A Humanização no Atendimento ao Parto Normal: Um desafio para a Enfermagem.

Por Marco Antonio dos Santos Lima | 12/05/2011 | Saúde

Bianca Barbosa Carcabrini.
Cleusa Ribeiro da Silva Lima1
Cristiene Barroso Cassiano1
Marco Antonio dos Santos Lima1
Carmen Regina Colonese2

Resumo
Introdução: Durante o parto normal, a mãe deve ter o contato direto com seu bebê, pois é neste momento que a troca de sentimento e afeto se torna mútua, trazendo conforto e bem-estar incondicional para a mãe e o bebê. Objeto: a humanização no atendimento ao parto normal. Objetivo: Buscamos determinar a incidência das publicações científicas, no período entre 2002 a 2009, com um estudo descritivo exploratório, que abordam a humanização da assistência no parto normal, da base de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Saúde/LILACS, Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Base de Dados de Enfermagem (BDEnf). Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva bibliográfica. Resultados: foram encontradas 12 bibliografias que foram divididas nas respectivas áreas temáticas: Centros de Parto Normal, Intercorrências, Educação em Saúde nas Casas de Parto e Percepção do Enfermeiro Obstetra. Conclusão: Estes estudos mostraram que o Enfermeiro obstetra tem enfrentado grandes desafios ao defender a ideologia da parturição natural que utiliza a humanização como estratégia do cuidar em Enfermagem obstétrica, na busca em resgatar um princípio da natureza humana, um direito da mulher e sua família, por conta de que ainda há um grande paradigma em relação a não se hospitalizar o parto, em não tratá-lo como doença.
Descritores: Enfermagem, humanização no parto, parto normal, enfermagem obstétrica.

Summary
Introduction: During normal delivery the mother should have direct contact with your baby, because at the moment is that the exchange of affection and feeling becomes mutual, bringing comfort and well-being unqualified for the mother and baby. Object: the humanization of care in normal childbirth. Objective: We sought to determine the impact of scientific publications in the period 2002-2009 with a descriptive exploratory study addressing the humanization of care in normal birth, the database: Latin American and Caribbean Center on Health / LILACS, Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Database of Nursing (BDEnf). Methodology: This was a descriptive bibliography. Results: twelve bibliographies that were found were divided in their respective thematic areas: Centers for normal delivery, Complications, Health Education Labor and the Houses of Perception of the nurse midwife. Conclusion: These studies showed that the nurse midwife has faced major challenges in defending the ideology of natural childbirth using the strategy as humanization of care in obstetrical nursing in the quest to recue a principle of human nature, a woman?s, right and his family, because of that there is still a major paradigm in relation to not hospitalize the delivery, not to treat it as a disease.
Keywords: Nursing, humanization in delivery, normal delivery, obstetrical nursing.


1- INTRODUÇÃO
O parto natural é uma situação fisiológica da mulher para dar continuidade a um à preservação da espécie. Durante o parto normal, a mãe deve ter o contato direto com seu bebê, pois é neste momento que a troca de sentimento e afeto se torna mútua, trazendo conforto e bem-estar incondicional para ambos.
Brasil (2007) visa além de promoção à atenção obstétrica neonatal qualificada e humanizada, a diminuição da mortalidade das mães e dos bebês que se dão decorrentes de infecções hospitalares geradas após cirurgias cesáreas. Essa política também preestabelece melhorias do atendimento nas unidades públicas de saúde a estas mulheres.
"Nesse sentido, faz-se necessário que o profissional de saúde aborde a mulher na sua inteireza, considerando a sua história de vida, os seus sentimentos e o ambiente em que vive, estabelecendo uma relação entre sujeito e sujeito e valorizando a unicidade e individualidade de cada caso e de cada pessoa." (BRASIL, 2006).
As histórias das mulheres na busca pelos serviços de saúde expressam discriminação, frustrações e violações aos direitos. Por essa razão, a humanização e a qualidade da atenção implica a promoção, reconhecimento, e respeito aos direitos humanos, que garanta a saúde integral e bem-estar do binômio mãe-filho.
Frente a esta atribuição do Enfermeiro, temos como pertinente o processo de humanização do parto normal realizado pelo mesmo, tendo sido reconhecida oficialmente a profissão de Enfermeiro pelo Ministério da Saúde em 1998.
Vale ressaltar que a Enfermagem vem participando das discussões acerca da saúde da mulher, juntamente com movimentos sociais feministas, em defesa do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento.
O Ministério da Saúde tem criado portarias que defendem a atuação do enfermeiro na atenção integral à saúde da mulher, privilegiando o período gravídico-puerperal, por entender que essas medidas são essenciais para a diminuição de intervenções, riscos e consequente humanização da assistência, tanto em maternidades, como em casas de parto (BRASIL, 2003).
Diante do exposto, o objeto desse estudo é a humanização no atendimento ao parto normal. O objetivo é determinar a incidência das publicações científicas, no período de 2002 a 2009, que aborda a humanização da assistência no parto normal, na base de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Saúde/LILACS, Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF).
O parto normal traz inúmeros benefícios para a mãe e o bebê, pois é natural, a recuperação da mãe é rápida, corre menos riscos de contaminações, e em casa, não possui exposição do bebê nem da mãe ao ambiente hospitalar, além do bebê receber um "banho" de anticorpos no canal do parto que o acompanharão pelo resto de sua vida. Porém, ainda assim, de acordo com o DATASUS, o número de partos cesáreos desnecessários realizados no Brasil aumentou em uma proporção de 57% no período de 2004 a 2006 estando em destaque a região sul e sudeste (BRASIL, 2006).
O Ministério da Saúde, diante desses números crescentes de partos casarios e também de suas complicações, passou, então, a realizar políticas de incentivo ao parto natural, que também está ligada à humanização. De acordo com Dias e Domingues (2005) estas noções já vêm sendo utilizadas há vários anos, em especial, na área da saúde. O campo de assistência ao parto tem sido objetivado por várias propostas de modificações deste modelo, principalmente, quando se fala de parto de baixo-risco.
Segundo Machado e Praça (2006), a assistência obstétrica deve ser centrada nas necessidades da cliente não se baseando apenas em normas e procedimentos, e sim na valorização da individualidade, considerando a parturiente um ser bio-psico-social-espiritual. Sendo assim, o Enfermeiro tem como responsabilidade estar preservando e valorizando esses fatores.
O Ministério da Saúde, ao identificar o número significativo de queixas dos usuários referentes aos maus tratos nos hospitais, tomou a iniciativa de convidar profissionais da área de saúde mental para elaborar uma proposta de trabalho voltada à humanização dos serviços hospitalares públicos de saúde (BRASIL, 2006).
Esses profissionais constituíram um Comitê Técnico que elaborou um Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) com o objetivo de promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no Brasil.
O PNHAH propõe um conjunto de ações integradas que visam a mudar substancialmente o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados por essas instituições. É seu objetivo fundamental aprimorar as relações entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais entre si, e do hospital com a comunidade (BRASIL, 2006).
Ao valorizar o contexto subjetivo humano, presente nas ações da assistência à saúde, o PNHAH assinala para uma reestruturação da qualidade nos hospitais públicos, com o propósito de torná-los como organizações mais modernas, dinâmicas e solidárias, em condições de atender às perspectiva dos gestores e da comunidade.
Assim, esperamos contribuir, levando dados de pesquisa e ensino sobre a importância de se humanizar o parto normal. Essa pesquisa é direcionada aos acadêmicos e profissionais de Enfermagem, para que os mesmos sintam-se motivados a realizar reflexões e pesquisas científicas nessa área.
2 - METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva bibliográfica. Para Gil (1991) a pesquisa bibliográfica é aquela elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e disponibilizados na internet. A pesquisa foi realizada por meio eletrônico onde se buscou identificar a incidência das publicações científicas, no período de 2002 a 2009, que aborda a humanização da assistência no parto normal, na base de dados em saúde: Literatura Latino-Americana e do Caribe (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Utilizamos para essa pesquisa os seguintes descritores: Enfermagem, humanização do parto, parto normal e enfermagem obstétrica.
Após a seleção dos artigos indexados, foi feita uma leitura superficial do material obtido, para selecionar o que era de interesse para a pesquisa; em seguida, realizou-se uma leitura minuciosa, a fim de não serem perdidos pontos importantes para o enriquecimento do estudo e composição deste artigo.
Distribuição quantitativa das bibliografias encontradas nas bases de dados LILAC'S, SCIELO e BDENF descritas no quadro um:
Após realizarmos a busca individual dos descritores, fizemos de forma associada os descritores utilizados, a fim de reduzir o quantitativo de estudos gerados, através de um refinamento direcionado para o foco do estudo e respeitando a ordem cronológica compreendida entre 2002 a 2009. A partir destes resultados foi gerado o quadro um:
DESCRITORES LILAC?S SCIELO BEDENF TOTAL
Enfermagem Obstétrica + Parto Normal 53 0 42 95
Parto Normal + Humanização no Parto 19 0 11 30
Humanização no parto + Enfermagem 59 0 53 112
Enfermagem Obstétrica + Parto Normal + Humanização no Parto + Enfermagem 8 3 9 20
Quadro 1: Consulta LILAC'S, SCIELO e BEDENF com associação dos descritores utilizados.
Depois de fazermos uma pré-leitura, realizamos as leituras seletivas, escolhemos dentre o material encontrado, o que melhor concorda com o propósito do trabalho e os critérios do pesquisador.
3- RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após esta segunda etapa da nossa pesquisa, foram obtidas vinte bibliografias, sendo que destas, oito se repetiam nas bases de dados. Foi gerado um novo quantitativo com doze estudos, onde foram excluídas as bibliografias repetidas.
Autor Ano Base de dados/Fonte Título
AQUINO, Gilvania Magda Luz de
2003 BDENF: Tese: Fonte: Natal; s.n; dez. 2003. 105f p. O cuidado no parto normal pela enfermeira obstetra na perspectiva da puérpera.
BARROS, L.M.; Silva, R. M. 2004 LILAC?S: Texto e contexto enferm. 13 (3): 372-382, jul/set Atuação da enfermeira na assistência a mulher no processo de parturição.

MACHADO, N. X.S.;
PRAÇA, N.S. 2004
BDENF
LILAC?S/SCIELO
Centro de parto normal e assistência obstétrica centradas nas necessidades da parturiente.
MACHADO, Nilce Xavier de Souza; 2004 LILAC?S: Rev.Esc Enferm USP; 40(2): 274-279 Junho
Infecção puerperal em um centro de parto normal: ocorrência e fatores de risco.
MOURA, E.R.F.; Silva, R. M. 2004 LILAC?S: ver. Paulistana de enfermagem: 17(2): 141,147; junho Assistência humanizada ao parto a partir de uma história de vida tópica.
ALMEIDA, Marisa Silva
2005 BDENF: Tese: Fonte: Ribeirão Preto; s.n; dez. 2005. 168f p. Assistência de enfermagem à mulher no período puerperal: uma análise das necessidades como subsídios para a construção de indicadores de gênero.
CASTRO, J.C.;
CLAPIS, M.J. 2005 SCIELO: ver. Latino amer. de enferm. pág. 67 Parto humanizado na percepção das enfermeiras obstétricas envolvidas com a assistência ao parto.
RABELO, L.R.;
DORA, L.O. 2006 LILAC?S: Tese: Porto Alegre; s.n; 2006. 126 p. Percepções de enfermeiras obstétricas na atenção ao parto normal hospitalar.
MOURA,F.M. et AL 2007 LILAC?S
SCIELO A humanização e assistência de enfermagem ao parto normal.
COSTA, Rafael Ferreira da 2007 LILAC?S As práticas educativas na casa de parto David Capstrano Filho. Sob a ótica do cuidado cultural
LOPES, Alessandrea Silva 2007 LILAC?S: Rio de janeiro s/n. 69 pág. A vivência da privacidade pelas parturientes no cotidiano hospitalar: uma contribuição para o cuidar em enfermagem obstétrica.
SILVEIRA, Joyce da Costa 2007 LILAC?S: Ver.Enferm.UERJ; 16(4):512-517, out.-dez Ensino da prevenção e reparo do trauma perineal nos cursos de especialização em enfermagem obstétrica
Quadro 2: Distribuição das bibliografias encontradas nas bases de dados BDENF, SciELO, LILACS utilizadas.
Os resultados de cada artigo foram apresentados de forma descritiva para facilitar ao leitor a sua compreensão, respeitando a seqüência cronológica do artigo mais antigo para o mais recente. O resultado gerado com a busca dos artigos que foram agrupados nas seguintes áreas temáticas:
Casas de Parto Normal
As casas de parto normal são instituições direcionadas para atendimento das puérperas que desejam realizar um parto natural e que não possuem uma gravidez de risco atendendo às normas preconizadas pelo Ministério da Saúde. Machado e Praça (2004). Nesses centros, as mulheres são assistidas por enfermeiros obstetras desde o pré-natal até o pós-parto. Os enfermeiros obstetras atuam seguindo os programas de humanização no atendimento, buscando resgatar as práticas de parturição que eram exercidas antes de se hospitalizar o parto.
Conforme Lopes (2007), algumas maternidades tradicionais ainda sustentam a ideia de se hospitalizar o parto em entidades superlotadas, fazendo com que essa gestante perca sua privacidade e autonomia, estando submetidas às normas institucionais.
Segundo Paiva (apud Moura, 2007), a história nos mostra como aconteciam os partos naturais, que eram exclusivamente realizados pelas parteiras nas residências, gerando grande afinidade e troca de saberes empíricos que eram passados, gerações após gerações, tornando-as conhecidas por sua experiência.
Osava (apud Moura, 2007) mostra que a partir do século XX, na década de 40, houve um aumento significativo de internações no parto descaracterizando-o como um fenômeno natural de um processo fisiológico, levando-o a sofrer intervenções de profissionais de saúde, que passaram a medicalizar as mulheres e afastá-las de seus familiares durante o processo de parturição, tornando-as submissas, fazendo com que elas perdessem sua privacidade e autonomia, sendo separadas de sua família, e submetidas às normas institucionais.
"A história de vida revelou sérios obstáculos à qualidade da assistência obstétrica que, analisados à luz da humanização foram identificados como atitudes desrespeitosas, negligentes e violentas, devendo ser banidas do campo de cuidado a saúde". (MOURA; MAGALHÃES, 2004 p. 3)

Em contrapartida, a Enfermagem Obstétrica, em seu campo de atuação, tem como atribuição dar assistência à mulher no processo de parturição e estar junto à ela, realizando ações diretas e passivas que são observar e proteger; indiretas que é administrar com participação mais efetiva, tomando decisões e influenciando a ação e o comportamento da mulher para que seja oferecido um cuidado solidário e obstétrico (BARROS & SILVA, 2004).
Intercorrências no Parto
A infecção puerperal e o trauma perineal são intercorrências que podem existir durante ou após o trabalho de parto normal. Porém, em um estudo realizado foram avaliados 10.559 partos normais, concluiu-se que apenas 0,16% apresentaram infecção puerperal durante o trabalho de parto. Machado (2004) O trauma perineal pode ser evitado em grande escala quando há o conhecimento científico, teórico e prático, indispensável para habilitar o Enfermeiro a cuidar de forma eficaz da mulher em trabalho de parto (SILVEIRA, 2007).
Educação em saúde nas Casas de Parto
A educação em saúde é uma prática muito importante a ser realizada pelos Enfermeiros obstetras nestes centros de parto, pois estabelecem vínculo de confiança entre as clientes e os profissionais de saúde que prestam atendimento direcionado e humanizado, repercutindo resultados satisfatórios, assim como mostra Costa (2007) em sua pesquisa, onde foram entrevistadas mulheres atendidas em uma casa de parto durante o período puerperal. Através desse resultado, notou-se que as práticas educativas foram reestruturantes, fazendo com que fosse experimentada uma vivência gestacional tranqüila e postura da mulher frente ao seu trabalho de parto e cuidado ao recém nascido.
Segundo Almeida (2005), o tratamento oferecido é direcionado e individualizado, pois as clientes sentem-se acolhidas, cuidadas e respeitadas, em contraposição a experiências anteriores na qual experienciaram descuido e desatenção, levando-as a se sentirem insatisfeitas com relação ao atendimento oferecido.
De acordo com Aquino (2003), as mulheres de sua pesquisa descreveram o cuidado recebido como "competente, atencioso, afetivo e completo, considerando-o como um privilégio e não como um direito".
Percepção dos Enfermeiros Obstetras
Para os Enfermeiros Obstetras, o parto normal humanizado possui um universo de caráter múltiplo, visto que nem todos veem a criação desses projeto como benéfico única e exclusivamente para os clientes usuários, pois acreditam que tenha sido implantado como uma estratégia política, pois o procedimento é menos custeado como dizem Castro e Clapis (2005).
Rabelo e Oliveira (2006) dizem que a competência para atender o parto normal hospitalar é multidimensional, embora tenham enfatizado sua dimensão técnica. O desenvolvimento de uma postura reflexiva por parte das Enfermeiras Obstétricas sobre as circunstâncias nas quais se concretizam as suas dificuldades de inserção no espaço de prática de parto, assim como a construção de uma utopia coletiva pautada pela esperança, talvez resultassem em atitudes mais coerentes com o desejo de mudança. Entretanto, esta tarefa requer o comprometimento, e não somente das enfermeiras obstétricas que atuam no contexto hospitalar. Esse compromisso também deve ser assumido pelo corpo docente dos cursos de graduação em Enfermagem e especialização em Enfermagem Obstétrica, além do próprio Ministério da Saúde, os quais representam os anseios da sociedade por um parto humanizado.
4-CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Enfermeiro obstetra tem enfrentado grandes desafios ao defender a ideologia da parturição natural que utiliza a humanização como estratégia do cuidar em Enfermagem Obstétrica, na busca para resgatar um princípio da natureza humana, um direito da mulher e sua família, por conta de que ainda há um grande paradigma em relação a não se hospitalizar o parto, em não tratá-lo como doença.
A atenção à mulher no seu ciclo gravídico puerperal ainda está muito focada no modelo tecnicista e biomédico, que leva a mulher a procedimentos intervencionistas dispensáveis. A conseqüência da hospitalização no parto e intervenções cirúrgicas desnecessárias levam a um aumento significativo do índice de morbimortalidade materno-infantil e infecções hospitalares. Alem da institucionalização desta parturiente submetendo-se a normas e políticas que excluem as possibilidades de um relacionamento pleno dessa mulher com seus familiares e até mesmo com o seu bebê.
Há que se ressaltar que os Enfermeiros necessitam de condições políticas e institucionais para assistirem o parto fortalecendo sua identidade profissional, o que pressupõe maior qualificação e poder. Para isso, é indispensável que a Enfermagem seja capacitada e sensibilizada a trabalhar em conjunto com a equipe multidisciplinar para superar conflitos.
Sendo assim, a Enfermagem Obstétrica tem por pertinência defender esta causa nobre, enfrentando os desafios encontrados durante a gestão do seu exercício profissional e apoiar as políticas de implantação do parto normal humanizado preconizada pelo Ministério da Saúde brasileira, respeitando e trazendo dignidade aos seus clientes, fazendo valer as bases de diretrizes profissionais do Enfermeiro.

5-REFERÊNCIAS
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AQUINO, G; O cuidado no parto normal pela enfermeira obstétrica na perspectiva da puérpera. Natal: BEDENF 2003.
BRASIL.Ministério da Saúde. Port. No 2816, de 29 de maio de 1998. Diário oficial da República Federativa do Brasil no 103, 2 jun. Brasília.

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______. Ministério da Saúde. HumanizaSUS -Política nacional de humanização: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 3. ed. Brasília, 2006.

______. DATASUS. Parto normal humanizado.Gov.Br. 2006 disponível em: http://tabnet.DATASUS.gov.br/cgi/idb2006/mariz.htm. Acessado em: 20/04/2010.
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COSTA, RF; As práticas educativas na casa de parto David Capstrano Filho sob a ótica do cuidado cultural. Rio de Janeiro: LILASC?S 2007.
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MACHADO, NXS; PRAÇA, NS. Centro de parto normal e a assistência obstétrica centrada nas necessidades da parturiente. São Paulo: Revista Escola de Enfermagem da USP 2006.
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