A FUNÇÃO SOCIAL DA LEITURA E DA ESCRITA
Por Adriane Masiero | 20/08/2011 | EducaçãoA FUNÇAO SOCIAL DA LEITURA E DA ESCRITA
Adriane Masiero
(adri_masiero@hotmail.com)
Introdução
Uma sociedade abatida, culturalmente e socialmente, sem herança de valores. Um povo pacato, discriminado pela falta de oportunidades e mantido sob domínio de poucos privilegiados.
A discriminação continua sendo pauta de extensos debates políticos e educacionais, mas sem retorno eficaz na solução do problema.
Mede-se a grandeza de uma sociedade, não pelos bens matérias que a mesma possui, mas pelo valor cultural e social de seu povo. "A pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos econômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo". Olavo Bilac, expressa muito bem isso em um de seus pensamentos poéticos sobre a sociedade. O que temos de mais valioso é a nossa cultura, nossas raízes ideológicas, nossas formas de expressão, nossa identidade. Transformando assim, o povo em verdadeiros cidadãos, exigindo seus direitos, ao mesmo tempo em que cumprem com seus deveres, de forma natural.
A única medida capaz de engrandecer nosso povo é a transformação social através de uma educação de qualidade com garantia de igualdade, diminuindo assim as diferenças e a discriminação social e cultural.
Refletindo sobre isso, vamos conjeturar e tecer opiniões sobre os acertos e falhas da educação, baseando-se em estudos teóricos e a prática vivida no meio escolar.
Para lapidarmos melhor o tema a ser discorrido, vamos nos fixar nas dificuldades encontradas nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como se observa nos dados retirados da Revista Escola do mês de janeiro/fevereiro de 2011:
Os dados mais recentes do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado em 2009 pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, expressam uma realidade absurda. De acordo com o índice, quatro em cada dez brasileiros que cursaram até a 4ª série e hoje tem entre 15 e 24 anos de idade não conseguem compreender nada além de um pequeno bilhete ou anúncio. Um fracasso que em grande medida, tem como responsável uma concepção de ensino inadequada, que predominou em sala de aula durante boa parte do século passado. Ao voltar suas baterias quase exclusivamente para as atividades de cópia e memorização das famílias silábicas, professores reduziram a alfabetização a uma atividade de decifração em que ler era decorar sílabas, e repeti-las à exaustão. Havia um problema grave sobre o que se ensinava, pois a escrita era abordada sem seu aspecto comunicativo. (P. 51)
A revista aborda o assunto, se referindo a um tempo passado, desconsiderando a atualidade. Conhecedores da realidade escolar, percebemos que esses problemas ainda estão presentes em muitas salas de aula do nosso país. Apesar das inúmeras inovações tecnológicas, da crescente preocupação política com a educação, além de novidades e descobertas científicas no campo educacional, trazendo segurança teórica, a escola, muitas vezes, se recusa a abrir as portas para os novos paradigmas da educação.
Na lista de culpados do fracasso da educação, estão desde os próprios alunos, até a inexistência de políticas públicas adequadas ao ensino. Mas não estamos buscando culpados ou inocentes, estamos refletindo e buscando soluções para melhorar a sociedade a partir da educação. Acredita-se que um dos problemas principais está nas séries inicias do ensino fundamental, mais especificamente na alfabetização, onde os alunos iniciam sua vida escolar e dela depende o seu sucesso ou o seu fracasso na sociedade. Portanto, é neste tema que faremos nossa caminhada. Onde falaremos sobre a alfabetização, não somente de crianças, mas de jovens e adultos que não tiveram acesso a ela em idade própria.
Refletiremos principalmente sobre as teorias de Emilia Ferreiro e as práticas e métodos de alfabetização e letramento desde o século passado até os dias atuais, expandindo o conhecimento e refletindo os acertos e erros.
1 A alfabetização no Brasil
Até o fim do século XIX, a leitura e a escrita eram práticas culturais de aprendizagem para uma minoria. Aprendia-se ler e escrever sem método específico e sem profissionais especializados, em ambientes não formais ou em algumas poucas escolas precárias, chamadas como "aulas régias". Com a proclamação da República (1889), surgiu a necessidade de modernizar o país, e a escola tornou-se pública. A universalização da educação, e o direito de aprender a ler e a escrever como forma de ingressar na sociedade e tornar-se cidadão, passaram a ter importância para o desenvolvimento do Brasil. Com isso, o ensino iniciou sua trajetória educacional em caráter formal. Aprendia-se ler e escrever com cartilhas através de métodos sintéticos (silabação, soletração e fônico), iniciando-se das partes ou sílabas das palavras para o todo. Era dada importância para a cópia, leitura, escrita, ortografia, caligrafia, formação de frases.
Em torno de 1890, surgem novos paradigmas a respeito de como alfabetizar, introduzindo-se um novo método, chamado de analítico, que consiste em apresentar primeiramente a palavra, frase ou texto, para depois seguir para as partes. Os novos conceitos sobre a alfabetização geraram inúmeros questionamentos sobre o ensino tradicional, assim como, trouxeram algumas inovações e mudanças no ensino. Os professores começaram a utilizar a mistura dos dois métodos, e assim surgiram cartilhas que ofereciam atividades baseadas no método sintético/analítico. Também surgiram os manuais para os professores, auxiliando para melhorar o desempenho das aulas, mas o objetivo da alfabetização ainda era ler, escrever corretamente e a caligrafia.
Quase um século depois, em torno de 1980, o Brasil passa por mais uma transformação conceitual e social. O pensamento construtivista, advindo do resultado das pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita, realizadas pela pesquisadora argentina Emilia Ferreiro, estréia um olhar mais aguçado sobre o processo de alfabetização. Os alunos passam a ser sujeitos da educação, construindo seu aprendizado. O construtivismo traz novos rumos para a educação, tornando-a mais humana e aproximando o conhecimento do cotidiano, tornando-o prático e útil. O aluno passa a ter mais influência sobre a prática em sala de aula, sendo o centro de todo o processo de aprendizagem. Segundo Fernando Becker, 1992:
A ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento. (p.88)
O construtivismo, portanto, é uma teoria, um conjunto de ideias de uma sociedade insatisfeita com os rumos da educação. Uma mudança de postura diante do conhecimento e do ser humano. É a busca pelo conhecimento através da sua construção e interação. Fernando Becker, apud Piaget, 1992:
As relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado indiferenciado; e é desse estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas.
A organização de que a atividade assimiladora é testemunha é, essencialmente, construção e, assim, é de fato invenção, desde o principio. (p.92)
O construtivismo não está explicito nos métodos de ensino e aprendizagem e no conteúdo escolar. Está na visão do professor e da escola, diante do próprio conhecimento. Conhecer o aluno individualmente é valorizar a sua história social e cultural.
O conhecimento não pode ter concepção apriorista ou empirista, deve sim ser construído pelo sujeito que interage com o objeto de aprendizagem. A escola necessita mudar seu pensamento sobre a aquisição do conhecimento, para dar início ao verdadeiro construtivismo.
2 Alfabetização e letramento
A leitura e a escrita vão além das capacidades do saber ler e escrever, é preciso usar essas práticas no mundo globalizado e em constante mudança. Foi-se o tempo em que alfabetizado era o adjetivo dado a pessoa que sabia ler e escrever o seu próprio nome. Essa definição simplista ficou no passado, dando origem a novas teorias sobre a alfabetização.
A definição de letramento inicia-se em meados de 1980, no Brasil, indo além das fronteiras de medir as capacidades de leitura e escrita. Segundo Magda Soares, o letramento no Brasil surge em função das dificuldades e problemas encontrados no processo de aquisição da alfabetização, em função dos métodos utilizados. Sendo por isso, os dois termos se fundem e apesar das diferenças entre estes, o letramento se sobrepõe a alfabetização.
Diante da teoria construtivista, a alfabetização acontece de forma natural, não é mais necessário estar pronto para aprender. A aprendizagem ocorre com a interação do sujeito e a escrita. Não são mais necessários materiais específicos de alfabetização e sim materiais de leitura e escrita de uso comum a todos, onde a criança possa interagir com a escrita e a leitura. As dificuldades de aprendizagem são vistas como processos normais de tentativas para a aquisição do sistema da escrita e leitura. Não existe mais o erro, e sim um processo que é superado de forma progressiva, à medida que a criança passa a entender o sistema alfabético. Segundo Emilia Ferreiro, 2010: "Essa criança se coloca problemas, constrói sistemas interpretativos, pensa, raciocina e inventa, buscando compreender esse objeto social particularmente complexo que é a escrita, tal como ela existe na sociedade." (p. 11)
Magda Soares, explica que a alfabetização ocorre através de práticas de letramento, incidindo ao mesmo tempo e consequentemente. O letramento também é adquirido através das habilidades de leitura e escrita, como formas culturais e de uso social. Ou seja, uma depende da outra, são indissociáveis.
A alfabetização tradicionalmente apresenta o conceito de aprendizagem grafofônica, ou seja, a aquisição de habilidades de leitura e escrita através dos métodos analíticos e sintéticos. Essa concepção contraria a posição de Emilia Ferreiro sobre os conceitos de alfabetização e letramento. Segundo ela, os dois termos juntos não existem, pois a alfabetização já compreende o letramento e vice-versa.
A alfabetização apresenta um conceito mais tradicional de aprender a ler e a escrever, significa aprender a decodificar, associar grafemas e fonemas, enfim adquirir uma técnica, já o letramento, é a aquisição e o uso de habilidades de leitura e escrita no meio social. Saber fazer uso dessas práticas para ingressar no mundo letrado. Segundo Emilia Ferreiro, 2010:
Se pensarmos que a criança aprende só quando é submetida a um ensino sistemático, e que a sua ignorância está garantida até que receba tal tipo de ensino, nada poderemos enxergar. Mas se pensarmos que as crianças são seres que ignoram que devem pedir permissão para começar a aprender, talvez comecemos a aceitar que podem saber, embora não tenha sido dada a elas a autorização institucional para tanto. Saber algo a respeito de certo objeto não quer dizer, necessariamente, saber algo socialmente aceito como "conhecimento". "Saber" quer dizer ter construído alguma concepção que explica certo conjunto de fenômenos ou de objetos da realidade. (p. 20)
A evolução da escrita no processo de aprendizagem e aquisição do sistema alfabético, segundo pesquisas de Emilia Ferreiro, chamada de Evolução Psicogenética, apresenta distintas fases:
As primeiras escritas infantis, consideradas de forma tradicional, são rabiscos, linhas, bolinhas, mas carregadas de significados, do ponto de vista construtivista. Nos aspectos gráficos, podem ser apenas traços mal definidos, mas seguem uma linha de evolução regular. É nesse primeiro período, que a criança consegue perceber a diferença entre desenhar e escrever, dando um importante passo para as etapas seguintes da compreensão da escrita. "As crianças não empregam seus esforços para inventar letras novas: recebem a forma das letras da sociedade e as adotam tal e qual." (FERREIRO, 2010, p. 23)
Em um segundo momento, a criança busca encontrar soluções para a diferenciação entre os tipos e significados da escrita. Em alguns momentos se apóia no uso de diferentes letras para diferentes palavras, em outros momentos se apóia na quantidade de letras para palavras diferentes. (no mínimo três letras para uma palavra ter significado ou poder ser lida). Esse período exige da criança grande atividade cognitiva. "Nestes dois primeiros períodos, o escrito não está regulado por diferenças ou semelhanças entre os significantes sonoros." (FERREIRO, 2010, p. 27)
O período silábico inicia-se quando a criança "começa por descobrir que as partes da escrita (suas letras) podem corresponder a outras tantas partes das palavras escrita (suas sílabas)" (FERREIRO, 2010, p.27). A criança começa a fazer relações entre o tamanho da palavra e a quantidade de letras usadas para escrever a palavras, associando ao seu valor sonoro, ou seja, a quantidade de sílabas que a palavras possui. Sendo que um monossílabo, não pode ser lido. A criança vai evoluindo dentro deste nível de alfabetização, até alcançar a capacidade de relacionar o som (fonema) à letra (grafema), sendo assim capaz de usar uma letra para cada sílaba da palavra, não repetindo letras.
O conflito, na aprendizagem é o que desestrutura a hipótese já confirmada, sendo que é preciso buscar novas formas de compreender o processo alfabético, para que ocorra a equilibração novamente. O processo alfabético anterior dá origem há um novo nível de alfabetização: silábico-alfabético. Nesse período a criança percebe que sua hipótese anterior não é mais convincente, então a abandona e dá início a novas construções esquemáticas, procurando a equilibração. O período silábico-alfabético e o que está mais próximo da compreensão do sistema alfabético, ou seja, da escrita. É nele que a criança percebe que as sílabas não são formadas por quantidades de letras, mas sim por letras que fazem coerência entre grafia e som, dando mais importância a qualidade da escrita e menos a quantidade de letras usada para formar a palavra.
Em fim, a criança torna-se alfabética, escrevendo as palavras com as sílabas adequadas, percebendo que para formar uma sílaba não tem regra de número de letras, pode ser preciso uma, duas ou mais letras. Mas ainda encontra dificuldades em relacionar certas sílabas à gráfica correta, o que vai aprimorando até chegar à fase ortográfica.
2 Analfabetismo e iletramento
Com a extensão da escolaridade do ensino fundamental para nove anos, inicia-se uma nova discussão sobre a aquisição da língua escrita e da leitura, já que os alunos entram mais cedo na escola. As mudanças trouxeram pontos positivos para a evolução no processo de alfabetização, tendo em vista, que permite as crianças aproximarem-se da cultura escrita e da leitura, permitindo maiores chances de sucesso no processo de alfabetização.
Sabe-se que o fracasso escolar não é tema recente, mas tem-se tornando mais atuante em função de pesquisas em busca de dados para medir a situação da educação no Brasil e no mundo. A escola pública vem sendo questionada sobre sua eficácia no cumprimento de seus deveres. As dúvidas que discutem a qualidade do ensino surgiram com base em avaliações nacionais do sistema de educação (SAEB) Sistema de Avaliação da Educação Básica ? Prova Brasil, e internacionais (PISA) Programa Internacional de Avaliação Comparada, desenvolvido pela (OCDE), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Onde se observa e se compara estatísticas e números que alertam e interrogam especialistas e políticos. As falhas estão nos anos iniciais, na alfabetização. Nos resultados do PISA de 2009, o Brasil está na posição 49ª, de sessenta países, no quesito leitura. Quase próximo de 50% dos alunos avaliados, apresentam dificuldades na leitura, escrita e compreensão. Isso tudo, remete aos processos da aquisição da leitura e da escrita nos anos iniciais, pois é quando a criança inicia-se oficialmente na cultura letrada. Mas muitas vezes, a escola, os professores e a família, não disponibilizam ou não imprimem relevância diante da importância para esse processo educacional. O resultado desse comportamento social, político e educacional, está estampado na mídia. Conferindo as lacunas, encontra-se a incapacidade de saber comunicar-se e entender-se no mundo global e com novos conceitos. Conceitos que exigem cada vez mais capacidade de comunicar-se bem diante do mundo, expressar-se de forma a ser entendido, participar expondo opiniões favoráveis ou contrárias, dentre inúmeras outras.
Além de saber ler e escrever corretamente, é preciso entender o mundo e participar ativamente em todas as esferas sociais. A escola deveria ser a ponte entre a nova sociedade, mas muitas vezes, faz o papel contrário, excluindo ainda mais os alunos. Um exemplo claro desse descaso, está nos alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos), que voltam à escola em busca de melhores oportunidades e acabam não se identificando com ela e evadem.
Os cursos de formação de professores, especialmente os cursos por áreas do saber, não oportunizam aos futuros professores, condições de ensinarem aos seus educandos meios de vivenciarem a realidade social e interagirem nesse meio em constante mudança.
Segundo Ferreira, 2007, o grande obstáculo é, muitas vezes, o próprio professor, por não ter tido oportunidades de aprender. Muitos educadores não sabem usar as ferramentas da tecnologia em benefício da educação. Indo mais além, esses professores não conceberam práticas de letramento e não sabem o significado e importância destas práticas no processo de alfabetização. Estão preparados apenas para alfabetizar e não para significar o uso desta prática.
Questões relacionadas ao letramento não podem mais ser silenciadas nos cursos de formação de professores. A temática precisa ser discutida nestes cursos porque continua impregnado na mente de muitos professores que letramento é sinônimo de alfabetização; que alfabetização é uma temática restrita aos professores das séries iniciais de escolarização e que este é um conteúdo para pedagogos ou para os professores de língua portuguesa. Atualmente, já se fala em letramento digital, texto eletrônico e percebemos, empiricamente, que muitos professores, ainda não sabem nem o que é letramento, muito menos como incorporá-lo a suas práticas, principalmente na educação de jovens e adultos, provavelmente em virtude da não valorização científica e metodológica que o tema requer nos respectivos cursos." (p.19)
Não basta ao professor, apenas saber os conteúdos e transmiti-los aos alunos, é preciso saber que o conhecimento está em constante mutação e que a aprendizagem é um processo que dura a vida toda. O professor deve ser o mediador do conhecimento, trazendo para a sala de aula, alternativas para que o aluno possa refletir e construir o seu conhecimento. Desenvolvendo habilidades que serão indispensáveis para tomar decisões, liderar, compartilhar, adaptar-se a novas situações e infinitas outras relações sociais. Como diz Paulo Freire, 1996:
Fala-se quase exclusivamente do ensino dos conteúdos, ensino lamentavelmente quase sempre entendido como transferência do saber. Creio que uma das razões que explicam este descaso em torno do que ocorre no espaço-tempo da escola que não seja a atividade ensinante, vem sendo uma compreensão estreita do que é educação e do que e aprender. (p. 49)
O analfabetismo, não é apenas não saber ler e escrever, é não compreender os processos que levam a determinados resultados. Um aluno precisa compreender qual o seu papel na sociedade e como agir diante de situações inusitadas da vida. Citamos um exemplo prático do cotidiano escolar na vida de crianças e jovens: ao chegar à escola, o aluno encontra situação de depredação e descaso com a sala de aula e a escola em toda sua parte física. Como fazê-lo perceber que esse descaso é reflexo de um descaso político. É importante que além de adquirir o senso crítico diante da situação, também busque soluções para que possa amenizar. O nosso país é um país injusto, parte disso também é o povo que o torna. Quando não reflete sobre a situação e aceita como se assim tivesse que ser. Enfim, ser analfabeto é aceitar as injustiças, apesar de estarem bem à vista e demonstrarem contradição entre discurso e prática.
Considerações finais
No mundo fora da escola e da sala de aula, existem infinitas formas de comunicação. Ninguém pode impedir de a criança ter contato com essas formas de comunicação, sejam elas, escritas, faladas, expressadas através de gestos ou apenas ouvidas e vistas. A escola é um elo entre o mundo e a criança, precisa acreditar que o educando não chega à sala de aula como uma "tábua rasa". Ele traz uma herança cultural, da sociedade e do grupo familiar. Os professores necessitam valorizar essas experiências. O ambiente urbano, também e rico em informações e conhecimentos e diferentemente da escola, está contextualizado trazendo mais sentindo para o aluno em suas descobertas. Emilia Ferreiro, 2010, diz: "Em alguns momentos da história faz falta uma revolução conceitual. Acreditamos ter chegado o momento de fazê-la a respeito da alfabetização." (p. 42).
E preciso muitas mudanças educacionais para que a educação alcance a excelência e importância dentro de nossa sociedade. Sabemos que muito já foi construído, mas não podemos ficar no passado, temos que continuar a caminhada, que é longa e árdua. A educação tem pressa, precisa de medidas urgentes, os professores querem resultados do seu trabalho, a sociedade exige cidadãos capazes de agir e profissionais qualificados.
As competências para o trabalhador deste século, segundo relatório da UNESCO, compõem oito características, que coincidem com as necessidades da educação: flexibilidade, criatividade, informação, comunicação, responsabilidade, empreendedorismo, sociabilização e tecnologia. Para que a escola tenha o papel de transformar a sociedade e acatar as necessidades desta, é preciso que tenha em vista estas competências, para a formação de futuros profissionais. Esses parâmetros devem estar escritos e aplicados na proposta pedagógica da escola. Só a escola tem o poder de modificar conceitos. É através da educação que poderemos garantir um futuro mais justo para a sociedade.
Bibliografias
Becker, Fernando. O que é construtivismo? Revista de Educação AEC, Brasília, v. 21, abr./jun. 1992.
Ferreira, Ionelli da Silva Bessa. A formação dos professores: saberes e práticas de letramento na educação de jovens e adultos. Universidade do Pará, 2007
Ferreiro, Emília. Reflexões sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 2010
Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à para a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996
http://pensador.uol.com.br/poesias_de_olavo_bilac_sobre_educacao_escolar_de_olavo_bilac/ visitado em 14 de abril de 2011
Revista Escola, janeiro/fevereiro de 2011, número 239, p. 51
Bibliografias consultadas
Soares, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas
___________Reinvenção da alfabetização. 2003.
http://www.inep.gov.br/internacional/pisa/ - visitado em 25 de abril de 2011
http://www.inep.gov.br/basica/saeb/default.asp visitado em 25 de abril de 2011
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf - visitado em 27 de abril de 2011
http://www.normaslegais.com.br/trab/3trabalhista290906.htm - visitado em 23 de maio de 2011