A herança cultural da gíria “Mina”

Por Brenner Marques | 28/04/2018 | História

No tráfico negreiro, havia grandes misturas de etnias nos escravos oriundos da África, e os colonos tentavam, sem muito sucesso, uma separação entre esse povos pelas regiões da América, por isso grande parte, mas não todos, que habitavam o Rio de Janeiro eram grupos da África Central, e os da Bahia eram grupos denominado Banto.
De modo que, existia um grupo que foram os que mais abriram testamentos no Brasil Colônia, ou seja, passavam seus bens por heranças. Eram os chamados “Mina” (oriundos proximamente a Guiné), e nesse grupo a maioria era representado pelas mulheres.
Isso ocorria provavelmente por quê, essas mulheres tinham como tradição cultural a prática do comércio, e seus produtos eram bem diversificados, desde plantios super valorizados como a pimenta, o milho, o tomate e a banana, até a manufaturas de roupas, cerâmicas, sabão e muitos outros.
outro fator responsável pela riqueza dessas mulheres seria o sistema cultural de heranças do povo Mina, Nele as mulheres jamais recebiam bens de seus pais, maridos ou filhos.
Como também a prática poligâmica no matrimônio, que era comum a esse povo, fazia com que a mãe assumisse o comando do lar, e batalha-se para garantir bens aos seus descendentes, já que não poderia contar com a ajuda de seu marido.
Embora a mãe garantisse a sobrevivência de todos os seus filhos, e muitas vezes davam aos filhos homens terras para cultivar, dedicava-se em especial as filhas, pois tinha certeza que elas não as abandonariam na sua velhice.
Enquanto que os povos Banto possuíam tradições culturais bem diferentes, embora houvesse também uma separação sexual do trabalho, nas quais, as mulheres ficavam com a parte da agricultura e os homens com a caça, a pesca, a construção e a costura. 
As mulheres trabalhavam muito mais que os homens, todavia, a especificidade de suas tarefas lhes permitiam certo tempo livre, e elas preferiam realizar visitas em suas comunidades e até mesmo viajarem.
No momento que ocorreu o desenvolvimento do mercado, algumas mulheres tornaram-se realmente ricas. Logo, isso desencadeou uma verdadeira independência entre mulheres e homens, pois elas adquiriram estratégias de *casarem com outras mulheres, no intuito de preservarem seus bens. (No Brasil, as escravas costumavam a negarem a gestação, como forma de protesto à escravidão).
Portanto, o motivo que fez uma etnia escrava específica (principalmente as mulheres) ter mais riquezas e testamentos que os demais, liga-se primordialmente as tradições culturais oriundos da África, principalmente por quê a sociedade colonial brasileira era exclusivamente mercantil. Como também, a divisão sexual do trabalho impossibilitou grande parte dos homens a atingirem os mesmos resultados.
* o casamento entre mulheres, não sugeria nenhum tipo de homossexualidade, apenas uma estratégia para garantir que seus maridos não ficassem com seus bens .

Referências:
Autora: Sheila Castro de Faria. Título: Sinhás pretas: a acumulação de pecúlio e transmissão de bens de mulheres forras no Sudeste escravista ( século XVIII – XIX).