A Geração Blackout
Por Jô Furlan | 26/11/2009 | CrescimentoEm nove meses estaremos presenciando o nascimento da geração apagão ou blackout, para ser mais chique!
Na última noite de terça dia, 10 de novembro de 2009, por volta das 22h, um apagão como jamais se viu na história do Brasil, surpreendeu a população. A grande maioria estava em suas casas assistindo TV. Qual não foi a surpresa, quando as luzes começaram a oscilar e por fim se apagaram completamente. No início a sensação de impotência gera irritação por se tratar de algo local, como de costume. Mas o que se viu foi a efetividade das telecomunicações. Em poucos minutos a maioria das pessoas já estava ciente que a coisa era mais séria do que se imaginava. Os celulares de fato tornaram as pessoas acessíveis nos lugares mais diversos. Muitos, dessa forma, se comunicaram com amigos e parentes para saber o que estava acontecendo. Mas diferente dos telefonemas habituais de quando não temos o que fazer, pude perceber na noite do apagão, ao conversar com diversas pessoas, que elas não ficaram penduradas no celular, foram rápidas, tudo com objetivo de economizar a energia do aparelho, pois poderiam precisar depois.
O que se viu então de início foi certo constrangimento nos lares do país, pois as pessoas se olhavam e não sabiam sobre o que falar. A falta ou quase ausência de diálogo familiar foi comprovada. Afinal a TV substitui esse diálogo de uma forma excepcional. Ao invés de tomar conhecimento do que ocorre no seu mundo e das pessoas próximas a você, passamos o tempo na telinha vendo o mundo dos outros, na maioria das vezes
- Como foi seu dia?
- Bom, e o seu?
- Pra variar meu chefe está pegando no meu pé, fora isso tudo bem.
- E a faculdade?
- O semestre está acabando, me formo no ano que vem.
- Nossa é verdade já estamos chegando no fim do ano. Como o tempo passou rápido.
-Você logo estará formado.
E por ai vai. Pais conversaram com filhos, irmãos trocaram histórias de seus dias. Para alguns casais talvez tenha sido muito assustador pensarem: O que faço agora?
Nasci no interior da Norte do Paraná, numa pequena cidade chamada Cambará. Meu pai teve 9 irmãos e minha mãe também. Existe um ditado comum por lá, quando sabemos que alguém tem muitos filhos. De fato não é um ditado, mas sim uma pergunta:
-Não tinha televisão na sua casa, não?
Na terça à noite, milhões de casas do país estavam sem TV. Acredito que por falta de opção muitos casais deitaram mais cedo que o habitual. Sem sono, acordados e juntinhos, o sexo aconteceu quase que naturalmente. Em muitos casos, foi o resultado mais da falta de opção, que da paixão do casal.
Daqui a alguns anos, já imagino alguns país explicando aos seus filhos: “foi no blackout. Acabou a luz, ficamos sem TV e sem o computador. Fomos fazer outras coisas, entre elas, amor. Você é nosso filho, mas seu padrinho é o governo federal.