A Heresia Do Nestorianismo No Século V
Por Emanuel de Oliveira Costa Jr. | 09/09/2008 | ReligiãoO Arianismo, heresia que usurpa de Cristo a
essência divina, gerou, ao log da história, uma série de outros erros doutrinários. Tais erros, como toda
heresia, vem em efeito cascata tentando esconder-se com mentiras sob o
manto de uma verdade aparente.
Um dos maiores erros que se
vieram a partir do Arisnismo foi justamente essa heresia sobre a pessoa
de Cristo que teve início com Nestorius, bispo de Constantinopla que,
em sua teoria, negava a Maria o título de Theotokos
(literalmente "Mãe de Deus"). Nestorius dizia que Maria deu origem
apenas à pessoa humana de Cristo em seu útero e chegou a propor como
alternativa o título Christotokos ("Mãe de Cristo"). Criou
uma teoria visualmente herética, já que o Arianismo do século anterior
já tentava modificar a essência de Cristo e agora o Nestorianismo ia
além pois ensinava que Cristo passou a ser Deus em um determinado
momento, ou seja, não o foi sempre.
Segundo o Nestorianismo,
Jesus Cristo tinha duas naturezas distintas, uma humana e outra divina,
completas e afeiçoadas de tal forma que formam um Jesus homem, a
exemplo de gêmios siameses: possuidor de natureza divina e humana
estando conjuntas em uma união mecânica, muito mais do que orgânica
(juntos, porém diferenciados). Fica claro que Nestorius confundia os
termos “natureza” e “pessoas” misturando-os de uma forma aterradora. As
duas naturezas de Cristo (humana e divina) para Nestorius era a mesma
coisa de dizer que eram duas pessoas. Na verdade ele sinonimizou
natureza e pessoa.
Também não criam no purgatório, muito menos
na veneração de imagens e relíquias (crenças essas revitalizadas pelos
protestantes a partir do século XVI e até hoje).
Os teólogos
Católicos ortodoxos imediatamente reconheceram que a teoria de
Nestorius dividia Cristo em duas pessoas distintas (uma humana e outra
divina, unidos por uma espécie de "elo perdido"), de sorte que apenas
uma estava no útero de Maria.
Obviamente que a Igreja reagiria,
e o fez no ano 431 com o Concílio de Éfeso dirigido pelo Papa Celestino
I. Por ser Bispo Nestorius foi chamado para o Concílio automaticamente
o que levou a uma discussão sobre Maria (Theotokos ou Christotokos).
Tal Concílio definiu que Maria realmente é Mãe de Deus, não no sentido
de que ela seja anterior a Deus ou que seja a fonte de Deus, mas no
sentido de que a Pessoa que ela carregou em seu útero era de fato o
Deus Encarnado.
Em 429 São Cirilo, Bispo de Alexandria, escreveu
aos bispos e aos monges do Egito, condenando a doutrina de Nestório.
Ambas as correntes se dirigiram ao Papa Celestino I, que rejeitou a
doutrina de Nestório num sínodo no ano de 430. O Papa ordenou a São
Cirilo que intimasse Nestório a retirar suas teorias em um prazo de dez
dias, sob pena de exílio; Cirilo enviou ao Patriarca de Constantinopla
uma lista de doze anatematismos que condenavam o nestorianismo.
Após
esse episódio, Nestório não se quis dobrar e manteve-se em erro; de
mais a mais ele sabia que podia contar com o apoio do Imperador; além
de tudo isso, tinha muitos seguidores na escola antioquena, entre os
quais o próprio Bispo João de Antioquia. No ano de 431, o Imperador
Teodósio II, instigado por Nestório, convocou para Éfeso o terceiro
Concílio Ecumênico a fim de solucionar, de uma vez por todas, a questão
discutida. São Cirilo, foi nomeado o representante do Papa Celestino I
e abriu a assembléia diante de 153 Bispos que estavam presentes. Logo
na primeira sessão, foram apresentados os argumentos da literatura
antiga favoráveis ao título Theotókos, que, ao final, foi
solenemente proclamado por todos os Bispos presentes; tinha-se daí que
em Jesus havia uma só pessoa (a Divina); Maria se tornara Mãe de Deus
pelo fato lógico de que Deus quisera assumir a natureza humana no seu
seio e desde sempre era a natureza divina e humana em uma pessoa divina
que ali estava sendo gerada, daí Maria era mãe de Deus. Quatro dias
após esta sessão inaugural, isto é, no dia 26/06/431 chegou em Éfeso o
Patriarca de Antioquia, levando consigo 43 Bispos seus seguidores,
todos favoráveis a Nestório; esses não quiseram se unir ao Concílio
Ecumênico presidido por São Cirilo, representante do Papa Celestino I;
dessa forma criaram um Concílio paralelo que depôs Cirilo. O Imperador
acompanhava, atento, tudo de perto e estava extremamente indeciso. São
Cirilo, então, mobilizou todos os recursos que possuía, para mover
Teodósio II, o Imperador, em favor da reta doutrina definida pelo Papa;
nessa empreitada teve a sincera ajuda de Pulquéria, piedosa e influente
irmã mais velha do Imperador. Este finalmente resolveu apoiar a
sentença reta de Cirilo e exilou Nestório. Contudo, os antioquenos não
se renderam, em momento algum, muito menos de imediato. Eles acusavam
Cirilo de arianismo a apolinarismo. Após longos dois anos de litígio em
torno da questão, no ano de 433 puseram-se de acordo sobre uma fórmula
de fé que. Professava um só Cristo e Maria como Theotókos.
Nestorius preferiu continuar em erro, o que levou à sua excomunhão por heresia.
Imagina-se
que facilmente se pode identificar o protestantismo pentecostal neste heresia! Isso na verdade é, no protestantismo, apenas uma maneira a mais de
negar a Encarnação de Deus. Percebemos que São João escreveu seu
Evangelho em resposta clara aos gnósticos, e fez questão de iniciá-lo
pela Encarnação. Isso aconteceu porque a base gnóstica do
protestantismo (e também, de certo modo do nestorianismo) recusa-se a
admitir que Nosso Senhor tenha verdadeiramente assumido a nossa
natureza, humana, contudo não pecadora. Por esse motivo, por exemplo,
que Lutero afirmava que o pecado humano não é jamais apagado, mas
apenas encoberto por Deus, seria uma pequena enganação em palavras mais
rudes. Para ele, Nosso Senhor mentiria ao dizer o homem não tem pecado,
para que ele entre no Céu. É mais conveniente para um gnóstico
acreditar em um deus que minta do que em um Deus que se faz
verdadeiramente homem, com uma mãe humana, sofrimentos humanos e dores
humanas, com exceção do pecado, repetimos.
Evidente é que o
nestorianismo seja o alicerce protestante por excelência, nessa
temática da Encarnação. É preciso lembrar que a tendência atual da
grande maioria dos setores protestantes é de negar o título de Mãe de
Deus à Virgem Maria. Os mais instruídos e que conseguem responder a
questões teológicas, ao serem interpelados por apologistas católicos
sobre ser Jesus Deus e homem ao mesmo tempo, levando à lógica mais
evidente de que sendo Maria mãe de Cristo só pode ser também Mãe de
Deus, respondem eles, quase com um uníssono com o próprio Nestório: – A
Virgem Maria é mãe de Cristo enquanto homem, e não de Cristo enquanto
Deus! Impossível ficar criando situações em que Deus Encarnado (Jesus
Cristo) ficava encenado ser homem enquanto na verdade era Deus, ou
vice-versa (heresias que se vieram em seguida). Muito menos é possível
ficar criando teorias no sentido de que havia duas pessoas em Cristo,
metamorfizando e dissolvendo a palavra “natureza” no meio da retórica.
Deus e o homem estão unidos em Cristo na mesma Pessoa, e é esta Divina.
Apenas no nestorianismo, que confunde os termos, é que não.