era uma vez assim vai começar a linda historinha que agora eu vou contar, bate palmas minha gente, batam palmas outra vez, batam palmas bem contente vou contar era uma vez.” As histórias são importante para formação de qualquer criança e  escutar  é o começo de uma aprendizagem, pois escutando forma-se um leitor, possuindo assim um vasto e amplo caminho  com muitas descobertas  e entendimentos, ou seja, na educação infantil com alunos de maternal de 02 á 03 anos a maneira de ler  é através da exploração manual, através da leitura da figura. Se essa etapa for pulada e não for explorada pelo professor, o aluno no nível diferenciado, ou seja, em outra turma, em outra sala terá dificuldades, em aprender a ler, nosso papel como professor de educação infantil é de suma importância, pois estaremos formando o leitor  de amanhã, com nossa maneira de contar a história, mas para isso devemos aprender inovar, buscar fundo na alma, como Sherazade  contadora de histórias do livro mil e uma noites, pois a mesma enganou o rei  por mil e uma noites contando histórias cada dia uma diferente, devemos ser como ela inovar a cada dia, cada dia uma história nova prendendo a atenção  e o interesse do nosso aluno, envolvendo-os despertando assim  o interesse, e o gosto em ouvir. Hoje em dia existem várias formas de se contar histórias, com o apoio do livro de história, através de fantoches, deboches, através de gesticulações e dramatização, e assim uma forma que funciona mesmo é através da rodinha da conversa, aproveitando assim a conversação para contar a história, deve-se também começar a ler o livro pela capa, (autor, editora, ano de publicação, e finalmente nome do livro).

Desde muito cedo, a criança gosta de ouvir a história da sua vida, a mais importante para ela. À medida que cresce, começa a solicitar determinadas passagens que deseja ouvir.

Histórias sobre fatos reais são importantes, porque ajudam a criança a entender sua origem e que tipo de relações existe entre ela, as pessoas e os lugares. Da mesma forma, as histórias inventadas são importantes. Desde cedo a criança precisa saber de coisas que não fazem parte de sua experiência cotidiana. É comum ela ter um amigo imaginário ou atribuir qualidades humanas e sobrenaturais a um brinquedo ou a um animal.

As histórias lidas somam-se então às inventadas, passando a fazer parte de um mundo onde a realidade e a imaginação se completam. Os livros aumentam o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência de vida real. A hora de curtir um livro juntos é a hora de partilhar: um livro de histórias curtas, contadas com palavras fáceis de ler e entender, ilustrado com imagens que falam da história, das personagens e ações que estão sendo lidas e mostradas, que faça pensar em coisas novas, que informe, que faça rir de verdade, que seja engraçado, que faça brincar com as mãos, olhos e ouvidos. O importante é que nessa hora não haja pressa, contando ou lendo tudo de uma só vez. É preciso respeitar as pausa, perguntas e comentários naturais que a história possa despertar, tanto em quem lê quanto em quem ouve. Sendo que a contação das histórias é uma ferramenta aspecto a se considerar é a influência que o texto tem  na vida do leitor. Pois todos os textos transmitem  modelos de vida, onde o indivíduo pode buscar  referências para a sua formação de sua identidade, cultura e avaliar o seu modo de pensar e agir, seus valores e crenças.

As histórias são facilitadoras do processo de criatividade, e por isso, podem ser utilizadas em qualquer idade e sem um conhecimento prévio das angústias das crianças, e o momento de desenvolvimento em que se encontra. Mas se a história não for adequada ao nível de desenvolvimento, não lhe interessará e desta forma perderá o seu efeito motivador. Quando adequadas à idade, funcionam como facilitadoras do processo de elaboração dos sentimentos como medo, angústias e problemas internos. E quando bem trabalhadas suscitam a imaginação, dando condições emocionais para superar as adversidades da vida.

No trabalho realizado em escolas, temos muitos desafios na escolhas dos textos, uma vez que as diversidades culturais dos alunos são muito heterogêneas, e portanto, o melhor é trabalhar com uma grande variedade de textos com a finalidade de atrair o gosto de todos.

Outro fator importante no momento de determinar a leitura são as ilustrações. Em muitos casos elas somente manipulam a atenção, mas geralmente apresentam em seu colorido a oportunidade para o professor aguçar a curiosidade pelo texto despertando o interesse em ler. As figuras, especialmente para os pequenos, encanta e pode ser fonte de prazer.

A diversidade textual pode abrir caminho para o maior interesse já que através de diferentes textos muitas são as possibilidades de trabalhar com projetos diversos e integrando as disciplinas, o que chamamos de interdisciplinariedade.

Hoje, nas escolas de ensino fundamental, para incentivar a criança a aprender ler usam-se histórias e por outro lado, as histórias muitas vezes, servem para controlar o comportamento dos alunos ou para transmitir valores morais e normas de conduta.

A formação do leitor é um compromisso da escola, pois é nela que o aluno adquire a habilitação inicial para a prática do hábito de ler e deve despertar sua sensibilidade e gosto pela leitura. A escola é para muitos, o único caminho de acesso ao livro e á leitura.

A leitura na verdade não deve ser vista apenas como um hábito a ser desenvolvido, mas como uma permanente ampliação dos limites culturais, que a escola deve cultivar para que à medida que a criança ou jovem leiam uma obra literária, construam, com seu conhecimento intelectual, emocional e evolutivo significados e imagens apoiadas nas pistas do texto.

Em nossa sociedade o livro é uma forma de desenvolver uma ação educativa, mas, para uma educação integral, o aluno não precisa ler somente obras literárias que servem para saber mais. Ele precisa de um texto que seja desafiante, que exige sua intervenção enquanto leitor, que levanta as questões vivenciadas e abre novas perspectivas durante a infância e adolescência que se forma o leitor nato. Nas atividades com literatura na sala de aula é necessário o planejamento integrado de atividades de leitura com estímulos as inteligências múltiplas, num trabalho interdisciplinar e cooperativo, voltado para as necessidades e interesses dos alunos.

É contando e ouvindo histórias que o homem buscará, nas semelhanças das narrativas vividas pelos personagens ficcionais, respostas para suas aflições. O faz-de-conta é um meio de crescimento. Os povos primitivos recorreram às narrativas para tentar explicar o que para eles parecia inexplicável. Precisamos entender as crianças como um ser humano em fase de maturação, face a face com os mistérios da vida procurando explicação para os problemas através do imaginário. Inventar ou contar, ouvir ou ler histórias são atividades inerentes ao ser humano.

Para que o professor tenha condições de desenvolver um bom projeto interdisciplinar com o uso da leitura e pesquisa, necessita que veja o educando como um ser educável, aprendiz da cultura, que veja a leitura como um fenômeno de linguagem resultante de uma experiência existencial, social e cultural. É necessária, que perceba as relações entre a leitura a própria história e a cultura. Perceber a leitura como um diálogo entre leitor e texto, atividade esta fundamental para estimular o ser em sua globalidade (emoções, imaginário e intelecto) que pode levar as informações e a sua formação interior quanto à formação gradativa dos valores no convívio social. Ter a certeza que os meios didáticos dependem do grau de conhecimento das crianças, da adequação de meios e de conteúdos, bem como, e da intencionalidade com que se escolhe e manipula. Ver a escola como espaço privilegiado, para a colocação de alicerces no processo de auto-realização que se inicia na infância e prolonga-se por toda a vida. Diante desses pressupostos, ressalta-se a importância da escola, e acima de tudo, do professor.

Podemos assim afirmar que a porta de entrada para que o leitor encontre a leitura como fonte de informação, entretenimento e de prazer é na escola. E para isso é muito importante que o professor valorize a leitura tornando na sua sala de aula a leitura um hábito saudável e prazeroso. Não podemos esperar muito da família, nossa cultura sempre foi baseada nas tradições orais e, portanto não é tarefa fácil mudar uma sociedade marcada pelo fato de ser mais importante ouvir do que ler, falar do que escrever. É importante que o professor busque novas estratégias para trabalhar a leitura e em detrimento a isso levar em conta os conhecimentos prévios e os gostos das crianças.

Em meio um mundo globalizado onde a televisão e a internet tomaram o lugar do professor, enquanto transmissor de informações temos que repensar as estratégias e buscar nas tecnologias os caminhos para tornar a escola atrativa. A televisão, a internet, o vídeo-game e o cinema podem ser ótimos aliados, basta que o professor seja criativo e aproveite esses recursos no dia-a-dia.

 O tempo de contato que a criança tem com a leitura dentro da sala de aula é muito valioso, pois é o momento de mostrar este mundo maravilhoso da magia e da capacidade de inventar e reinventar esse mundo. Utilizar diferentes recursos materiais estimula muito mais essa capacidade intelectual de imaginar, principalmente em crianças nos estágios motor e sensório motor.. Com o uso dos fantoches, dedoches, máscaras, roupas e outros objetos as crianças podem além de ouvir, tocar e participar deste universo literário divertem-se e expressam-se de modo natural.

A escola é definitivamente o maior responsável pela formação do leitor uma vez que a família também não assume seu compromisso. Ao educador cabe a responsabilidade do importante papel na formação do leitor e do prazer em ler. Professor reflita sua pratica educativa, seu modo de ser e de dedicar-se em relação à leitura para assim melhorar o índice nacional de desempenho dos nossos alunos. Somente com uma boa avaliação do todo é que conseguiremos formar cidadãos com bom desempenho de leitura.

3 AS RELAÇÕES ENTRE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA VISÃO DE VYGOTSKY

 

 Segundo Rabello e Passos noção de desenvolvimento e aprendizagem dentro da visão sócio-interacionista está atrelada a uma contínua evolução, em que nós caminhamos ao longo de todo o ciclo vital. Essa evolução se dá em diversos campos da existência, tais como afetivo, cognitivo, social e motor.

Essa evolução ou caminhar contínuo não se dá somente por maturação das estruturas biológicas ou genéticas. O meio é fator de máxima importância no desenvolvimento humano.

Os seres humanos nascem “mergulhados em cultura”, e é claro que esta será uma das principais influências no desenvolvimento. Embora ainda haja discordâncias teóricas entre as abordagens [...] sobre o grau de influência da maturação biológica e da aprendizagem com o meio no desenvolvimento, o contexto cultural é o palco das principais transformações e evoluções do bebê humano ao idoso. Pela interação social, aprendemos e nos desenvolvemos, criamos novas formas de agir no mundo, ampliando nossas ferramentas de atuação neste contexto cultural complexo que nos recebeu, durante todo o ciclo vital. (Rabello e Passos, 2007 p.01).

Cada individuo desenvolve-se de acordo com o meio no qual está inserido, percebemos essa influencia de forma clara no desenvolvimento da linguagem oral, onde a criança traz traços em sua fala de acordo com a sua cultura ou região em que vive.

O processo de ''aprendizagem'' pode ser definido de forma sintética como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento, várias são as definições.

Contudo, a complexidade desse processo dificilmente pode ser explicada apenas através de partes de um todo. Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos político-ideológicos, relacionados com a visão de homem, sociedade e saber.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem, 2007)

Na pesquisa realizada (www.wikipedia.org/aprendizagem) a aprendizagem vem sendo estudada e sistematizada desde os povos da antiguidade oriental. Já no Egito, na China e na Índia a finalidade era transmitir as tradições e os costumes. Na Antiguidade a aprendizagem passou a seguir duas linhas opostas: a pedagogia da personalidade que visava a formação individual e a pedagogia humanista que pretendia desenvolver os indivíduos dentro de sua realidade social dando ênfase a aprendizagem universal. Já na Idade média a aprendizagem era vista como ensino e dependia exclusivamente da religião e seus dogmas.Durante muitos anos a educação serviu apenas para manipular e formar os cidadãos para pensar e agir de acordo com o que pretendiam as elites dominantes, e essa educação ainda tem sua influência até os dias de hoje.

A aprendizagem também já foi vista e entendida como condicionamento, um exemplo deste tipo de pensamento são as teorias desenvolvidas pelo filósofo russo Ivan Pavlov, que condicionou cães para salivarem ao som de campainhas.

Na década de 30 passou-se a pesquisar sobre as leis que regem a aprendizagem, onde começou-se a perceber que as percepçõs e os estados mentais poderiam ser componentes da aprendizagem e que a força do hábito, além dos estímulos originados pelas recompensas constituia um dos principais aspectos da aprendizagem e que esta acontecia em um processo contínuo.

Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é o processo de alteração de conduta de um indivíduo, seja por condicionamento, experiência ou ambos, de uma forma razoávelmente permanente. As informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos. O ''ato ou vontade de aprender'' é uma característica essencial do ser humano, pois somente este possui a intenção de prender, é ''dinâmico'', por estar sempre em mutação e procurar informações para a aprendizagem e é ''criador'', por buscar novos métodos visando melhora a própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e pelo erro.

Um outro conceito de aprendizagem é uma mudança relativamente durável do comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática, ou não, adquirida pela experiência, pela observação e pela prática motivada.

Ao repensar a aprendizagem, independente de qualquer definição ou de qualquer época percebe-se que a aprendizagem depende do outro, mesmo que seja para motivar ou estimular a vontade de aprender.

Na verdade a motivação tem um papel fundamental na aprendizagem. Ninguém aprende se não estiver motivado, se não desejar aprender.

Todo ser humano nasce com possibilidade de aprender, necessita somente de estímulos externos e internos (motivação e vontade) para o aprendizado. Há aprendizados natos como o ato de sugar, comer, falar e andar que necessita de maturação fisica, psicológica e social. Mas, no entanto, a maior parte dos aprendizados exige uma interação com o meio social , sua conduta muda por esses fatores e por aqueles herdados geneticamente.

O primeiro estímulo para a aprendizagem vem do lar, da familia que permite e estimula a criança desde o nascer a fazer atividades além das que são natas, ou que as aprimoram, como ensinar a criança a usar o banheiro, a comer com talheres,calçar, vestir, etc.

Nessa perspectiva de que todo indivíduo para aprender necessita de uma boa herança genética, de um bom desenvolvimento dos aspectos físicos e psicológicos e também de uma boa interação social, sendo que o meio em que vive fundamental para esse desenvolvimento e de um bom motivador.

Dentro do que podemos determinar como as relações de desenvolvimento e aprendizagem, destacamos Vygostky e suas contribuições já que são discutidas no Brasil desde a decada de 80 juntamente com a corrente educacional construtivista que se expandia impulsionada por Emilia Ferreiro, discipula de Piaget. Embora Vygotsky não tenha deixado uma teoria acabada, muito contribuiu com a educação e nos fez repensar sobre a aprendizagem e o desenvolvimento.

Segundo artigo escrito por Rabello e Passos, 2007, em Vygotsky o desenvolvimento principalmente psicológico e mental depende da aprendizagem, e que esse desenvolvimento é provido pela convivência e pelo processo de socialização além das estruturas e maturações orgânicas, aprendizagem essa quando se dá por processos de internalização de conceitos, providos de conhecimentos sociais adquiridos no meio escolar.

Isto quer dizer que para Vigotsky não é necessário somente um bom aparato biológico se o indivíduo não tem uma boa participação em um ambiente que propicie essa aprendizagem. Trancrevendo essa ideia à formação de leitores pode nos dizer que de nada adianta um indivíduo ter boa saúde e maturação biológica para ler se não convive desde pequeno em um ambiente que lhe proporcione condições e motivação para a leitura. Não podemos esperar que a criança vá se desenvolver com o tempo se não lhe oferecemos instrumentos para percorrer o caminho do desenvolvimento percorrendo os caminhos da aprendizagem mediante as experiências vividas.

Neste modelo a escola torna-se o espaço e o tempo onde os processos de desenvolvimento e aprendizagem acontecem devido a interação do sujeito, neste caso da criança com o mundo que se constitui em sua cultura. Sendo que a escola torna-se um local de aprendizagem justamente por promover a socialização e organização dos conhecimentos.

 Segundo Rabello e Passos, Vygotsky enfatizava o processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para o teórico, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um processo denominado mediação.

No caso da leitura a escola passa a ser o mediador entre a criança e o livro, já que se tratando de escola publica grande parte de seus alunos não convive socialmente com a leitura fora do ambiente escolar ou por fatores relacionados à sua cultura ou pelas suas condições sócio-econômicas.

Partindo da análise de que o meio social é importante Vygotsky em sua teoria fala sobre o meio social em detrimento à aprendizagem. Ele sustentou que todo conhecimento é socialmente construído no âmbito das relações sociais.

Sua teoria tem por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem a da aprendizagem nesse desenvolvimento sendo que sua teoria foi denominada histórico-social.

No que diz respeito ao desenvolvimento do cérebro, Vygotsky tem a concepção de que o cérebro é a base biológica e suas peculiaridades definem limites e possibilidades para o desenvolvimento humano.

Quando a criança nasce somente as funções psicológicas elementares, como o reflexo e a atenção involuntária (presente nos animais) são mais desenvolvidas, com o aprendizado cultural essas funções básicas passam a ser funções psicológicas superiores como a consciência e o planejamento (características exclusivas do ser humano) e que são construídas ao longo da história social do homem em suas relações com o mundo. No entanto as funções psicológicas superiores são processos voluntários, conscientes e intencionais e dependem de processos de aprendizagem.

Vygotsky interessou-se em enfatizar o papel da interação social ao longo do desenvolvimento humano, isto quer dizer que o homem é herdeiro de toda sua evolução enquanto espécie e culturalmente dependendo do meio em que vive para acontecer a aprendizagem. Em todos os seus estudos Vygotsky faz as relações entre desenvolvimento e o meio social em que vive, chegando a afirmar que o próprio desenvolvimento da inteligência é produto da convivência.

Na teoria o conhecimento é sempre mediado na interação do sujeito com o meio. É pela aprendizagem na relação com o outro que se constrõem os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental.

Todo indivíduo pode aprender, a maturação e as estruturas mentais sao importantes para definir quais as capacidades de cada um, pois cada qual aprende no seu tempo e dentro dos limites impostos por essas estruturas, uma criança com retardo mental não aprenderá no mesmo espaço de tempo em qua aprende uma criabnça sem essa deficiencia, por exemplo, mas somente o meio é que pode definir seu desenvolvimento histórico social pois todo indíviduo ao longo de sua história aprende modificando seu comportamento.

Um dos fatores de desenvolvimento mais complexos que ocorre com os seres vivos é a fala que se desenvolve de acordo com os estímulos que recebe e de acordo com a convivência social.

A linguagem simboliza um salto qualitativo no desenvolvimento humano, através dela é possível a organização de conceitos, a mediação entre sujeitos e objeto de conhecimento, e através dela é que as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas. Nesse sentido a linguagem é duplamente importante para Vygotsky além de ser o principal instrumento de mediação do conhecimento entre os seres humanos ela tem relação direta com o desenvolvimento psicológico.

Para uma análise a partir da teoria de Vygotsky sobre a fala, o mesmo determina que não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado pelo processo histórico cultural. Sendo que o pensamento está sujeito às interferências históricas em que o indivíduo está inserido, então os processos de aquisição da ortografia, da leitura, da alfabetização são resultantes não apenas do processo pedagógico de ensino-aprendizagem, mas de todas as relações de convivência e de interação com o meio em que vivem e da importância que se dá para essa aprendizagem.

Vygotsky diz ainda que o pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e sentimentos. Desta forma não seria válido estudar as dificuldades de aprendizagem sem considerar os aspectos afetivos. Avaliar o estágio de desenvolvimento, ou realizar testes psicométricos não supre de respostas as questões levantadas. É necessário fazer uma análise do contexto emocional, das relações afetivas, do modo como a criança está situada historicamente no mundo.

Nesse sentido, Vygotsky atribuiu um papel fundamental à linguagem, na constituição das funções mentais superiores, pois mais que comunicar o pensamento tem a função de organizá-lo e estruturá-lo. (Correia, Lima e Araújo, 2001 p.558).

Para Vygotsky a linguagem tem um papel de construtor e impulsionador do pensamento, aprendizagem não é desenvolvimento, quando o aprendizado é adequado e organizado resultará em desenvolvimento mental e põe em movimento vários outros processos de desenvolvimento que então não seriam possíveis. A linguagem seria entendida então, como o motor do pensamento contrariando outra concepção de que o desenvolvimento do pensamento seria o propulsor da linguagem. Vygotsky defende que os processos de desenvolvimento e os processos de aprendizagem não coincidem, uma vez que o desenvolvimento acontece de uma forma mais lenta indo atrás do processo de aprendizagem.

Para os defensores da teoria de Vygotsky os processos entre eles a aprendizagem ocorrem por assimilação das ações externas, isto porque, o sujeito não é apenas ativo, mas participativo, isso por que os conhecimentos são adquiridos a partir de suas relações intra e interpessoais. É preciso que ocorra uma troca com outras pessoas e consigo mesmo e nessa cadeia de relações dá para se dizer que o aluno aprende com o professor e com outros colegas mais competentes. O aprendizado mantém constante relação com o exterior e interior do indivíduo.

Analisando um  pouco da teoria de Vygotsky percebe-se que  aprendizagem, desenvolvimento, pensamento e fala acontecem juntos em que um depende do outro para acontecer. No caso da escola, local, onde utiliza-se diversas linguagens o pensamento é impulsionado gerando conhecimento que leva uma mudança no comportamento e conseqüentemente ocorre o desenvolvimento. Não podemos dissociar nenhum todos acontecem em uma relação dinâmica e tem sua importância que gradativamente vai superando desafios e aprendendo mais.

Assim como Piaget descreve as fases do desenvolvimento humano também Vygotsky  distingue em pelo menos dois níveis de desenvolvimento:

  1. a) desenvolvimento real é aquilo que a criança faz por si própria, seria o conhecimento já adquirido;
  2. b) desenvolvimento potencial não realização de tarefas mais complexas, quando a criança necessita da instrução ou ajuda de um adulto ou na interação com o próprio grupo de crianças para colocar em prática algum conhecimento.

Para Vygotsky a evolução intelectual vive em constantes saltos de um nível de conhecimento para outro e para explicar esse processo desenvolveu o conceito zona de desenvolvimento proximal que ele próprio definiu como a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, ou seja, a distância entre aquilo que se consegue desenvolver sozinho e o que necessita-se de orientação de adulto ou de companheiros  mais capazes para se chegar à solução do problema. Em uma definição mais simples o que está entre o que já se sabe e o que precisa ser aprendido, ou ainda ser alcançado.

No que influência a educação, a zona do desenvolvimento proximal precisa ser levada em conta porque todo conceito a ser desenvolvido precisa de um certo grau de experiências e conhecimentos prévios sobre determinado assunto para se chegar a outro conhecimento mais elaborado. A escola precisa respeitar o que a criança já sabe para poder avançar mais.

Segundo Rabello e Passos, (2007) “é justamente na zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem vai ocorrer”. E a função principal do educador é a de favorecer a aprendizagem, servindo de mediador entre a criança e o mundo. Como já destaquei é no ambito das relações e da qualidade dessas relações que se formam as estruturas psicológicas das crianças, e com a ajuda de parceiros mais habilidosos é que as habilidades passam de parciais a totais, no mesmo contexto estão as estruturas de desenvolvimento da leitura e da escrita e o papel social da escola enquanto formadora de possíveis leitores.

A escola precisa respeitas os conhecimentos que as crianças já trazem de suas experiências vivenciadas ao longo de sua história e nesse contexto Correia, Lima e Araújo (2001) nos deixam uma reflexão acerca do processo de formação de conceitos na escola em detrimento aos conhecimentos historicamente formados.

...o processo de formação de conceitos, a discussão acerca dos conceitos cotidianos e cientificos e das relações entre estes, configura-se como um dos aspectos mais importantes desta abordagem. Ambos os conceitos fazem parte de um processo mais complexo...Para adquirir determinados conceitos cientificos  a criança precisa ter consolidada a compreensão dos cotidianos que lhes deêm suporte...(Correia, Lima e Araujo, 2001 p. 559)]

Para a aprendizagem é muito importante levar em conta esse conceitos já internalizados na criança e os desejos que a criança tem em aprender, a partir do momento em que o aluno pode contribuir com o que ele já conhece, torna os conhecimentos mais funcionais tanto para o cognitivo como para o afetivo e motivacional. Quando trabalhado um assunto novo é necessário que o aluno entenda “por que” e “pra que” daquele aprendizado.

Sobre os processos de aprendizagem e desenvovimento, segundo a teoria de Vygotsky, uma das reflexões mais importante para os educadores  é aquele que o bom ensino se adianta ao desenvolvimento (Rego, 1998 apud Correia, 2001).

Jamais enquanto professores podemos sub estimar nossas crianças em pensar que os conteúdos não podem ser ensinados porque a criança não está em determinada faixa etária nesse sentido, por exemplo, o caso da leitura e da escrita deixar de trabalhar textos, ou de usar livros em sala de aula porque a criança não sabe decodificar símbolos da escrita. O uso e manueios de fontes de leitura sugere o desenvolvimento da capacidade de ler.

Entendemos que tanto o desenvolvimento quanto a aprendizagem, que se dá da seguinte maneira: em um contexto cultural, com aparato biológico básico o indivíduo se desenvolve movido por mecanismos de aprendizagem provocados por mediadores.

Exemplificando, a aprendizagem acontece em um contexto social e cultural que pode ser a escola, respeitando o aparato biológico, tendo o professor como mediador para que a criança chegue ao conhecimento.

Para Vygotsky, o processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não se deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. Em nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que tal ou qual aprendizado poderá ser útil àquela criança, não somente no momento em que é ministrado, mas para além dele. É um processo de transformação constante na trajetória das crianças. As implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Vygotsky firma está hipótese no seu conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP).(Creche Fiocruz, 2004 apud Rabello e Passos, 2007).

A avaliação tropeça nesse item, pois olhamos para o que a criança aprendeu e não para o que está ou ainda precisa aprender.

Dentro da psicologia dialética Vygotsky e seus seguidores como Lúria e Leontiev, estabeleceram uma  relação indissociável entre aprendizagem e desenvolvimento, chegando a afirmar que o desenvolvimento vem depois da aprendizagem. Aprendizagem é a assimilação  do mundo físico diante a internalização dos atos externos e se transformando em ações mentais. Nesta teoria não existe uma complexa relação entre aprendizagem e desenvolvimento  como ocorre na teoria de Piaget. Quando uma criança aprende ocorre uma relação entre  o aprendizado e o desenvolvimento das funções psicológicas correspondentes. Em resumo, na teoria vygotskiana  o aprendizado é a passagem dos conceitos naturais (senso comum) para os conceitos científicos que são mais complexos e organizados, e portanto, não necessitando de maturação é a sequência que permite o progresso, e são as relações sociais que dão ao indivíduo condições necessárias para ativar os processos internos  que levarão ao desenvolvimento. Dentro da teoria de Vygotsky a escola deve levar em conta e valorizar as interações entre os diferentes. Essa concepção desmistifica a ideia das salas heterogeneas que são muito dificeis de se trabalhar, pois no momento em que ocorre esta interação o aluno experiente ajuda o que tem menos condições. E o mais experiente também se benificia porque no momento em que ajuda o outro forma novos conceitos e reorganizando e reestruturando suas concepções antes de compartilhá-las. (Correia, 2001). Todos os indivíduos possuem potencialidades, uns podem ajudar os outros e nessa partilha de ideias surge a aprendizagem.

Nas relações entre desenvolvimento e aprendizagem podemos dizer que uma depende da outra para acontecer e ser eficiente nesse processo que se inicia desde o nascimento, quando já se faz uso da percepção e vai-se ampliando o repertório e construíndo conceitos a cerca do mundo que nos cerca.

Um dos mecanismos de aprendizagem que também exige um certo grau de desenvolvimento das estruturas cognitivas são os mecanismos de memória onde as imagens são fixadas através dos sentidos e relembradas por associação a cada nova expreriência. Do mesmo modo os efeitos da aprendizagem são retidos na memória onde de acordo com o estímulo ou necessidade será transformado em uma mudança neural, ou aprendizagem. Toda memória permanente ou de longo prazo depende de uma transformação nas estruturas química e ou física dos neurônios.

Nesta linha de pensamento pércebemos como a leitura desde a mais tenra idade deve ser considerada importante pois dentro da teoria de Vygotsky chamada de teoria sócio-interacionista, um dos caminhos para se chegar a qualidade de aprendizagem é necessário que o indivíduo tenha participação no meio em que está inserido, onde um dos princípios é o da ação sobre o meio, o indivíduo reflete sobre o que fez e no que o meio pode contribuir  no seu desenvolvimento e na estrutura do seu pensamento.

Para que o princípio da ação sobre o meio  seja encorada uma das formas mais frequentes dentro da educação é a do uso da literatura. Através da leitura a criança tem a oportunidade de refletir sobre questões éticas e morais, sobre o seu cotidiano e refletir sobre sua realidade, bem como de perceber outras realidades possíveis, criando uma ação que será motivadora da aprendizagem. Segundo Rodrigues (1995 p. 53) “...um dos caminhos que considero bastante motivador para o desenvolvimento  da aquisição da escrita é justamente a literatura infantil”.

Segundo alguns teóricos a aprendizagem depende de fatores como inteligência, motivação ou até mesmo pela hereditariedade. Já para outros os fatores como estímulo, impulso, reforço são elementos importantes para o processo de fixação de novas aprendizagens. A outro fator que considero importante que é a oportunidade, se o aluno não é exposto ao conhecimento como vai chegar a ele?

Quando falamos em aprendizagem não podemos esquecer de que cada indivíduo aprende de seu modo e no seu ritmo, que são o conjunto de estratégias cognitivas que mobilizam esse processo de aprendizagem e dependem do processo de desenvolvimento dos indivíduos. Embora haja discordâncias entre muitos estudiosos podemos dizer que os estilos de aprendizagem são estes: visual( centrada mais no que o indivíduo visualiza), auditiva ( centrada mais no que se ouve), leitura/escrita (aprende-se mais através de textos) e ativa (aprendizagem mais centrada no fazer). A aprendizagem da leitura depende de todos desde a mais tenra idade.

Por falar em aprendizagem, devo ressaltar, que os conceitos baseados nas teorias de estímulo e resposta  não mostram os mecanismos, pois não levam em conta os processos interiores do indivíduo. Do mesmo modo são as teorias do condicionamento onde o reforçamento de um comportamento é levado à mudança através do método de utilização de recompensas ou castigos. Enquanto que o melhor caminho para se chegar a uma aprendizagem significativa é a de uma proposta de integrar alunos e professores em sala de aula onde os conhecimentos serão produzidos através das interações. Teoria esta defendida pelos gestaltistas onde defendem que os processos mais importantes da aprendizagem envolvem as relações com o meio e não simplesmente uma associação das mesmas.

A integração pode ocorrer atraves de momentos prazerosos como a contação de histórias que possibilita o desenvlvimento das emoções e sentimentos junto com o conhecimento cientifico.

Conhecendo um pouco da teoria Vygotskiana e relacionando a teoria gestaltista podemos ter a certeza de que a leitura, desde a Educação Infantil, faz muita diferença, pois na interação das crianças com a leitura muitos bons leitores poderão ser motivados. Quando a criança ainda é muito pequena a contação de história é fundamental já que na interação adulto/criança e criança/leitura, leitura/figuras através da fala e da escrita e das figuras, as mesmas percebem a importância dessa comunicação e desenvolvem a linguagem oral e interpretação até mesmo de sua própria realidade e mais tarde com a alfabetização a escrita e produção pessoal. Com a prática cotidiana de contação de histórias outros mecanismos vão sendo desenvolvidos como imaginação, sequenciação e o desenvolvimento emocional.

Abramovich (2004), defende muito a prática  de contar histórias especialmente durante a alfabetização e com crianças pequenas, afinal essa prática leva ao desenvolvimento de muitas habilidades que só serão possíveis pela interação com a leitura e quando o meio favorece o desenvolvimento acontece. Se a escola insistir nessa prática novos e bons leitores poderão ser formados.

4 O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA DESDE A EDUCAÇÃO INFANTIL ATRAVÉS DA LITERATURA INFANTIL E O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA.

 

 

Analisando o processo de aprendizagem e desenvolvimento na visão sócio - interacionista defendida por Vygotsky e seus seguidores percebemos que a criança não depende somente da maturação biológica, mas o ambiente tem muita importância dentro do processo. Na formação de leitores não acontece diferente, como a maioria das famílias brasileiras perderam o hábito de ler e sabendo que através de recentes pesquisas os brasileiros no geral, e em índice muito maior os de classes populares, a leitura deixou de ser praticada em casa. Nas escolas brasileiras não é muito diferente, prioriza-se muito mais atividades voltadas a reprodução de modelos em detrimento à leitura, produção própria da escrita e interpretação do que se lê. Volto a afirmar que se a leitura e a escrita são tão necessárias e importantes porque não se prioriza este tipo de aprendizado nas escolas brasileiras a partir da educação infantil?

Os PCN’S (Parâmetros Curriculares Nacionais, 2001) defendem o uso das diferentes linguagens (verbal, escrita, gráfica, pictórica, numérica, etc.) em sala de aula e a necessidade de oportunizar o aprendizado de todas. “A instituição escolar foi criada para desempenhar uma função; a de comunicar às novas gerações os saberes socialmente produzidos, aqueles que são considerados, em um determinado momento histórico, válidos e relevantes. ” (Lerner, 1996, p.95 apud Correia, 2001, p.559).

Ao analisar a história das culturas e o modo pelo qual elas foram transmitidas de geração para geração, verificamos que essa transmissão tem por base a literatura oral ou escrita, sendo que, a literatura é a principal forma de recebermos a herança cultural.

A história da Literatura Infantil inicia-se no século XVIII, quando a criança passa a ser considerada diferente do adulto, com necessidades e características próprias, razão para que recebesse uma educação especial e que a preparasse para a vida adulta.

A Literatura Infantil iniciou-se entre a nobreza, onde as crianças de classe favorecidas tinham acesso aos livros, lendo ou ouvindo os grandes clássicos, aventuras, lendas e contos.

“[...] apareça a literatura infantil; seu nascimento, porém, tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo status concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. [...]” (Zilbermann, 2003 p. 33).

Nesse período anterior ao século XVII e durante o século XVIII não se escrevia para crianças porque não existia a infância. Elas eram vistas como adultos em miniatura, fazendo o que adulto fazia e não recebiam nenhum tratamento diferenciado, nem mesmo afetivo. Somente na Idade Moderna é que se concebeu uma idade diferenciada, com interesses próprios e que necessitava de uma formação específica.

No Brasil a Literatura Infantil iniciou com obras pedagógicas adaptadas das obras portuguesas, dada a nossa condição de colônia. Foi com Monteiro Lobato que iniciou a fase da Literatura Infanto-juvenil brasileira. Lobato tem uma produção diversificada, centrada em personagens ficcionais, no qual observamos a sua preocupação com as questões nacionais e problemas mundiais.

Cunha, (2003) diz: “Com Monteiro Lobato é que tem início a verdadeira literatura infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gênero e orientação, cria esse autor uma literatura centrada em algumas personagens, que percorrem e unificam seu universo ficcional [...].” (p. 24).

Os contos de fada e os contos maravilhosos que circulam hoje no Brasil são originários das versões francesas, alemãs e dinamarquesas. Oriundos de fontes distintas, algumas apresentam formas diferentes, como “Cinderela” e “Chapeuzinho vermelho”. Revelam-se ainda algumas obras, a partir da década de 70, conhecidas como contos de fada modernos por manter o maravilhoso, conduzindo o leitor a uma percepção de si mesmo e da sociedade que o circunda, são “A fada que tinha idéias” de Fernanda Lopes de Almeida e “História meio ao contrário” de Ana Maria Machado.

Os contos de fada como modelo de história para crianças, surgem na França no final do século XVII, quando Charles Perrault publica sua obra “Os contos da Mãe Gansa”. Nela, reúne os contos populares que circulavam em seu país. Posteriormente os irmãos Grimm, na Alemanha, no século XIX, lançam a obra “Contos de Fada para crianças e adultos”, coletânea de narrativas pertencente ao folclore alemão. Ainda no século XIX na Dinamarca, Hans Christian Andersen publica contos folclóricos recolhidos de seu país como “A princesa e o grão de ervilha”, e outros de sua própria criação, como “O patinho feio”. O material recolhido por esses autores forma o acervo dos contos de fada que povoa o imaginário de crianças e adultos. Mas quem lê Cinderela nem imagina que há registro de que essa história já era contada na China, durante o século IX d. C., mostrando toda força que tem o folclore dos povos.

Coelho, (2003, p. 27) define a Literatura como o resultado do desenvolvimento da humanidade:

Literatura é uma linguagem especifica que, como toda a linguagem, expressa uma determinada experiência humana, e dificilmente poderá ser definida com exatidão. Cada época compreendeu e produziu literatura a seu “modo” é, sem duvida, conhecer a singularidade de cada momento de longa marcha da humanidade em sua constante evolução. Conhecer a literatura que cada época destinou as suas crianças é conhecer os ideais e valores ou desvalores sobre os quais cada sociedade se fundamentou (e se fundamenta...).

Muito do que se produziu no passado serve para trabalhar valores perdidos no presente. Foi através da evolução das sociedades que muito se avançou em conceitos e que hoje serve de reflexão para entender melhor o desenvolvimento humano.

No século XX a psicologia experimental redescobriu com a literatura infantil, a inteligência como algo que cada indivíduo constrói dentro de si, chamando a atenção para os estágios de desenvolvimento das crianças, e a sua importância no desenvolvimento da personalidade da vida adulta. Com a revelação de que cada fase corresponde a certa idade, a sucessão de idades ou de fases é igual para todos, mas que quando estimulada de acordo com o ambiente ela poderia ser modificada, a noção de criança muda e passa a ser decisivo o aprimoramento da literatura para levar sua mensagem aos destinatários. Nesse sentido a valorização da literatura infantil como fenômeno significativo e de importância fundamental no desenvolvimento das mentes infantis é algo recente.

Temos, então, a definição de livro infantil como uma mensagem ou a comunicação entre o autor-adulto que possui as experiências, e o leitor-criança que deve adquirir tal experiência. Nesse sentido a ato de ler ou ouvir uma história se transforma em um ato de aprendizagem.

[...] Se a infância é um período de aprendizagem, [...] toda mensagem que se destina a ela, ao longo desse período, tem necessariamente uma vocação pedagógica. A Literatura Infantil é também ela necessariamente uma vocação pedagógica, no sentido amplo do termo, e assim, permanece, mesmo no caso em que ela se define como literatura de puro entretenimento, pois a mensagem que ela transmite então é a de que não há mensagem, e que é mais importante o divertir-se do que preencher falhas (de conhecimento). (Soriano, 1975 apud Coelho, 2003)

A atividade lúdica de contar, ouvir e inventar histórias são coisas que as crianças gostam muito. Quem não lembra de sua infância das horas em que passava mergulhado em um mundo de fantasia, conversando com amigos imaginários, ou com personagens das histórias que ouviu na escola, ou dos personagens dos desenhos animados da televisão. Mesmo que aparentemente  a história não tem nada de conhecimentos notáveis apresentados, pode-se ter a certeza  de que divertindo as crianças estamos despertando o prazer de ler, e que leva a um aprendizado mais significativo.

Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo... (Abramovich, 2004 p. 16).

Através da leitura de diversos autores, como Gallo, (2000)  e Abramovich (2004) é que pude perceber como a literatura está intimamente relacionada com as situações diárias da vida das crianças. Os contos de fada aliviam as angústias, quando referência na auto-identificação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, bem como ajudam na resolução de conflitos internos, além de facilitar o contato com o mundo maravilhoso da leitura.

Temos uma missão grandiosa, enquanto educadores, porque a escola não é apenas lugar onde os alunos adquirem conhecimentos e habilidades.

“Preservar as relações entre a literatura e a escola, ou o uso do livro em sala de aula, decorre de ambas compartilharem um aspecto em comum: a natureza formativa.” (Zilbermann, 2003 p. 25).

A escola tem uma função maior ao se tornar o centro de referência da vida e da educação formal. Temos consciência da nossa importância nesse processo, e que nos deparamos com alunos de todas as condições de desenvolvimento. Culpamos a indisciplina, mas deixamos de questionar o nosso trabalho em prol, não basta apenas técnicas, é necessário que o professor busque o desenvolvimento de suas próprias habilidades e competências para que desta forma chegue a caminhos seguros rumo à alfabetização. 

Partindo desse princípio, e sabendo do interesse que as crianças têm pelas histórias, que Bettelheim (1980, apud Gallo, 2000) nos dá uma visão do quanto à fantasia ajuda no desenvolvimento da personalidade da criança, especialmente nos primeiros anos de vida.

Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança. (p. 15)

Através da literatura a criança faz uso das suas possibilidades de entra em contato com a criatividade, pois as histórias oferecem oportunidades de imaginação, permitindo que ela busque significação no seu existir. E muitas vezes encontra respostas para angustias que perturbam o seu desenvolvimento, muitos superam problemas após o trabalho com a literatura e a reflexão dos problemas.

Zilbermann (2003) sugere aos professores que gostam de trabalhar com livros em sala de aula, que não transformem aqueles textos em um sentido único, ou de um número limitado de observações tidas como corretas. É necessário que o professor desencadeie as múltiplas visões de cada texto utilizado, (ou histórias) instigar que cada um tenha a sua interpretação pessoal.

A Literatura Infantil, nessa medida, é levada a realizar sua função formadora, que não se confunde com uma missão pedagógica. Com efeito, ela dá conta de uma tarefa a que está voltada toda a cultura – a de conhecimento do mundo e do ser, [...] E vai mais além – propicia os elementos para uma emancipação pessoal, o que é a finalidade implícita do próprio saber [...] (Zilbermann, 2003 p. 29).

As histórias são facilitadoras do processo de criatividade, e por isso, podem ser utilizadas em qualquer idade e sem um conhecimento prévio das angústias das crianças, e o momento de desenvolvimento em que se encontra. Mas se a história não for adequada ao nível de desenvolvimento da criança, não lhe interessará e desta forma perderá o seu efeito motivador. Quando adequadas à idade, funcionam como facilitadoras do processo de elaboração dos sentimentos como medo, angústias e problemas internos. E quando bem trabalhadas suscitam a imaginação, dando condições emocionais para superar as adversidades da vida.

Durante os anos em que as crianças passam pelo período da alfabetização, na pré-escola, por exemplo, ocorre uma diminuição do período do jogo simbólico da imaginação, porque a ênfase maior está na preocupação com o ler e escrever. E por outro lado, quando adolescentes, as condições sócio-econômicas da maioria das crianças fazem com que elas deixam de lado essas atividades lúdicas indispensáveis ao seu desenvolvimento, para assumir responsabilidades de trabalho para a sobrevivência.

A infância não é apenas uma etapa da vida humana, ou preparação para a vida adulta, é uma etapa única na existência humana que determinara não só a personalidade, mas também o seu potencial criativo.

A ação de ouvir histórias capacita o indivíduo para a realidade interna e externa. Quando oferece possibilidades de resolver seus conflitos e a coloca em condições de enfrentar os desafios da vida.

O valor das histórias encontra-se exatamente neste ponto, já que por meio delas, podemos apresentar algumas idéias de como é importante buscarmos soluções aos nossos problemas. Assim de acordo com determinados aspectos da história, baseada em sua própria realidade e em personagens imaginários, sem serem pressionadas, vão utilizar essas informações para as suas próprias representações.

Meireles, uma das primeiras pessoas a preocupar-se com nossa literatura infantil, diz:

“Sempre que uma atividade intelectual se manifesta por intermédio da palavra, cai, desde logo, no domínio da Literatura [...] Os iletrados possuem sua literatura. [...] nem por isso, deixam de compor seus cânticos, suas lendas, suas histórias [...].” (1979 apud Gallo 2000 p.52).

Neste caso, podemos perceber que a Literatura não se refere somente ao da escrita, a contação de história, seja na escola, na família ou em um grupo de amigos, constitui da literatura e que utilizamo-nos dela desde os primórdios da vida, sem nos dar conta.

Quando trabalhamos com histórias não devemos nos preocupar muito com as mensagens e nem utilizá-las para dar lições de moral. Ouvindo e recontando histórias, as crianças podem usar o pensamento criativo, utilizar a linguagem, organizar o raciocínio e liberar a fantasia. E é disso que o professor precisa utilizar das histórias.

Segundo Gallo:

 

As histórias diferentemente de qualquer outro tipo de literatura, podem ajudar a criança em sua descoberta de si mesma, de sua identidade, alem de propiciar sua comunicação com os demais, uma vez que alimentam a imaginação e estimulam as fantasias. Para tanto, é necessário que não pretendam descrever o mundo tal como ele é e muito menos aconselhar o que deve ou não deve fazer. (Gallo, 2000 p.57).

As histórias infantis estimulam a imaginação, de modo indireto, a longo prazo, na sua formação global.

Hoje, nas escolas de ensino fundamental, para incentivar a criança a aprender ler, e por outro as histórias muitas vezes, servem para controlar o comportamento dos alunos ou para transmitir valores morais e normas de conduta.

A formação do leitor de literatura infantil é um compromisso da escola, pois é nela que o aluno adquire a habilitação inicial para a prática do hábito de ler e deve despertar sua sensibilidade e gosto pela leitura. A escola é para muitos, o único caminho de acesso ao livro e á leitura.

A leitura na verdade não deve ser vista apenas como um hábito a ser desenvolvido, mas como uma permanente ampliação dos limites culturais, que a escola deve cultivar para que à medida que a criança ou jovem leiam uma obra literária, construam, com seu conhecimento intelectual, emocional e evolutivo significados e imagens apoiadas nas pistas do texto.

Em nossa sociedade o livro é uma forma de desenvolver uma ação educativa, mas, para uma educação integral, o aluno não precisa ler somente obras literárias que servem para saber mais. Ele precisa de um texto que seja desafiante, que exige sua intervenção enquanto leitor, que levanta as questões vivenciadas e abre novas perspectivas durante a infância e adolescência que se forma o leitor nato. Nas atividades com literatura na sala de aula é necessário o planejamento integrado de atividades de leitura com estímulos as inteligências múltiplas, num trabalho interdisciplinar e cooperativo, voltado para as necessidades e interesses dos alunos.

É contando e ouvindo histórias que o homem buscará, nas semelhanças das narrativas vividas pelos personagens ficcionais, respostas para suas aflições. O faz-de-conta é um meio de crescimento. Os povos primitivos recorreram às narrativas para tentar explicar o que para eles parecia inexplicável. Precisamos entender as crianças como um ser humano em fase de maturação, face a face com os mistérios da vida procurando explicação para os problemas através do imaginário. Inventar ou contar, ouvir ou ler histórias são atividades inerentes ao ser humano.

Para que o professor tenha condições de desenvolver um bom projeto interdisciplinar com o uso da Literatura Infantil necessita que veja o educando como um ser educável, aprendiz da cultura, que veja a literatura como um fenômeno de linguagem resultante de uma experiência existencial, social e cultural. É necessário, que perceba as relações entre a literatura a história e a cultura. Perceber a leitura como um diálogo entre leitor e texto, atividade esta fundamental para estimular o ser em sua globalidade (emoções, imaginário e intelecto) que pode levar as informações e a sua formação interior quanto à formação gradativa dos valores no convívio social. Ter a certeza que os meios didáticos dependem do grau de conhecimento das crianças, da adequação de meios e de conteúdos, bem como, e da intencionalidade com que se escolhe e manipula. Ver a escola como espaço privilegiado, para a colocação de alicerces no processo de auto-realização que se inicia na infância e prolonga-se por toda a vida. Diante desses pressupostos, ressalta-se a importância da escola, e acima de tudo, do professor.

O primeiro contato da criança com um texto literário é através da voz da mãe, que costuma contar histórias para seus filhos: contos de fada, histórias inventadas cujos personagens são pais, crianças ou animais, trechos da bíblia, poemas ou histórias atuais, contados em tardes chuvosas, em momentos de descanso, na hora de dormir para embalar os sonhos das crianças. Poder contar histórias é suscitar o imaginário das crianças é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas que a vida nos faz, é encontrar solução para tantos problemas, é encontrar segurança em si mesmo e nos outros.

Em diversos autores percebi que defendem a idéia que através da literatura infantil é que as crianças vão ter segurança para enfrentar os problemas da vida, nesta relação que cria com os personagens, entendendo como os mesmos resolvem os seus conflitos, esclarecendo as dificuldades ao encontrar caminhos para resolvê-los. É através dessa literatura, ao ouvi-la que as crianças entram em contato com as mais diferentes emoções que o ser humano pode sentir como raiva, tristeza, irritação, bem estar, medo, alegria, pavor, insegurança, tranqüilidade, aflição e tantas outras possibilidades que se faz brotar com os olhos da imaginação.

Dentro desse universo da literatura podemos alcançar muitos outros horizontes, viajar para as mais diferentes épocas, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser. É poder entrar em contato com diversas emoções e sensações sem sair do lugar, e porque não aproveitar desse mecanismo para aprender sobre Geografia, História, Filosofia, Política, Sociologia, Matemática, Ciência, sem precisar saber o nome dessas disciplinas e perder o gosto do encanto para se tornar uma aula chata cheia de métodos e de didáticas.

Toda criança  desenvolve-se segundo etapas evolutivas,  com ritmos  e potenciais diferentes para a mesma idade cronológica.

Nos primeiros meses de vida a criança assimila e reage através dos estímulos que recebe  do meio que cerca, de acordo com as necessidades  inerentes à sua idade. Com o desenvolvimento dos movimentos de preensão já começa a desenvolver movimentos que serão indispensáveis para a escrita e munipulação de objetos. A partir desse momento já começamos a incentivar as crianças a leitura e escrita, quando lhes fornecemos materiais como papel e lápis e demonstramos o gosto que temos em ler os textos para elas.

Iniciamos o processo de alfabetização e o gosto pela leitura desde muito cedo. Ao estimular atividades que desenvolvem a linguagem oral. A fala por ser o principal instrumento de comunicação deve ser muito bem utilizada e adaptada em todas as atividades, tornando-se a nova tendência de conteúdo para a educação infantil.

Durante as atividades favorecemos a presença do outro. Sempre foi muito importante em qualquer fase da vida e para qualquer tipo de aprendizagem. A linguagem oral por exemplo é um bem sócio cultural que vai sendo construído nas relações com os familiares, e alargando-se com a participação das crianças em outros grupos sociais, entre estes a escola. A leitura e a escrita também estão inclusos neste processo. (Correia, 2001).

Nos tempos atuais o ensino da linguagem oral vem assumindo uma importância cada vez mais freqüente. Uma vez que  vivemos em uma sociedade democrática onde cada vez mais podemos verbalizar idéias e opiniões, deste modo cabe um trabalho de sistematização com expressão oral desde o início da escolaridade, onde o objetivo principal é oferecer possibilidades de ampliar a sua capacidade de comunicar-se oralmente, falar com fluência e clareza tudo o que pensam, desejam, sonham ou imaginam. Assim do mesmo modo devemos desenvolver a linguagem escrita, onde as idéias são sistematizadas e colocadas no papel na forma de produção própria da escrita, já que a escrita é o modo de fazer com que os outros saibam aquilo que pensamos.  

Durante muito tempo o ensino da leitura e da escrita valorizou apenas aspectos técnicos dessa aprendizagem, aprendia-se usar apenas a escrita como um processo de codificação e decodificação de símbolos linguísticos, e não como sugere Vygotsky de que leitura seja algo que a criança necessita. Segundo Cagliari “a atividade fundamental desenvolvida pela escola  para a formação dos alunos é a leitura” (Cagliari, 1989, p.148). o aluno que não tem boa leittura ou não sente o desejo de ter, poderá juntar diplomas, mas não terá sua herança  maior que é o gostar e ser bom leitor. Novamente sugere-se o papel da escola neste processo, se a familia perdeu seus valores literários cabe à escola reintegrá-los  ao cotidiano infantil.

Em todos os momentos de nossas vidas a leitura é fundamental, e percebe-se que as dificuldades que os alunos tem na escola, e até mesmo para resolver seus problemas é pela falta de interpretação quando lê  o que pode lhes causar problemas muito maiores depois. Ler é uma atividade muito complexa que vai muito além da decodificação de símbolos, mas nela estão relacionados os significados das palavras, as ideologias empregadas e os aspectos sociais, morais, culturais e até mesmo econômicos.

A leitura é uma atividade extremamente individualista, já que as pessoas que lerem o mesmo texto terão interpretações diferentes, mesmo assim podemos assimilar conhecimentos, interiorizá-los e fazer reflexões, já a escrita é uma atividade pela qual podemos exteriorar o nosso pensamento.

Nao podemos afirmar que leitura e escrita sao atividades distintas, pelo contrario uma depende da outra, nao existe escrita sem leitura, cpoiar é um ato distinto de escrever, neste caso.

Dentro dessa perspectiva Cagliari deixa claro o papel da escola:”...a escola que não lê muito para seus alunos e não lhes dá a chance de ler muito está fadada do insucesso e não sabe aproveitar o melhor que pode oferecer aos seus alunos.(1989, p.150).

Se a escola é o principal eixo de leitura, porque não iniciá-la cedo, quando os alunos ainda não decodificam símbolos, mas que fazem sua leitura de mundo, e que esta é agradável e com ela e através dela possamos alfabetizar. Toda escola precisa ter o seu espaço de leitura onde as crianças vivam realmente a magia e o prazer de ler. As classes sociais menos favorecidas , nao tem livros em casa, e a que se percebe as escolas publicas que atendem essas crianças tambem estão desprovidas de bibliotecas e outros recursos literarios.

Para Cagliari (1989) as pessoas que não lêem são comparadas às pessoas mal alimentadas ou vazias, porque a leitura nos enche de conhecimentos, não que a vida se reduza a leitura, mas até mesmo para fazer uma leitura de mundo é diferente de acordo com o que você lê ou deixa de ler. As condições sociais e econômicas interferem muito na leitura e na interpretação ou  para a importância que se dá ao texto.

As atividades escolares são desenvolvidas quase que exclusivamente para a leitura em voz alta, se o aluno decodifica símbolo é considerado um leitor, mas jamais vê-se a leitura como interpretação do que se lê, porque decodificar símbolos não significa ser capaz de entender. Portanto, a leitura não pode estar voltada exclusivamente para o momento de instrumentalização, em que se tem como objetivo o domínio dos códigos e a quantidade de leituras realizadas na escola. Uma das questões fundamentais no exercício  das atividades de leitura é o processo de interação entre a leitura e a construção do sentido.

O processo de leitura vai muito além da decodificação dos símbolos lingüísticos, podemos ter uma turma de crianças que decodificam muito bem os símbolos nas não tem uma interação entre texto e leitor. O bom leitor consegue o que chamamos de “ler as entre linhas” ou seja, perceber até mesmo o que não está claramente escrito para que possa ser verdadeiramente compreendido.

Quando falamos do nosso trabalho, enquanto formadores de leitores temos que ter, bem claro que todos os povos tiveram uma boa tradição oral, mas tiveram ou tem uma boa tradição escrita e nós temos a missão de investir e defender a leitura e escrita mesmo que esta seja desacreditada. Com a televisao, o computador, o video game e a internet e sabendo que as familias nao tem o habito da leitura, o professor tem a responsabilidade de tornar a leitura fonte de prazer, ensinar as crianças a gostar de ler, seduzi-las para as emoções e alegrias da leitura. Mas como oprofessor fará com que o aluno goste de ler  se nem mesmo está motivado paraensinar e aprender a ler. A maneira mais eficaz do aluno gostar dessa atividade  é vendo que seus professores e outras pessoas importamtes para ela valorizam, usam e gostam de ler.

Observo que em meu trabalho dentro da realidade da escola publica  e que muitos pais acreditam ser a escola  a maior responsável pela formação dos leitores, que por isso os pais não tem conhecimento do tipo de leitura que seu filho gosta, declaram não ter tempo para compartilhar momentos de leitura com os filhos e que muitos pais  são analfabetos e que mesmo assim investem em bons livros  ou tem o habito de ler para seus filhos , deixando-se até mesmo de contar historias, porque contar histórias não é só para quem sabe ler, todos apreciam uma boa leitura.

Para as crianças que não lêem a contaçao de historias serve para desenvolver a imaginação e os pequenos são capazes de perceber que os livros  contem palavras que podem ser lidas. Para as crianças maiores  ouvir histórias, frequentemente desenvolve a linguagem oral e escrita, amplia  o vocabulário, desperta a curiosidade  e o interesse pela leitura. Ouvindo, ainda a criança, percebe-se que a história tem início médio estimula o desenho, o teatro, a escrita, a dança, a música, enfim atraves das histórias podemos favorecer o trabalho de desencolvimento  das inteligencias multiplas. Lendo se aprende, se obtem informação, aumenta po vocabulario melhora a escrita, aumenta o vocabulário, melhora a escrita, desperta o prazer.

Segundo Almeida, 2005, nós homens e mulheres ainda estamos vivendo em uma sociedade regida pela oralidade, pela fala. Dizer algo é muito mais pertinente do que escrever. Não que uma tenha mais ou menos importância, mas ambas, tem impotância só  que com  distintas maneiras de se complementarem.

É no encontro com qualquer forma de Literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Nesse sentido, a leitura apresenta-se não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias. Através da leitura a criança entra em contato com sentimentos e emoções, podem-se trabalhar conceitos e formar opiniões.

A leitura, por iniciar o homem no mundo literário, deve ser utilizada como instrumento de sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. E como forma de conhecer a si mesmo.

Para iniciar a leitura nas crianças, os textos apresentados precisam estar intimamente ligados à fase em que a criança se encontra. Para criança pequena, ou para a idade da educação infantil um dos melhores textos a serem utilizados é o da literatura infantil, não, deixando de apresentar toda e qualquer forma de leitura (rótulos, jornais, revistas, calendários, propagandas, etc). Para que a criança torne-se leitor é necessário o contato direto com leitura. Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano. "Infantilizar" as crianças não cria cidadãos capazes de interferir na organização de uma sociedade mais consciente e democrática. O bom livro é aquele que oferece condições de desenvolvimento para a criança sempre que a leitura for atrativa e que possa ser relacionada com a relacionada.

Até bem pouco tempo, com a realidade a Literatura Infantil era considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como um brinquedo ou útil na forma de entretenimento. A valorização da Literatura Infantil, como formadora de consciência dentro da vida cultural das sociedades, é bem recente. A escola tornou-se então o “lugar” apropriado de leitura e de contato com a imaginação e entendimento do que se lê.

Grande maioria das crianças entra em contato com a leitura na escola, quando não há o hábito de leitura na família este se torna o único local de convivência com o saber sistematizado.                                                                                                                                          

5 SUGESTÕES PARA O TRABALHO COM LEITURA

 

 

Deveria ser o objetivo principal de cada professor despertar em cada aluno o prazer pela leitura, e que este gostar permanecesse com a criança pelo resto de sua vida.

Para que a leitura seja prazerosa é necessário saber fazer a escolha do texto. A escolha  não é uma tarefa fácil, o primeiro aspecto a se considerar é a influência que o texto tem  na vida do leitor. Pois todos os textos transmitem  modelos de vida, onde o indivíduo pode buscar  referências para a sua formação de sua identidade, cultura e avaliar o seu modo de pensar e agir, seus valores e crenças.

As histórias são facilitadoras do processo de criatividade, e por isso, podem ser utilizadas em qualquer idade e sem um conhecimento prévio das angústias das crianças, e o momento de desenvolvimento em que se encontra. Mas se a história não for adequada ao nível de desenvolvimento, não lhe interessará e desta forma perderá o seu efeito motivador. Quando adequadas à idade, funcionam como facilitadoras do processo de elaboração dos sentimentos como medo, angústias e problemas internos. E quando bem trabalhadas suscitam a imaginação, dando condições emocionais para superar as adversidades da vida.

No trabalho realizado em escolas públicas, temos muitos desafios na escolhas dos textos, uma vez que as diversidades culturais dos alunos são muito heterogêneas, e portanto, o melhor é trabalhar com uma grande variedade de textos com a finalidade de atrair o gosto de todos.

Outro fator importante no momento de determinar a leitura são as ilustrações. Em muitos casos elas somente manipulam a atenção, mas geralmente apresentam em seu colorido a oportunidade para o professor aguçar a curiosidade pelo texto despertando o interesse em ler. As figuras, especialmente para os pequenos, encanta e pode ser fonte de prazer.

A diversidade textual pode abrir caminho para o maior interesse já que através de diferentes textos muitas são as possibilidades de trabalhar com projetos diversos e integrando as disciplinas, o que chamamos de interdisciplinariedade.

Hoje, nas escolas de ensino fundamental, para incentivar a criança a aprender ler usam-se histórias e por outro lado, as histórias muitas vezes, servem para controlar o comportamento dos alunos ou para transmitir valores morais e normas de conduta.

A formação do leitor é um compromisso da escola, pois é nela que o aluno adquire a habilitação inicial para a prática do hábito de ler e deve despertar sua sensibilidade e gosto pela leitura. A escola é para muitos, o único caminho de acesso ao livro e á leitura.

A leitura na verdade não deve ser vista apenas como um hábito a ser desenvolvido, mas como uma permanente ampliação dos limites culturais, que a escola deve cultivar para que à medida que a criança ou jovem leiam uma obra literária, construam, com seu conhecimento intelectual, emocional e evolutivo significados e imagens apoiadas nas pistas do texto.

Em nossa sociedade o livro é uma forma de desenvolver uma ação educativa, mas, para uma educação integral, o aluno não precisa ler somente obras literárias que servem para saber mais. Ele precisa de um texto que seja desafiante, que exige sua intervenção enquanto leitor, que levanta as questões vivenciadas e abre novas perspectivas durante a infância e adolescência que se forma o leitor nato. Nas atividades com literatura na sala de aula é necessário o planejamento integrado de atividades de leitura com estímulos as inteligências múltiplas, num trabalho interdisciplinar e cooperativo, voltado para as necessidades e interesses dos alunos.

É contando e ouvindo histórias que o homem buscará, nas semelhanças das narrativas vividas pelos personagens ficcionais, respostas para suas aflições. O faz-de-conta é um meio de crescimento. Os povos primitivos recorreram às narrativas para tentar explicar o que para eles parecia inexplicável. Precisamos entender as crianças como um ser humano em fase de maturação, face a face com os mistérios da vida procurando explicação para os problemas através do imaginário. Inventar ou contar, ouvir ou ler histórias são atividades inerentes ao ser humano.

Para que o professor tenha condições de desenvolver um bom projeto interdisciplinar com o uso da leitura e pesquisa, necessita que veja o educando como um ser educável, aprendiz da cultura, que veja a leitura como um fenômeno de linguagem resultante de uma experiência existencial, social e cultural. É necessário, que perceba as relações entre a leitura a própria história e a cultura. Perceber a leitura como um diálogo entre leitor e texto, atividade esta fundamental para estimular o ser em sua globalidade (emoções, imaginário e intelecto) que pode levar as informações e a sua formação interior quanto à formação gradativa dos valores no convívio social. Ter a certeza que os meios didáticos dependem do grau de conhecimento das crianças, da adequação de meios e de conteúdos, bem como, e da intencionalidade com que se escolhe e manipula. Ver a escola como espaço privilegiado, para a colocação de alicerces no processo de auto-realização que se inicia na infância e prolonga-se por toda a vida. Diante desses pressupostos, ressalta-se a importância da escola, e acima de tudo, do professor.

Podemos assim afirmar que a porta de entrada para que o leitor encontre a leitura como fonte de informação, entretenimento e de prazer é na escola. E para isso é muito importante que o professor valorize a leitura tornando na sua sala de aula a leitura um hábito saudável e prazeroso. Não podemos esperar muito da família, nossa cultura sempre foi baseada nas tradições orais e, portanto não é tarefa fácil mudar uma sociedade marcada pelo fato de ser mais importante ouvir do que ler, falar do que escrever.

É importante que o professor busque novas estratégias para trabalhar a leitura e em detrimento a isso levar em conta os conhecimentos prévios e os gostos das crianças.

Em meio um mundo globalizado onde a televisão e a internet tomaram o lugar do professor, enquanto transmissor de informações temos que repensar as estratégias e buscar nas tecnologias os caminhos para tornar a escola atrativa. A televisão, a internet, o vídeo-game e o cinema podem ser ótimos aliados, basta que o professor seja criativo e aproveite esses recursos no dia-a-dia.

O tempo de contato que a criança tem com a leitura dentro da sala de aula é muito valioso, pois é o momento de mostrar este mundo maravilhoso da magia e da capacidade de inventar e reinventar esse mundo. Utilizar diferentes recursos materiais estimula muito mais essa capacidade intelectual de imaginar, principalmente em crianças nos estágios motor e sensório motor.. Com o uso dos fantoches, dedoches, máscaras, roupas e outros objetos as crianças podem além de ouvir, tocar e participar deste universo literário divertem-se e expressam-se de modo natural.

A escola é definitivamente o maior responsável pela formação do leitor uma vez que a família também não assume seu compromisso. Ao educador cabe a responsabilidade do importante papel na formação do leitor e do prazer em ler. Professor reflita sua pratica educativa, seu modo de ser e de dedicar-se em relação à leitura para assim melhorar o índice nacional de desempenho dos nossos alunos. Somente com uma boa avaliação do todo é que conseguiremos formar cidadãos com bom desempenho de leitura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema escolhido ofereceu a oportunidade de pesquisar a arte de contar e ouvir histórias na educação infantil, observando como este procedimento é feito dentro da escola e como os professores desta área trabalham com as histórias infantis no espaço escolar, e observar a reação das crianças durante a contação de histórias, perceber se gostam de ouvir histórias e que tipo de histórias mais chama a atenção das crianças.

Quando uma história é bem contada pode provocar nas crianças diversas reações, pode fazer com que a criança desenvolva uma curiosidade com o letramento, e com a leitura, auxiliando o mesmo na construção de sua identidade pessoal, pois a contação de histórias pode transformar o imaginário em realidade relatando fatos corriqueiros na vida da criança, como a perda, violência discriminação racial etc.

     Esta pesquisa foi feita com crianças entre 3 e 4 anos e teve  como objetivo a observação  e a percepção das reações das crianças, e o encantamento que a história pode causar nas mesmas, relatando-as podendo assim haver um registro das suas criatividades e da interação com história, analisando assim o que elas sentem, pensam em relação da história, e se conseguem participar da mesma criando um mundo imaginário, tendo assim  a oportunidade de registrar esse momento mágico com a história, quais são as emoções que as mesmas demonstram diante da história, foi feito também um questionário com os educadores, envolvidos com o grupo  onde será analisado o conhecimento  relacionando assim a fase de desenvolvimento da criança,quais são seus procedimentos  didáticos fazendo assim uma análise de intervenção  com a história percebendo seus resultados.

Pois a história além de proporcionar valores culturais permite que a criança tenha um bom desenvolvimento intelectual e emocional, por ter o poder de relacionar a fantasia com a realidade, assim será possível também identificar o grau de dificuldade das crianças e até que ponto são incentivadas a leitura, saber até onde a família colabora com  a criança. Este projeto abrange uma turma de maternal  de um cemeis  de Sorriso MT. Objetivo deste artigo é demonstrar que a contação de histórias pode promover, por meio da correção lingüística, a reeducação de formas inadequadas da expressão oral de uma criança que não possui estímulos ou modelos de comunicação adequados.

A fundamentação teórica baseou-se nas teorias do desenvolvimento físico psicológico e cognitivo dessa fase, a importância da relação ensino – aprendizagem com a dinâmica do conto de história instigando emoções para promover um ambiente favorável a aprendizagem.


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ZILBERMANN, Regina. A literatura Infantil na escola. 11ª edição. São Paulo, SP. Editora Global. 2003.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXOS

 

Para criar momentos agradáveis na hora de contar histórias aqui vão algumas dicas.

“Tenho paixão pela literatura infantil e acho que todos deveriam ter afinal podemos criar situações maravilhosas com ela e através dela. ”

Este eu ainda quero fazer tirei da net

Uso ele todos os dias na creche onde trabalho.

Alguns fantoches.

Estes são os dedoches de alguns dos animaizinhos da fazenda, o qual trabalhamos o tema bichos.

[1] Dilair Bartziki dos Santos Luiz, graduada em licenciatura plena em Pedagogia, no ano de 2010, pela Faculdade Educacional da Lapa – FAEL. Pós graduada em Psicopedagogia, Educação Infantil e Alfabetização, no ano de 2014, pela Associação Varzeagrandense de Ensino e Cultura.

[2] Euzinete Alves Da Silva, graduada em licenciatura plena em Pedagogia, no ano 2014, pela UNINTER Centro Universitário. Pós graduada em Psicopedagogia, Educação Infantil e Alfabetização, no ano de 2015, pela Associação Varzeagrandense de Ensino e Cultura