A Ilha

Por Cadorno Teles | 08/11/2008 | Resumos

Tendo como cenário a ilha de Spinalonga, na costa cretense, o livro A Ilha (The Island), aborda como o sentimento do amor pode vencer qualquer adversidade. Estréia na literatura de Victoria Hislop, uma inglesa que escreve para revistas e guias de turismo, cujo argumento foi inspirado após reparar uma nota sobre uma ilha a leste de Creta, que serviu como colônia de leprosos de 1903 a 1957. O lugar era mantido pelo governo grego e foi fechado quando a cura da doença foi encontrada. Usando a ambientação espacial e temporal, Hislop criou a narrativa de uma família que trilhou a época em meio aos sofrimentos da exclusão, do preconceito e da guerra. O romance rendeu à autora o prêmio Melhor estreante do Ano no Galaxy British Book Awards de 2007, e chega ao Brasil, pelo selo da editora Intrínseca, novamente caprichando na publicação deste bestseller.

A narrativa conta a estória de Alexis Fielding, uma mulher que vive um momento único em que tem que tomar uma decisão importante, acabar com as incertezas de seu cotidiano, algo como um reflexo do passado de sua mãe, Sofia, que pouco fala sobre esse período. A jovem arqueóloga só sabe que sua mãe deixou Creta depois do casamento com um arqueólogo britânico. A história compartilhada com a família se resumia à informação de que Sofia fora criada em Plaka, um vilarejo de Creta, antes de conhecer o marido.

Assim Alexis viaja até a Grécia em férias e inicia a trajetória que levará a descobrir que sua família grega, de nome Petrakis, foi martirizada pelos açoites da lepra. Sua mãe confia a uma velha amiga de Creta, Fotini Davaras, a tarefa de esclarecer o passado e revelar a história da família. Assim a narrativa retrocede a 1939, e se desenvolve a partir do diagnóstico de lepra de uma professora do povoado de Plaka, condenada a viver na ilha de Spinalonga, o "lugar dos mortos-vivos", afastada das filhas e do marido. A autora perfila os segredos da família, resgatando em comum com o leitor, cada revelação feita pela personagem. De sua bisavó a uma tia-avó, a personagem trilha que a doença "conviveu" intensamente em seus parentes e desta forma, descobrindo o passado, consegue desvendar qual será o seu futuro, retirando da lição de vida que aquelas mulheres tiveram ao vencer as barreiras do preconceito através do amor e pela força de vontade de viver.

Compondo um amalgama entre a tragédia kafkaniana e o lado seqüencial de emoções, Hislop detalha os preconceitos que a lepra trazia aos seus portadores, os medos e as dores que sentiam. A ilha é mostrada em seu âmago, principalmente do que se refere à comunidade de leprosos que moravam por lá, no caso a família Petrakis. Uma história que mostra como viveram os infectados pela hanseníase naquele período, fruto de uma investigação pormenorizada sobre o assunto, sobre as ilhas e os costumes da cultura grega e cretense.

Um livro comovente e expressivo pelo tema abordado, um romance que possui tudo que esperamos do gênero: nascimentos, casamentos, uniões, traição, infidelidade, doença e morte. Vale a pena.

VICTORIA HISLOP nasceu em Kent, na Inglaterra. Graduada em Letras pela Universidade de Oxford, trabalhou no mercado editorial e tornou-se jornalista freelancer na área de viagens e turismo. Depois de morar em Londres por vinte anos, voltou a viver em Kent com o marido, Ian Hislop, e os dois filhos.



SERVIÇO 
 A ilha de Victoria Hislop
Tradução de The island, por Fernanda Abreu
365 páginas, R$ 39,90