A IGREJA CATÓLICA NO DESÍGNIO DE DEUS
Por Joacir Soares d'Abadia | 19/07/2010 | BíbliaA IGREJA CATÓLICA NO DESÍGNIO DE DEUS
Joacir Soares d?Abadia
Irmãos e irmãs, nesta Solenidade de São Pedro e São Paulo a Liturgia vem nos mostrar uma Igreja que reza intercedendo por quem mais necessita, pois foi fundada pelo próprio Cristo, modelo de oração para todos nós Cristãos (At 12,1-11; Sl 33; 2Tm 4,6-8.17-18 e Mt 16,13-19). Então, partindo destas colunas da Igreja que são Pedro e Paulo gostaria de refletir com vocês a respeito da Igreja com esta pergunta: "o que é a Igreja Católica no desígnio de Deus?"
Inicialmente dizemos que é uma realidade misteriosa. Mas por ser mistério não pode lavar-nos a crer que seja impossível de se tramar uma reflexão a respeito dela. É, pois, um mistério de Salvação. Ou seja, é um mistério que atingem os homens, porque são esses os que têm a possibilidade de serem salvos.
A Igreja, por ser uma realidade misteriosa, tem-se várias definições, as quais aparecem nas Sagradas Escrituras, na Tradição e no Magistério da Igreja Católica.
A definição de "Igreja" mais usual é a palavra das línguas latinas ekklesia da versão da expressão hebraica qahal (ou qehal) que é "a comunidade dos cristãos".
No parágrafo ou seção (§ 751) do Catecismo está divulgado que a palavra "Igreja" significa "convocação". Designa assembleias do povo (cf. At 29,38), geralmente de caráter religioso.
Nela, Deus "convoca" seu Povo de todos os confins da terra. São Cipriano, portanto, escreve que a Igreja é o "povo congregado na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Por isso que quando ela reza inicia-se sempre pelo Sinal da Cruz.
A Constituição Dogmática "Lumen Gentium" (LG) que trata sobre a Igreja ensina que ela é "o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano" (LG 1).
A Igreja, portanto, aparece com diversas qualificações sem que uma possa vir em detrimento da outra, mas pelo contrário, todas elas se unem para procurar definir uma realidade que é, em si mesma, Mistério de Salvação.
O termo "Igreja" nos evangelhos aparece apenas três vezes. Hoje no Evangelho de São Mateus diz: "eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja" (Mt 16,18) e, duas vezes, em Mt 18, 17: "Caso não lhes der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja der ouvido, trata-o como gentio ou publicano".
Além do Evangelho de São Mateus, os Atos dos Apóstolos é o livro mais abundante do termo Igreja, onde a apresenta viva e atuante como a Primeira Leitura de hoje nos apresenta: "Enquanto Pedro era mantido na prisão a Igreja rezava continuamente a Deus por ele" (At 12,5). É uma Igreja que convoca para a missão e para o compromisso diário.
A origem, com efeito, da Igreja pode ter se dado em cinco momentos: na Encarnação do Verbo: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós" (cf. Jo 1, 14); no primado de Pedro: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela" (cf. Mt 16, 18); do lado aberto de Cristo (SC 5; LG 3); na Última Ceia com a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio e Pentecostes (At 2, 1-4).
Em síntese, a Igreja Católica no desígnio de Deus é a comunidade reunida; é assembleia convocada por Cristo. O Catecismo diz que Igreja "Designa a assembleia daqueles que a Palavra de Deus convoca para formarem o Povo de Deus e que, alimentados pelo Corpo de Cristo, se tornam Corpo de Cristo" (CEC § 777). Na "Dei Verbum" é apresentada a Igreja como aquela que "perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê" (DV 8).