A importância da afetividade na relação professor-aluno

Por francisco leandro lourenço de queroz | 28/07/2010 | Educação

Francisco Leandro Lourenço de Queroz

Palavras-chave: Afetividade- Aprendizagem-Desenvolvimento.

1 INTRODUÇÃO
Este trabalho discorrerá sobre a análise da afetividade e sua contribuição na relação professor-aluno. Objetivando descrever a respeito do aspecto socioafetivo como mola propulsora da ação educativa, são enfatizados vários aspectos que estão vinculados a interferência no processo de aprendizagem, esses ligados a fatores no contexto afetivo do educando. Reconhecendo-se a complexidade humana que a sociedade se mostra atualmente, e as rápidas mudanças que o mundo tem passado e também percebendo as dificuldades enfrentadas nas relações entre indivíduos de demonstrações de sinais afetivos dentro de um contexto social e/ou familiar, e mais precisamente nas instituições educacionais, notamos o quanto é importante abordar essa questão, visto que, a ausência de afetividade está também voltada a abordagens, que diz respeito ao comprometimento da aprendizagem e a socialização dos educandos no espaço escolar.


2 O FATOR SOCIAL E BIOLÓGICO NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


É importante voltarmos o olhar, para fatores que estão relacionados, diretamente, com o social e o biológico no desenvolvimento cognitivo do individuo. Para tanto se faz indispensável à compreensão do teórico Vygotsky (1896-1934), que em seus estudos trouxe grande contribuição para estudiosos que tratam do desenvolvimento humano ligado a inquisição de conhecimentos através da interação com o outro e o meio, como peça principal para o desenvolvimento humano. O mesmo deu ênfase ao papel sociocognitivo da linguagem a da aprendizagem.


Desde o nascimento a criança está em constante interação com os adultos que compartilham com ela seus modos de viver, de fazer coisas, de dizer e de pensar, integrando-a aos significados que foram sendo produzidos a acumulados historicamente (FONTANA, 1997, p. 57).


Conforme Vygotsky (1998), a criança nasce em um importante meio social, que é a família, e nesta ela vai desenvolver um primeiro contato com a linguagem ao interagir com os adultos. Nesse sentido, recorremos ao recurso da mediação que nada mais é que a intervenção indispensável de que o outro necessita para que haja uma construção de novos conhecimentos estabelecidos por meio da relação. Para Vygotsky, o homem se produz na e pela linguagem, e o mesmo, por meio do processo de interação com o outro construirá seu pensamento de acordo com os saberes do meio social onde estiver inserido e a questão do aprendizado da criança não começa necessariamente na ambiente escolar, mas, que toda condição de aprendizagem escolar se depara sempre com uma história de aprendizagem prévia. Essa relação existente entre individuo e meio é mediada por elementos que dão auxilio a atividade humana, que são o signo e o instrumento.


[...] o trabalho que, pela ação transformadora do homem sobre a natureza, une o homem a natureza e cria a cultura e a história humana. No trabalho desenvolvem-se, por um lado, a atividade coletiva e, portanto, as relações sociais e, por outro lado, a criação e utilização de instrumentos (VYGOTSKY apud OLIVEIRA, 1999, p. 27-28).


Ao faze uso dos instrumentos, o homem aumenta as possibilidades de transformar a natureza, sendo assim, um objeto social. A linguagem tem um poder, impar ao ser humano, pois a mesma permeia ao homem, a busca por providenciar soluções, que por meio de instrumentos, auxiliam em tarefas difíceis, como também permite o planejamento de uma solução para um determinado problema encontrado e o controle de seu comportamento.
Outro importante pesquisador que se preocupou com o desenvolvimento cognitivo do ser humano, foi Jean Piaget (1896-1980), o mesmo centrou o pensamento lógico matemático, sinônimo de inteligência e estrutura cognitiva, como objeto de seu estudo. Por meio de uma observação bastante criteriosa de seus próprios filhos e também de outras crianças, ele chegou então a concluir que em questões difíceis, as crianças não pensam como o adulto. Diante desse processo de investigação, Piaget adotou concepções de desenvolvimento, que envolve um processo contínuo de trocas entre o organismo e o meio ambiente.


Se tomarmos a noção do social nos diferentes sentidos do termo, isto é, englobando tanto as tendências hereditárias que nos levam à vida em comum e à imitação, como as relações "exteriores" (no sentido de Durkeim) dos indivíduos entre eles, não se pode negar que, desde o nascimento, o desenvolvimento intelectual é simultaneamente da sociedade e do indivíduo (PIAGET apud LA TAILLE, 1992, p.11-12).


Na interação com a realidade, a criança opera ativamente com o meio a sua volta (objetos e pessoas), sendo assim ela um ser dinâmico. Através dessa interação, com o meio, e permitida à criança a construção de novas estruturas mentais a cada dia e faz com que a criança adquira maneiras de fazê-las funcionar.

3 A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO AMBIENTE EDUCACIONAL

Para termos noção da importância da afetividade no espaço, levamos em conta primeiramente o seu valor na vida do ser humano, pois a mesma está ligada desde a sua vida intra-uterina até a morte, revelando-se como uma forte fonte geradora de potência e energia, ela se mostra como o alicerce, sobre o qual se constrói o conhecimento racional. É incontestável que o aspecto afetivo vem a preencher algumas lacunas observáveis, na função essencial da construção de conhecimentos, este fundamental para a aprendizagem do educando. O docente deve estar atento a questões voltadas para o comportamento do discente em sala, visto que o mesmo pode estar sendo afetado por desestruturas de cunho afetivo, tanto no meio social quanto familiar. No transcurso do desenvolvimento, as conexões ligadas à afetividade vão se estendendo, e a figura do educador brota com intensa estima na relação de ensino e aprendizagem, porém dependerá da atuação do mesmo. "Para aprender, necessitam-se dois personagens (ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos. [...] aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar" (FERNÁNDEZ, 1991, p.47 e 52).


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa problemática da ausência de afetividade é um agravante, porque se o aluno não se sente importante, logo sua auto-estima é afetada, e cabe ao professor estar atento a essa questão, além de mediador de conhecimento, ele deve reconhecer que a uma relevância no aspecto afetivo na subjetividade nas mais variadas inter-relações em muitos segmentos da sociedade, desde os primeiros dias de existência do indivíduo, até no decorrer de seu desenvolvimento integral no contexto social. Numa sociedade cada vez mais individualista e competitiva, o ser humano, deve reconhecer-se como sujeito sociável, que depende do outro como coadjuvante do seu desenvolvimento e crescimento.

5 REFERÊNCIAS

FERNANDÉZ, Alícia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
FONTANA, Roseli; CRUZ, M. N. da. Psicologia e trabalho pedagogico. São Paulo: Atual, 1997.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. O problema da afetividade em Vygotsky. In: LA TEILLE, Yves de. et al. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discurssão. São Paulo, Summus, 1992.