A Gerência Holística
Por Abraao Dahis | 18/03/2009 | AdmA Gerência Holística
Por Abraão Dahis*
Os irmãos Fung descobriram na década de 80, que podiam entregar encomendas com
custos e preços reduzidos e, ainda muito mais rápido, se dividissem a
respectiva produção em várias etapas, cada qual sob a responsabilidade dos
respectivos fabricantes, mesmo se estes estivessem espalhados por diferentes
países.
Se um cliente lhes encomendasse a produção de 100 mil calças de certo modelo e
com determinadas cores, a companhia escolheria uma empresa para fornecer o fio,
outra para tecê-lo e uma terceira para fazer o tingimento. Diferentes
fornecedores serão encarregados da produção de zíperes e botões. O corte, a
costura e o acabamento serão confiados a outras indústrias. No total, mais de
10 mil fornecedores distribuídos em 40 países. O mais impressionante é que, se
o mesmo pedido fosse repetido pouco depois, a Li & Fung fará uma nova
seleção de fornecedores.
Criaram assim uma rede de fornecedores impressionante, onde cada um é
participante e responsável por sua parte, logisticamente gerenciado através de
uma eficiente comunicação entre eles, para que cada um saiba exatamente sobre
sua importância dentro do "Projeto-encomenda". Cada encomenda é tida
como um PROJETO único e temporário, ou seja, com gerenciamento de escopo,
tempo, custo, qualidade e outros processos presentes nas melhores práticas
apresentadas pelo Guia PMBoK, Project Management Body of Knowledge, do PMI
Project Management Institute, EUA.
Desta forma, a Li & Fung conseguiu no ano passado, ser responsável por 4%
dos volumes de roupas importados pelos Estados Unidos. O mercado americano
consome 70% das exportações da Li & Fung, seguido pela Europa, com 18%.
Fantástico não?
Veja o que afirmam os consultores americanos John Hagel e John Seely Brown, num
estudo em que analisam o sucesso da empresa: "A Li & Fung consegue
orquestrar essa rede complexa e flexível porque detalha as especificações de
cada item a ser produzido por parceiro e deixa a decisão de como executar a
tarefa por conta de cada um e, ao definir a cor de um produto, por exemplo, não
diz como produzir essa cor."
... e deixa a decisão de como executar a tarefa por conta de cada um...
Arriscado? Claro que sim! Porém riscos são gerenciáveis, como Gerentes de
Projetos, nós não aprendemos isso?
A “Administração Holística” tem como base que a empresa não pode ser vista como
um conjunto de departamentos que executam atividades isoladas, mas sim como em
um conjunto único, com um sistema aberto em continua interação. O que podemos
chamar também por Teoria Sistêmica pois tudo faz parte de um mesmo sistema.
Tendo em vista que, além disso, a abordagem holística também propõe uma
integração de conceitos como a valorização da intuição no processo, vejo
muitas “características holísticas” no sistema adotado pela Li &
Fung. Eu diria que, por um lado, o sistema é globalizado e logísticamente
bem estruturado, e por outro, um modelo de sucesso em gerenciamento de
projetos, onde cada Encomenda-cliente é tida como um Projeto, único e
temporário, com metas e marcos a serem atingidos, de forma a atender não só aos
requisitos de milhares de stakeholder-fabricantes, como aos Stakeholders e às
necessidades do cliente-master.
Para encerrar este artigo, proponho a leitura do livro “A Profecia Celestina”
de James Redfield e uma reflexão sobre ele.
A Profecia Celestina é uma parábola que mostra através de uma aventura nas
selvas Peruanas, a busca pelo mistério da vida e da elevação espiritual. Esta
busca se da através da revelação de 9 (nove) visões que cada ser humano terá
sucessivamente para alcançar níveis mais elevados, as quais aqui, me ouso
a comentá-las, relacionando-as ao nosso tema de gerenciamento de projetos.
São elas:
1. "Ao nos conscientizarmos da existência da coincidência estamos nos
sintonizando com o mistério do princípio fundamental da ordem no universo"
Meu comentário: Faz parte da necessária visão sistêmica e da aceitação
de que somos incapazes de gerenciar as incertezas, somente os riscos, através
principalmente, de suas probabilidades e impactos.
2. "A Segunda visão é a consciência de que nossa percepção das misteriosas
coincidências da vida é uma ocorrência histórica significativa"
Meu comentário: Faz parte da fase de integração e encerramento, onde
podemos além de ”juntar o todo”, aprender com as lições históricas destas
ocorrências misteriosas.
3. "Quando nos transferimos para uma vibração mais alta, as mensagens
tendem a chegar mais rapidamente. Quando usamos nossos dons e habilidades
com a intenção correta, as coisas vêm até nós"
Meu comentário: Faz parte da fase dos processos de Recursos Humanos,
atentar para dons e habilidades não somente daqueles que as demonstram mas,
principalmente daqueles que, dentro da equipe, podem expandir seu potencial ao
nível máximo.
4. "A Quarta Visão é a consciência de que os seres humanos, com
freqüência, rompem sua ligação interior com essa energia mística. Em
decorrência disto, temos tido a tendência de nos sentirmos fracos e inseguros,
e com freqüência procuramos nos reerguer sugando a energia de outros seres
humanos"
Meu comentário: Faz parte da questão da concorrência cuja solução
talvez, esteja na Estratégia do Oceano Azul de W. Chan Kim e Renée
Mauborgne, seus autores, e ainda, acredito que esta quarta visão, esteja ligada
também aos conflitos que acontecem dentro das equipes e que fazem com que
inúmeros projetos fracassem.
5. "A Quinta Visão é a experiência da ligação interior com a energia
divina, e como ela expande nossa perspectiva de vida"
Meu comentário: Faz parte do que Gregory Bateson e posteriormente Robert
Dilts nos trouxeram com a Teoria dos Níveis Lógicos. É impossível obter-se o
equilíbrio se não estivermos alinhados com o ambiente – comportamento –
capacidade - crenças e valores – identidade – “o algo mais” que cada um pode
acreditar ou não, real ou inexistente, ser externo ou interno, enfim, algo que
não sabemos ainda explicar.
6. A Sexta Visão retrata os dramas de controle, ou seja, as artimanhas que
podem ser usadas para adquirir energia de outrem. Há o intimidador, o distante,
o interrogador e o coitadinho de mim (vítima). São posturas adotadas pelas
pessoas, predominando, geralmente, uma dessas sobre as demais. Esses dramas de
controle se baseiam no medo - que é energia negativa - e, quando nos
conscientizamos do nosso, temos a chance de transformá-lo, combatê-lo,
fortalecendo a nossa ligação com a energia interior.
Meu comentário: Faz parte também dos processos de Recursos
Humanos e Controle, no que diz respeito ao gerenciamento de conflitos. Tendo a
consciência dos personagens e suas respectivas tendências a atitudes, podemos
antever situações e, tanto precavê-las, como se for do interesse dos
Stakeholders e dos objetivos do projeto, incentivá-las.
7. "A Sétima Visão é a conscientização de que as coincidências têm nos
conduzido o tempo todo à realização da nossa missão e à busca da nossa questão
vital básica". Devemos entrar na corrente, fazendo o que gostamos,
seguindo a intuição.
Meu comentário: Concordo que a intuição pode e deve ser usada como um
instrumento a mais na busca de nossos resultados esperados, mas nunca devemos
nos esquecer de que existem “ruídos” que atrapalham a recepção e/ou o
entendimento desta nossa intuição captada. Além disso, não basta crer, devemos
aplicar o PDCA – Plan, Do, Check, Act, (Planejar, Fazer, Checar, Agir...) ou o
Método TOTS – Tentar, Operar, Tentar de novo – Sair (caso o resultado do teste
seja o esperado).
8. "A Oitava Visão é a consciência de que a maior parte das
sincronicidades tem lugar através das mensagens que nos são trazidas por outras
pessoas e que uma nova ética espiritual com relação ao semelhante estimula essa
sincronicidade.
Meu comentário: temos em nossos corpos cerca de 70% de agua certo? A
energia gravitacional lunar que impulsiona o aumento e diminuição das
marés, não é a causa deste "fenômeno"? Porque nós também não seríamos
influenciados por esta e outras energias diferentes advindas de outros focos?
Seja a lua ou uma pessoa ao seu lado, algums dos vários potenciais propulsores
energéticos existentes no universo, aqueles que podem nos influenciar, nos
sincronizar e nos "fazer parte do todo".
9. "A Nona Visão é a consciência de como a evolução se dará se vivermos as
outras visões. (...) À medida que a evolução prosseguir, o crescimento
sincronístico elevará nossas vibrações ao ponto em que penetraremos na dimensão
da vida após a morte, fundindo essa dimensão com a nossa e encerrando o ciclo
nascimento/morte".
Meu comentário: Acredite se quiser...
*Biografia resumida do autor:
Abraão Dahis
Carioca, nascido em 1959, possui sua trajetória pessoal e profissional focada
no empreendedorismo, ousadia e criatividade, o que lhe rendeu ao longo da
carreira, vitórias em concursos e premiações nacionais.
Diretor de empresa própria desde 1986. Pós-graduado em Gerenciamento de
Projetos - Especialista MPM Master Project Management, pela Escola Politécnica
da UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro, cursou Marketing pela Cademp da
FGV Fundação Getulio Vargas e foi graduado em Arquitetura e Planejamento pela
USU Universidade Santa Ursula no ano de 1982.
É formado como Coach Integral, Executivo e Evolutivo, com certificação
internacional, pelo InCoaching e Practitioner em PNL pelo INAp Instituto de
Neurolinguística Aplicada.
É membro do CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (RJ, Brasil),
do PMI – Project Management Institute (Pensylvania, EUA) e do ICF –
International Coaches Federation (Lexington, EUA)
Atualmente trabalha como Gestor de Projetos, Consultor, Coach e Trainer
especializado em definição de metas e conquista de objetivos atuando através de
seu “Modelo DIVAS” uma metodologia própria, onde agrega teorias acadêmicas e
práticas operacionais, com sua experiência de vida.