A HISTÓRIA DA ESCRITA

Por Maria Leonor Pereira de Carvalho | 26/01/2017 | Educação

A linguagem escrita é um dos meios convencionais, usados pelo homem, para se comunicar durante a história da sociedade. No decorrer da história da escrita, o homem foi transformando-a para facilitar a comunicação. Segundo Kato, A preocupação do homem com a língua humana vem desde a Grécia antiga, e as hipóteses sobre sua aquisição estão vinculadas, desde o inicio ás concepções sobre sua natureza. Assim, a indagação principal era a principio, se a língua será regida pela natureza ou pela convenção social. Para a primeira concepção, existiria uma relação natural entre a palavra e a coisa por ele denotada, para a segunda, essa relação seria meramente arbitrária, convencional. Ora, se a língua era regida pela natureza, sua aquisição também deveria ser concebida como natural determinada biologicamente; se regida por convenção, deveria ser culturalmente adquirida. ’’ (Kato, 1987, p.100) Em nossa civilização é importante que a língua escrita tenha um alcance de comunicação bem amplo, porque pela escrita devemos comunicar, tanto nas pequenas comunidades, como nas grandes comunidades, ou seja, a nível nacional ou internacional. As pessoas precisam se comunicar, mas para que elas se comuniquem existem vários tipos e/ou meios sendo que o principal meio de comunicação é a linguagem escrita, porque pode ser passado de geração para geração. O homem precisa se comunicar, tanto por uma necessidade individual quanto social. Relacionando linguagem oral com linguagem escrita, Cardoso comenta que: Outro aspecto considerando diz respeito ao uso do conceito de tempo histórico: a linguagem oral desaparece tão logo é produzida; a linguagem escrita tem a condição de ser preservada no tempo. O fato de a linguagem escrita durar mais que a linguagem oral traz a consequência de ela ser, também, mais conservadora traz a consequência de ela ser, também, mais conservadora. (CARDOSO, 1995, p. 145). A importância da linguagem escrita, é que ela pode permanecer registrada vários anos, décadas e séculos como, por exemplo, o registro de fatos ocorridos na história de uma sociedade. A linguagem escrita sempre foi e sempre será, um meio de comunicação muito importante para as pessoas. Só que, as pessoas não têm o hábito de usar frequentemente a linguagem escrita, porque sentem mais dificuldades de redigir um texto, de interpretar noticias de jornais, textos de livros e outros. Recorrendo novamente aos postulados de Kato, podemos perceber que: O homem tem inerentemente uma necessidade individual de se expressar e uma necessidade social de se comunicar. Essas necessidades, estão tão relacionadas que ele se pergunta senão seria melhor dizer que o homem se expressa comunicando, ou que a base de sua comunicação é a sua expressão individual. (Kato, 1987, p.12). As pessoas têm o hábito de não usar a linguagem escrita com muita freqüência. Sendo que é de suma importância adquirir conhecimentos, para aplicar na oralidade. Porém, na maioria dos casos, as pessoas preferem se apoiar na oralidade quando trabalham com linguagem escrita. Mantendo-nos dentro dos limites de uma abordagem puramente especulativa, podemos dizer que o Brasil é ainda uma nação de real primazia do oral. Ora, a língua oral, por se permitir fugir do controle das regras prescritivas gramaticais que exercem sobre a escrita mais conservadora, distancia-se delas de forma a obrigar subsistemas paralelos não previstos nessas normas (KATO, 1987, p.39). A linguagem escrita é um dos meios de comunicação que exige conhecimentos sistemáticos sobre as regras gramaticais. Devido a isso, as pessoas não costumam usar com muita frequência o texto escrito, dizem que preferem usar a linguagem ora, porque as mesmas não exigem da pessoa tantos conhecimentos. A contribuição de Braggio, sobre o assunto, alerta-nos para o fato de que: Partindo da premissa de que a aquisição do conhecimento é um processo dinâmico, dialético, uma internalização desevolvimental, cuja gênese se dá a partir de interações sociais que tem por base o significado, a psicologia cognitiva, em uma de suas correntes, a do estudo de leitura, tem fornecido significativos subsídios para a compreensão deste processo. (1986, p. 42). Nesse sentido, salienta-se que na perspectiva de compreender a importância da leitura e letramento para a formação do aluno/cidadão, a história da escrita na criança, inicia-se muito antes dela ir para a escola e o professor colocar o lápis em sua mão, e apresentar-lhe como escrever as letras no caderno. Se apenas pararmos para pensar na surpreendente rapidez com que uma criança aprende esta técnica extremamente complexa que tem milhares de anos de cultura por trás de si, ficará evidente que isto só pode acontecer porque durante os primeiros anos de seu desenvolvimento, antes de atingir a idade escolar, a criança já aprendeu e assimilou certo numero de técnicas que prepara o caminho para a escrita; técnicas que a capacitam e que tornaram incomensuravelmente mais fácil aprender o conceito e a técnica da escrita. Além disso, podemos razoavelmente presumir que mesmo antes de atingir a idade escolar, durante, por assim dizer, esta ‘ pré-história’ individual, a criança já tinha desenvolvido, por si mesma, um certo numero de técnicas primitivas, semelhantes, mas que são perdidas assim que a escola proporciona á criança um sistema de signos padronizados e econômico, culturalmente elaborado. (LÚRIA, 1988, P.143). As crianças não aprendem a escrita de uma única maneira, ou seja, cada criança aprende a escrita de forma diferenciada, não existindo, portanto, um processo linear para a aquisição da escrita, porque esta relacionada com o nível de desenvolvimento cultural da criança e o ambiente em que ela convive. É essencial que a criança sinta o valor, o sentido, a necessidade, o alcance individual e social da escrita. ... Se até há pouco tempo atrás, todos os que ingressavam na escola almejavam ganhar, ao final de ano letivo, a carteirinha de sócio do clube de alfabetização, atualmente já percebem que esse clube não oferece o equipamento adequado para o sócio usufruir de todas as situações e prazeres que o texto escrito pode oferecer aos seus usuários. Hoje, todos o reivindicam a entrada em um clube reservado, até, agora a uma elite cultivada e refinada que, de posse da carteirinha de sócio, desfrutava de todos os recursos necessários para a utilização efetiva da escrita, o clube dos leitores. (BARBOSA, 1992, p.113). Hoje, a escrita tem diversos usos, está presente na maior parte de nossas atividades do cotidiano e dela lançaram mão para dar conta de grande parte de nossas ações. Entre manchetes e escritos de jornais, correspondências, lista telefônica, contas comerciais como agua, luz, etc., livros de receita, lista de supermercado, prazos de validade nos produtos, cartazes com ofertas de preços, placas de sinalização, nomes de ruas e lojas, letreiros, locadoras, etc., são caracteres bem diferentes: pequenos, grandes, coloridos, pretos, letras impressas, letras manuscritas, com funções diferentes. Essa escrita em que estamos mergulhados é chamada de escrita social. Barbosa (1992, p 115) revela que a escrita social, com caracteres e funções diferentes, propicia leituras diversificadas. Não se lê da mesma maneira um folheto de divulgação, uma receita culinária ou um livro de literatura. Lançamos mão de estratégias de leituras diferentes para aprender as informações contidas nos diferentes textos, e o nosso interesse nas informações e objetivo desejado vai determinar o tipo de leitura a ser feito. Esta flexibilidade de atenção as varia formas de ler para aprender o sentido dos textos, é fundamental para o homem e sua adaptação ao mundo moderno. Ler é dar sentido ao escrito, sentido este que depende amplamente do referencial do leitor. Prova disto, aliás, supérflua, é o fato de um erro tipográfico, mesmo importante, passar despercebido ao leitor eu está interpretando uma sequencia em seu conjunto. Não é menos evidente, porém, que o leitor ,confortando com um escrito não pode reatualizar todos os seus conhecimentos. Só pode transferir de sua memória de estocagem, ou memória ao longo prazo – para sua memória de trabalho – elementos condizentes com sua expectativa relativa ao escrito. Em nossa sociedade, a escrita esta em todo lugar. É verdade que a criança pequena é mais confrontada com a associação ‘’ significação/sequencia sonora’’, mas também já identifica, antes mesmo de compreenderem a aprendizagem da leitura, nomes das principais lojas. Barbosa (1992, p 115) revela que a escrita social, com caracteres e funções diferentes, propicia leituras diversificadas. Não se lê da mesma maneira um folheto de divulgação, uma receita culinária ou um livro de literatura. Lançamos mão de estratégias de leituras diferentes para aprender as informações contidas nos diferentes textos, e o nosso interesse nas informações e objetivo desejado vai determinar o tipo de leitura a ser feito. Esta flexibilidade de atenção as varia formas de ler para aprender o sentido dos textos, é fundamental para o homem e sua adaptação ao mundo moderno. Ler é dar sentido ao escrito, sentido este que depende amplamente do referencial do leitor. Prova disto, aliás, supérflua, é o fato de um erro tipográfico, mesmo importante, passar despercebido ao leitor eu está interpretando uma sequencia em seu conjunto. Não é menos evidente, porém, que o leitor, confortando com um escrito não pode reatualizar todos os seus conhecimentos. Só pode transferir de sua memória de estocagem, ou memória ao longo prazo – para sua memória de trabalho – elementos condizentes com sua expectativa relativa ao escrito. Em nossa sociedade, a escrita esta em todo lugar. É verdade que a criança pequena é mais confrontada com a associação ‘’ significação/sequencia sonora’’, mas também já identifica, antes mesmo de compreenderem a aprendizagem da leitura, nomes das principais lojas próximas de sua casa, ou ainda o nome de seu refrigerante predileto. Não existe, pois, uma abordagem desde aprendizado que seja mais natural que as outras. Em certos casos, a relação significa/código escrito, antecede o conhecimento do código oral, em outros casos acontece o oposto e, em outros casos ainda, o código oral e o código escrito são associados muito antes que seja dominada a sua significação. Decorre disso tudo que, nenhuma aprendizagem digna deste nome, pode apoiar-se exclusivamente na correspondência fonema- grafema, mas também que nenhuma aprendizagem pode ignorar a existência desta correspondência, apesar dela ser tão rigorosa. Outro momento relevante, nesta compreensão, parte da idéia que o ensino da leitura deveria ter por objetivo a capacidade de passar-se diretamente da forma gráfica do conceito a ser memorizado, e que os procedimentos que interpõem uma forma acústica entre estes dois tempos não favorecem de um bom leitor. Esta forma de conceber a leitura implica uma relação entre a experiência linguística do leitor, a riqueza do seu vocabulário e sua capacidade de leitura. Esta concepção vem ao encontro das observações que todo dia podem ser feitas em aula. A criança que dispõe de um amplo vocabulário lê, geralmente, com facilidade. No entanto, deve ser questionado o sentido da relação de causa e efeito que, muitas vezes, se estabelece entre os dois fatos: ela dispõe de amplo vocabulário porque lê muito. Essa relação pode muito bem ser: ela lê muito por dispor de um amplo vocabulário, que lhe permite ler com facilidade. Parece mais lógico admitirmos que estes dois aspectos se desenvolvem de forma concomitante, reforçando-se um ao outro. A leitura é uma atividade completa que solicita todas as faculdades mentais: percepções, memória, raciocínio, intuição, imaginação, estratégia de ação. Duas grandes categorias de leitura podem ser distinguidas, apesar de serem estreitamente interligadas. De um lado, a leitura informativa, que objetivo um enriquecimento de conhecimento, no sentido mais amplo do termo, requer certo tipo de estratégia, em que a atividade de leitura decorre, a leitura de ficção, solicita fortemente a imaginação do leitor, que dá sentido àquilo que ele lê. Por fim, a leitura não deixa de sofrer as influencias da afetividade. O mesmo texto lido num momento de emoção, de raiva ou de perfeita serenidade, será decodificado de forma diferente. Sem que cheguemos a ler entrelinhas, quando lemos uma carta jornalística, nosso estado emocional influi diretamente na decodificação do texto. Além desses aspectos, que fazem parte do cotidiano escolar, há também outros fatores como os sociais, os familiares, que entravam o interesse pela leitura. Quando em família não se lê, quando não há o exemplo dos pais, quanto á valorização da leitura, já não se estará contado pontos de um aluno bom leitor, o lugar, o espaço que o livro ocupa em casa, reflete-se nos filhos e se faz notar desde os primeiros contatos com a leitura na escola. Não resta dúvida de que o lugar ocupado pelo livro na escola e em casa vem no bojo de todo um complexo socioeconômico e cultural. O trabalho com a linguagem na escola deve privilegiar a leitura e a discussão sobre as várias possibilidades de falar e de escrever um texto, dependendo do contexto, de quem o vai receber, do objetivo do texto. Da forma como escolhemos a roupa que vamos usar em função do local para onde vamos com que objetivo, do clima, também selecionou os modos de falar e escrever. O trabalho pedagógico é um trabalho; e trabalho, no melhor sentido da palavra, envolve criação, do mesmo modo que a linguagem, ou porque produz como linguagem, que também é um trabalho humano que se refaz a cada dia. Neste sentido, podemos pensar trabalho/ linguagem como alienação ou libertação. Se virmos a linguagem como algo que se repete, como fórmulas, regras, temos pouco espaço de criação; por outro lado se a virmos como algo que se renova no movimento da nossa vida, estamos continuamente criando e recriando novas formas de dizer o mundo. Ensinar é deixar aparecer ás contradições, as semelhanças, as diferenças; é trabalhar com uma pedagogia que cria condições para que isso aconteça, para as descobertas, os conflitos, o debate. Isso não se garante com uma classe organizada circularmente ou em grupos, não é essa a questão; isso acontece na relação que se estabelece entre as pessoas. Como diz Marilena Chauí, ao professor não cabe dizer ‘’ faca como eu ‘’, mas ‘’ faca comigo’’ (Chauí, 1980, p. 39). É importante levar em consideração e valorizar as pessoas que os alunos são, os conhecimentos que têm, principalmente por meio de seus modos de falar, de suas histórias. Nesse movimento de falar, de conversar, de ouvir leituras de muitas textos e discutir, de escrever pensando no contexto, vão aprendendo novas ‘’ roupagens ‘’ para a língua e ingressando cada vez mais no mundo letrado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, José Juvêncio. A alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 1992. BRAGGIO, S.L.B. A abordagem sociopsicolinguistica da alfabetização. Leitura: teoria&prática. ABL, V.5, n.8 dez. 1986. CARDOSO, C.J. Da oralidade á escrita: A produção do texto narrativo no contexto escolar. Belo Horizonte/UFMG, 199. Dissertação de mestrado. CHAUÍ, M. Ideologia e Educação. Revista /educação e /sociedade, 5, 24-40, 1982. KATO, Mary. No mundo da escrita uma perspectiva psicolinguística. 2. Ed. São Paulo: Ática, 1987.