A gramática dos nomes de clubes brasileiros de futebol

Por Laércio Becker | 09/12/2011 | Sociedade

Por Laércio Becker, de Curitiba-PR

 

SUMÁRIO

1. Introdução

2. Morfologia

2.1. Composição dos nomes

2.2. Classificação do núcleo do nome

2.2.1. Substantivo

2.1.1.1. Substantivo comum

2.1.1.2. Substantivo próprio

2.1.1.3. Flexão de gênero

2.1.1.4. Flexão de número

2.1.1.5. Flexão de grau

2.2.2. Adjetivo

2.2.2.1. Flexão de gênero

2.2.2.2. Flexão de número

2.2.2.3. Flexão de grau

2.2.3. Numeral

2.2.4. Interjeição

2.3. Como os clubes são chamados

2.3.1. Conhecidos por redução

2.3.1.1. Nomes que começam com “Clube Atlético...”

2.3.1.2. Nomes que começam com “Clube Náutico...”

2.3.1.3. Nomes que começam com “Grêmio...”

2.3.1.4. Nomes que começam com “Esporte Clube...”

2.3.1.5. Nomes que terminam com “... Esporte Clube”

2.3.2. Conhecidos por siglas

2.3.3. Conhecidos por um complemento

2.4. Apelidos

2.4.1. Cores, mascote e local

2.4.2. Adjetivo

2.4.3. Antonomásia

2.4.4. Apócope e aférese

2.4.5. Aumentativo

2.4.6. Diminutivo

2.4.7. Sufixo nominal “-usca”

2.4.8. Sílabas dobradas

3. Sintaxe

3.1. Sintaxe inglesa

3.2. Sintaxe alemã

3.3. Sintaxe neolatina

3.4. Uma sintaxe amazônica?

4. Para finalizar

5. Referências bibliográficas

 

1.    Introdução

Como bem coloca Arlei Damo, no futebol (e nos esportes em geral), é preciso distinguir duas temporalidades distintas. De um lado, existe o tempo da partida em si, os noventa minutos e tudo que nesse intervalo se desenrola. De outro, existe a história, a tradição e a memória. É o tempo acumulado de todas as partidas precedentes (um jurista diria: a jurisprudência), uma temporalidade cíclica, um passado, que cria o que podemos chamar de patrimônio cultural de um time.

Num interessante estudo sobre a rivalidade entre pontepretanos e bugrinos, Márcio Morato identifica o que ele chama de patrimônio de um time: clube ou sede, história, hino, mascote, camisa, bandeira, cores, escudo, estádio e títulos. A partir dessa definição, faz traça comparações entre os patrimônios dos grandes rivais campineiros.

A idéia é muito boa. Salvo engano, posso distinguir nesses elementos dois tipos de patrimônio: um material (sede, estádio etc.) e um imaterial (história, hino, nome, apelido etc.). Mas essa classificação que acabo de esboçar não é das melhores, porque: (i) um escudo, uma bandeira, embora seja material em sua existência física, está impresso na memória dos torcedores, como uma marca, um logotipo, um símbolo; (ii) os títulos, integrantes do patrimônio imaterial da história, são concretizados em troféus, patrimônio material, que pode ser utilizado como um símbolo (p.ex., como faz o Fluminense com sua Taça Olímpica); (iii) a mascote é, a princípio, imaterial, mas tende a materializar-se em souvenirs e fantasias, reingressando no universo simbólico como uma nova marca. Daí que, como bem colocou Hilário Franco Jr., o clube é “algo etéreo, indefinível, que não é a sede social, não é o conjunto de dirigentes, não é o grupo de jogadores, não é a multidão imprecisa de torcedores, é ao mesmo tempo tudo isso e muito mais”.

Sendo assim, começo o presente texto com uma sugestão que infelizmente não poderei cumprir neste momento: um estudo do que poderíamos chamar de “semiologia dos clubes brasileiros de futebol”. Semiologia em sentido amplo, para fazer um estudo sistemático do significado e da organização de todos os “símbolos” (também em sentido amplo) institucionais do clube, que marcam sua identidade: nome, escudo, cores, mascote e hino. Algo semelhante ao que Hilário Franco Jr. fez incidentalmente em A dança dos deuses. Vejamos o que foi publicado até agora sobre esses elementos:

a) Quanto às relações entre música e futebol, há pelo menos três livros: de Assis Ângelo, de Beto Xavier e de Paulo Luna, mas nenhum com uma análise sistemática dos hinos oficiais e extraoficiais dos clubes – como faz, p.ex., Julio Cesar Farias em relação aos sambas de enredo.

b) Quanto às mascotes, há três livros: o de Juarez Corrêa, que apresenta um levantamento das mascotes desenhadas pelo autor, o de Pedro Linardi, que faz uma apreciação de cunho mais zoológico, e o de Aristides Almeida Rocha, que realiza um estudo realmente sistemático, só que restrito aos animais (e há mascotes que não são animais). Sobre mascote e totemismo, Hilário Franco Jr., Thiago Passos de Oliveira, Roberto Damatta e Elena Soárez.

c) Escudos e cores merecem um estudo de heráldica. Há três livros: o Paulo Gini e Rodolfo Rodrigues, com a evolução das camisas dos doze maiores times do Brasil, o de Rodolfo Rodrigues, com um levantamento dos escudos do mundo inteiro, e o de Luiz Fernando Bindi e José Renato Santiago Jr., que também faz um levantamento, só que acompanhado de comentários sobre cada escudo. Particularmente, acho que seria interessante um estudo a partir da heráldica, ou seja: em vez de partir dos clubes, organizar e analisar os escudos conforme a estrutura dos estudos heráldicos – formas dos escudos (história e significados), cores (espécies e significados), elementos internos e externos dos escudos (espécies e significados) etc. Pessoalmente, tentei algo nesse sentido em meu artigo “As cruzes dos times de futebol”, centrado em apenas um dos elementos heráldicos mais presentes nos escudos de clubes de futebol.

d) Os nomes dos clubes exigem uma análise gramatical. São poucos os estudos a respeito. Na realidade, só encontrei algo – e em tratamento incidental – nas obras de Luiz Cesar Saraiva Feijó e de Maria do Carmo L. de Oliveira Fernández. Aqui, tentaremos um esboço de uma apreciação mais ampla e sistemática. Digo “esboço” porque esperamos que pesquisadores com mais competência acadêmica possam desenvolver melhor o que foi aqui apenas iniciado.

(Obs.: na tentativa de privilegiar os aspectos próprios da nomenclatura específica dos clubes, tive de adaptar alguns conceitos da gramática pura.)

 

2. Morfologia

2.1. Composição dos nomes

Os nomes oficiais dos clubes são normalmente compostos por, pelo menos, três palavras, que vamos chamar de “elementos essenciais”:

a) uma palavra que identifica o tipo de entidade – p.ex.:, associação, clube, grêmio, sociedade etc.;

b) uma palavra que designa o tipo de atividade a que essa entidade se dedica – p.ex.: desportos, esporte, futebol, regatas, atlético, (d)esportiva, náutico, recreativa etc.

c) uma palavra que será o núcleo do nome, que dará a identidade do clube – p.ex.: América, Botafogo, Cruzeiro, Palmeiras, Ferroviário(a), Internacional, Portuguesa etc.

 

Contudo, há clubes que têm nomes compostos por apenas duas palavras. Nesses casos, fatalmente, acaba faltando um desses elementos, p.ex.:

a) falta o tipo da entidade:

  • Atlético Acreano (AC),
  • Desportiva Capixaba (ES),
  • Jaboticabal Atlético (SP);

b) falta o tipo da atividade:

  • Amapá Clube (AP),
  • Ypiranga Clube (AP),
  • Real Clube (GO),
  • Campinense Clube (PB),
  • Paraná Clube (PR),
  • Centro Limoeirense (PE);

c) falta o núcleo do nome:

  • Olympico Club (AM),
  • Olympic Club (MG) – aqui entendido “olímpico” como o tipo da atividade,
  • Clube do Remo (PA) – à primeira vista, de tão acostumados que estamos com esse nome, parece que não falta nada; mas se lembrarmos que o remo é o tipo da atividade praticada e pensarmos em nomes hipotéticos como Clube do Futebol, ou Clube do Atletismo, Clube do Esporte e assim vai...

 

Claro que não é necessário ter apenas duas palavras para faltar um desses elementos. P.ex.:

a) omitem o tipo da entidade:

  • Colo-Colo de Futebol e Regatas (BA),
  • Belo Horizonte Futebol e Cultura (MG),
  • Botafogo de Futebol e Regatas (RJ),
  • São Cristóvão de Futebol e Regatas (RJ),
  • Araguaína de Futebol e Regatas (TO),
  • Palmas de Futebol e Regatas (TO),
  • Atlético Alto Vale (SC)
  • obs.: é tentador citar aqui o América Futebol e Comércio Ltda., de Fortaleza (CE), mas seu presidente, Alberto Damasceno, afirma que essa é apenas uma razão social aberta tempos atrás e que o nome do time continua sendo America Foot-ball Club;

b) omitem o tipo de atividade:

  • Nacional Fast Clube, de Manaus (AM),
  • Clube Rio Branco (MG),
  • Clube Júlio César, de Belém (PA),
  • Bragantino Clube do Pará (PA),
  • Associação Portuguesa Londrinense (PR),
  • Clube XV de Novembro, de Campo Bom (RS),
  • Grêmio Recreativo e Esportivo (RO);

c) omitem o núcleo do nome:

  • Centro Social Esportivo – CSE (AL),
  • Associação Athlética Football Club (CE),
  • Social Futebol Clube (MG),
  • Football & Athletic Club (RJ),
  • Esporte Clube Atlético, de Passo Fundo (RS),
  • Náutico Futebol Clube (RR).

 

Quando se omite o tipo da entidade, encontramos elipses, p.ex., [Clube] São Cristóvão de Futebol e Regatas, Jaboticabal Atlético [Clube] etc. Nos demais casos, normalmente, é impossível tentar adivinhar a palavra que falta. Mas há exceções, como a Tuna Luso Brasileira. Considerando que “tuna” significa conjunto ou orquestra popular, é uma palavra que identifica a entidade e, simultaneamente, indica a atividade – no caso, musical, pois essa foi a origem do clube.

Quando se omite o núcleo do nome, outra palavra acaba assumindo esse papel. Nos exemplos acima citados, é o Athletic (RJ), a Athlética (CE), o Atlético (RS), o Social (MG) e o Náutico (RR) – obs.: estamos tão acostumados com o nome do Náutico para o famoso clube pernambucano que nem percebemos que náutico é o tipo de atividade; o núcleo do nome é Capibaribe (ver item 2.2.1.2).

 

Em oposição aos nomes curtos demais, há os recordistas de tamanho. P.ex., “Associação Beneficente, Cultural e Recreativa dos Marítimos de Corumbá” (MS). O locutor esportivo Linhares Jr. diz que o clube com o nome mais extenso do futebol brasileiro é o Engenheiro Beltrão (PR), antes de se profissionalizar: “Sociedade Esportiva Recreativa Beneficente Engenheiro Beltrão Futebol Clube”.

Provavelmente, o maior nome de clube que já existiu é: Donaudampfschiffahrtselectrizitaetenhauptbetriebswerkbauunterbeamtengesellschaft. 80 letras! Não é à toa que constava nas edições do Guinness da década de 90 (por não ser dicionarizado, não se manteve na década seguinte). Uma diabólica mistura de trava-línguas com sesquipedal (palavra gigante). Tradução: “o clube para os oficiais subordinados da administração da sede dos serviços de eletricidade das embarcações a vapor do Danúbio”. Era o nome de um clube que existia em Viena antes da guerra. Imagine só o grito de guerra da torcida!...

 

Fato é que o nome do clube não precisa ser tão grande para que certos elementos sejam repetidos. Pelo contrário: basta ter quatro palavras ou mais para que pelo menos um dos três elementos precise de mais de uma palavra para ser definido. Isso é matemática básica. P.ex., em “Clube de Regatas Vasco da Gama” (RJ), o núcleo do nome é um substantivo próprio composto por três palavras: “Vasco da Gama”. Outro exemplo: em Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias do Sul (RS), só o tipo da entidade é composto de uma só palavra.

Mas os casos mais interessantes são os que parecem redundantes ou contraditórios. Exemplo de redundância: Associação Esportiva Velo Clube Rioclarense (SP) – clube é uma associação. Exemplo de contradição: a Sociedade Esportiva Recreativa América Futebol Clube, de Gravataí (RS). É uma sociedade ou um clube? E se é esportiva, não estaria restrita ao futebol. Essas situações se repetem em inúmeros outros nomes, tais como Associação Desportiva Limoeiro Futebol Clube (CE), Sociedade Desportiva Serra Futebol Clube (ES) etc.

 

2.2. Classificação do núcleo do nome

Das dez classes de palavras (substantivo, artigo etc.), evidentemente não são todas que figuram nos nomes de clubes brasileiros de futebol.

Quanto ao tipo de entidade, é sempre um substantivo: associação, clube, grêmio, sociedade etc.

Quanto ao tipo de atividade, ou é um substantivo, ou um adjetivo. Substantivos: desportos, esporte, futebol, regatas etc. Adjetivos: atlético, (d)esportiva, náutico, recreativa etc.

Quanto ao núcleo do nome, o leitor conhece algum que seja um pronome (eu, meu, senhor, este, que, algo, quem...)? Verbo, advérbio, preposição ou conjunção? Bem, eu desconheço.

Também desconheço núcleo de nome que seja composto exclusivamente por um artigo (o, a, um, uma). Nem faria sentido. De fato, há alguns exemplos de nomes que possuem artigo, p.ex.: CF Os Belenenses (de Portugal), The Bangu AC (nome original do time carioca) e EC Os Morenos (do futebol amador da região metropolitana de Curitiba). Mas é fácil notar que o artigo, embora chame a atenção, está longe de configurar a parte mais importante do nome.

A seguir analisaremos a morfologia dos núcleos dos nomes, separando por classe de palavras.

 

2.2.1. Substantivo

Evidentemente, é o mais comum. Afinal, se os substantivos são as palavras que designam os seres, natural que sejam escolhidos para compor o núcleo dos nomes dos clubes. P.ex., América, Botafogo, Cruzeiro, Palmeiras etc.

 

2.2.1.1. Substantivo comum

Substantivo comum é o que designa os seres de uma mesma espécie. É melhor compreendido em contraste com o substantivo próprio, que nomeia um ser particular, identificando-o perante os demais de sua espécie. P.ex.: “Pelé” (substantivo próprio) em relação a “jogador” (substantivo comum).

A rigor, diante dos conceitos acima, ao entrar para o nome de um clube, todo substantivo comum passa a ser considerado próprio. No entanto, classificamos aqui mesmo, em razão da origem do nome imediatamente antes de entrar para o nome do clube. Por incrível que pareça, compõem os nomes de poucos clubes, se compararmos aos substantivos próprios.

Exemplos de substantivos comuns que integram nomes de clubes:

  • batel (um tipo de embarcação) – AA Batel, de Guarapuava (PR),
  • clíper (um tipo de navio mercante do séc. XIX) – Atlético Clíper Clube (AM),
  • democrata – EC Democrata, de Governador Valadares (MG), Democrata FC, de Sete Lagoas (MG),
  • estrela – Estrela EC (SP),
  • estudantes – Estudantes SC (PE),
  • externato – Externato FC (SC) – obs.: não era o nome do colégio, chamado Ginásio Catarinense,
  • íbis (um tipo de ave) – Íbis SC (PE),
  • independência – Independência FC (AC),
  • juventude – SER Juventude (MT), EC Juventude (RS),
  • oeste – Oeste FC (SP) – obs.: não é o caso do EC Noroeste (SP), que parte de substantivo próprio, pois faz referência à Estrada de Ferro Noroeste do Brasil,
  • palmeiras – SE Palmeiras (MT e SP), Palmeiras FC, de São João da Boa Vista (SP),
  • radium (elemento químico) – Radium FC, de Mococa (SP).

 

O substantivo comum “união” às vezes é parte do núcleo, outras vezes é tipo de entidade. P.ex.:

a) parte do núcleo: União FC, de Vera (MT), União Bandeirante FC (PR), SE União Cacoalense (RO), União Agrícola Barbarense FC (SP), União FC, de Moji das Cruzes (SP), União São João EC (SP);

b) tipo de entidade: União Recreativa dos Trabalhadores – URT (MG), União Atlética de Araguaína (TO).

 

Há palavras que, embora originariamente sejam substantivos comuns, entram para o nome do clube como substantivo próprio. P.ex., por designar a cidade, o bairro ou a empresa ligada ao clube:

a) cidade: Samambaia FC (DF), Imperatriz (MA), Sorriso EC (MT), Amparo AC (SP);

b) bairro: Olaria AC (RJ);

c) empresa: Frigorífico AC, de Mendes (RJ) e de Cruzeiro (SP); Manufatura AC, de Niterói (RJ).

 

2.2.1.2. Substantivo próprio

Entre os substantivos próprios, é muito comum o clube escolher por nome um topônimo. P.ex.:

a) continente: América FC (AM, CE, GO, MG, PE, RJ, RN, SP, SE etc.);

b) país: GE Brasil, de Pelotas (RS), SERC Brasil, de Farroupilha (RS), SC Germania (RJ e SP), Hespanha FC (SP), SE Palestra Italia (SP);

c) região: EC Galícia (BA);

d) estado: Amapá Clube (AP), Ceará SC (CE), Goiás EC (GO), Maranhão AC (MA);

e) cidade: Capela EC (AL), EC Macapá (AP), Fortaleza EC (CE), Mesquita FC (RJ), EC Pelotas (RS), Tanabi EC (SP), CA Taquaritinga (SP);

f) bairro: Bonsucesso FC (RJ), EC Cocotá (RJ), Madureira EC (RJ), AA Ponte Preta (SP).

 

São muitos os clubes que têm nomes de pessoas? A princípio, há uma boa quantidade, sim. O mais famoso, sem dúvida, é o CR Vasco da Gama, homenagem ao ilustre navegador português.

Só que muitos homenageiam as cidades que, por sua vez, têm nomes de pessoas – p.ex., AD Senador Guiomard “Adesg” (AC), AA Teixeira de Freitas (BA), Muniz Freire FC (ES), Francisco Beltrão FC (PR).

Isso sem contar os nomes de santos que estão em bairros, cidades e estados – p.ex., Santo André, São Cristóvão, São José, São Paulo etc. Obs.: o EC São Luiz (RS) é uma homenagem ao santo de devoção, não a uma cidade ou bairro.

O Sampaio Corrêa FC (MA), por sua vez, é uma homenagem a um hidroavião que havia pousado em São Luís no ano anterior à fundação do clube.

O que sobra?

a) nomes de monarcas: EC Humberto Primo (SP), Afonso XIII, de Santos (SP);

b) sobrenomes de famílias: SE Matsubara (PR), Savóia SC (PR), SC Savóia (SP);

c) nomes de personagens históricas: Zumbi EC (AL), CN Almirante Barroso (SC), CN Marcílio Dias (SC);

d) nomes de políticos: Haddock Lobo FC (RJ), Hercílio Luz FC (SC), Lauro Müller FC (SC);

e) nomes de empresários e beneméritos: CA Carlos Renaux (SC), Henrique Lage FC, CA Hermann Aichinger (SC).

 

E com nome de mulher? O Paula Ramos EC (SC) não se refere a uma mulher, mas ao engenheiro pernambucano Vitorino de Paula Ramos, deputado por Santa Catarina. S.m.j., sobra somente o SC Rosita Sofia (RJ) – ver nosso artigo “As origens remotas dos nomes de alguns clubes brasileiros”.

 

Também há os clubes com nome de empresa: Tramways AC (CE), Tramways SC (PE), CE Força e Luz (RN), GE Renner (RS), AA Light & Power (SP), Cotonifício Rodolfo Crespi FC (SP).

 

2.2.1.3. Flexão de gênero

É masculina a grande maioria dos substantivos que ocupam o núcleo dos nomes dos clubes brasileiros. P.ex., o Botafogo, o São Paulo, o Vasco etc.

O curioso é que, em muitos casos, apesar de o substantivo ser feminino (p.ex., “a” América, continente), o clube é chamado pelo masculino (no caso, “o” América FC). P.ex.: o EC Bahia (BA), o EC Vitória (BA), o Santa Helena EC (GO), o Santa Rosa EC (PA), o CF Amazônia (RO), o União FC (SP).

A explicação mais plausível para esse fenômeno é que o gênero do nome acaba se pautando pelo gênero do tipo de entidade. Nos casos acima, são Clubes – masculino. Caso interessante é o do nome Juventus. Dizemos “a” Juventus de Turim (por importação), mas dizemos “o” Juventus da rua Javari (SP), talvez porque é “o” Clube Atlético (CA Juventus).

Curiosamente, a recíproca nem sempre é verdadeira. Nomes com núcleo substantivo masculino e tipo de entidade feminina (associação) não são femininos – p.ex., o AD Leônico (BA), o AA Batel (PR), o AA Iguaçu (PR), o AD São Caetano (SP). Há casos ainda mais “graves”, em que, embora o núcleo do nome seja feminino, bem como o tipo de entidade (associação, associação), ainda assim o clube é chamado pelo masculino – p.ex., Villa Nova AA (MG) e SE Palmeiras (SP).

Assim, sobra muito pouco. De memória, a AA Ponte Preta (SP). A Tuna Luso Brasileira (PA) não conta porque, como já dissemos no item 2.1, “tuna” é o tipo de agremiação e de atividade (musical). Então, o núcleo é Luso Brasileira, que não é substantivo, mas adjetivo.

Há um pouco mais de nomes femininos com adjetivo no núcleo, como veremos no item 2.2.2.1.

 

2.2.1.4. Flexão de número

A grande maioria dos substantivos que constam no núcleo dos nomes dos clubes está no singular. P.ex.: Botafogo, Democrata, Independência, Olaria.

Alguns estão no plural, mas porque se baseiam em nomes de cidades que já estão no plural. P.ex.: Caldas (GO), Pelotas (RS), Picos (PI), Palmas (TO), Poções (BA), Queimados (RJ), Russas (CE), Barreiras (BA), Batatais (SP), Santos (SP), Vassouras (RJ), Baraúnas (RN), Arapongas (PR) etc.

Sobra pouco com plural mesmo: ABCR Marítimos (MS), Estudantes SC (PE), AA Vovozinhas (PE), EC Pinheiros (PR), SE Palmeiras (SP).

 

2.2.1.5. Flexão de grau

As flexões de aumentativo (e até de diminutivo) são relativamente comuns nos apelidos dos clubes, como veremos nos itens 2.4.5 e 2.4.6. No núcleo do nome, porém, é muito raro.

De memória, apenas dois: Expressinho FC (MA) e AA Vovozinhas (PE) – que depois mudou de nome para AA Santo Amaro, AA Casa Caiada e, por fim, Recife FC. É surpreendente que os únicos exemplos sejam justamente no diminutivo, já que, como veremos no item 2.4.5, o mais comum é o uso do aumentativo, como forma de propaganda e imposição de respeito etc. OK, “expressinho” é um termo muito utilizado para designar um time reserva ou um misto de titulares com reservas. Já vovozinhas...

Não contamos aqui os casos em que o diminutivo já está no nome da cidade homenageada pelo clube, p.ex.: Sobradinho EC (DF), Tomazinho FC (RJ), EC Igrejinha (RS), Sertãozinho FC (SP). Além de um diminutivo que já estava no nome da pessoa homenageada: SC Rosita Sofia (RJ) – sobre esse nome, ver nosso artigo “As origens remotas dos nomes de alguns clubes brasileiros”.

 

2.2.2. Adjetivo

Adjetivos são palavras que expressam as características dos seres.

Muitas vezes a mesma palavra pode ser um adjetivo ou um substantivo. P.ex., nos nomes: GA Farroupilha (RS), Independente EC (AP e BA), Independente AC (PA), Independente FC (SP) e Bandeirante EC (SP) – fazem o papel de substantivo ou adjetivo?

 

Muitos nomes de clubes têm no núcleo um adjetivo indicativo da atividade econômica dos fundadores – comercial, ferroviária, operária etc. P.ex.:

a) Comercial FC (AL e SP), Comercial AC (ES e PI), EC Comercial (MS e PR), Comercial EC (MS);

b) Associação Ferroviária de Esportes (SP), Ferroviário AC (AL, CE e RO), Ferroviário EC (MA e PE), Clube Ferroviário do Recife (PE), CA Ferroviário (PR), EC Ferroviário (SC);

c) EC Operário (MT e SP), Operário AC (MS), Operário FC (MS), Operário Ferroviário EC (PR).

 

Também muito freqüentes são os adjetivos indicativos do local de fundação, da naturalidade, da nacionalidade ou mesmo da internacionalidade de seus fundadores. P.ex.:

a) continente: Americano FC (MA e RJ), SC Americano (SP), Intercontinental FC (PE);

b) nacionalidade: Nacional FC (AM, ES e MG), Nacional AC (MG, PB, PR e SP), CS Internacional (AL), AA Internacional (SP), SC Internacional (RS), EC Internacional (RS), Portuguesa FC (CE), Associação Portuguesa Londrinense (PR), AA Portuguesa (RJ e SP), Associação Portuguesa de Desportos (SP);

c) estado: Fluminense FC (BA, MG, RN e RJ), CA Mineiro (MG), ACD Potiguar (RN) – obs.: não é o caso do Paulista FC, de Jundiaí (SP), que se refere não ao estado, mas à Companhia Paulista de Estradas de Ferro;

d) cidade: AA Caldense (MG), Corumbaense FC (MS), SE Platinense (PR), Carioca EC (RJ), Friburguense AC (RJ), Ituano FC (SP), GE Novorizontino (SP), CA Paulistano (SP), CA Pirassununguense (SP) – obs., não é o caso do EC Mogiana (SP), que faz referência à Estrada de Ferro Mogiana.

 

Vejamos abaixo como, em relação aos mesmos lugares, há clubes que adotam por núcleo do nome o topônimo (substantivo próprio: nome do lugar), outros o respectivo gentílico (adjetivo pátrio):

 

Topônimo x gentílico:

  • América FC (RJ) x Americano FC
  • Anápolis FC (GO) x AA Anapolina
  • Brasília FC (DF) x Brasiliense FC
  • SER Caxias (RS) x AE Caxiense (MA)
  • Goiânia EC (GO) x AC Goianiense
  • Paraná Clube (PR) x CA Paranaense
  • Rio Cricket AA e Rio FC (RJ) x Carioca EC e Fluminense FC
  • SC Rio Grande (RS) x FC Rio-Grandense
  • São Paulo FC (SP) e SC São Paulo (RS) x CA Paulistano (SP)

 

2.2.2.1. Flexão de gênero

No que diz respeito à flexão quanto ao gênero, os adjetivos biformes são os que apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. P.ex., rápido e rápida, espanhol e espanhola, bom e boa etc.

Ao contrário do que ocorre com os substantivos, nos nomes de clubes que têm por núcleo um adjetivo biforme, é menos incomum o uso do feminino. P.ex., AD Ferroviária (ES), EC Siderúrgica (MG), AA Portuguesa (RJ e SP), Asssociação Ferroviária de Esportes (SP).

Note-se que, nos exemplos acima, não só o adjetivo está flexionado no feminino como o próprio clube é conhecido pelo feminino: “a” Ferroviária, “a” Portuguesa etc.

Há outros nomes que, apesar do adjetivo estar no feminino, o clube é chamado pelo masculino – fenômeno bastante comum nos nomes com substantivos femininos, como vimos no item 2.2.1.3. Aqui nos adjetivos, p.ex., diz-se “o” Boa EC (MG), “o” EC Mogiana (SP) – talvez porque o masculino seja o “Clube”.

 

Já os adjetivos uniformes são os que apresentam a mesma forma para ambos os gêneros. P.ex., ágil, leal, comum, paulista etc. Alguns são chamados no masculino, como Fluminense FC. Outros, no feminino, p.ex.: AE Catuense (BA), AA Caldense (MG), SE Platinense (PR), AA Cabofriense (RJ), Associação Chapecoense de Futebol (SC).

Interessante notar como um mesmo adjetivo uniforme pode dar origem a nomes de clubes chamados pelo feminino e pelo masculino. É o caso do adjetivo “internacional”. De um lado, temos “a” AA Internacional de Bebedouro (SP) e “a” AA Internacional de Limeira (SP). De outro, temos “o” SC Internacional de Porto Alegre (RS) e “o” EC Internacional de Santa Maria (RS). Talvez o que explique esse fenômeno seja o gênero do tipo de entidade: “a” Associação de um lado (Bebedouro e Limeira), “o” Clube de outro (Porto Alegre e Santa Maria).

 

2.2.2.2. Flexão de número

Como pudemos ver pelos inúmeros exemplos acima citados, quase todos os adjetivos que se encontram no núcleo dos nomes de clubes estão no singular. De memória, cumpre lembrar, no plural, apenas: EC Corinthians (MS e SP), AC Corinthians (RN). Isso porque “corinthians”, em inglês, significa “coríntios”, i.e., naturais da cidade de Corinto, na Grécia (ver nosso artigo “As origens remotas dos nomes de alguns clubes brasileiros”).

Clubes homônimos desses, como SC Corinthians Alagoano (AL), SC Corinthians Paranaense (PR), SC Corinthians Paulista (SP), não podem entrar nesse rol porque eles estão acompanhados de um gentílico no singular (alagoano, paranaense, paulista). Como não se cogita que o nome de um clube comporte um erro de concordância, é preciso reconhecer, nesses nomes, que a palavra “Corinthians” não cumpre a função de adjetivo, mas de substantivo próprio – homenagem a um time inglês, direta (pelo time paulista) ou indireta (já que os demais homenageiam o time paulista). Considerando que o clube paulista foi usado como padrão para os demais, conclui-se que, na realidade, os Corinthians brasileiros não constituem adjetivos flexionados no plural. Aliás, nem sequer o time inglês, uma vez que seu nome oficial está no singular: Corinthian FC. O “s” de plural surgiu foi no apelido do time inglês: “Corinthians’ Team”, i.e., time dos coríntios – conforme explicamos em nosso citado artigo “As origens remotas dos nomes de alguns clubes brasileiros”.

 

2.2.2.3. Flexão de grau

Os únicos nomes que possuem no núcleo um adjetivo com derivação sufixal de grau são “Ruinzão Futebol Clube”, um time escolar de Ribeirão Pires (SP), e “Molezão Futebol Clube”, do futebol amador de Curitiba (PR). (Obs.: esses nomes não são únicos em termos de auto-crítica. Basta lembrar o “Derrota Certa Esporte Clube”, time de peladeiros do Morro da Mangueira, que comemorou 50 anos de atividades em 2006.)

A utilização de adjetivos flexionados quanto ao grau é menos incomum nos apelidos dos clubes, que veremos nas antonomásias citadas no item 2.4.3. P.ex., Íbis SC (PE), “o Pior do Mundo” – grau superlativo relativo sintético –; CR Flamengo (RJ), “o Mais Querido” – grau superlativo relativo analítico.

 

2.2.3. Numeral

Na maioria dos nomes de clubes cujo núcleo é formado por um numeral, esse numeral é uma data. P.ex., SS Sete de Setembro (AL), 26 de Outubro FC, de Brasília (DF), Sete de Setembro FC, de Belo Horizonte (MG), Primeiro de Maio EC (PE), 4 de Julho EC, de Piripiri (PI), SC 14 de Julho, de Santana do Livramento (RS), EC XV de Novembro, de Jaú e Piracicaba (SP).

Mas também há um ou outro numeral “puro”. P.ex., o Treze Futebol Clube, de Campina Grande (PB), e o Clube dos XXX [é “Trinta” mesmo, não “Triplo X”, como naquele filme do Wim Diesel], de Araguaína (TO).

 

2.2.4. Interjeição

No Brasil, lembro de apenas dois nomes cujo núcleo é constituído por uma interjeição.

O primeiro é o Fußball Manschaft Frisch Auf. “Manschaft” significa “equipe” ou “grupo”, ou seja, é o tipo de entidade. O núcleo do nome é “Frisch Auf”, uma interjeição que significa “vamos lá”, “mãos à obra”. Exemplo perfeito, fosse isso um clube... A rigor, era apenas o departamento de futebol (time) da Sociedade Ginástica Turnerbund, de Porto Alegre (RS).

Nome de clube mesmo, só me lembro é do Sport Club Shallon (RO). Apesar da grafia um tanto diferente da que é fixada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), vem de “shalom”, uma palavra hebraica que significa “paz” e é utilizada como saudação – logo, interjeição, como aliás consta no Volp.

Outra interjeição de origem hebraica é “aleluia”. Pois no livro de Bindi e Santiago Jr., vemos que na Coréia do Sul existe um clube fundado em 1980, por um grupo de religiosos católicos, com o nome de Hallelujah Football Club. Atualmente, ele incorporou o nome da cidade em que hoje se localiza, mas sem eliminar a interjeição: Ansan Hallelujah FC.

“Boa!” também é uma interjeição de aprovação. Mas no caso do Boa EC (MG), tem origem não na interjeição e sim no adjetivo: o primeiro nome do clube era Boa Vontade FC.

 

2.3. Como os clubes são chamados

Nem sempre os clubes são chamados pelo nome completo. Por uma questão de economia verbal, basta uma parte do nome – assunto que veremos neste item – ou um apelido – que veremos no item 2.4.

 

2.3.1. Conhecidos por redução

Nossa primeira abordagem será sobre que parte do nome é escolhida como identificação primária, pela torcida e pela imprensa. Imagina-se que a preferência recaia sobre o núcleo do nome, mas, como veremos, nem sempre é assim.

 

2.3.1.1. Nomes que começam com “Clube Atlético...”

De um lado, temos clubes conhecidos como “Atlético” (tipo da atividade), i.e., que deixam o núcleo do nome em segundo plano: Clube Atlético Mineiro, Clube Atlético Paranaense e Clube Atlético Goianiense.

De outro, clubes conhecidos pela palavra que vem em seguida (que é o núcleo do nome): CA Paulistano (SP), CA Juventus (SP) e CA Ferroviário (PR).

Por que o CAM não é conhecido como “Mineiro”, o CAP como “Paranaense” e o Atlético-GO como “Goianiense”? Por que o Paulistano, o Juventus e o Ferroviário não são conhecidos como “Atléticos”? Para o CAM, pode haver uma explicação: seu primeiro nome era Atlético Mineiro FC, ou seja, Atlético não adjetivava “Clube”.

 

2.3.1.2. Nomes que começam com “Clubes Náuticos...”

De um lado, temos o Clube Náutico Capibaribe (PE), conhecido como Náutico (tipo de atividade). De outro, o Clube Náutico Marcílio Dias (SC), conhecido como Marcílio Dias (núcleo do nome). Por que o Náutico não é conhecido como Capibaribe e o Marcílio Dias como Náutico?

 

2.3.1.3. Nomes que começam com “Grêmio...”

O Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense é conhecido como Grêmio (tipo de entidade); já o GE Bagé e o GE Brasil como Bagé e Brasil de Pelotas (núcleo do nome). Por que o Grêmio não é conhecido como Porto-Alegrense, enquanto o Bagé e o Brasil de Pelotas como Grêmio? Talvez porque Porto-Alegrense esteja adjetivando o Grêmio, ao passo que Bagé e Brasil são substantivos.

 

2.3.1.4. Nomes que começam com “Esporte Clube...”

O Sport Club Recife (PE) é conhecido como Sport (tipo de atividade); já o EC Cruzeiro (RS) e o EC São José (RS), como Cruzeiro e São José (núcleo do nome). Porque o Sport não é conhecido como Recife e os dois clubes gaúchos como Esporte?

 

2.3.1.5. Nomes que terminam com “... Esporte Clube”

Todos os de nome Auto Esporte Clube (AL, AM, PB, PE, PI e SP) são conhecidos como Auto Esporte (núcelo do nome somado ao tipo de atividade). Só que o Cruzeiro EC (MG), o Madureira EC (RJ) e o Icasa EC (CE) não são conhecidos como Cruzeiro Esporte, Madureira Esporte e Icasa Esporte. E os Auto Esporte não são conhecidos como “Auto” (salvo como forma abreviada).

Talvez porque “Auto” seja um nome curto, dissílabo, que praticamente “pede” um complemento. Assim como o Boa Esporte Clube (MG), conhecido como Boa Esporte, o Moto Clube de São Luís (MA), conhecido como Moto Clube, e a Tuna Luso Brasileira (PA), conhecida como Tuna Luso.

Bem, dissílabos como Ponte e Vasco não exigem complemento. Será que dispensam porque são nomes cujos núcleos são compostos por mais de uma palavra (Ponte Preta, Vasco da Gama)? Já foi observado que, no caso de nomes compostos por duas palavras, como Ponte Preta e Vasco da Gama, prevalece a primeira palavra (cf. Fernández). Só que isso não ocorre com outros, p.ex., com nomes de santos (São Cristóvão, São Paulo, São Caetano, Santo André etc.).

 

S.m.j., não existe uma resposta coerente que explique todas essas contradições. De modo geral, parece que gentílicos (como Mineiro, Paranaense, Goianiense, Porto-Alegrense) não prevalecem, mas há exceções, como Paulistano. Quanto aos topônimos, ficou dividido: Capibaribe e Recife não prevaleceram, mas Bagé e Brasil, sim. Provavelmente, as explicações são mais locais, culturais, históricas do que lingüísticas.

 

2.3.2. Conhecidos por siglas

Sigla é uma representação abrevidada de uma expressão, formada pelas letras iniciais das palavras que a compõem. É uma forma específica – e radical – de redução do nome do clube (economia verbal), na linguagem coloquial. P.ex.:

  • ACP – Atlético Clube Paranavaí (PR),
  • Adesg – Associação Desportiva de Senador Guiomard (AC),
  • AGA – Associação Garanhuense de Atletismo (PE),
  • ASA – Agremiação Sportiva Arapiraquense (AL),
  • Café – Cianorte Assessoria Física e Educativa (PR),
  • Cene – Clube Esportivo Nova Esperança (MS),
  • Ceub – Centro Esportivo Universitário de Brasília (DF),
  • CFZ – Clube de Futebol Zico (RJ),
  • Crac – Clube Recreativo e Atlético Catalano (GO),
  • CRB – Clube de Regatas Brasil (AL),
  • CSA – Centro Sportivo Alagoano (AL),
  • CSE – Centro Social Esportivo (AL),
  • Derac – Departamento de Estradas e Rodagem Atlético Clube (SP),
  • Socremo – Sociedade Cultural Recreativa de Monteiro (PB),
  • Sorec – Sociedade Recreativa Cascavel (PR)
  • URT – União Recreativa dos Trabalhadores (MG),
  • Vocem – Vila Operária Cube Esporte Mariano (SP) – obs.: além de sigla, “vocem” é palavra latina que consta no escudo, “audite vocem domini”, significando “Deus ouve você” (cf. Bindi).

Obs.: estamos adotando a convenção da imprensa, de redigir inteiramente em caixa-alta as siglas de três letras ou menos, bem como as que não são pronunciáveis; nas demais, somente a inicial tem caixa-alta.

 

Há casos, porém, em que o próprio nome já é uma sigla, não uma redução do nome, como nos exemplos acima citados. Vale dizer, são casos em que o nome adotado é uma sigla preexistente ao próprio clube. P.ex.:

  • ABC, de Natal (RN) – o nome ABC foi escolhido em homenagem a um tratado de coexistência pacífica firmado entre Argentina, Brasil e Chile, na época da fundação do clube; no entanto, o nome completo do clube é ABC Futebol Clube, não “Argentina, Brasil e Chile Futebol Clube”;
  • Ceilândia EC (DF) – nome derivado da Companhia de Erradicação de Invasões (CEI), empresa que erradicou favelas do Plano Piloto de Brasília; os moradores foram transferidos pela CEI para um lugar que ficou conhecido como CEI-lândia;
  • Cianorte EC (PR) – a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (Cianorte) virou o nome da cidade que colonizou e, por tabela, do clube que lá foi fundado;
  • CIP Foot-ball Club (SC) – era o time da Companhia Itajahiense de Phósphoro (CIP);
  • Icasa EC e ADRC Icasa (CE) – o segundo apenas aproveitou o nome do primeiro, que era o time de uma empresa; há controvérsias quanto ao nome completo da empresa, que nem o site oficial do clube soluciona: Indústria Cariri Algodoeira S/A, Indústria Cearense de Algodão ou Indústria e Comércio de Algodão S/A;
  • Mavilis FC (RJ) – nome da Fábrica Mavilis, formado pelas iniciais de Manuel Vicente Lisboa, ex-presidente da Companhia América Fabril – ver nosso artigo “As origens remotas dos nomes de alguns clubes brasileiros”;
  • Ramalat SC (PE) – o nome tem origem na Ramos Ltda., uma empresa da família que fundou o clube;
  • Sinop FC e AA Sinop (MT) – nome da cidade, que adotou o da empresa que fez o loteamento do lugar: a Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná (Sinop);
  • SC Ulbra (RS) – é o clube da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra);
  • Unibol Pernambuco FC (PE) – o nome vem de Universidade do Futebol (Unibol);
  • Centro de Treinamento Uniclinic (CE) – o nome vem do hospital de propriedade do dono do clube, a União de Clínicas Ceará (Uniclinic).

 

Cumpre lembrar que alguns nomes de clubes parecem siglas, mas não são. É o caso do Fast, de Manaus (AM) – nome completo: Nacional Fast Clube. Fast não é sigla, mas a palavra inglesa “fast” (rápido, veloz), escolhida por dois motivos: para se referir à velocidade dos jogadores e para que o clube ficasse com as mesmas iniciais (NFC) do Nacional Futebol Clube (AM), do qual se originou a partir de uma dissidência.

Também não é sigla o Ceres (RJ) – nome completo: Ceres Futebol Clube. Trata-se do nome da rua de Bangu em que moravam os fundadores do clube (rua Ceres) que, por sua vez, é o nome da deusa da agricultura, na mitologia romana.

 

2.3.3. Conhecidos por um complemento

Como vimos pelos casos acima estudados, normalmente, na conversa coloquial, os nomes clubes dos clubes sofrem uma redução, seja por omissão de parte do nome (item 2.3.1 e subitens), seja por adoção de uma sigla com base em suas iniciais (item 2.3.2). Às vezes, porém, eles recebem um complemento que não consta do nome oficial. P.ex.:

  • América FC, de Belo Horizonte (MG), chamado de América Mineiro,
  • GE Brasil (RS), chamado de Brasil de Pelotas,
  • AA Internacional (SP), chamada de Inter de Bebedouro,
  • EC Internacional (RS), chamado de Inter de Santa Maria,
  • Oeste FC (SP), chamado de Oeste de Itápolis,
  • AA Portuguesa (RJ), chamada de Portuguesa Carioca,
  • AA Portuguesa (SP), chamada de Portuguesa Santista,
  • EC XV de Novembro (SP), chamado de XV de Jaú,
  • EC XV de Novembro (SP), chamado de XV de Piracicaba.

Como vimos, quase sempre o complemento é invocado para distinguir o clube de seus homônimos. Nos exemplos acima, a referência oculta, por contraste, é o América carioca, o Brasil de Farroupilha, o Inter de Porto Alegre e a Portuguesa de Desportos. Aparentemente não é o caso do Oeste de Itápolis, em que o complemento parece brotar de uma maior identificação do clube com a cidade.

 

2.4. Apelidos

No item anterior falamos sobre como os clubes são chamados, na linguagem corrente, coloquial. Uma dessas formas, a mais informal delas, a ponto de merecer um capítulo especial (este), é a utilização de apelidos.

João Lyra Filho tem uma tese muito interessante. Ele observa que a mania dos apelidos já existia entre os grupos de capoeira: “onde quer que houvesse aglomerações de povo, sempre existiam maltas de capoeiras, várias com seus apelidos”. Depois, essa prática foi transplantada para os grupos de torcedores dos times (os pó-de-arroz, os rubro-negros etc.) e, por extensão, aos próprios clubes (o Glorioso, o Clube Cadete etc.).

 

2.4.1. Cores, mascote e local

Muitos clubes adotam por apelido sua própria caracterização. P.ex., a sua própria combinação de cores do uniforme, p.ex.:

  • alvianil – Olaria AC (RJ),
  • alvinegro – Clube Atlético Mineiro (MG), Botafogo FR (RJ), CR Vasco da Gama (RJ),
  • alvirrubro – Bangu AC (RJ),
  • alviverde – Coritiba FC (PR), SE Palmeiras (SP),
  • áureo-cerúleo – EC Pelotas (RS),
  • rubroanil – Bonsucesso FC (RJ),
  • rubronegro – Clube Atlético Parananese (PR), CR Flamengo (RJ), Sport Club Recife (PE), EC Vitória (BA),
  • rubroverde – AE Velo Clube Rioclarense (SP),
  • tricolor – Fluminense FC (RJ), São Paulo FC (SP).

 

Outros têm por apelido o local em que têm sede. P.ex.:

  • Clube da Colina – Sul América EC (AM), CR Vasco da Gama (RJ)
  • Clube da Gávea – CR Flamengo (RJ),
  • Clube da Rua Bariri – Olaria AC (RJ),
  • Clube da Rua Javari – CA Juventus (SP),
  • Clube do Morumbi – São Paulo FC (SP).

 

A mascote de um clube nem sempre se confunde com o seu apelido. P.ex.:

  • Clube Atlético Paranaense (PR) – mascote: Cartola – apelido: Furacão;
  • Comercial FC, de Ribeirão Preto (SP) – mascote: Leão – apelido: Bafo;
  • Coritiba FC (PR) – mascote: Vovô – apelido: Coxa;
  • Fluminense FC (RJ) – mascote: Cartola – apelido: tricolor (obs.: considero “pó-de-arroz” um apelido dos torcedores, não exatamente do time; ninguém diz “o pó-de-arroz venceu”, mas sim “o tricolor venceu” e “a torcida pó-de-arrroz comemorou”);
  • São Cristóvão FR (RJ) – mascote: Carneiro – apelido: Clube Cadete.

 

Todavia, em muitos clubes apelido e mascote se confundem, sim. P.ex.:

  • Canário – EC Ypiranga (BA),
  • Coelho – América FC (MG),
  • Galo – Clube Atlético Mineiro (MG), GE Maringá (PR),
  • Galo da Comarca – EC XV de Novembro, de Jaú (SP),
  • Leão – Sport Club Recife (PE), Villa Nova AC (MG),
  • Macaca – AA Ponte Preta (SP),
  • Moleque Travesso – CA Juventus (SP), AD Leônico (BA),
  • Peixe – Santos FC (SP),
  • Raposa – Cruzeiro EC (MG),
  • Timbu – Clube Náutico Capibaribe (PE),
  • Trem-fantasma – Operário Ferroviário EC (PR),
  • Tubarão – Ferroviário AC (CE), Londrina EC (PR), Cotinguiba EC (SE), Princesa do Solimões EC (AM),
  • Vovô – SC Rio Grande (RS), Ceará SC (CE).

 

2.4.2. Adjetivo

Alguns times adotam por apelido um adjetivo. No caso da Associação Portuguesa de Desportos, mero sinônimo do próprio nome: Lusa. Em outros clubes, o apelido adjetivo busca reforçar as qualidades do time:

  • Glorioso – Botafogo FR (RJ), CA Paulistano (SP),
  • O Mais Querido – ABC FC (RN), CR Flamengo (RJ), Goytacaz FC (RJ), CE Sergipe (SE), São Paulo FC (SP),
  • O Mais Simpático – Comercial FC, de São Paulo (SP),
  • Veterana – AA Ponte Preta (SP).

 

No entanto, por incrível que pareça, há time que tem por apelido adjetivo pejorativo. É o caso do Íbis SC (PE), conhecido por O Pior do Mundo, como estratégia (bem sucedida) de propaganda da marca.

A AA Portuguesa, de Santos (SP), também é pejorativamente chamada de “burrinha”, pelas torcidas adversárias. No entanto, seu apelido consagrado é outro adjetivo: “Briosa”.

Falando nisso, o EC Taubaté (SP) é conhecido como Burro da Central. Só que o apelido surgiu porque burros e cavalos pastavam no terreno do clube, nos fundos da estação da Estrada de Ferro Central do Brasil. Ou seja, o Burro da Central não só não é pejorativo como também não é adjetivo.

 

2.4.3. Antonomásia

Antonomásia é uma metonímia que substitui um substantivo próprio por uma perífrase, que, por sua vez, é uma expressão utilizada para designar algo por um de seus atributos. Comum no futebol graças à imprensa, que, por uma questão de estilo, busca formas alternativas de designar os clubes sem repetir excessivamente seus nomes. Com isso, acaba fazendo uso de várias palavras para substituir uma. P.ex.:

  • o aristocrático tricolor das Laranjeiras – Fluminense FC (RJ),
  • o clube da Estrela Solitária – Botafogo FR (RJ),
  • o clube da faixa azul – Olaria AC (RJ),
  • o Leão Azul do Rio Mearim – Bacabal EC (MA),
  • o mais querido – CR Flamengo (RJ),
  • o Pior do Mundo – Íbis SC (PE),
  • o verdão da Mogiana – Radium FC (SP),
  • o verdão do Cariri – ADRC Icasa (CE),
  • o time da terra dos carnaubais – Caiçara EC (PI),
  • o time do Parque da Cohama – Maranhão AC (MA).

 

2.4.4. Apócope e aférese

Muitos apelidos de clubes surgem por redução do nome.

 

Uma forma de redução é a apócope, quando é mantida a parte inicial do nome e cortada a final, como em “Maraca”, “Sampa” e “São Gonça” (como na música de Seu Jorge). Equivale a uma abreviatura. P.ex.:

  • Camaça – Camaçari FC (BA)
  • Fla – CR Flamengo (RJ),
  • Flu – Fluminense FC (RJ),
  • Inter – SC Internacional, de Porto Alegre (RS), EC Internacional, de Santa Maria (RS), AA Internacional, de Bebedouro (SP),
  • Jipa – Ji-Paraná FC (RO).

 

Ao contrário dos casos acima, há outros em que a apócope é irregular, porque acompanhada de uma pequena alteração para transformá-la numa paroxítona terminada com a volga “a”, que lhe confere uma pronúncia mais forte, com maior expressividade, como em “Floripa”. P.ex.:

  • Barça (não “Barce”) – FC Barcelona (Espanha)
  • Bonja (não “Bonje”) – SC Bom Jesus (AL)
  • Bonsuça (não “Bonsuce”) – Bonsucesso FC (RJ)
  • Jabuca (não “Jabuqua”) – Jabaquara AC (SP)
  • Madura (não “Madure”) – Madureira EC (RJ)
  • Naça (não “Nacio”) – Nacional AC (SP), Nacional FC (AM)

 

Outra forma de redução do nome é a aférese, em que se faz exatamente o contrário da apócope, ou seja, é mantida a parte final do nome e cortada a inicial. P.ex.:

  • Cesso – Bonsucesso FC (RJ)
  • Mengo – CR Flamengo (RJ)
  • Nense – Fluminense FC (RJ)

Curiosamente, os três exemplos acima são de clubes que têm apelidos formados por apócope e outros por aférese.

 

No início do século XX, os chargistas chamavam de “povo escovado”, “povo sacudido” e “turma da lira” os grupos de afrodescendentes que se dedicavam à capoeira, ao violão e às serestas. Segundo Luiz Sergio Dias, esses grupos tinham um linguajar muito peculiar, com alterações fonéticas de origem afro, p.ex.: apócopes, como “generá” (general), “mé” (mel), “cafezá” (cafezal); e aféreses, como “tá” (está), “ocê” (você) e “cabá” (acabar). Pode-se especular que as reduções de nomes de clubes por meio de apócopes e aféreses, no Brasil, têm apoio nessa experiência cultural.

 

2.4.5. Aumentativo

Nos itens 2.2.1.5 e 2.2.2.3, nós vimos casos em que o nome do clube é, por si, uma palavra flexionada no aumentativo ou no diminutivo. Aqui veremos casos em que a palavra flexionada é não o nome, mas o apelido.

 

Naturalmente, a maior parte dos apelidos flexionados quanto ao grau usam sufixos nominais aumentativos. Com isso, a torcida quer dizer que seu time é grande, maior que o adversário; que exige respeito. P.ex., Coringão e Timão, para o SC Corinthians Paulista (SP).

O aumentativo formado pelo sufixo nominal “-ão” pode partir das cores, da mascote, da apócope e da aférese:

a) a partir das cores: Azulão – AD São Caetano (SP); Verdão – SE Palmeiras (SP), Coritiba FC (PR), SE Gama (DF);

b) a partir da mascote: Sapão – Mogi Mirim EC (SP);

c) a partir da apócope: Fluzão – Fluminense FC (RJ);

d) a partir da aférese: Fogão – Botafogo FR (RJ); Mengão – CR Flamengo (RJ).

 

Outra opção é a utilização do sufixo nominal aumentativo “-aço”, p.ex.:

  • Tricolaço – Guarapari EC (ES)
  • Voltaço – Volta Redonda FC (RJ)

 

2.4.6. Diminutivo

Como bem observa José Miguel Wisnik, o brasileiro, porque avesso ao ritualismo social, à reverência formal e à solenidade (é o “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda), tem uma tendência a identificar-se por meio da familiaridade, da pessoalidade, da intimidade. Uma dessas manifestações de intimidade, segundo Buarque de Holanda, é justamente o pendor ao uso bastante comum de diminutivos:

“A terminação ‘inho’, aposta às palavras, serve para nos familiarizar mais com as pessoas ou os objetos e, ao mesmo tempo, para lhes dar relevo. É a maneira de fazê-los mais acessíveis aos sentidos e também de aproximá-los do coração.”

Trata-se de um costume antigo. Adolfo Moraes de los Rios Filho observa que, nos apelidos que vigoravam do Rio de Janeiro imperial, “preponderava o tom bem brasileiro e carinhoso dos diminutivos”: Zequinha, Juquinha, Toninho etc. Isso foi muito registrado pela literatura brasileira, desde o século XIX. Que o diga a Engraçadinha de Nelson Rodrigues, o Miguilim de Guimarães Rosa, em “Campo geral”. E, no século XIX, p.ex., a “senhora D. Joaninha” (em A Moreninha), nessa mistura curiosa do diminutivo informal com pronome de tratamento formal, ainda mais para uma moçoila de dezessete anos (sobre isso, aliás, Ina Von Binzer já comentava, em 1882, que quando os alemães usam “‘Senhora Conselheiro’, ‘Senhora Oberamtmann’ e ‘Senhora Superintendente’, percebe-se logo que não se trata de uma menina de dezessete anos; enquanto aqui [no Brasil], nunca se sabe em que altura está colocada uma pessoa, na escala de idades”).

No caso do futebol, como dissemos, a torcida prefere se referir a seu time no aumentativo. O diminutivo normalmente soa pejorativo – como “timinho”. E é claro que uma torcida pode usar o diminutivo para ridicularizar o time adversário. No entanto, pode ser que ela e a imprensa adotem um apelido no diminutivo com intenções afetivas, de carinho (hipocorístico).

Vejamos alguns apelidos de clubes, em que foi escolhida uma palavra flexionada no diminutivo, i.e., com um sufixo nominal como “-inho”, “-inha” ou “-ico”:

  • Brasinha – América FC, de São José do Rio Preto (SP)
  • Burrinha – AA Portuguesa, de Santos (SP)
  • Canarinho – Ypiranga FC (RS), AE Araçatuba (SP), Estanciano EC (SE)
  • Fantasminha – GA Farroupilha (RS), CS Maruinense (SE)
  • Ferrinha – Associação Ferroviária de Esportes (SP)
  • Flamenguinho – AA Flamengo, de Guarulhos (SP)
  • Leãozinho – Mirassol FC (SP)
  • Lusinha – Associação Portuguesa Londrinense (PR)
  • Mequinha – America FC (RJ)
  • Mundico – São Raimundo EC (AM)
  • Poetinha – Casimiro de Abreu EC (RJ)
  • Verdinho – SE Palmeiras B (SP)
  • Vermelhinho – União EC (MT), AC Paranavaí (PR)
  • Zequinha – EC São José (RS)

 

Interessante é o caso do SC Corinthians Paranaense (PR). Seu apelido, em evidente referência ao Timão paulista, é Timãozinho – ou seja, é o diminutivo de um aumentativo. Curiosidade: esse time joga no Eco-estádio Janguito Malucelli; como é costume brasileiro tratar os estádios no aumentativo, ele é conhecido como “Janguitão”, ou seja, o aumentativo de um diminutivo...

 

Há também o sufixo nominal diminutivo “-im”, usado em: espadim (espada pequena), fortim (pequeno forte), selim (sela pequena). De uso mais freqüente na linguagem coloquial mineira e nordestina, consta em “Ferrim”, apelido do Ferroviário AC (CE).

Alguém dirá “Nhô Quim”, do EC XV de Novembro, de Piracicaba (SP). Ocorre que “Quim” normalmente é apelido de Joaquim, obtido por aférese, não por flexão de grau. No caso do clube, porém, “Quim” também deve ser interpretado como apócope de “Quinze”. De qualquer modo, não se trata do sufixo nominal diminutivo “-im”.

Alguém também poderá lembrar “Benjamim”, apelido que o Comercial FC, de São Paulo (SP), ganhou desde que foi o clube novato da primeira divisão do campeonato paulista. Só que “benjamim”, que significa “filho preferido”, não é flexão de outra palavra para o diminutivo.

 

Interessante notar que o America FC (RJ) e o Ferroviário AC (CE) têm apelidos aumentativos (Mecão e Ferrão) e diminutivos (Mequinha e Ferrim), conforme se pretenda realçar a força do clube ou sua simpatia, respectivamente. Ou de acordo com a boa ou má fase em que se encontra.

Vejamos abaixo os processos de transformação do nome em apelido. Obs.: coloquei entre colchetes as fases que devem ser subentendidas na formação do apelido, embora não sejam utilizadas na linguagem coloquial:

  • América => [Americão (derivação sufixal)] => [Mericão (aférese)] => Mecão (síncope)
  • América => Ameriquinha (derivação sufixal) => [Meriquinha (aférese)] => Mequinha (síncope)
  • Ferroviário => [Ferro (apócope)] => Ferrão (derivação sufixal)
  • Ferroviário => [Ferro (apócope)] => Ferrinho (derivação sufixal) => Ferrim (apócope)

 

2.4.7. Sufixo nominal “-usca”

Os gramáticos classificam esse sufixo como diminutivo.

Ao comentar o Canto IV de O Uraguai, de Basílio da Gama, o professor de literatura Luiz Roncari diz que Irmão Patusca é “um nome depreciativo, que tanto lembra um bicho, o pato, como tem o tom rebaixante do sufixo usca”. Será que o sufixo “-usca” realmente tem um “tom rebaixante”?

No caso de “patusca”, parece que sim. Não em A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, quando, para atrair seus amigos a uma festa, um personagem diz que sua avó “é a velha mais patusca do Rio de Janeiro”. Mas em Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, D. Eusébia se confessa “uma velha patusca”. E numa crônica de A cabra vadia, Nelson Rodrigues descreve uma grã-fina caricata como “realmente gorda e realmente patusca como as viúvas machadianas”.

Com auxílio de um dicionário de rimas, encontrei as seguintes palavras, com as definições do Caldas Aulete: areiúsca (terra com areia), chamusca (queima de leve), enfusca (esconderijo), farrusca (nódoa de carvão), fusca (escura, parda; espécie de pato selvagem; para “Fusca” como nome do automóvel, ver nosso artigo “Os nomes e apelidos do Fusca”), galrusca (tipo de cabra pequena), labrusca (uma casta de uva preta), pardusca (um pouco parda), patusca (divertida, pândega, brincalhona), velhusca (velhota).

Observe-se, na relação acima, que nem sempre a terminação em “-usca” traduz um diminutivo, bem como está longe de o tom pejorativo ser a regra.

 

No futebol, eventualmente, o sufixo “-usca” é utilizado para apelido, p.ex.:

  • Campusca – Campo Grande AC (RJ),
  • Cantusca – Canto do Rio FC (RJ),
  • Norusca – EC Noroeste (SP).

Segundo o dicionário de Leonam Penna, “Campusca” é um apelido inexplicável, inventado pelos locutores cariocas. Para Feijó, trata-se de um desvio lingüístico, criado diante do desgaste e da perda de expressividade do termo original. Um desvio que sugere afetividade por time pequeno (daí o sufixo nominal diminutivo) e simpático, assim como Fusca designa um carro pequeno, simpático e popular. A identidade do sufixo faz com que a mesma explicação seja aplicável ao “Cantusca” e ao “Norusca”.

Para encerrar, também é registrada pelos dicionários da gíria futebolística a corruptela “meiúca”, que significa o meio-de-campo (cf. Penna e Lima) – e, por extensão, o jogador que lá atua (cf. Feijó). P.ex., “Fulano joga na meiúca” ou “Sicrano é meiúca”. Como bem observa o prof. Feijó, trata-se de construção assemelhada à derivação sufixal com “-usca”, que forma um termo “repleto de afetividade, malícia e uma pitada de deboche” (sem grifo no original) – principalmente quando se refere ao jogador. Eis o “tom rebaixante” de que falou Luiz Roncari.

Em resumo, Campusca, Cantusca e Norusca são apelidos ambíguos, que podem evocar esses mesmos sentidos contraditórios, ao mesmo tempo ou não, a depender do contexto e do enunciante:

  • pode ter o sentido diminutivo, para quem se refere a eles clubes como clubes pequenos;
  • pode ter o sentido carinhoso, para quem tem apreço e simpatia por eles; e/ou
  • pode ter o “tom rebaixante”, para quem não os aprecia.

 

2.4.8. Sílabas dobradas

Numa novela de As vítimas algozes, existe um trecho em que Joaquim Manuel de Macedo destaca a enorme intimidade entre a mucama (escrava usada em serviços domésticos) e a sinhazinha, filha do dono da casa. Diz Macedo que “a mucama, embora escrava, é ainda mais do que o padre confessor e do que o médico da donzela: porque o padre confessor conhece-lhe apenas a alma, o médico ainda nos casos mais graves de alteração de saúde conhece-lhe imperfeitamente o corpo enfermo, e a mucama conhece-lhe a alma tanto como o padre, e o corpo muito mais do que o médico”.

Ora, se era grande a intimidade com a mucama, que dirá com a ama-de-leite, que era mais que uma “babá” (palavra, aliás, também formada por sílabas dobradas). Segundo Gilberto Freyre, no clássico Casa grande & senzala, o contato da criança com a ama negra “amoleceu” o idioma português:

“O processo de reduplicação da sílaba tônica, tão das línguas selvagens e da linguagem das crianças, atuou sobre várias palavras dando ao nosso vocabulário infantil um especial encanto. O ‘dói’ dos grandes tornou-se o ‘dodói’ dos meninos. Palavra muito mais dengosa. A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida: machucou-a, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finais moles; palavras que só faltam desmanchar-se na boca da gente. A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase africano: cacá, pipi, bumbum, tentem, neném, tatá, papá, papato, lili, mimi, au-au, bambanho, cocô, dindinho, bimbinha. Amolecimento que se deu em grande parte pela ação da ama negra junto à criança, do escravo preto junto ao filho do senhor branco. Os nomes próprios foram dos que mais se amaciaram, perdendo a solenidade, dissolvendo-se deliciosamente na boca dos escravos. As Antônias ficaram Dondons (...); as Teresas, Tetés; (...) os Pedros, Pepés; os Albertos, Bebetos (...). Isto sem falarmos das Iaiás, dos Ioiôs, (...) Bembens, Dedés, (...) Nonocas, Gegês.”

Uma alemã como Ina Von Binzer, naquele tempo, estranhava essa mania de chamar as crianças de Nhonhô, Nhonhozinho, Nhanhá, Nenê e Bebê: “para nossos ouvidos [dos alemães], representariam o cúmulo do mau gosto, mas eles existem de fato, em todas as famílias do Brasil”.

Morales de los Rios cita outros tantos apelidos, do tempo do Império, com sílabas dobradas: Cocota, Titiza, Lalá, Loló, Lolóia, Lulu, Juju, Janjão, Totônio etc.

Esse costume, diga-se, também foi percebido pela literatura brasileira, desde a donzela Quinquina de Joaquim Manuel de Macedo, em A Moreninha, até o bandoleiro Joãozinho Bem-Bem, em “A hora e a vez de Augusto Matraga”, a Dadã de “Dão-Lalalão”, ambos de Guimarães Rosa, o tio Nonô, a tia Zezé e o Leleco de Nelson Rodrigues, no Asfalto selvagem.

Refrões musicais fortes e facilmente memorizáveis são construídos com essa técnica da repetição, que gera – nas palavras de Bernardo Buarque de Hollanda – um “rudimentar e mimoso tatibitate”, p.ex.: “olelê, olalá”; “olê, olê-olê-olá”; “ê, lelelê-ô”; “samba lelê”; “esquindô lelê” (Portela, 1970); “obeê, obaobabá” (Mangueira, 1976); “tem bububu no bobobó” (São Clemente, 2012); “obá obá obá” (Mas que nada); “Tra-la-la-la-la-lá” (Marcha do America FC) etc. O resultado tende a ser um sucesso.

 

Como apelido de clube de futebol, formado a partir da repetição dobrada de sílabas, temos, p.ex.:

  • Lili do Morro – Libermorro FC (AM),
  • Papão da Curuzu – Paysandu SC (PA),
  • São Cri-Cri – São Cristóvão FR (RJ).

No primeiro exemplo, nome e apelido têm a mesma origem: o Morro da Liberdade, em que se localiza o clube. No segundo exemplo, dobrar a sílaba deu origem ao apelido e também à mascote: bicho-papão (Curuzu é o nome da rua em que se localiza seu estádio). Quanto ao terceiro exemplo, não confundir com o “Cri-Cri”, personagem inventado por Henfil para representar o botafoguense (ver o capítulo “Primeira mascote”, em nosso livro Do fundo do baú), mas que nunca chegou a ser apelido do Botafogo.

 

3. Sintaxe

Vamos agora falar sobre a organização interna das palavras na composição dos nomes de clubes. Pelos exemplos que citaremos, veremos que, além do jogo e do vocabulário, o Brasil importou também a sintaxe.

 

3.1. Sintaxe inglesa

Comecemos pela sintaxe inglesa. Mesmo sem um levantamento estatístico, é a que parece preponderar, provavelmente devido à própria origem do esporte e à sua divulgação pelos ingleses que se espalharam pelo mundo (Hobsbawm tem uma passagem interessante sobre isso).

Como é sabido, na Inglaterra, para “clube de futebol” não se diz “club of football”, mas se inverte a ordem das palavras, dizendo: “football club”. Daí os nomes dos times ingleses: Chelsea Football Club, Liverpool Football Club, Manchester United Football Club etc. “Club football” significaria “futebol de clube”.

No entanto, incontáveis nomes de clubes brasileiros obedecem a essa sintaxe inglesa, que inverte a posição das palavras. Alguns, porque foram fundados diretamente por britânicos e seus descendentes. P.ex., São Paulo Athletic Club (cf. Mills), Paysandu Athletic Club (cf. Iorio), Rio Cricket & Athletic Association (cf. Iorio), Santos Athletic Club (cf. Araújo), Britannia Athletic Club (SP), Scottish Wanderers Football Club (SP).

Outros porque, embora fundados por maioria de brasileiros, foram liderados por ingleses ou em ambiente de trabalho de companhias inglesas. P.ex., The Bangu Athletic Club (cf. Molinari), Villa Nova Athletic Club (cf. Freitas), Jundiahy Foot Ball Club e Paulista Foot Ball Club (cf. Lucato).

Inúmeros outros, mesmo sem raízes inglesas, mas por inspiração nos demais clubes e por influência da tradição. P.ex., Comercial FC (SP), Campo Grande AC (RJ), Calouros do Ar FC (CE), Ferroviário AC (CE). Caso interessante é o do Campos AA (RJ), fundado majoritariamente por operários afrodescendentes, com o pomposo nome inglês de “Campos Athletic Association” com o intuito de debochar dos clubes aristocráticos (cf. Aristides Leo Pardo).

Note-se que, para a sintaxe inglesa estar presente, nem sequer há necessidade de utilização de palavras inglesas, como fazem, p.ex., Fluminense “Football Club” e America “Football Club”. Muitos nomes que inicialmente eram grafados em inglês depois foram traduzidos para o português com manutenção da sintaxe inglesa, p.ex., São Paulo Athletic Club e Paysandu Athletic Club, que foram aportuguesados no léxico, não na sintaxe, para: São Paulo Atlético Clube e Paissandu Atlético Clube.

Daí a inegável tradição brasileira de usar a sintaxe inglesa nos nomes dos clubes, apesar do uso dos termos traduzidos. P.ex., Bonsucesso Futebol Clube, Madureira Esporte Clube e Olaria Atlético Clube obedecem à sintaxe inglesa. Se fosse na sintaxe brasileira, seus nomes seriam: Clube de Futebol Bonsucesso, Clube Esportivo Madureira e Clube Atlético Olaria.

Luiz Cesar Saraiva Feijó chama isso de “anglicismo de sintaxe”. Segundo o autor, trata-se de um empréstimo sintático de construção, feito sob a forma de calque, ou seja, mediante cópia do modelo sintático da língua exportadora.

Em alguns casos, a tradução vocabular com manutenção da sintaxe inglesa apresenta um resultado que soa estranho ao ouvido não acostumado. P.ex., o Campos Athletic Association, de Campos dos Goytacazes (RJ), teve seu nome traduzido para o português, mas com manutenção da sintaxe inglesa original, o que resultou no nome atual: Campos Atlético Associação – que parece carecer de concordância nominal.

Há um caso bem interessante em que a parcial tradução vocabular (digo parcialmente porque não aportuguesaram o críquete) foi acompanhada de uma parcial tradução sintática. É o caso do Rio Cricket & Athletic Association, de Niterói (RJ), teve seu nome mudado para: Rio Cricket e Associação Atlética – provavelmente para manutenção da sigla RC&AA. Note-se que, se fosse adotada a solução do Campos AA, de manutenção total da sintaxe inglesa, o resultado seria talvez: Rio Cricket e Atlético Associação. Se fosse adotada a sintaxe luso-brasileira, seria algo como: Associação Atlética e de Cricket Rio.

No Japão, muitos clubes seguem a sintaxe inglesa, p.ex., Kashima Antlers Football Club, Yokohama Football Club. Assim também alguns clubes da comunidade japonesa ou com referências ao Japão, fundados no Brasil, p.ex., Japão FC (SP), Japonez Football Club (RJ). Mas é claro que há exceções, p.ex., a SE Matsubara (PR), que segue a sintaxe luso-brasileira.

Entre os países do Oriente Médio, também parece ser muito comum a sintaxe inglesa. P.ex., no Líbano, o Nejmeh Sporting Club e o Sagesse Sporting Club; em Israel, o Beitar Jerusalem Footballl Club, o Hapoel Tel Aviv Football Club e o Maccabi Haifa Football Club. No Brasil, é o caso do Syrio e Libanez AC (RJ), do Sírio Libanês FC (GO) e do Israelita SC (PE). No entanto, alguns clubes das colônias sírio-libanesa e israelita não seguem essa tendência. P.ex., SC Libanês (SP), SC Sírio (SP) e CA Syrio (SP) seguem a sintaxe alemã; já o carioca Grêmio Juvenil Kadima (cf. Malamud) prefere a sintaxe luso-brasileira.

De qualquer modo, o fato de esses clubes das colônias japonesa, sírio-libanesa e israelita terem uma ou outra sintaxe não significa que tenham se inspirado nos clubes de seus países, em que o futebol era então incipiente. É muito mais provável que a inspiração tenha sido obtida aqui mesmo, no Brasil, em que a tradição futebolística é mais forte.

 

3.2. Sintaxe alemã

A segunda sintaxe que observamos nos nomes de clubes brasileiros é a alemã. Assim como no idioma inglês, em alemão, as palavras “clube” e “futebol” são invertidas em relação à sintaxe luso-brasileira: é “Fußball Klub” (ou “Fußball Club”, no freqüentíssimo anglicismo), não “Klub von Fußball”. (Obs.: o sinal ß, o “Eszett” do alfabeto gótico, é a representação do dígrafo “ss” no idioma alemão. Não deve ser confundido com o sinal β, o beta do alfabeto grego, de som equivalente ao “b” do alfabeto latino).

Ao contrário dos clubes ingleses, que costumam terminar seus nomes com “Football Club”, os alemães costumam é iniciar os seus com “Fußball Club” e “Sport Club”, p.ex.: Fußball Club Bayern München (Munique), Fußball Club Kaiserlautern, Fußball Club Gelsenkirchen Schalke 04, Sport Club Paderborn. (Às vezes, porém, os alemães também adotam a sintaxe inglesa, p.ex., Hertha Berliner Sport Club.) Para ficar mais claro, vamos às fórmulas:

a) sintaxe inglesa = núcleo do nome + tipo de atividade (“atlético”, “esporte”, “futebol”) + tipo de entidade (“associação”, “clube”)

b) sintaxe alemã = tipo de atividade (“atlético”, “esporte”, “futebol”) + tipo de entidade (“clube”) + núcleo do nome

 

O melhor exemplo para ilustrar essa diferença é a comparação de dois clubes distintos com mesmos elementos essenciais – tipo de entidade (“clube”), tipo de atividade (“futebol”) e núcleo de nome (“Riograndense”) – mas sintaxes diferentes:

a) sintaxe inglesa: Riograndense FC – de Santa Maria (RS),

b) sintaxe alemã: FC Riograndense – de Rio Grande (RS).

 

Assim como os ingleses (Freyre), os alemães também têm uma forte tendência ao associativismo, i.e., à organização em clubes (cf. Fugmann e Tubino). Por isso, no início da implantação do futebol no Brasil, muitos clubes foram fundados por imigrantes alemães. Alguns inclusive mantendo o léxico alemão, p.ex., Fußball Club Porto Alegre (RS). O Fußball Manschaft [equipe ou grupo] Frisch Auf [sempre avante, vamos lá, mãos à obra], como já dissemos no item 2.2.4, não era exatamente um clube, mas o departamento de futebol da Sociedade Ginástica Turnerbund, de Porto Alegre (RS). Mesmo assim, é mais um exemplo de sintaxe (e léxico) alemã.

Inúmeros outros clubes brasileiros seguem a sintaxe alemã, mesmo sem adotar o léxico alemão. Às vezes em virtude da origem germânica de seus fundadores. P.ex., Sport Club Rio Grande (cf. Ramos). Outro exemplo: Hans Nobiling, influenciado pelo Sport Club Germania, de Hamburgo, fundou um clube com o mesmo nome em São Paulo. Mesmo quando o Germânia teve seu nome alterado em virtude da guerra, manteve a sintaxe alemã: Esporte Clube Pinheiros. Na sintaxe inglesa, seria Pinheiros Esporte Clube. Na sintaxe luso-brasileira, seria Clube Esportivo Pinheiros. Bem cosmopolita o caso do Football Club Riograndense, de Rio Grande (RS): sintaxe alemã com léxico parcialmente inglês e parcialmente português.

É claro que há clubes que, não obstante a origem alemã, não adotaram a sintaxe alemã. P.ex., Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense (RS), Coritiba Foot Ball Club (PR) e Nacional Atlético Clube, de Rolândia (PR). No entanto, muitos outros a adotam, com ou sem raízes germânicas que justifiquem isso, provavelmente em razão de influência ou inspiração em modelos nacionais que haviam adotado a sintaxe alemã. P.ex., Futebol Clube Santa Cruz (RS), Esporte Clube Cruzeiro (RS), Esporte Clube São José (RS), Esporte Clube São Luiz (RS), Atlético Clube Paranavaí (PR), Esporte Clube Mogiana (SP) etc.

 

3.3. Sintaxe neolatina

Apenas para fins didáticos, na exposição feita neste estudo, chamo de sintaxe neolatina aquela em que o nome do clube obedece à organização sintática normal das línguas neolatinas, como a portuguesa. Não desdenho as diferenças entre as sintaxes dessas línguas. Só as estou reunindo sob um mesmo título porque, no que diz respeito ao ponto sob estudo, elas apresentam as mesmas feições.

Pelo levantamento que fiz, os nomes que seguem a sintaxe neolatina seguem duas modalidades básicas de estrutura sintática, sendo a primeira a mais comum:

a) tipo da entidade + tipo de atividade + núcleo do nome;

b) tipo da entidade + núcleo do nome + tipo de atividade.

 

Vejamos primeiramente alguns clubes da colônia italiana que seguem a sintaxe neolatina (todos na modalidade: tipo da entidade + tipo de atividade + núcleo do nome):

  • AA Firenze (SP),
  • Athlético Itália (SP) – em elipse, o tipo da entidade: [Clube] Athlético Itália,
  • Centro Recreativo Sportivo Piemonte (SP),
  • CA Ítalo-Brasileiro (SP),
  • Società Calcista Fiorentina (SP),
  • Società Sportiva Palestra Italia (MG e SP).

 

Isso não significa que todos os clubes da colônia italiana seguiram essa sintaxe. Há vários com a sintaxe inglesa, p.ex.:

  • Bersaglieri FC (SP),
  • Itália FC (SP),
  • Italo FC (SP),
  • Palestra Italia FC (PR),
  • Ruggerone FC (SP),
  • Savoia FC (PR).

 

Há inclusive com sintaxe alemã, p.ex., o EC Humberto Primo.

Há clubes dos oriundi cuja sintaxe evoluiu para a neolatina, p.ex.:

  • SC Savóia (sintaxe alemã), depois mudou para CA Votorantim (SP),
  • Cotonifício Rodolfo Crespi FC (sintaxe inglesa), depois mudou para CA Juventus (SP).

Falando em Juventus, compare-se o Atlético Clube Juventus (AC), de sintaxe alemã, com o Clube Atlético Juventus (SP), de sintaxe neolatina.

 

Ainda dentro do espectro neolatino, temos poucos times da colônia espanhola. Tem o Hespanha Foot Ball Club (SP), que depois mudou para Jabaquara AC (SP), mas manteve a sintaxe inglesa. Tem também o EC Galícia (BA), de sintaxe alemã. Não lembro de time dessa colônia com a sintaxe neolatina.

 

Entre os clubes fundados por afrodescendentes, George Reid Andrews cita a AA São Geraldo (SP) e o Clube Cravos Vermelhos (SP), que depois mudou de nome para CA Brasil. Como se vê, os três nomes seguem a sintaxe neolatina.

 

Quanto aos clubes da colônia portuguesa com sintaxe neolatina, temos os seguintes (obs.: mantida a ortografia exatamente como consta nos livros):

a) tipo da entidade + tipo de atividade + núcleo do nome:

  • AA Luzíadas (SP),
  • AA Portuguesa (RJ),
  • AA Portuguesa (SP),
  • CR Vasco da Gama (RJ),
  • Grupo Desportivo Musical Luso-Brasileiro (SP),
  • União Esportiva Portuguesa (AM);

b) tipo da entidade + núcleo do nome + tipo de atividade:

  • Associação Portuguesa de Desportos (SP),
  • Associação Portugueza de Futebol (SP);

c) tipo da entidade + núcleo do nome (omite o tipo de atividade):

  • Associação Portuguesa Londrinense (PR),
  • Tuna Luso Brasileira (PA).

 

Mas também há clubes luso-brasileiros com sintaxe inglesa, p.ex., Luso SC (AM e CE) e Portuguesa FC (CE). E até alemã, p.ex., o SC Luso Brasileiro (MA).

 

Interessante a comparação da sintaxe de três clubes cujo nome possui o mesmo núcleo, “Luzitano”:

a) sintaxe neolatina: AA Luzitano (SP),

b) sintaxe inglesa: Luzitano FC (SP),

c) sintaxe alemã: SC Luzitano (SP).

 

Já entre os demais clubes brasileiros, temos incontáveis exemplos de nomes que seguem a sintaxe neolatina:

a) tipo da entidade + tipo de atividade + núcleo do nome:

  • AA Internacional (SP),
  • AA Ponte Preta (SP),
  • AD Leônico (BA),
  • CA Paulistano (SP),
  • CA Taquaritinga (SP),
  • CF Amazônia (RO),
  • CF Zico (RJ),
  • Clube Recreativo e Atlético Catalano – Crac (GO),
  • CR Flamengo (RJ),
  • GE Brasil (RS),
  • SER Caxias (RS),
  • União Recreativa dos Trabalhadores – URT (MG);

b) tipo da entidade + núcleo do nome + tipo de atividade:

  • Associação Ferroviária de Esportes (SP),
  • Associação Portuguesa de Desportos (SP).

 

A propósito, a mesma sintaxe dos idiomas neolatinos, pelo menos no que diz respeito aos nomes dos clubes, é seguida pelos clubes da colônia polonesa. Refiro-me aos clubes esportivos da colônia polonesa em Curitiba, sendo que o Junak teve várias “filiais” abertas em cidades do interior do Paraná.

O mais antigo desses clubes foi a Towarzystwo [sociedade, companhia] Gimnastyczne [ginástica] Sokol [Falcão], fundada em 1898. Note-se que a tradução segue exatamente a sintaxe luso-brasileira: Sociedade de Ginástica Falcão.

O segundo clube foi a Sociedade Esportivo-Ginástica Strzelec [O Atirador], fundada em 1922. Em 1925, mudou de nome para Towarzystwo [sociedade] Wychowania [educação] Fizycznego [física] Junak [juvenil, audaz, destemido]. Em 1938, esse clube mudou de nome mais uma vez, para sua exata tradução: Sociedade de Educação Física Juventus.

Como se vê, todos esses nomes seguem, como dissemos, a sintaxe neolatina.

 

3.4. Uma sintaxe amazônica?

Nessa minha pesquisa sobre a sintaxe dos nomes de clubes brasileiros de futebol, encontrei uma construção um tanto diferente das que foram acima analisadas. Os exemplos falam por si:

  • Atlético Barés Clube (AM),
  • Atlético Clíper Clube (AM),
  • Atlético El-Dorado Clube (AM),
  • Atlético Guanabara Clube (AM),
  • Atlético Rio Negro Clube (AM),
  • Atlético Rio Negro Clube (RR),
  • Atlético Progresso Clube (RR),
  • Atlético Roraima Clube (RR).

Vamos fazer a comparação das sintaxes, tomando o exemplo do Clíper. Se adotasse a sintaxe inglesa, seu nome seria Clíper Atlético Clube. Se adotasse a alemã, Atlético Clube Clíper. Pela luso-brasileira, Clube Atlético Clíper. A sintaxe adotada por ele, como se vê, não é nenhuma dessas.

Em pesquisa no livro de José Renato Santiago Jr., na Enclopédia Lance, no Arquivo de Clubes, em números especiais da Placar e em outras fontes, só encontrei clubes nesses dois Estados. Nada no Acre, Amapá, Pará ou Rondônia. Melhor dizendo, apenas uma exceção a confirmar a regra, o Atlético Brasil Clube, de Paraguaçu Paulista (SP) – provavelmente para que as iniciais fossem “ABC”.

Qual a origem dessa sintaxe? A conferir.

 

4. Para finalizar

Ao fim deste estudo, podemos concluir que, de fato, os nomes dos clubes de futebol apresentam características morfológicas e sintáticas que merecem uma análise mais aprofundada. Há padrões, seja na escolha das palavras, seja na sua organização. Esses padrões são identificáveis e podem traduzir não só as idéias gerais que norteiam a fundação desses clubes mas, a rigor, as próprias ideologias e mitologias que cercam o universo cultural e histórico do futebol. Nomen est omen! Por isso, um estudo nesse sentido certamente constituiria parte de uma abordagem mais ampla do que podemos chamar de “semiologia” (lato sensu) dos clubes brasileiros de futebol.

Mãos à obra! – ou melhor, em se tratando de futebol, seriam “pés à obra”. Se, como diria Lao-Tzu, “a viagem de mil milhas começa diante dos teus pés”, é justamente nesse mesmo lugar, do primeiro passo, que pode haver uma bola. Quicando...

 

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